terça-feira, 9 de maio de 2017

Correção de Solos e Adubação na Cultura do Algodão


Correção e adubação

O cultivo do algodoeiro deve ser feito em solos de fertilidade média a alta, pois a cultura necessita de grandes quantidades de nutrientes para obter boas produtividades.
Em geral, as plantas do algodoeiro precisam extrair do solo 69, 26, 73, 36, 27 e 6 kg/ha de nitrogênio (N), fósforo (P2O5), potássio (K2O), cálcio (CaO), magnésio (MgO) e enxofre (S), respectivamente, para produzir 1.000 kg/ha de algodão em caroço. Desse total, aproximadamente, 34, 12, 22, 4, 14 e 3 kg/ha dos nutrientes extraídos, respectivamente, são exportados com a fibra e caroços colhidos, e os restantes são reciclados no sistema de produção.
No Cerrado brasileiro, a produtividade média é de 3.900 kg/ha de algodão em caroço, o que provoca uma exportação anual de 133, 47, 86 kg/ha de N, P2O5 e K2O apenas na colheita, sem contar a lixiviação intensa de nitrogênio e potássio e a forte adsorção de fósforo nas partículas do solo, que reduzem adicionalmente a disponibilidade desses nutrientes para as plantas nos cultivos seguintes. Além disso, existem áreas produzindo acima de 5.500 kg/ha, com uma extração de nutrientes muito maior.
Desse modo, os solos do Cerrado, que são ácidos e têm baixos teores de nutrientes em sua condição natural, necessitam de correção da acidez superficial com calcário, de correção da acidez subsuperficial com gesso agrícola e de aplicação de doses corretivas de fósforo e de micronutrientes (Boro – B, Cobre – Cu, Manganês – Mn e Zinco – Zn) para se tornarem férteis e produtivos. Além disso, precisam de um manejo sob rotação de culturas com gramíneas e aportes contínuos de nitrogênio e potássio para poder preservar e acumular matéria orgânica (Figura 1) e ter condição de suportar as altas produtividades que se obtêm atualmente.
Foto: José da Cunha Medeiros
Figura 1. Cobertura do solo (palhada de milho e soja).
O planejamento de sistemas sustentáveis de produção, com altas produtividade e rentabilidade, requer a observação de uma série de etapas importantes ligadas ao histórico da área, ao tipo de solo existente, às suas características químicas e físicas, à profundidade do seu perfil do solo, às culturas que serão exploradas em sucessão/rotação e às necessidades nutricionais de cada uma delas.

Análises do Solo

A análise de solo é o instrumento mais importante que o agricultor tem para conhecer o estado da fertilidade e as características granulométricas (textura) do solo da propriedade e as suas necessidades de corretivos, fertilizantes e manejo. E ao longo dos anos, trata-se de uma ferramenta indispensável para monitorar e corrigir os níveis de fertilidade em diversos nutrientes e garantir suprimento adequado para sua lavoura.
As amostragens de solos para análises de fertilidade são extremamente importantes, pois elas servirão como base para recomendação de calagem e adubação. Por essa razão, as amostras coletadas devem ser representativas da área a ser cultivada. Para isso, a área a ser amostrada deve ser dividida em talhões homogêneos quanto à topografia, cor e textura do solo, cobertura vegetal anterior, histórico de uso e drenagem. Em cada talhão, toda a área deve ser percorrida em zigue-zague, retirando-se 15 a 20 subamostras simples, de mesmo volume. As subamostras simples deverão ser misturadas em um recipiente limpo para formar uma única amostra composta, da qual são retirados cerca de 500 g a 600 g de terra, identificados e enviados ao laboratório.
Em áreas sob cultivo convencional, as amostras de solo devem ser coletadas nas camadas 0-20 e 20-40 cm. No sistema de Plantio Direto, nos três primeiros anos, segue-se o mesmo procedimento do convencional. Porém, a partir do quarto ano, é recomendável retirar amostras nas camadas 0-10, 10-20 e 20-40 cm de profundidade.
Quanto à época de amostragem, é conveniente retirar amostras com bastante antecedência do plantio, uma vez que a recomendação de adubação e calagem depende dos resultados da análise do solo. No caso do manejo convencional, convém coletar as amostras antes da aração para permitir a aplicação de calcário antes dessa operação. O ideal seria repetir a amostragem e a análise de solo anualmente, visando assegurar o acompanhamento das condições de fertilidade do solo e a recomendação de adubação adequada. Que pode ser complementada pela análise foliar.
Atualmente, existem empresas fornecedoras de fertilizantes ou consultorias específicas que já analisam previamente o solo do produtor, usando técnicas de agricultura de precisão. Nesse caso, faz-se amostragem composta a cada 3 ha a 5 ha ou mais, dependendo da extensão da terra a ser cultivada. Os dados da análise da área são apresentados em mapas, que são utilizadas por equipamentos orientados por satélites que fazem a aplicação em taxa variável, conforme a necessidade de cada gleba específica. Essa técnica permite maior homogeneidade da fertilidade do solo e melhor resposta da planta em produtividade.
Análises foliares
A análise foliar é uma ferramenta essencial para a avaliação do estado nutricional do algodoeiro e deve ser considerada como complementar à análise do solo e nunca como substituta. Quando usada em conjunto com os resultados de análise do solo e o histórico de uso da área, permite acompanhar o equilíbrio nutricional das culturas, tornando possível fazer uma recomendação de adubação mais consistente.
A época correta de amostragem é no período do florescimento, 80 a 90 dias após a emergência. Deve-se coletar a 5ª folha totalmente formada a partir do ápice da haste principal, num total de 30 folhas por área homogênea. Recomenda-se evitar folhas que apresentem danos causados por pragas e doenças. Após a coleta, as folhas devem ser colocadas em sacos de papel, identificadas e enviadas ao laboratório, se possível, no mesmo dia.
Calagem
Por ser o algodoeiro pouco tolerante à acidez, à presença de alumínio trocável e ser exigente em cálcio, elemento importante na germinação e desenvolvimento inicial das raízes, a correção da acidez é essencial para a obtenção de boa produtividade. A calagem é a aplicação de corretivo da acidez (geralmente, calcário) no solo e tem o objetivo de corrigir a acidez, neutralizar o alumínio trocável, elevar a saturação de bases e fornecer cálcio e magnésio para as plantas. Além desses efeitos diretos, com a calagem a cultura é beneficiada indiretamente pelo aumento da capacidade de troca de cátions (CTC) e da disponibilidade de N, S, P, B e Mo, melhoria do desenvolvimento do sistema radicular, que permite exploração de maior volume de solo e, consequentemente, maior eficiência na absorção de nutrientes do solo pela planta.
Recomendação de calagem
São vários os métodos usados para cálculos da necessidade de calcário, sendo o mais usado para a cultura do algodão aquele baseado na CTC e SATURAÇÃO POR BASES TROCÁVEIS, o qual aplica a seguinte fórmula:
NC (t/ha) = CTC (V2-V1) /1000, sendo:
NC = necessidade de calcário, em t/ha
CTC (mmolc/dm3) = capacidade de troca cátions do solo a pH 7,0 (Ca2+ + Mg2+ + K+ H+Al3+, em mmolc/dm3)
V2 = porcentagem de saturação por bases recomendada para a cultura (60-70%)
V1 = porcentagem de saturação por bases atual do solo, calculada pela fórmula: 100 x SB/CTC
SB = soma de bases trocáveis (Ca2++Mg2++ K+, em mmolc/dm3)
A quantidade de calcário recomendada é para aplicação do produto em uma superfície (S) de um hectare (10.000 m2), a uma profundidade de incorporação (PI) de 20 cm e usando calcário com PRNT igual a 100%. Caso haja diferença em qualquer desses critérios, é necessário fazer uma correção na quantidade aplicada:
Quantidade de calcário (t/ha) = NC x S/10.000 x PI/20 x 100/PRNT,
onde PRNT = Poder Relativo de Neutralização Total do calcário utilizado.
A calagem deve ser feita pelo menos dois meses antes do plantio e em área total com posterior incorporação com aração e gradagem. Caso seja usado o Plantio Direto, deve ser aplicada na superfície ½ da dosagem recomendada até o limite de 2,5 t/ha em solos argilosos e 2,0 t/ha em solos arenosos.
Gessagem
O algodoeiro é uma planta cujas raízes crescem até três vezes mais rápido que a parte aérea nos primeiros 30 dias de plantio, só parando o crescimento ao redor dos 120 dias da emergência. Sua raiz principal pode facilmente ultrapassar a profundidade de 2,5 m, em solos de textura média, como os existentes no Cerrado da Bahia. Esse crescimento exuberante é importante para a tolerância da planta aos constantes “veranicos” que ocorrem no Cerrado, para as absorções de água e nutrientes a grandes profundidades, para a reciclagem de nutrientes e manutenção do solo descompactado ao longo do perfil.
Entretanto, esse crescimento em profundidade só ocorre se não houver impedimento mecânico ou químico à expansão radicular. O impedimento mecânico ou compactação do solo pode ser superado pelo uso de subsolagem e aração profunda, especialmente com arado escarificador. Porém, o impedimento químico só pode ser removido pelo uso constante de gesso agrícola no solo.
Assim, a correção da acidez e dos teores tóxicos de Al na subsuperfície pode ser feita com gesso agrícola. O seu uso é recomendado quando na camada subsuperficial (20-60 cm) a saturação por alumínio for superior a 20% e/ou a saturação de cálcio for menor que 60% da CTC efetiva ou menor que 5 mmolc/dm3. De modo geral, a quantidade de gesso (QG) a ser aplicada no solo pode ser calculada pela fórmula:
QG (kg/ha) = 500 x g/kg de argila na camada considerada (20 – 60 cm)
Apesar do risco de perda de potássio, principalmente, da camada arável, especialmente em solos arenosos, há evidências que mostram ser vantajoso fazer uma correção inicial com gesso, seguindo a fórmula acima. Adicionalmente, deve-se aplicar 500 a 1.000 kg/ha de gesso a cada dois anos para manter um fluxo de cátions e ânions no perfil que permita o aprofundamento das raízes de todas as culturas e plantas de cobertura usadas na área de cultivo.
Vale salientar que o solo corrigido pode voltar a ficar ácido porque os fatores que causam a acidez continuam atuando ao longo do tempo, por exemplo:
  • Perdas de bases (Ca, Mg e K) por lixiviação, que é aumentada na presença dos ânions sulfato, cloreto e nitrato fornecidos nas adubações, com consequente redução do pH.
  • Utilização de adubos nitrogenados, como sulfato de amônio e ureia, que acidificam o solo.
  • Processo de nitrificação (transformação de amônio em nitrato) que ocorre após a mineralização do nitrogênio da matéria orgânica, cuja reação provoca acidificação do solo.
  • Extração de cátions (Ca, Mg, K) pelas culturas.
Por isso, é conveniente monitorar, a cada ano, a fertilidade do solo através de análises laboratoriais para que se identifiquem alterações na reação do solo e a necessidade de sua correção.

Adubação

Para se fazer uma adubação equilibrada, é muito importante conhecer a quantidade total de nutrientes extraídos, exportados (fibra e sementes) e quanto retornou ao solo através dos restos culturais. Porém, além das exigências nutricionais, vários fatores determinam a resposta das culturas à adubação, tais como: a dinâmica dos nutrientes no solo, o histórico de uso da área (principalmente, cultura anterior, correções e adubações aplicadas) e a disponibilidade de água, dentre outros. O fósforo, por exemplo, embora seja o macronutriente menos absorvido pelo algodoeiro, é usado em maior proporção nas formulações de adubação devido à sua fixação no solo, especialmente nas regiões de Cerrado. De qualquer forma, os teores de nutrientes no solo devem ser manejados de modo a se construir sua fertilidade até os níveis considerados altos ou adequados. Desse ponto em diante, a adubação deve objetivar manter a fertilidade e o nível da produtividade alcançada.
  • O fósforo e o potássio são recomendados em função da análise do solo, considerando as tabelas de recomendação de adubação de cada estado ou região. Em geral, elas recomendam 25 kg/ha de P2O5 e 40 kg/ha de K2O para cada tonelada de expectativa de produtividade.
  • A recomendação de nitrogênio é baseada na produtividade esperada e no potencial de resposta da cultura associado ao histórico de uso da área. Em área com alto potencial de resposta (área sob uso intensivo, com cultivo de cobertura de gramíneas, com muitas palhas na superfície), recomenda-se a aplicação de 35 kg a 40 kg/ha de N para cada tonelada de expectativa de produtividade; para áreas com baixo potencial de resposta (área recém-aberta ou logo após sucessão/rotação com leguminosas, com alto teor de matéria orgânica), cerca de 30 kg/ha por tonelada de expectativa de produtividade.
  • Não se espera resposta à adubação potássica quando o teor de potássio no solo for superior a 2,5 mmolc/dmou quando a relação (Ca + Mg) /K < 20.
  • O enxofre, assim como o nitrogênio, não é recomendado pela análise do solo. Nos casos em que se espera resposta a esse nutriente, a aplicação de 25 kg a 30 kg/ha usando gesso tem sido suficiente para o algodoeiro.
  • É recomendável o uso de fontes solúveis de fósforo e de formulações NPK que contenham sulfatos, seja como sulfato de amônio e/ou superfosfato simples, que além de N e P também fornecem enxofre.
Devido ao uso de plantadeiras de alta performance e rendimento operacional, há uma tendência à aplicação em pré-plantio de fósforo e potássio, a lanço e sem incorporação. Em solos com fertilidade média a alta, essa prática é viável. Do mesmo modo, é possível a antecipação parcial ou total da adubação PK sobre gramíneas de cobertura, especialmente, milheto e braquiária.
A antecipação de até metade da adubação nitrogenada nas plantas de coberturas que precedem o plantio do algodão no início da safra, em algumas regiões do Cerrado, também tem se mostrado viável. Neste caso, todo o restante do nitrogênio deve ser aplicado no início do abotoamento (cerca de 30-35 dias do plantio).
A adubação de plantio deve ser feita no sulco de semeadura, ao lado e abaixo da semente, com pequena proporção de nitrogênio (10-15 kg/ha), fósforo em dose total, metade ou um terço da dose recomendada de potássio e micronutrientes.
A adubação de cobertura pode ser única ou parcelada, se necessário. A primeira cobertura deve ser feita entre 30 a 35 dias após a emergência, com N, K, S e B (1/2 da dose), caso esses dois últimos não tenham sido aplicados na semeadura. A segunda cobertura com N e K (se necessário) deve ser feita cerca de 20-30 dias após a primeira. Este parcelamento aumenta a eficiência da adubação, pois assegura o fornecimento desses nutrientes na fase de maior absorção pelas plantas e evita perdas por lixiviação, sobretudo em solos arenosos. Além disso, a aplicação de quantidades elevadas de adubo potássico na semeadura, pode prejudicar a emergência das plantas devido ao aumento da pressão osmótica no meio, uma vez que o cloreto de potássio tem elevado índice salino.
As pesquisas com adubação do algodoeiro têm sugerido que:
  • A aplicação de nitrogênio em cobertura em doses acima de 120 kg/ha pode não ser econômica e depende da produtividade alcançada…
  • As aplicações tardias de nitrogênio (após 80 dias de emergência) promovem o crescimento vegetativo, prolongamento do ciclo da cultura, aumento da queda de botões florais e aumento da intensidade de ataques de pragas e doenças, sem que ocorra aumento da produtividade.
  • Respostas a doses elevadas de nitrogênio em cobertura (acima de 140 kg/ha) estão associadas à compactação do solo e/ou à presença de nematoides.
Quanto aos micronutrientes, a adubação via solo tem se mostrado mais eficiente do que a adubação foliar. Em áreas com histórico favorável para a deficiência desse micronutriente, recomenda-se a aplicação de até 1,2 kg/ha na semeadura, ou em cobertura junto com N e K. Como o limite entre a deficiência e a toxicidade de boro é muito estreito, aplicações acima de 2 kg/ha pode causar prejuízo na produção, se feito no sulco de plantio; se aplicado a lanço, doses superiores podem ser usadas, desde que exista viabilidade econômica da aplicação. Em solos de Cerrado, na fase de correção, recomenda-se aplicar 3 kg/ha de Zn se o teor no solo for inferior a 0,6 mg/dm3, para prevenir deficiências.
A pulverização foliar é recomendada apenas para corrigir deficiências detectadas durante o desenvolvimento da cultura. Entretanto, quando essas deficiências ocorrem, parte da produção potencial da planta já está comprometida e a correção apenas diminui a intensidade das perdas.
No caso de solos corrigidos e com uso de elevadas adubações com NPK, visando altas produtividades, é conveniente o uso de formulações NPK de plantio contendo micronutrientes, para prevenir possíveis deficiências. Nessas formulações, é comum o uso de fritas como fonte de todos os micronutrientes. As fritas (FTE) são relativamente baratas e de lenta solubilização no solo, assegurando liberação gradual dos micronutrientes sem causar toxicidade.
Quanto à adubação foliar com fosfato monoamônio purificado (MAP) e nitrato de potássio, as pesquisas raramente mostram efeito positivo sobre a produtividade. Entretanto, sob condição de plantas estressadas por veranico prolongado ou em desfolhas ocasionadas por surto de lagartas ou chuva de granizo, pode haver resposta econômica em produtividade.
Para mais informação sobre a adubação do algodoeiro no ambiente de Cerrado, consulte o Comunicado Técnico 375 (Adubação do Algodoeiro no Ambiente de Cerrado).
Sintomas de deficiência
As deficiências de nutrientes no algodoeiro, como noutras plantas, ocorrem com padrões específicos para cada elemento (Figura 2). O conhecimento desses padrões pode auxiliar o agricultor e o técnico para diagnosticar, diretamente no campo, o que está ocorrendo na lavoura e tomar as medidas corretivas necessárias.  Essa técnica de diagnóstico é conhecida como diagnose visual.


Figura 2. Chave para diagnose visual da deficiência de nutrientes em algodoeiro.
Sumariamente, os sintomas de deficiências podem ser descritos como seguem:
  • Nitrogênio – Redução do crescimento vegetativo e amarelecimento uniforme da planta. Os sintomas são mais acentuados nas folhas mais velhas, nas quais surgem manchas avermelhadas ou pardas que secam e provocam a queda prematura das folhas. As plantas apresentam-se pouco desenvolvidas, com número reduzido de ramos vegetativos e botões florais.
  • Fósforo – Ocorre atraso no desenvolvimento e as folhas apresentam coloração verde escura intensa e manchas ferruginosas no limbo. Esses sintomas são difíceis de ser detectados no campo.
  • Potássio – Amarelecimento das margens das folhas mais velhas, que avança entre as nervuras. Com o agravamento da deficiência, a superfície das folhas passa para uma coloração bronzeada. A clorose se desloca gradualmente para as folhas mais novas e as mais velhas morrem e caem, provocando a maturação prematura dos frutos e causando prejuízo à produtividade e à qualidade do produto.
  • Cálcio – Sintomas de deficiência de cálcio são difíceis de ser encontrados no campo. Sob condições severas de deficiência, o sistema radicular é prejudicado, o crescimento é paralisado e ocorre murchamento e queda das folhas. As folhas que não caem tornam-se avermelhadas.
  • Magnésio – O sintoma bem característico é a clorose internerval das folhas mais velhas, que evolui para a coloração vermelho-púrpura, formando um contraste nítido com o verde das nervuras. As folhas deficientes e as maçãs se desprendem com facilidade.
  • Enxofre – Clorose do ponteiro, caracterizado pela coloração verde-limão típica que atinge as folhas mais velhas, causando sua queda prematura.
  • Boro – O algodoeiro é uma das plantas mais exigentes em boro. Os principais sintomas de deficiências são:
  • Folhas novas amareladas e enrugadas, contrastando com o verde normal das folhas mais velhas.
  • Flores defeituosas e aumento da queda de botões florais e dos frutos, os quais apresentam escurecimento interno na sua base.
  • Aparecimento de anéis verde-escuros nos pecíolos.
  • Superbrotamento e morte dos ponteiros, quando a deficiência é muito severa.

  • Zinco – Clorose internerval nas folhas novas, que se apresentam com as bordas voltadas para cima e lóbulos alongados no formato de “dedos”.
  • Manganês – Clorose internerval das folhas novas dos ponteiros, contrastando com o verde das nervuras.
  • Cobre – Folhas novas apresentam nervuras tortas e salientes. São sintomas de difícil ocorrência no campo.
  • Ferro – Sintomas semelhantes aos da deficiência do manganês. Não se espera deficiência de ferro no Brasil, a não ser em condições de elevada disponibilidade de manganês, devido ao antagonismo entre eles, ou em solos alcalinos.
Para mais informação sobre sintomas de deficiência, consulte a Circular Técnica 134 (Diagnose Visual de Deficiências Nutricionais do Algodoeiro).


segunda-feira, 8 de maio de 2017

Manejo de produtos fitossanitários no Algodão


Manejo de produtos fitossanitários

A produção, utilização, comercialização, exportação e importação de produtos fitossanitários, e seus afins, são regulamentados pela Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989, regulamentada pelo Decreto nº 98.816, de 11 de janeiro de 1990.
A lei dispõe sobre a pesquisa, experimentação, produção, embalagens, rotulagem, transporte, armazenamento, comercialização, propaganda comercial, utilização, importação, exportação, destino final dos resíduos e embalagens, seus componentes e afins, além de outras providências.
Esta lei também definiu a classificação dos produtos agrotóxicos. São elas:
  • Classe I - extremamente tóxico
  • Classe II - altamente tóxico
  • Classe III - medianamente tóxico
  • Classe IV - pouco tóxico
Os produtos fitossanitários devem ser manuseados com cuidados especiais. Em função da suscetibilidade a um grande número de pragas, o sistema de produção da cultura do algodoeiro, especialmente na região do Cerrado brasileiro, exige a aplicação de um grande volume de agrotóxicos.
Além disso, o próprio sistema de produção, baseado em alta quantidade de insumos, requer a aplicação de variados produtos enquadrados na categoria dos produtos fitossanitários.
São, principalmente, inseticidas, herbicidas, fungicidas, reguladores de crescimento, desfolhantes, dessecantes, adjuvantes.
Cuidados especiais devem ser tomados antes da aplicação dos produtos. A leitura atenta dos rótulos das embalagens e a bula dos produtos deve preceder qualquer aplicação.
Para a aplicação, deve-se, obrigatoriamente, utilizar um equipamento de proteção individual (EPI). Este deve constar de um macacão de mangas compridas, chapéu de aba larga, luvas impermeáveis, botas, avental impermeável e máscara apropriada.
Deve-se, ainda, tomar as seguintes precauções gerais:
  • Não usar o produto para outra finalidade que não seja agrícola.
  • Manter o produto afastado de crianças, alimentos ou de rações animais.
  • Não comer, beber ou fumar durante o manuseio do produto.
  • Não utilizar equipamentos de aplicação com vazamento.
  • Não desentupir bicos, orifícios, válvulas, tubulações ou similares, com a boca.
  • Não lavar as embalagens ou equipamentos de aplicação em lagos, fontes, rios ou qualquer outro reservatório ou curso d`água.
  • Manter sempre disponíveis sacos plásticos, para envolver adequadamente as embalagens rompidas ou para o recolhimento dos produtos vazados.
  • Não permitir que menores de idade trabalhem na aplicação dos produtos.
  • Manter afastadas das áreas de aplicação, crianças, animais domésticos e pessoas desprotegidas.
Ao manusear os produtos, as seguintes precauções devem ser tomadas pelo aplicador:
  • Evitar contato com nariz e boca.
  • Usar EPI.
  • Não desentupir bicos, orifícios e válvulas com a boca.
  • Não utilizar equipamentos de aplicação com vazamentos.
  • Evitar o contato com os olhos. Caso ocorra, lavar imediatamente com água corrente durante quinze minutos e, se houver irritação, procurar um médico levando a embalagem, bula ou rótulo do produto.
  • Evitar contato com a pele. Caso ocorra, lavar as partes atingidas imediatamente com água e sabão em abundância e, havendo sinais de irritação, procurar assistência médica, levando a bula, rótulo ou embalagem do produto.
  • Em caso de inalação, procurar um local arejado.
  • Evitar respingos ao abrir a embalagem.
  • Aplicar somente as doses recomendadas.
Durante a aplicação, tomar as seguintes medidas de precaução:
  • Não aplicar contra o vento.
  • Usar EPI.
  • Não distribuir o produto com as mãos desprotegidas, optando por usar luvas impermeáveis.
  • Evitar ao máximo, contato com a área de aplicação.
  • Se a pulverização produzir neblina, não descuidar do uso de avental impermeável e protetor cobrindo o nariz e a boca.
Após a aplicação, observar as seguintes medidas de precaução:
  • Lavar as mãos com água e sabão.
  • Não reutilizar a embalagem vazia.
  • Manter as sobras de produtos adequadamente fechadas em local trancado, longe do alcance de crianças e animais.
  • Tomar banho, trocar e lavar as roupas utilizadas durante a aplicação.
Em relação aos cuidados com o meio ambiente, algumas medidas devem ser adotadas visando sua proteção. Entre outras podem ser destacadas as seguintes:
  • Observar as legislações estadual e municipal relativas às atividades agrícolas.
  • Aplicar somente as doses recomendadas.
  • Não aplicar o produto em horas quentes do dia ou quando houver rajadas de vento.
  • Não lavar as embalagens dos produtos em reservatórios ou cursos d`água.
  • Descartar corretamente as embalagens e restos de produtos. Na região do Cerrado, existem programas específicos de descarte de embalagens.
Em relação ao armazenamento, há uma série de medidas de precaução a serem tomadas. Entre estas, podemos destacar como principais, as seguintes:
  • Armazenar separado de outras mercadorias e separar, também, por classes de produtos: fungicidas, inseticidas, etc.
  • Manter afastadas dos alimentos, iscas raticidas ou sementes tratadas para evitar o consumo acidental.
  • O local de armazenamento deve ser exclusivo para produtos tóxicos, ser ventilado, coberto e ter piso impermeável.
  • Manter os produtos em embalagem original e fechada.
  • Manter o local trancado.
  • Colocar placa de advertência: Cuidado, Veneno.
  • Manter sempre embalagens adequadas disponíveis para envolver adequadamente embalagens rompidas.
  • Não deixar produtos expostos.





sexta-feira, 21 de abril de 2017

Cultivares de Algodâo

História do melhoramento do algodoeiro na Embrapa para o Cerrado do Brasil

O programa de melhoramento do algodoeiro da Embrapa para o Bioma Cerrado foi iniciado em 1989, em Mato Grosso. Posteriormente, o programa foi expandido para os cerrados de Goiás e da Bahia, resultando em uma série de cultivares desenvolvidas especificamente para esses estados. Atualmente, o programa está estruturado para desenvolver cultivares considerando condições ecológicas e de sistema de produção no Cerrado com foco em duas regiões: o cerrado da região Centro-Oeste, envolvendo os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais e Rondônia e o cerrado da região Nordeste, envolvendo os estados da Bahia, Maranhão e Piauí. O programa voltado para o cerrado da região Centro-Oeste preconiza a busca de cultivares com resistência múltipla às principais doenças e nematoides, de ciclo médio a curto e com maior precocidade de maturação, permitindo, inclusive, o cultivo em segunda safra. Já o programa voltado para o cerrado da região Nordeste busca cultivares de ciclo médio a tardio, resistentes às principais doenças e nematoides e com qualidade de fibra diferenciada.
Para ambas as regiões, a produtividade deve ser acima de 300 arrobas/ha, com percentagem de fibra superior a 41%. Em se tratando de fibra de padrão médio de comprimento, as características tecnológicas avaliadas em HVI (High Volume Instruments) devem apresentar finura (índice micronaire) entre 3,7 a 4,2; comprimento entre 28,5 mm a 31 mm; resistência superior a 28 gf/tex; uniformidade de comprimento superior a 80%; índice de fibras curtas inferior a 7%; número de neps que mede o enovelamento da fibra inferior a 250; fiabilidade superior a 2.200 e alongamento superior a 7%. Adicionalmente, a agregação de características através da transgenia, como a tolerância a herbicidas e a resistência a lepidópteros, contribui para uma melhor eficiência do sistema produtivo. As cultivares devem apresentar boas respostas a aplicação de insumos, incluindo fertilizantes químicos, inseticidas, herbicidas, fungicidas, reguladores de crescimento e desfolhantes. É exigida boa adaptação à colheita mecanizada, devendo as plantas apresentar a inserção do primeiro ramo frutífero acima de 20 cm do solo; porte ereto, mesmo quando manifestando todo seu potencial produtivo e capulhos bem aderidos às cápsulas.
Como resultados do programa de melhoramento, a Embrapa já desenvolveu diversas cultivares de algodoeiro para as condições do Cerrado: CNPA ITA 90, CNPA ITA 92, BRS ITA 96, CNPA ITA 97, BRS ANTARES, BRS FACUAL, BRS AROEIRA, BRS IPÊ, BRS SUCUPIRA, BRS ITAUBA, BRS CEDRO, BRS ARAÇA, BRS 269-BURITI, BRS 286, BRS 293, BRS 335 e BRS 336, BRS 368 RF, BRS 369 RF, BRS 370 RF, BRS 371 RF e BRS 372.
Entre as principais características utilizadas pelo produtor na tomada de decisão para a escolha da cultivar, além do potencial produtivo, percentagem de fibra e adaptação da mesma a sua região, podemos citar os seguintes fatores:
  • ciclo fenológico;
  • tecnologia de transgenia;
  • resistência a doenças e nematoides;
  • comprimento da fibra.
O detalhamento destas características é apresentado a seguir:

Ciclo fenológico

Com relação ao ciclo, as cultivares de algodão são classificadas como de ciclo precoce, médio e tardio conforme descrito abaixo:
  • ciclo tardio: normalmente, são indicadas na abertura do plantio em regiões que fazem o cultivo de safra única ou também denominado “algodão safra”. Cultivares com essas características de ciclo são muito utilizadas na Bahia, Tocantins, Maranhão e Piauí, bem como em algumas áreas que cultivam uma única safra no sul dos estados de Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul. São consideradas cultivares tardias aquelas que demandam acima de 180 dias da emergência até a maturação (90% dos capulhos abertos), tomando-se como referência as condições do Cerrado, em altitude acima de 750 m e semeadura no período de safra.
  • ciclo médio: são indicadas para cultivo em safra podendo também ser empregadas em segunda safra. São consideradas cultivares de ciclo médio aquelas que demandam entre 160 a 180 dias da emergência até a maturação (90% dos capulhos abertos), tomando-se como referência as condições do Cerrado, em altitude acima de 750 m e semeadura no período de safra.
  • ciclo precoce: são indicadas para fechamento de plantio na primeira safra e para plantios tardios na segunda safra ou “safrinha”. Têm menor capacidade de recuperação da produção quando submetidas a estresses ambientais do que as de ciclo médio, em função do ciclo mais determinado. São consideradas cultivares de ciclo precoce aquelas que demandam menos de 160 dias da emergência até a maturação (90% dos capulhos abertos), tomando-se como referência as condições do Cerrado, em altitude acima de 750 m e semeadura no período de safra.

Tecnologias de transgenia

Atualmente, um dos fatores decisivos na escolha da cultivar pelo produtor é a tecnologia de transgenia que as cultivares possuem. Esse é um fator importante, pois influenciará bastante no manejo da lavoura. No entanto, é fundamental que a transgenia seja inserida em germoplasma de alto valor agronômico, fitossanitário e que seja provedor de fibra de alta qualidade. Atualmente, existem no mercado diversas cultivares transgênicas que possuem resistência a herbicidas, a insetos praga (lepidópteros) e também a herbicidas e insetos, simultaneamente. Ressalta-se, entretanto, que existem cultivares convencionais (não portadoras de transgenia), que poderão ser empregadas em casos aonde se opte pelo não emprego de cultivares transgênicas.
As cultivares convencionais são utilizadas em áreas de manejo convencional de plantas daninhas com herbicidas seletivos ao algodão e, também, em áreas de refúgio nas lavouras que utilizam transgenia para resistência a insetos. As áreas de refúgio devem ser de, pelo menos, 20% da área cultivada. A Embrapa possui diversas cultivares convencionais que atendem às mais diversas necessidades dos produtores. Entre elas podemos citar: a BRS 269 Buriti, BRS 286, BRS 293;  BRS 335, BRS 336 e BRS 372.
Considerando-se as opções de transgenia em algodoeiro, as cultivares podem ser portadoras das seguintes tecnologias:
  • Tecnologia Roundup Ready® (RR®): são resistentes ao herbicida glifosato aplicado em área total, até a quarta folha verdadeira do algodão (estádio V4). São cultivares da primeira geração de transgênicos de algodão no Brasil, facilitando o manejo de plantas daninhas e podendo ser utilizadas nas áreas de refúgio de cultivares com resistência a insetos;
  • Tecnologia Bollgard I® Roundup Ready® (BGRR®): apresentam resistência simultânea ao herbicida glifosato aplicado em área total, até a quarta folha verdadeira do algodão (estádio V4) e a algumas espécies de lagartas (curuquerê, lagarta rosada). São a primeira geração de transgênicos de algodão no Brasil, facilitando o manejo de plantas daninhas e insetos, esta última, em decorrência da expressão da proteína Cry1Ac.
  • Tecnologia Liberty Link® (LL®): são resistentes ao herbicida glufosinato de amônia em todas as fases do algodoeiro. Essas cultivares facilitam o manejo das plantas daninhas e podem ser utilizadas nas áreas de refúgio de cultivares com resistência às lagartas.
  • Tecnologia Roundup Ready Flex® (RF®): são resistentes ao herbicida glifosato aplicado em área total, em todas as fases da cultura do algodão. Facilitam o manejo de plantas daninhas e podem ser utilizadas nas áreas de refúgio de áreas cultivadas com cultivares resistentes a insetos. A Embrapa possui quatro cultivares com esta tecnologia: BRS 368 RF, BRS 369 RF, BRS 370 RF e BRS 371 RF.
  • Tecnologia Widestrike® (WS®): apresentam resistência às lagartas de algumas espécies de lepidópteros. Expressam duas proteínas que conferem resistência a insetos (Cry1Ac e CryF).
  • Tecnologia Bollgard II® Roundup Ready Flex® (B2RF®): apresentam resistência simultânea ao herbicida glifosato aplicado em área total, em qualquer fase do ciclo do algodão e a um amplo espectro de espécies de lagartas. Expressam duas proteínas de resistência a insetos (Cry1Ac e Cry2Ab2).
  • Tecnologia GlyTol®, TwinLink® e LibertyLink® (GLT®): apresentam resistência simultânea aos herbicidas glifosato e glufosinato de amônio aplicado em área total, em qualquer fase do ciclo fenológico da cultura do algodão e a um amplo espectro de espécies de lagartas. Expressam duas proteínas de resistência a insetos (Cry1Ab e Cry2Ae).

Resistência a doenças e nematoides

Para as condições de Cerrado, que em geral apresentam elevada precipitação pluviométrica durante o ciclo da cultura do algodão, a tolerância/resistência a doenças é um fator importante na escolha da cultivar.
Atualmente, todas as novas cultivares disponibilizadas ao mercado pelos programas de melhoramento genético no Brasil são resistentes à virose denominada doença azul (Cotton leafroll dwarf virus, CLRDV) e à bacteriose causadora da mancha angular (Xanthomonas citri subsp. malvacearum). Isso é possível devido à seleção assistida por marcadores moleculares que auxiliam na seleção de cultivares resistentes.
A resistência genética a outras doenças como a ramulose (Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides) e mancha de ramulária (Ramularia aréola), também são importantes para a escolha da cultivar. Poucas cultivares têm resistência genética à ramulose. Para a mancha de ramulária, a doença causadora das principais perdas e aumento do custo com controle no cultivo no Cerrado, na atualidade, existem cultivares com diferentes graus de resistência genética. A Embrapa Algodão desenvolveu a cultivar BRS 372, portadora de elevada resistência.
A tolerância ou resistência a nematoides também é um fator decisivo na escolha da cultivar, principalmente em áreas com níveis de infestação que causam danos significativos. Existem no mercado cultivares com diferentes níveis de resistência/tolerância a nematoides. Para mais informações sobre o manejo dos fitonematoides e/ou escolha da cultivar mais adequada em cada condição, sugere-se consultar o Comunicado Técnico 376 (Manejo de Fitonematoides na Cultura do Algodoeiro).

Comprimento da fibra

De acordo com a sua qualidade, a fibra do algodão tem diferentes aplicações industriais. O comprimento das fibras é um dos principais fatores que determinam a qualidade do produto. No entanto, é o conjunto de caraterísticas intrínsecas da fibra (comprimento, resistência, micronaire, entre outras) que possibilita a obtenção de fios e tecidos de elevada qualidade. Quanto ao comprimento da fibra, tem-se a seguinte classificação:
  • Média: comprimento de 28 mm a 31,2 mm;
  • Longa: comprimento de 31,3 mm a 34,8 mm; e
  • Extra-longa: comprimento de 34,8 mm a 41,0 mm.
As cultivares disponíveis no Brasil, em sua maioria, são classificadas como de fibra média. A Embrapa desenvolveu a cultivar BRS 336, que produz fibras no padrão médio de comprimento e com elevada resistência.
Atualmente, não existem cultivares de fibra extra-longa adaptadas às condições do Cerrado brasileiro.
Para obter as melhores respostas produtivas, bem como obter o benefício das demais características proporcionadas pelo melhoramento genético, as cultivares devem ser manejadas seguindo-se as recomendações especificadas para cada uma, atentando-se, para a população de plantas, exigência em regulador de crescimento e manejo de doenças. Também se faz fundamental a adoção de práticas e sistemas de produção que visem maior sustentabilidade, tais como a rotação de culturas, o uso de espécies de cobertura do solo, o manejo integrado de pragas e doenças, a rotação de eventos transgênicos relacionados à tolerância a herbicidas e a resistência a insetos, bem como o emprego de áreas de refúgio associadas aos cultivos com cultivares transgênicas.  
Para consultar todas as cultivares de algodão que podem ser comercializadas, acesse o Registro Nacional de Cultivares (RNC) do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA). Para serem cultivadas em uma determinada região, é recomendável que as cultivares estejam indicadas para essa região constando no Zoneamento de risco climático. O zoneamento é publicado em portarias no Diário Oficial da União e no site do MAPA.



sábado, 8 de abril de 2017

Plantio e Manejo Cultural no Algodão

O plantio é umas das etapas mais importantes do cultivo do algodoeiro, sendo decisivo para a obtenção de altas produtividades. Ele requer muitos cuidados, pois dele depende todo o processo produtivo. No processo de semeadura, é fundamental a escolha correta da cultivar; o uso de sementes com alta pureza genética e qualidade fisiológica (germinação e vigor); a definição da época de semeadura, do espaçamento entre fileiras e da população desejada de plantas, do equipamento e da profundidade de semeadura; a realização do tratamento de sementes com fungicidas e inseticidas; a regulagem da dose e localização do adubo de semeadura etc.
A época de semeadura do algodoeiro é influenciada diretamente pelos fatores climáticos; por isso, o zoneamento agroclimático determina o período de semeadura, para cada região, de modo que as condições climáticas sejam favoráveis para o cultivo do algodoeiro. Assim, a semeadura deve ser realizada em período que haja adequada disponibilidade de água para o estabelecimento da lavoura e período de seca para a colheita da fibra. Além disso, a exigência legal do vazio sanitário, como estratégia de controle integrado de pragas e doenças, é fator determinante que influencia nas épocas de semeadura e colheita.
A semeadura na época correta é muito importante em virtude da sensibilidade que o algodoeiro possui aos fatores ambientais. Ele apresenta algumas fases fenológicas mais sensíveis ao déficit hídrico, como é o caso do florescimento e enchimento das maçãs, devendo-se programar a época de semeadura, de maneira que as chances de ocorrência de déficit hídrico nessas fases fenológicas sejam mínimas. A colheita do algodão deve ocorrer no período seco, sendo desejável que a partir do início da abertura dos capulhos ocorra redução no volume de precipitação pluvial, e por ocasião da colheita esteja seco, de modo que facilite a operação mecânica e evite perda da qualidade da fibra.
O ciclo da cultivar influencia a época da semeadura. Geralmente, a semeadura deve ser iniciada com cultivares de ciclo mais longo, e encerrada com cultivares de ciclo precoce. No cerrado dos estados da Bahia (BA), Goiás (GO) e Minas Gerais (MG), a semeadura, normalmente, é iniciada após meados de novembro, se estendendo até o final de dezembro. No Mato Grosso (MT) e Mato Grosso do Sul (MS), a melhor época de semeadura tem sido durante o mês de dezembro, mas no norte do MT e em algumas regiões de GO e MS, por vezes, a semeadura é prolongada até o início de janeiro. Para o cultivo do algodoeiro como segunda safra, ou “safrinha”, realizado em algumas regiões de GO, MT e MS após a colheita de soja precoce ou de feijão, a semeadura do algodoeiro deve ser realizada até o final de janeiro. Em algumas situações regionais, a semeadura se estende até meados de fevereiro; porém, é enorme o risco de redução da produtividade, uma vez que existe alta probabilidade de interrupção das chuvas no período de enchimento de maçãs.
Para qualquer cultivar de algodoeiro, cultivado em regime de sequeiro, recomenda-se que a semeadura não se prolongue além de um mês, de modo a reduzir problemas com pragas, particularmente o bicudo do algodoeiro, a lagarta rosada e percevejos, que podem comprometer seriamente o manejo de pragas e o rendimento.
O teor de água do solo é de grande importância por ocasião da semeadura, por facilitar as operações mecânicas, favorecer a germinação das sementes e o desenvolvimento inicial das plantas, e ainda permitir adequada população de plantas.
A definição do espaçamento entre linhas e da densidade populacional são cruciais para o sucesso do cultivo do algodoeiro. Entende-se por espaçamento o intervalo entre duas fileiras, e por densidade de semeadura o espaço deixado entre plantas dentro da fileira. O espaçamento e a densidade de semeadura são aspectos tecnológicos que definem a população e o arranjo de plantas, podendo interferir no manejo a ser realizado e no rendimento da lavoura. A determinação do espaçamento entre fileiras, bem como a densidade de semeadura, ou número de plantas por metro linear, são influenciados, principalmente, pela cultivar, o clima, a fertilidade do solo e o sistema de cultivo e colheita (RIGHIi et al., 1965; LACA BUENDIA; FARIA, 1982). Alterações no espaçamento e na densidade de semeadura induzem a uma série de modificações no crescimento e desenvolvimento do algodoeiro. A altura das plantas, o diâmetro da haste principal, a altura de inserção do primeiro ramo frutífero, o número de ramos vegetativos e reprodutivos são algumas das características morfológicas significativamente influenciadas pela população de plantas (STAUT; LAMAS, 1999: JOST; COTHREN, 2000). Geralmente, tem-se verificado tendência de redução do espaçamento entre fileiras e aumento da densidade de plantas. Entretanto, os resultados já obtidos permitem inferir que, nem sempre a produtividade é maior numa condição de alta população (LAMAS et al., 1989; JOST; COTHREN, 2000). A relação entre a população de plantas e a produção de algodão depende das condições edafoclimáticas nas quais a cultura se desenvolve.
Atualmente, o algodoeiro é cultivado em dois sistemas com espaçamentos entre linhas distintos: sistema convencional com espaçamento entre linhas igual ou superior a 0,76 m e sistema adensado com espaçamento entrelinha igual ou menor que 0,76 m. No sistema convencional, a semeadura é realizada como “safra” principal ou primeira safra e também de segunda safra em plantios feitos antes do final do mês de janeiro (principalmente em MT). Normalmente, são utilizadas de 6 a 12 sementes por metro, com população entre 70.000 a 120.000 plantas/ha. Nesse sistema, o processo de colheita é feito, obrigatoriamente, com colheitadeiras de fusos, as quais garantem algodão com excelente qualidade, uma vez que este tipo de equipamento é bastante seletivo, colhendo com o mínimo de contaminação da fibra.
O sistema de semeadura adensada, normalmente, é feito no espaçamento de 0,45 m nas entrelinhas. É um sistema adotado pelos agricultores que cultivam o algodoeiro no período de “segunda safra, ou safrinha” em plantios feitos tardiamente (normalmente em fevereiro), após a colheita de feijão ou de soja de ciclo curto, semeados no início da estação chuvosa. Nesse sistema, como o período de disponibilidade hídrica ao algodoeiro é menor, o número de nós e o seu ciclo tendem a ser reduzidos, devendo-se priorizar cultivares de ciclo curto ou médio, com porte menor. Devido ao pouco crescimento do algodoeiro, a população de plantas usada pode chegar a 200.000 plantas por hectare, dependendo da cultivar. No sistema adensado em segunda safra, a colheita mecanizada pode ser feita com colheitadeiras equipadas com plataforma de fusos adaptadas ou com colheitadeiras com plataformas de pente, que são mais baratas e as mais comumente utilizadas. Entretanto, vale ressaltar que a contaminação da fibra é maior quando são usadas colheitadeiras de pente, e por isso o cuidado na condução da lavoura deverá ser redobrado, uma vez que a presença de plantas daninhas ou de maçãs imaturas, e problemas na desfolha, podem agravar ainda mais a contaminação da fibra. Em razão dessas questões de dificuldade de colheita e contaminação/qualidade de fibra, cada vez mais têm sido cultivadas cultivares de algodoeiro de ciclo precoce ou médio, no período de safrinha, com espaçamento de 76 cm entre as fileiras, com população de plantas entre 120.000 a 160.000 plantas/ha.
A semeadura do algodoeiro no Cerrado é feita mecanicamente, com semeadora tratorizada (Figura 1). Deve ser efetuada em curva de nível ou, pelo menos, em sentido perpendicular ao escorrimento das águas (Figura 2). A profundidade de semeadura deverá fixar-se entre 3 cm e 5 cm, conforme a textura e a capacidade de armazenamento de água do solo. De maneira geral, quanto maior a capacidade de retenção de água do solo, menor a profundidade de semeadura. Solos de textura arenosa e com baixa capacidade de armazenamento de água requerem maior profundidade que os solos de textura argilosa. Para os arenosos, recomenda-se a semeadura a 5 cm de profundidade e, para os argilosos, a 3 cm.
Foto: Alexandre Cunha de Barcellos Ferreira
Figura 1. Semeadora tratorizada.
Foto: Alderi Emídio de Araújo
Figura 2. Plantio direto em nível sobre palhada de milheto.
Antes da semeadura mecânica, é fundamental tratar as sementes com fungicidas e inseticidas, além de serem grafitadas para facilitar a operacionalização. A calibração da máquina semeadora deverá ser feita levando-se em consideração, também, a percentagem de germinação e vigor da semente. A prática do desbaste, recomendada para pequenas propriedades, não se aplica às condições do Cerrado.

Fitormônios

O uso de fitormônios no algodoeiro é prática indispensável no Cerrado, em virtude das extensas áreas cultivadas, ao sistema de cultivo e colheita mecanizada. Entre os fitormônios, estão os reguladores de crescimento, os desfolhantes e os promotores de abertura de maçãs, usualmente chamados de maturadores.
Regulador de crescimento
O algodoeiro herbáceo apresenta hábito de crescimento indeterminado, ou seja, durante a fase reprodutiva ele continua a emitir estruturas vegetativas, que podem competir entre si pelos produtos da fotossíntese.
Na cotonicultura do Cerrado, são cultivadas extensas áreas, usadas variedades com alto potencial produtivo, altas doses de fertilizantes, muitos defensivos agrícolas, sendo imprescindível o uso de máquinas e implementos. Por causa desse sistema de cultivo, é essencial o uso de reguladores de crescimento, de forma que os algodoeiros não cresçam demasiadamente e comprometam o manejo e o rendimento da cultura, bem como que as plantas apresentem altura adequada à colheita mecânica.
Para a colheita mecanizada, o ideal é que os algodoeiros tenham altura de, no máximo, 1,30 m; acima disso, pode interferir negativamente na eficiência do processo. Além disso, a colheita mecânica dos algodoeiros altos favorece a contaminação da fibra com galhos, folhas e cascas dos ramos, depreciando a sua qualidade.
Os algodoeiros que crescem de forma descontrolada, dependendo da condição do ambiente, podem apresentar maior apodrecimento ou queda das maçãs posicionadas nos primeiros ramos frutíferos.
As variedades de algodão usadas no Brasil, geralmente, apresentam porte médio a alto, ou seja, crescem vigorosamente, sendo necessário o uso de reguladores de crescimento. A manipulação da arquitetura do algodoeiro com reguladores de crescimento é uma estratégia agronômica que, normalmente, não gera incremento de produtividade; porém, observa-se melhoria da eficiência da aplicação de inseticidas, fungicidas e a penetração da luz, a qual contribui para a abertura mais rápida e uniforme dos frutos.
Os reguladores de crescimento são substâncias químicas sintéticas que apresentam efeito sobre o metabolismo vegetal, inibindo a formação do ácido giberélico, com consequente redução do crescimento devido à menor elongação celular. Os dois fitorreguladores de crescimento usados na cotonicultura brasileira são o cloreto de mepiquat e o cloreto de clormequat.
Algumas vantagens do uso dos reguladores de crescimento:
  • Controla o excessivo desenvolvimento vegetativo dos algodoeiros.
  • Melhora o equilíbrio entre as partes vegetativas e reprodutivas.
  • Reduz a altura e o comprimento dos ramos, e assim facilita os tratos culturais.
  • Reduz a abscisão e o apodrecimento de estruturas reprodutivas, que podem refletir negativamente na produtividade.
  • Diminui o ciclo por meio da redução do número excessivo de nós.
  • Facilita a colheita mecanizada.
  • Melhora a qualidade da fibra por meio da redução de impurezas como galhos, folhas e cascas dos ramos.
Os efeitos dos reguladores de crescimento sobre o algodoeiro dependem de alguns fatores, podendo-se destacar: temperatura, disponibilidade de nutrientes no solo, população de plantas, cultivar, disponibilidade de água no solo, precipitação pluvial, dose, época e forma de aplicação. Destes, é importante destacar a dose e a forma de aplicação.
Com relação à dose, ela pode variar de 50 a 100 g/ha do ingrediente ativo, a depender do porte e das condições do solo e da lavoura, da época de semeadura, em síntese, da expectativa de crescimento do algodoeiro (Tabela 1).
Tabela 1. Dose do ingrediente de reguladores de crescimento em relação ao porte da planta de algodoeiro.
Cultivares
Dose* (g/ha) do ingrediente ativo cloreto de mepiquat ou de clormequat
Porte alto
85 a 100
Porte médio
60 a 85
Porte baixo
dose < 50

* espaçamento entre fileiras – 76 a 90 cm, para o cultivo na época tradicional (safra).
Recomenda-se aplicar os reguladores de crescimento de forma parcelada (Tabela 2). As pulverizações devem ser iniciadas quando os algodoeiros atingirem a altura de 30 cm a 45 cm, em função do porte da variedade. A partir dessa fase, normalmente, observa-se intenso crescimento vegetativo, razão pela qual são necessários monitoramentos constantes de forma a definir as demais pulverizações para o controle da altura.
Tabela 2. Parcelamento da dose (em % da dose total) de reguladores de crescimento na cultura do algodoeiro.

Primeira aplicação
Segunda aplicação
Terceira aplicação
Quarta aplicação
10%
20%
30%
40%

1ª Aplicação
  • CULTIVARES DE PORTE ALTO: 30-35 cm de altura
  • CULTIVARES DE PORTE MÉDIO: 35-40 cm de altura
  • CULTIVARES DE PORTE BAIXO: 40-45 cm de altura
O momento em que é realizada a primeira aplicação é fundamental, pois o atraso pode comprometer seriamente (Figura 3) a eficiência do controle do crescimento.
Foto: Alexandre Cunha de Barcellos Ferreira
Figura 3. Controle eficiente (A) e controle ineficiente (B) da altura dos algodoeiros por meio do regulador de crescimento, cultivar BRS 269 – Buriti.
As aplicações subsequentes (segunda, terceira e quarta) devem ocorrer quando houver retomada do crescimento. Para isso, quando a taxa de crescimento for maior que 1,5 cm/dia, recomenda-se aplicar novamente o fitorregulador. É essencial dividir a área em talhões homogêneos, de acordo com a cultivar, época de semeadura, condições de fertilidade do solo e adubações etc.
O monitoramento do crescimento deve ser constante, pois, após o término do efeito residual do fitorregulador aplicado (normalmente de 10 a 14 dias em função de uma série de fatores e condições do ambiente de cultivo), o algodoeiro volta a crescer à taxa maior que 1,5 cm/dia, carecendo de nova aplicação.
Cuidados na aplicação
  • Os reguladores de crescimento devem ser aplicados, preferencialmente, no período da manhã, mas deve-se evitar nos algodoeiros molhados pelo orvalho.
  • Normalmente, quando se usa cloreto de mepiquat – produto comercial mais concentrado, o período mínimo entre a aplicação e a ocorrência de chuva deve ser de 4 horas, para evitar que o cloreto seja lavado. Em caso de chuva após as aplicações, provavelmente, será preciso reaplicar. Isso dependerá:
    • do produto ou ingrediente ativo;
    • da dose;
    • do intervalo entre a pulverização e a ocorrência da chuva;
    • da intensidade da chuva;
    • da fase de desenvolvimento da cultura;
  • A partir da emissão dos primeiros botões florais, semanalmente, deve-se avaliar o crescimento do algodoeiro, preferencialmente em plantas previamente marcadas, para que a leitura do crescimento seja feita na mesma planta.
Quando o algodoeiro apresenta flor aberta no terceiro nó de cima para baixo (Figura 4), sua intensidade de crescimento tende a reduzir. A partir dessa fase, normalmente, não é mais necessário aplicar regulador de crescimento. Se tudo tiver ocorrido bem, nessa fase, as cultivares de porte médio e alto deverão estar com altura média entre 120 a 130 cm, desde que as pulverizações anteriores tenham sido realizadas adequadamente.
Foto: Alexandre Cunha de Barcellos Ferreira

Figura 4. Fase de interrupção do crescimento do algodoeiro, com flor aberta no ponteiro (terceiro nó de cima para baixo).
Para mais informações sobre o uso de fitorreguladores, consulte o Comunicado Técnico 372 (Fitorreguladores de Crescimento em Algodoeiro).
Desfolhantes e maturadores
O algodoeiro, por ser espécie com hábito de crescimento indeterminado, na época da colheita ainda apresenta grande quantidade de folhas e de estruturas reprodutivas (botões florais, flores e frutos jovens) que depreciam a qualidade da fibra. As estruturas reprodutivas produzidas no final do ciclo não resultam em incremento de produção visto que, normalmente, não são colhidas, servindo apenas de alimento, local de oviposição e abrigo da lagarta-rosada (Pectinophora gossypiella) e do bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis). Desta forma, no cerrado, é muito importante a aplicação de desfolhantes e maturadores, que são usados com o objetivo de planejar e melhorar o desempenho da colheita mecânica, reduzir a umidade das fibras e das sementes no campo e proporcionar a obtenção de um produto mais limpo, reduzindo os custos do beneficiamento.
Os desfolhantes e maturadores são fitormônios, cujos princípios ativos atualmente mais utilizados são o tidiazuron e o etefom, respectivamente, atuam no balanço hormonal das plantas. Com a aplicação de tidiazuron, verifica-se redução da concentração e transporte endógeno do inibidor da abscisão (AIA), resultando em aumento substancial na produção de etileno, hormônio responsável pela formação da camada de abscisão. Em geral, se constata, após a aplicação do tidiazuron, declínio da concentração de auxina, com consequente formação da camada de abscisão.
O etefom (ácido-2-cloro-etil-fosfônico) é uma substância liberadora de etileno, que inibe a biossíntese e, subsequentemente, a movimentação de auxinas, acelerando a maturação dos frutos e a formação da zona de abscisão, promovendo a desfolha. A precocidade e uniformidade de abertura dos frutos são aumentadas significativamente com a aplicação de etefom.
Dentre os fatores ambientais, a temperatura é o que mais influencia a ação desses produtos. A eficiência dos desfolhantes e maturadores é sensivelmente reduzida quando a temperatura média é inferior a 20 ºC, situação em que não se recomenda a sua aplicação.
Em geral, os desfolhantes devem ser aplicados quando 60% a 70% dos frutos (capulhos) estiverem abertos. Dependendo das condições climáticas, a desfolha ocorre entre sete a quinze dias após a aplicação do produto; em plantas sobre efeito de estresse, especialmente o hídrico, a desfolha é bem mais lenta e reduzida do que a verificada em algodoeiros com atividade metabólica normal. A aplicação de desfolhantes, quando menos de 60% dos frutos estão abertos, provoca redução significativa na produção e efeitos negativos sobre as características tecnológicas da fibra, especialmente sobre o micronaire. Em função da dificuldade em se quantificar a porcentagem de frutos abertos (capulhos), recomenda-se que o desfolhante seja aplicado quando, acima do capulho localizado na posição mais alta da planta, existirem, no máximo, quatro ramos com maçãs, com probabilidade de se transformarem em capulho.
Com a aplicação de desfolhantes, a colheita pode ser antecipada, pois a desfolha provocada pelo produto facilita a penetração dos raios solares no interior do dossel das plantas, e favorece a abertura dos frutos. Além disso, ela auxilia o controle de pragas e a obtenção de produto mais limpo, a colheita é facilitada e o seu rendimento melhor.
Sete a quinze dias após a aplicação do desfolhante, é notória intensa desfolha, o que deixa os capulhos totalmente expostos à ação de chuvas, poeira etc. Portanto, algodoeiros que foram desfolhados não devem ser colhidos muito tempo depois, devido ao risco de depreciação da qualidade da fibra.
No caso de grandes áreas, recomenda-se fazer a aplicação do desfolhante, quando necessário, de forma escalonada, observando-se a capacidade de colheita, como o número de máquinas e a sua capacidade.
Produtos utilizados como desfolhantes:
  1. Tidiazuron + diuron – 120 + 60 g L-1 – dose recomendada é de 48 a 60 g ha-1 de tidiazuron + 24 a 30 g ha-1   de diuron.
  2. Carfentrazone-ethyl (triazolona) – 400 g L-1 – dose recomendada – 40 a 60 g ha-1 + 1% v.v, de óleo mineral. Deve-se tomar cuidado com a concentração de óleo mineral, pois sendo superior a 1% v.v, poderá comprometer a qualidade da fibra, causando sobretudo pegajosidade.
Os maturadores devem ser aplicados quando 100% dos frutos atingirem a maturidade fisiológica ou mais de 90% dos frutos (capulhos) estiverem abertos. Pulverizações precoces de etefom têm efeito negativo sobre a produção e a qualidade da fibra.
Quando da aplicação de maturadores, o alvo principal é o fruto; assim, caso os algodoeiros ainda tenham número elevado de folhas, é imprescindível a aplicação de produto com ação desfolhante, anterior à aplicação do maturador, de modo a facilitar o contato do produto com os frutos (maçãs).
Embora os produtos utilizados como maturadores tenham algum efeito como desfolhante, o objetivo da sua aplicação é acelerar a maturação e a consequente abertura dos frutos.
Um dos produtos recomendados como maturador é o etefom + cyclanilide, em dose que varia entre 720 a 1.200 g de etefom + 90 a 150 g de cyclanilide, que potencializa o efeito do etefom, provocando abscisão foliar.
Para mais informações sobre o uso de desfolhantes e maturadores, consulte a Circular Técnica 95 (Uso de Reguladores de Crescimento, Desfolhantes, Dessecantes e Maturadores na Cultura do Algodoeiro).


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