sábado, 8 de abril de 2017

Plantio e Manejo Cultural no Algodão

O plantio é umas das etapas mais importantes do cultivo do algodoeiro, sendo decisivo para a obtenção de altas produtividades. Ele requer muitos cuidados, pois dele depende todo o processo produtivo. No processo de semeadura, é fundamental a escolha correta da cultivar; o uso de sementes com alta pureza genética e qualidade fisiológica (germinação e vigor); a definição da época de semeadura, do espaçamento entre fileiras e da população desejada de plantas, do equipamento e da profundidade de semeadura; a realização do tratamento de sementes com fungicidas e inseticidas; a regulagem da dose e localização do adubo de semeadura etc.
A época de semeadura do algodoeiro é influenciada diretamente pelos fatores climáticos; por isso, o zoneamento agroclimático determina o período de semeadura, para cada região, de modo que as condições climáticas sejam favoráveis para o cultivo do algodoeiro. Assim, a semeadura deve ser realizada em período que haja adequada disponibilidade de água para o estabelecimento da lavoura e período de seca para a colheita da fibra. Além disso, a exigência legal do vazio sanitário, como estratégia de controle integrado de pragas e doenças, é fator determinante que influencia nas épocas de semeadura e colheita.
A semeadura na época correta é muito importante em virtude da sensibilidade que o algodoeiro possui aos fatores ambientais. Ele apresenta algumas fases fenológicas mais sensíveis ao déficit hídrico, como é o caso do florescimento e enchimento das maçãs, devendo-se programar a época de semeadura, de maneira que as chances de ocorrência de déficit hídrico nessas fases fenológicas sejam mínimas. A colheita do algodão deve ocorrer no período seco, sendo desejável que a partir do início da abertura dos capulhos ocorra redução no volume de precipitação pluvial, e por ocasião da colheita esteja seco, de modo que facilite a operação mecânica e evite perda da qualidade da fibra.
O ciclo da cultivar influencia a época da semeadura. Geralmente, a semeadura deve ser iniciada com cultivares de ciclo mais longo, e encerrada com cultivares de ciclo precoce. No cerrado dos estados da Bahia (BA), Goiás (GO) e Minas Gerais (MG), a semeadura, normalmente, é iniciada após meados de novembro, se estendendo até o final de dezembro. No Mato Grosso (MT) e Mato Grosso do Sul (MS), a melhor época de semeadura tem sido durante o mês de dezembro, mas no norte do MT e em algumas regiões de GO e MS, por vezes, a semeadura é prolongada até o início de janeiro. Para o cultivo do algodoeiro como segunda safra, ou “safrinha”, realizado em algumas regiões de GO, MT e MS após a colheita de soja precoce ou de feijão, a semeadura do algodoeiro deve ser realizada até o final de janeiro. Em algumas situações regionais, a semeadura se estende até meados de fevereiro; porém, é enorme o risco de redução da produtividade, uma vez que existe alta probabilidade de interrupção das chuvas no período de enchimento de maçãs.
Para qualquer cultivar de algodoeiro, cultivado em regime de sequeiro, recomenda-se que a semeadura não se prolongue além de um mês, de modo a reduzir problemas com pragas, particularmente o bicudo do algodoeiro, a lagarta rosada e percevejos, que podem comprometer seriamente o manejo de pragas e o rendimento.
O teor de água do solo é de grande importância por ocasião da semeadura, por facilitar as operações mecânicas, favorecer a germinação das sementes e o desenvolvimento inicial das plantas, e ainda permitir adequada população de plantas.
A definição do espaçamento entre linhas e da densidade populacional são cruciais para o sucesso do cultivo do algodoeiro. Entende-se por espaçamento o intervalo entre duas fileiras, e por densidade de semeadura o espaço deixado entre plantas dentro da fileira. O espaçamento e a densidade de semeadura são aspectos tecnológicos que definem a população e o arranjo de plantas, podendo interferir no manejo a ser realizado e no rendimento da lavoura. A determinação do espaçamento entre fileiras, bem como a densidade de semeadura, ou número de plantas por metro linear, são influenciados, principalmente, pela cultivar, o clima, a fertilidade do solo e o sistema de cultivo e colheita (RIGHIi et al., 1965; LACA BUENDIA; FARIA, 1982). Alterações no espaçamento e na densidade de semeadura induzem a uma série de modificações no crescimento e desenvolvimento do algodoeiro. A altura das plantas, o diâmetro da haste principal, a altura de inserção do primeiro ramo frutífero, o número de ramos vegetativos e reprodutivos são algumas das características morfológicas significativamente influenciadas pela população de plantas (STAUT; LAMAS, 1999: JOST; COTHREN, 2000). Geralmente, tem-se verificado tendência de redução do espaçamento entre fileiras e aumento da densidade de plantas. Entretanto, os resultados já obtidos permitem inferir que, nem sempre a produtividade é maior numa condição de alta população (LAMAS et al., 1989; JOST; COTHREN, 2000). A relação entre a população de plantas e a produção de algodão depende das condições edafoclimáticas nas quais a cultura se desenvolve.
Atualmente, o algodoeiro é cultivado em dois sistemas com espaçamentos entre linhas distintos: sistema convencional com espaçamento entre linhas igual ou superior a 0,76 m e sistema adensado com espaçamento entrelinha igual ou menor que 0,76 m. No sistema convencional, a semeadura é realizada como “safra” principal ou primeira safra e também de segunda safra em plantios feitos antes do final do mês de janeiro (principalmente em MT). Normalmente, são utilizadas de 6 a 12 sementes por metro, com população entre 70.000 a 120.000 plantas/ha. Nesse sistema, o processo de colheita é feito, obrigatoriamente, com colheitadeiras de fusos, as quais garantem algodão com excelente qualidade, uma vez que este tipo de equipamento é bastante seletivo, colhendo com o mínimo de contaminação da fibra.
O sistema de semeadura adensada, normalmente, é feito no espaçamento de 0,45 m nas entrelinhas. É um sistema adotado pelos agricultores que cultivam o algodoeiro no período de “segunda safra, ou safrinha” em plantios feitos tardiamente (normalmente em fevereiro), após a colheita de feijão ou de soja de ciclo curto, semeados no início da estação chuvosa. Nesse sistema, como o período de disponibilidade hídrica ao algodoeiro é menor, o número de nós e o seu ciclo tendem a ser reduzidos, devendo-se priorizar cultivares de ciclo curto ou médio, com porte menor. Devido ao pouco crescimento do algodoeiro, a população de plantas usada pode chegar a 200.000 plantas por hectare, dependendo da cultivar. No sistema adensado em segunda safra, a colheita mecanizada pode ser feita com colheitadeiras equipadas com plataforma de fusos adaptadas ou com colheitadeiras com plataformas de pente, que são mais baratas e as mais comumente utilizadas. Entretanto, vale ressaltar que a contaminação da fibra é maior quando são usadas colheitadeiras de pente, e por isso o cuidado na condução da lavoura deverá ser redobrado, uma vez que a presença de plantas daninhas ou de maçãs imaturas, e problemas na desfolha, podem agravar ainda mais a contaminação da fibra. Em razão dessas questões de dificuldade de colheita e contaminação/qualidade de fibra, cada vez mais têm sido cultivadas cultivares de algodoeiro de ciclo precoce ou médio, no período de safrinha, com espaçamento de 76 cm entre as fileiras, com população de plantas entre 120.000 a 160.000 plantas/ha.
A semeadura do algodoeiro no Cerrado é feita mecanicamente, com semeadora tratorizada (Figura 1). Deve ser efetuada em curva de nível ou, pelo menos, em sentido perpendicular ao escorrimento das águas (Figura 2). A profundidade de semeadura deverá fixar-se entre 3 cm e 5 cm, conforme a textura e a capacidade de armazenamento de água do solo. De maneira geral, quanto maior a capacidade de retenção de água do solo, menor a profundidade de semeadura. Solos de textura arenosa e com baixa capacidade de armazenamento de água requerem maior profundidade que os solos de textura argilosa. Para os arenosos, recomenda-se a semeadura a 5 cm de profundidade e, para os argilosos, a 3 cm.
Foto: Alexandre Cunha de Barcellos Ferreira
Figura 1. Semeadora tratorizada.
Foto: Alderi Emídio de Araújo
Figura 2. Plantio direto em nível sobre palhada de milheto.
Antes da semeadura mecânica, é fundamental tratar as sementes com fungicidas e inseticidas, além de serem grafitadas para facilitar a operacionalização. A calibração da máquina semeadora deverá ser feita levando-se em consideração, também, a percentagem de germinação e vigor da semente. A prática do desbaste, recomendada para pequenas propriedades, não se aplica às condições do Cerrado.

Fitormônios

O uso de fitormônios no algodoeiro é prática indispensável no Cerrado, em virtude das extensas áreas cultivadas, ao sistema de cultivo e colheita mecanizada. Entre os fitormônios, estão os reguladores de crescimento, os desfolhantes e os promotores de abertura de maçãs, usualmente chamados de maturadores.
Regulador de crescimento
O algodoeiro herbáceo apresenta hábito de crescimento indeterminado, ou seja, durante a fase reprodutiva ele continua a emitir estruturas vegetativas, que podem competir entre si pelos produtos da fotossíntese.
Na cotonicultura do Cerrado, são cultivadas extensas áreas, usadas variedades com alto potencial produtivo, altas doses de fertilizantes, muitos defensivos agrícolas, sendo imprescindível o uso de máquinas e implementos. Por causa desse sistema de cultivo, é essencial o uso de reguladores de crescimento, de forma que os algodoeiros não cresçam demasiadamente e comprometam o manejo e o rendimento da cultura, bem como que as plantas apresentem altura adequada à colheita mecânica.
Para a colheita mecanizada, o ideal é que os algodoeiros tenham altura de, no máximo, 1,30 m; acima disso, pode interferir negativamente na eficiência do processo. Além disso, a colheita mecânica dos algodoeiros altos favorece a contaminação da fibra com galhos, folhas e cascas dos ramos, depreciando a sua qualidade.
Os algodoeiros que crescem de forma descontrolada, dependendo da condição do ambiente, podem apresentar maior apodrecimento ou queda das maçãs posicionadas nos primeiros ramos frutíferos.
As variedades de algodão usadas no Brasil, geralmente, apresentam porte médio a alto, ou seja, crescem vigorosamente, sendo necessário o uso de reguladores de crescimento. A manipulação da arquitetura do algodoeiro com reguladores de crescimento é uma estratégia agronômica que, normalmente, não gera incremento de produtividade; porém, observa-se melhoria da eficiência da aplicação de inseticidas, fungicidas e a penetração da luz, a qual contribui para a abertura mais rápida e uniforme dos frutos.
Os reguladores de crescimento são substâncias químicas sintéticas que apresentam efeito sobre o metabolismo vegetal, inibindo a formação do ácido giberélico, com consequente redução do crescimento devido à menor elongação celular. Os dois fitorreguladores de crescimento usados na cotonicultura brasileira são o cloreto de mepiquat e o cloreto de clormequat.
Algumas vantagens do uso dos reguladores de crescimento:
  • Controla o excessivo desenvolvimento vegetativo dos algodoeiros.
  • Melhora o equilíbrio entre as partes vegetativas e reprodutivas.
  • Reduz a altura e o comprimento dos ramos, e assim facilita os tratos culturais.
  • Reduz a abscisão e o apodrecimento de estruturas reprodutivas, que podem refletir negativamente na produtividade.
  • Diminui o ciclo por meio da redução do número excessivo de nós.
  • Facilita a colheita mecanizada.
  • Melhora a qualidade da fibra por meio da redução de impurezas como galhos, folhas e cascas dos ramos.
Os efeitos dos reguladores de crescimento sobre o algodoeiro dependem de alguns fatores, podendo-se destacar: temperatura, disponibilidade de nutrientes no solo, população de plantas, cultivar, disponibilidade de água no solo, precipitação pluvial, dose, época e forma de aplicação. Destes, é importante destacar a dose e a forma de aplicação.
Com relação à dose, ela pode variar de 50 a 100 g/ha do ingrediente ativo, a depender do porte e das condições do solo e da lavoura, da época de semeadura, em síntese, da expectativa de crescimento do algodoeiro (Tabela 1).
Tabela 1. Dose do ingrediente de reguladores de crescimento em relação ao porte da planta de algodoeiro.
Cultivares
Dose* (g/ha) do ingrediente ativo cloreto de mepiquat ou de clormequat
Porte alto
85 a 100
Porte médio
60 a 85
Porte baixo
dose < 50

* espaçamento entre fileiras – 76 a 90 cm, para o cultivo na época tradicional (safra).
Recomenda-se aplicar os reguladores de crescimento de forma parcelada (Tabela 2). As pulverizações devem ser iniciadas quando os algodoeiros atingirem a altura de 30 cm a 45 cm, em função do porte da variedade. A partir dessa fase, normalmente, observa-se intenso crescimento vegetativo, razão pela qual são necessários monitoramentos constantes de forma a definir as demais pulverizações para o controle da altura.
Tabela 2. Parcelamento da dose (em % da dose total) de reguladores de crescimento na cultura do algodoeiro.

Primeira aplicação
Segunda aplicação
Terceira aplicação
Quarta aplicação
10%
20%
30%
40%

1ª Aplicação
  • CULTIVARES DE PORTE ALTO: 30-35 cm de altura
  • CULTIVARES DE PORTE MÉDIO: 35-40 cm de altura
  • CULTIVARES DE PORTE BAIXO: 40-45 cm de altura
O momento em que é realizada a primeira aplicação é fundamental, pois o atraso pode comprometer seriamente (Figura 3) a eficiência do controle do crescimento.
Foto: Alexandre Cunha de Barcellos Ferreira
Figura 3. Controle eficiente (A) e controle ineficiente (B) da altura dos algodoeiros por meio do regulador de crescimento, cultivar BRS 269 – Buriti.
As aplicações subsequentes (segunda, terceira e quarta) devem ocorrer quando houver retomada do crescimento. Para isso, quando a taxa de crescimento for maior que 1,5 cm/dia, recomenda-se aplicar novamente o fitorregulador. É essencial dividir a área em talhões homogêneos, de acordo com a cultivar, época de semeadura, condições de fertilidade do solo e adubações etc.
O monitoramento do crescimento deve ser constante, pois, após o término do efeito residual do fitorregulador aplicado (normalmente de 10 a 14 dias em função de uma série de fatores e condições do ambiente de cultivo), o algodoeiro volta a crescer à taxa maior que 1,5 cm/dia, carecendo de nova aplicação.
Cuidados na aplicação
  • Os reguladores de crescimento devem ser aplicados, preferencialmente, no período da manhã, mas deve-se evitar nos algodoeiros molhados pelo orvalho.
  • Normalmente, quando se usa cloreto de mepiquat – produto comercial mais concentrado, o período mínimo entre a aplicação e a ocorrência de chuva deve ser de 4 horas, para evitar que o cloreto seja lavado. Em caso de chuva após as aplicações, provavelmente, será preciso reaplicar. Isso dependerá:
    • do produto ou ingrediente ativo;
    • da dose;
    • do intervalo entre a pulverização e a ocorrência da chuva;
    • da intensidade da chuva;
    • da fase de desenvolvimento da cultura;
  • A partir da emissão dos primeiros botões florais, semanalmente, deve-se avaliar o crescimento do algodoeiro, preferencialmente em plantas previamente marcadas, para que a leitura do crescimento seja feita na mesma planta.
Quando o algodoeiro apresenta flor aberta no terceiro nó de cima para baixo (Figura 4), sua intensidade de crescimento tende a reduzir. A partir dessa fase, normalmente, não é mais necessário aplicar regulador de crescimento. Se tudo tiver ocorrido bem, nessa fase, as cultivares de porte médio e alto deverão estar com altura média entre 120 a 130 cm, desde que as pulverizações anteriores tenham sido realizadas adequadamente.
Foto: Alexandre Cunha de Barcellos Ferreira

Figura 4. Fase de interrupção do crescimento do algodoeiro, com flor aberta no ponteiro (terceiro nó de cima para baixo).
Para mais informações sobre o uso de fitorreguladores, consulte o Comunicado Técnico 372 (Fitorreguladores de Crescimento em Algodoeiro).
Desfolhantes e maturadores
O algodoeiro, por ser espécie com hábito de crescimento indeterminado, na época da colheita ainda apresenta grande quantidade de folhas e de estruturas reprodutivas (botões florais, flores e frutos jovens) que depreciam a qualidade da fibra. As estruturas reprodutivas produzidas no final do ciclo não resultam em incremento de produção visto que, normalmente, não são colhidas, servindo apenas de alimento, local de oviposição e abrigo da lagarta-rosada (Pectinophora gossypiella) e do bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis). Desta forma, no cerrado, é muito importante a aplicação de desfolhantes e maturadores, que são usados com o objetivo de planejar e melhorar o desempenho da colheita mecânica, reduzir a umidade das fibras e das sementes no campo e proporcionar a obtenção de um produto mais limpo, reduzindo os custos do beneficiamento.
Os desfolhantes e maturadores são fitormônios, cujos princípios ativos atualmente mais utilizados são o tidiazuron e o etefom, respectivamente, atuam no balanço hormonal das plantas. Com a aplicação de tidiazuron, verifica-se redução da concentração e transporte endógeno do inibidor da abscisão (AIA), resultando em aumento substancial na produção de etileno, hormônio responsável pela formação da camada de abscisão. Em geral, se constata, após a aplicação do tidiazuron, declínio da concentração de auxina, com consequente formação da camada de abscisão.
O etefom (ácido-2-cloro-etil-fosfônico) é uma substância liberadora de etileno, que inibe a biossíntese e, subsequentemente, a movimentação de auxinas, acelerando a maturação dos frutos e a formação da zona de abscisão, promovendo a desfolha. A precocidade e uniformidade de abertura dos frutos são aumentadas significativamente com a aplicação de etefom.
Dentre os fatores ambientais, a temperatura é o que mais influencia a ação desses produtos. A eficiência dos desfolhantes e maturadores é sensivelmente reduzida quando a temperatura média é inferior a 20 ºC, situação em que não se recomenda a sua aplicação.
Em geral, os desfolhantes devem ser aplicados quando 60% a 70% dos frutos (capulhos) estiverem abertos. Dependendo das condições climáticas, a desfolha ocorre entre sete a quinze dias após a aplicação do produto; em plantas sobre efeito de estresse, especialmente o hídrico, a desfolha é bem mais lenta e reduzida do que a verificada em algodoeiros com atividade metabólica normal. A aplicação de desfolhantes, quando menos de 60% dos frutos estão abertos, provoca redução significativa na produção e efeitos negativos sobre as características tecnológicas da fibra, especialmente sobre o micronaire. Em função da dificuldade em se quantificar a porcentagem de frutos abertos (capulhos), recomenda-se que o desfolhante seja aplicado quando, acima do capulho localizado na posição mais alta da planta, existirem, no máximo, quatro ramos com maçãs, com probabilidade de se transformarem em capulho.
Com a aplicação de desfolhantes, a colheita pode ser antecipada, pois a desfolha provocada pelo produto facilita a penetração dos raios solares no interior do dossel das plantas, e favorece a abertura dos frutos. Além disso, ela auxilia o controle de pragas e a obtenção de produto mais limpo, a colheita é facilitada e o seu rendimento melhor.
Sete a quinze dias após a aplicação do desfolhante, é notória intensa desfolha, o que deixa os capulhos totalmente expostos à ação de chuvas, poeira etc. Portanto, algodoeiros que foram desfolhados não devem ser colhidos muito tempo depois, devido ao risco de depreciação da qualidade da fibra.
No caso de grandes áreas, recomenda-se fazer a aplicação do desfolhante, quando necessário, de forma escalonada, observando-se a capacidade de colheita, como o número de máquinas e a sua capacidade.
Produtos utilizados como desfolhantes:
  1. Tidiazuron + diuron – 120 + 60 g L-1 – dose recomendada é de 48 a 60 g ha-1 de tidiazuron + 24 a 30 g ha-1   de diuron.
  2. Carfentrazone-ethyl (triazolona) – 400 g L-1 – dose recomendada – 40 a 60 g ha-1 + 1% v.v, de óleo mineral. Deve-se tomar cuidado com a concentração de óleo mineral, pois sendo superior a 1% v.v, poderá comprometer a qualidade da fibra, causando sobretudo pegajosidade.
Os maturadores devem ser aplicados quando 100% dos frutos atingirem a maturidade fisiológica ou mais de 90% dos frutos (capulhos) estiverem abertos. Pulverizações precoces de etefom têm efeito negativo sobre a produção e a qualidade da fibra.
Quando da aplicação de maturadores, o alvo principal é o fruto; assim, caso os algodoeiros ainda tenham número elevado de folhas, é imprescindível a aplicação de produto com ação desfolhante, anterior à aplicação do maturador, de modo a facilitar o contato do produto com os frutos (maçãs).
Embora os produtos utilizados como maturadores tenham algum efeito como desfolhante, o objetivo da sua aplicação é acelerar a maturação e a consequente abertura dos frutos.
Um dos produtos recomendados como maturador é o etefom + cyclanilide, em dose que varia entre 720 a 1.200 g de etefom + 90 a 150 g de cyclanilide, que potencializa o efeito do etefom, provocando abscisão foliar.
Para mais informações sobre o uso de desfolhantes e maturadores, consulte a Circular Técnica 95 (Uso de Reguladores de Crescimento, Desfolhantes, Dessecantes e Maturadores na Cultura do Algodoeiro).


sábado, 11 de março de 2017

Manejo de Solos para a Cultura do Algodão

Manejo de solos

O manejo do solo se constitui de práticas simples e indispensáveis ao bom desenvolvimento das culturas, e compreende um conjunto de técnicas que, utilizadas racionalmente, proporcionam alta produtividade, mas, se mal utilizadas, podem levar à destruição dos solos em curto prazo. Principalmente porque o algodoeiro é uma das culturas que mais expõem o solo aos agentes erosivos.
A produção de algodão em monocultivo, sob plantio convencional, em geral, não é uma prática sustentável (Figura 1). Atualmente, as pesquisas têm mostrado que melhor sustentabilidade agrícola ocorre quando se usa um sistema de produção, sob plantio direto ou similar, com rotação efetiva de diversas culturas, capazes de gerar abundante palhada, incorporar nitrogênio no solo, reciclar nutrientes, limitar a dispersão de doenças e pragas, manter o solo sempre coberto e gerar alternativas de renda ao produtor, com ou sem integração com pecuária e/ou silvicultura.
De maneira geral, pode-se considerar os seguintes tipos de manejo do solo:
Preparo convencional - provoca inversão da camada arável do solo, mediante o uso de arado ou grade aradora (Figura 2); a esta operação seguem-se outras, secundárias, com grade niveladora ou destorroadora, para triturar os torrões; 100% da superfície é removida por implementos. Este tipo de preparo só deve ser utilizado quando da correção de algumas características na subsuperfície do solo, onde necessite de incorporação de corretivos ou rompimento de camadas compactadas através de subsolador (Figura 3). Esse sistema tem a desvantagem de pulverizar excessivamente o solo, deixando-o susceptível à erosão.
Foto: José da Cunha Medeiros
Figura 1. Erosão laminar severa na cultura do algodão.
Foto: José da Cunha Medeiros
Figura 2. Preparo do solo com grade aradora em sistema convencional.
Foto: José da Cunha Medeiros
Figura 3.  Subsolador com disco cortante para palha.
Preparo mínimo - intermediário, que consiste no uso de implementos sobre os resíduos da cultura anterior, com o revolvimento mínimo necessário para o cultivo seguinte. Geralmente, é utilizado um arado escarificador em profundidade suficiente para romper crostas ou camadas compactadas. Alguns equipamentos de escarificação fazem o destorroamento (Figura 4), enquanto os que não possuem esse mecanismo necessitam do auxílio de uma gradagem leve para o destorroamento do solo.
Plantio direto – neste sistema, as sementes de algodão são semeadas através de plantadeira especial sobre a palhada de culturas do cultivo anterior (Figura 4) ou de culturas de cobertura com palha produzida no local para este fim, incluindo-se o sistema de Integração Lavoura Pecuária (ILP), onde as sementes de algodão são semeadas diretamente sobre uma pastagem previamente dessecada.
Foto: Alexandre Cunha de Barcellos Ferreira
Figura 4. Algodão em ILP (Semeado sobre pastagem de Brachiaria brizanta dessecada).
Plantio semidireto - semelhante ao Plantio Direto; semeadura direta sobre a superfície, com semeadora especial, diferindo deste sistema apenas por haver poucos resíduos na superfície do solo.
Os manejos referidos nos itens 2, 3 e 4, são conhecidos como conservacionistas, sendo consideradas as melhores práticas de manejo, até o momento, estabelecidas na conservação da água e do solo.
As técnicas de manejo do solo a serem aplicadas em determinada área dependem de vários fatores. Cada área rural tem suas peculiaridades e requer manejo próprio. Para cada caso, definir-se-ão as técnicas, de acordo com: a textura do solo, o grau de infestação de invasoras, os resíduos vegetais que se encontram na superfície, a umidade do solo, a existência de camadas compactadas, pedregosidade e os riscos de erosão, máquinas e implementos disponíveis, preço remunerador para os produtos colhidos das diferentes culturas trabalhadas em rotação e sucessão de culturas, e o mercado abrangente para esses produtos. Para isto, o estudo do perfil do solo torna-se primordial. Contudo, vale a pena lembrar que, sempre que possível, deve-se decidir pelos manejos conservacionistas e, mesmo quando da impossibilidade da aplicação do conjunto de técnicas que os compõem, deve-se eleger os preparos e técnicas que provoquem o menor revolvimento do solo.

Perfil do solo

No Cerrado brasileiro, o uso de máquinas e implementos cada vez mais pesados vem ocasionando a formação de encrostamento superficial e de uma camada adensada na subsuperfície do solo, comumente chamada “camada compactada”, que reduz a taxa de infiltração e aumenta a erosão, incidindo no incremento de perdas de nutrientes do solo, que é a causa mais grave da degradação do meio físico.
O impacto das gotas de chuva diretamente sobre a superfície desnuda desses solos desprende as partículas finas que são arrastadas pela água em sua descida, até a referida camada, onde exercem efeito prejudicial sobre a infiltração de água. Neste processo, é determinante a exposição do solo. A camada compactada se torna desfavorável ao desenvolvimento dos cultivos, pois, além de pouco permeável à água e ao ar, dificulta a penetração das raízes, o que repercute negativamente sobre a produtividade do solo, principalmente quando se trata de uma cultura como o algodão, que exige ambiente edáfico com equilíbrio entre a quantidade de macro e microporos, ou seja, favorável tanto à retenção de umidade quanto à aeração.
A existência de camada compactada é facilmente identificada através do exame do sistema radicular das plantas em pleno desenvolvimento vegetativo, observando-se a morfologia das raízes (Figura 5). Sintomas como desvio lateral da raiz principal, tortuosidade anormal, deformações da forma cilíndrica, acúmulo de raízes secundárias próximo à superfície, são características que indicam a existência de compactação ou toxidez, havendo necessidade de correção.
Foto: José da Cunha Medeiros
Figura 5. Perfil de solos destacando sistema radicular em situação normal.
A descompactação deve ser efetuada com um implemento, geralmente de hastes rígidas, capaz de romper a dita camada de forma que a ponta da haste opere a, pelo menos, 5 cm abaixo do limite inferior da compactação. Para romper adensamentos superficiais, geralmente, arados escarificadores, promovem bom trabalho, enquanto camadas mais profundas e espessas necessitam de subsoladores de alta resistência. Áreas de solos com textura média ou arenosa com mais de quatro anos de pousio dificilmente necessitam de descompactação, pois as raízes das plantas ali existentes já se encarregaram de realizá-la biologicamente.

Manejo Conservacionista

Nos melhores solos do Cerrado, que em geral são profundos, bem estruturados, de textura média, com uma boa drenagem ao longo do perfil, pode-se manter um alto nível de produtividade mediante a aplicação de práticas de conservação de solos. Então, um verdadeiro sistema de agricultura sustentável é aquele em que os efeitos benéficos das diferentes práticas de conservação são iguais ou ultrapassam os efeitos adversos dos processos de degradação. O componente vital deste equilíbrio dinâmico é a matéria orgânica, a qual tem que ser mantida através de adições regulares de materiais orgânicos.
Uma das características do solo que mais sofre influência do manejo é a estrutura que pode ser considerada o componente básico de sua fertilidade física, ao condicionar o desenvolvimento da porosidade intra e inter agregados, como a principal via de circulação da água e do ar no solo. A estrutura que envolve uma série de inter-relações muito sutis, estabelecidas entre os componentes minerais e orgânicos do solo, e que resulta de uma série de processos físicos, químicos e biológicos, pode facilmente se deteriorar pela ação das forças de compressão derivadas do uso incorreto de máquinas e implementos agrícolas. Os restos vegetais deixados na superfície do solo nos sistemas de manejo conservacionistas  repercutem muito no aumento e na conservação da estabilidade de agregados na superfície e na redução da compactação das camadas subsuperficiais.
Todos estes fatores incidem também sobre a capacidade de infiltração de água no solo, que é resultante do balanço entre a quantidade de água que chega e a que sai. Neste balanço, influi a taxa de infiltração, o escorrimento superficial, a ascensão capilar, a drenagem e a evaporação. Do volume de água que cai na superfície, parte se infiltra no solo e atinge o lençol freático, garantindo a perenização dos cursos d`água, enquanto a parte infiltrada é retida pelo solo, constituindo-se em água disponível para as plantas, o que é de grande importância, pois o processo de nutrição de plantas depende da água disponível para a formação da solução do solo e as plantas poderem absorver os nutrientes necessários ao seu pleno desenvolvimento.
Parte da água retida no solo é perdida por evaporação e/ou evapotranspiração e, em função da capacidade de infiltração e retenção de água do solo e da intensidade das chuvas, parte pode exceder e ser perdida por escoamento superficial. Dependendo do volume e da velocidade deste escoamento, pode ocorrer o arraste de partículas de solo e dos insumos nele aplicados, sedimentando-se em baixadas, lagos e rios, o que afeta gradativamente a capacidade produtiva do solo, reduzindo, entre outros fatores, a sua fertilidade, a capacidade de infiltração e a retenção de água. Além disso, eleva a acidez e provoca irregularidade superficial, o que vem dificultar seu uso agrícola, exigindo mais energia e insumos para a manutenção de sua produtividade.
Em todos esses fatores citados, a matéria orgânica tem participação direta ou indireta, estando presente na atividade agrícola desde a sua origem e até a sua utilização, afetando diretamente a fertilidade e a produtividade dos solos cultivados. Em muitos solos, a matéria orgânica humificada do horizonte superficial é o principal fator responsável pela "capacidade de troca de cátions" (CTC), verdadeira dispensa dos nutrientes, que podem ser liberados progressivamente à disposição dos cultivos; logo, pode-se deduzir que é um componente do solo que tem papel fundamental nas perdas de nutrientes por lixiviação.
À parte desta relação direta, há outras, indiretas: o húmus, como visto anteriormente, é um dos principais condicionantes do desenvolvimento da estrutura do solo e de sua estabilidade; a degradação da estrutura incide sobre a distribuição do tamanho dos poros e da erodibilidade e perdas de solo da zona, que costuma ser a mais rica em húmus e nutrientes; por outro lado, os resíduos dos cultivos deixados na superfície pelos sistemas de preparo conservacionistas protegem a ação direta do impacto das gotas de chuva (responsáveis pelo selamento de poros e pela formação de crostas superficiais), incidem sobre o regime de temperatura e umidade do solo e, também, reduzem o escoamento superficial.
Assim, pode-se dizer que a proteção da superfície do solo nos sistemas de manejo evita perdas de umidade por evaporação, o que, unido ao desenvolvimento de uma quantidade maior de macroporos aptos para a transmissão de água e de microporos para sua retenção, proporcionam incremento significativo na capacidade de armazenamento de água e nutrientes e melhor disponibilidade destes para os cultivos.
A utilização de espécies de cobertura e do plantio direto permitem a reciclagem de nutrientes e melhoram as condições físicas do solo devido à rede de raízes subterrâneas (Figura 6), o que reduz o uso de fertilizantes devido à reciclagem de nutrientes (Tabela 1) e potencializa a produtividade da cultura do algodão; o solo se mantém sempre coberto e protegido da erosão, economizando água e suprimindo a competição com ervas daninhas. Como consequência, são obtidas plantas saudáveis e produtivas. Essas são, pois, as condições de cultivo que devem ser alcançadas por um manejo de solo adequado para o cultivo do algodoeiro no Cerrado do Brasil.
O manejo conservacionista do solo deve ser pensado de modo que se alcance sistemas de produção que gerem o máximo de palhada para cobertura permanente do solo, recicle o máximo de nutrientes para a cultura do ciclo seguinte, não multiplique nematoide, nem seja fonte de inóculo de doenças para os demais cultivos usados, tenha facilidade de manejo com a estrutura de equipamento existente na propriedade e faça com que as culturas em rotação/sucessão explorem economicamente todo o período de chuva existente na região. Sugestões de sistemas de produção sustentáveis e efetivos têm sido o foco de diversos trabalhos da Embrapa.
Foto: Maria da Conceição Santana Carvalho
Figura 6. Desenvolvimento das raízes de Brachiaria ruziziensis no SPD, até 60 cm de profundidade, antes da dessecação e semeadura do algodoeiro.




sábado, 21 de janeiro de 2017

Clima para a Cultura do Algodão

O clima influi na produção do algodoeiro nos aspectos quantitativo e qualitativo, e, em condições naturais, as plantas externam seu potencial produtivo quando esses fatores entram em equilíbrio ecológico. Fatores climáticos como chuva, temperatura, umidade relativa, duração do dia, velocidade do vento e intensidade de luz interferem na cultura do algodoeiro, cujo plantio deve ser feito no período mais propício quando os fatores climáticos forem mais favoráveis ao início do cultivo. A análise desses fatores associados ao conhecimento dos solos e sua síntese são indicadas no Zoneamento Agrícola para o algodão.
As Portarias de Zoneamento Agrícola de Risco Climático por Unidade da Federação são o resultado de análises e modelagem de dados de clima e informações fenológicas relacionadas às culturas. O primeiro passo é dado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que desenvolve um estudo sobre as exigências mínimas de cada cultura a ser zoneada. Os estudos e as séries históricas climáticas diárias de, no mínimo, 15 anos são utilizados para elaboração do calendário de plantio por tipo de solo e por cultivar, em cada município. O produto final é publicado em portarias no Diário Oficial da União e no site do MAPA. Para a Paraíba, por exemplo, são zoneadas 21 culturas, dentre elas o algodão herbáceo. Normalmente, o zoneamento indica as épocas de plantio de sequeiro, por estado da União, para áreas agrícolas aptas, ou seja, com condições edafoclimáticas ideais para plantio, crescimento e desenvolvimento pleno da cultura. Para o cultivo, considerando que não existe deficiência de umidade e baixa temperatura, não há restrições de época e local de plantio, devendo-se levar em conta o ciclo fenológico da cultura, de forma a não haver coincidência do período de colheita na época chuvosa.
O algodoeiro herbáceo requer calor e umidade no solo para completar seu ciclo vegetativo, devendo o final do ciclo coincidir com o período seco, para possibilitar a perfeita secagem e deiscência do fruto. Entretanto, o algodoeiro é muito sensível à temperatura, que é um dos fatores ambientais que mais interferem no crescimento e desenvolvimento da cultura e que afeta significativamente a fenologia, a expansão foliar, a elongação dos internós, a produção de biomassa e a partição dos assimilados pelas diferentes partes da planta, entre outros aspectos.
Temperaturas inferiores a 20 °C reduzem o comprimento e outras características tecnológicas da fibra, porque reduzem o metabolismo celular, envolvendo as organelas comprometidas na síntese dos componentes da fibra, dos quais a celulose, que representa mais de 94% da fibra madura, é o mais importante.
De acordo com Souza et al. (2008), a faixa de temperatura para a germinação do algodoeiro está entre 25 °C e 30 °C. Na fase de crescimento vegetativo, a faixa ideal está entre 27 °C e 32 °C. Ainda de acordo com estes autores, temperaturas noturnas superiores a 25 °C atrasam o florescimento, enquanto temperatura noturna baixa (20 °C) combinada com temperatura diurna de 25 °C estimula o florescimento. O algodoeiro é muito sensível à temperatura. Noites frias ou temperaturas diurnas baixas restringem o crescimento das plantas levando-as à emissão de poucos ramos frutíferos.
Para produção máxima, o algodoeiro herbáceo deve ser cultivado sob as seguintes condições climáticas:
  • Temperatura média do ar variando entre 20 ° e 30 °C (Ver Tabela 1).
  • Precipitação anual variando entre 500 mm e 1.500 mm.
  • Umidade relativa média do ar em torno de 60%.
  • Nebulosidade inferior a 50%.
  • Inexistência de inversão térmica (dias muito quentes e noites muito frias).
A temperatura tem importância também como indutora do crescimento das plantas, tendo sido determinada a exigência em unidades de calor para cada fase do crescimento do algodoeiro. Assim, é necessário um determinado acúmulo térmico, representado pelo somatório da diferença entre as temperaturas médias e a temperatura mínima basal diárias, para que o algodoeiro expresse todo seu potencial de crescimento a cada fase de seu desenvolvimento. Essas necessidades térmicas, denominadas de Unidades de Calor (UC) ou Graus Dia (GD) é característica de cada variedade, influenciando fortemente a época de cultivo, em função da latitude e altitude de cada localidade. Na Tabela 2 encontram-se essas temperaturas determinadas para variedades cultivadas na literatura americana e no Brasil, de acordo com Rosolem (2001).
Dependendo do clima e da duração do ciclo, o algodoeiro necessita de 700 a 1.300 mm de chuva para atender suas necessidades de água; 50% a 60% dessa água é necessária durante o período de floração/frutificação (50 a 70 dias), quando a área foliar está completamente desenvolvida. Ocorrências de chuvas contínuas durante a abertura das maçãs poderão comprometer a qualidade das fibras, especialmente a resistência e a finura, importantes características nos novos processos de fiação e tecelagem.
A necessidade de água do algodoeiro, representada pela evapotranspiração máxima (Etm) em relação à evapotranspiração de referência (Eto), é estimada para cada etapa do desenvolvimento das plantas utilizando-se o respectivo coeficiente de cultivo (kc), através da equação: ETm = kc x ETo. Na Tabela 3 são apresentados os valores de kc nas diversas fases de desenvolvimento do algodoeiro.



sábado, 14 de janeiro de 2017

Importância Econômica da Cultura do Algodão

A cultura do algodoeiro tornou-se nos últimos anos uma das principais commodities brasileiras. O avanço da cultura no Cerrado brasileiro resgatou o país da condição de importador para a de exportador de pluma. Esse fenômeno é o resultado do esforço dos produtores, técnicos, pesquisadores e governos por meio de associações de produtores, das instituições públicas e empresas privadas na geração e transferência de novas tecnologias visando aperfeiçoar o sistema produtivo. Este aspecto tem feito com que o Cerrado brasileiro detenha as mais altas produtividades na cultura do algodoeiro no Brasil e no mundo, em áreas não irrigadas.
A segunda metade da década de 90 significou um marco na migração da cultura do algodoeiro, das áreas tradicionalmente produtoras no Semiárido para o Cerrado brasileiro. Hoje esta região responde por 99% da produção brasileira de algodão, tendo o Estado de Mato Grosso como o maior produtor. A Embrapa vem participando decisivamente da evolução da cotonicultura do Cerrado através da geração e transferência de tecnologias. A Embrapa faz pesquisas visando aperfeiçoar os sistemas de produção bem como desenvolve novas cultivares com as características de produtividade, qualidade de fibra e resistência às doenças demandadas pelo setor produtivo. Recentemente, a transgenia para facilitar o controle de plantas daninhas e pragas também passou a ser uma tecnologia demandada pelo sistema produtivo, e a Embrapa está empenhada em disponibilizar cultivares que atendam a essa demanda.
O sistema de produção do algodoeiro no Cerrado que a Embrapa está disponibilizando, resulta da necessidade de os clientes terem acesso imediato a informações precisas sobre temas que envolvem toda a cadeia produtiva do algodoeiro no Cerrado. Espera-se que seja de grande utilidade para o desenvolvimento da cultura do algodoeiro em uma das regiões mais importantes para o agronegócio brasileiro.

Importância econômica

Até o início da década de 90, a produção de algodão no Brasil concentrava-se nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Após esse período, aumentou significativamente a participação do algodão produzido nas áreas de cerrado, basicamente da região Centro-Oeste.
Os estados do Centro-Oeste, reconhecidamente produtores de algodão herbáceo, são Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul.
Outros estados brasileiros que também estão produzindo algodão no Cerrado são a Bahia, o Maranhão e o Piauí, na região Nordeste, cujos sistemas de produção apresentam características semelhantes às do Centro-Oeste e formam hoje, juntamente com o Tocantins, um cinturão de produção de algodão conhecido como MATOPIBA.
Os estados de Sergipe, Alagoas, Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, que plantam algodão em sistema de produção familiar, plantaram pequenas áreas de algodão. Esses estados da região semiárida vêm sofrendo uma gradativa redução da área plantada com o algodoeiro, devido, principalmente, à baixa adoção de tecnologias, escassez e custo da mão de obra, além do efeito dos frequentes períodos de estiagem.
Permanecem ainda nesta região do Brasil programas localizados de produção de algodão colorido, orgânico e agroecológico que atendem a pequenas comunidades de produtores, localizadas, principalmente, no Estado da Paraíba, e que atendem a uma demanda por esse produto advinda de consórcios de pequenas indústrias locais que comercializam peças confeccionadas a partir dessa matéria prima para o comércio local e para alguns países da Europa, atendendo a um nicho existente no mercado.

A evolução da cultura do algodoeiro no Cerrado brasileiro

As áreas do Cerrado brasileiro, destacadamente as regiões Centro-Oeste e Nordeste, têm se firmado como principais produtoras de algodão herbáceo. Neste cenário, destacam-se os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Bahia. Nestas áreas, o cultivo do algodão, por médios e grandes produtores, caracteriza-se pelo elevado nível tecnológico, intensivo uso de máquinas e alta eficiência da mão de obra.
A região Centro-Oeste e o oeste do Estado da Bahia contribuem com mais de 90% do algodão produzido no país, enquanto outros estados situados no Cerrado brasileiro participam com apenas 5,5% (IBGE, 2013a).

Panorama em Mato Grosso

O algodão encontra em Mato Grosso condições favoráveis para o seu desenvolvimento, como topografia plana, alta intensidade de luz e clima bem definido, com período seco na época da colheita, o que faz melhorar a qualidade da pluma.
O Mato Grosso é uma das mais importantes áreas de produção da cultura do algodão herbáceo no Brasil, ocupando, atualmente, a primeira posição em área cultivada e produção, contribuindo com, aproximadamente, 60% da produção nacional (IBGE, 2013a). Os principais produtores são os municípios de Sapezal, Campo Verde, Campo Novo do Parecis, Primavera do Leste e Diamantino (Figura 1).
Figura 1. Distribuição da área cultivada com algodão herbáceo em municípios de Mato Grosso, na safra 2010/2011.
Fonte: IBGE (2013c).

Panorama em Goiás

A produção de algodão em Goiás está distribuída em diversos municípios. No entanto, Chapadão do Céu, Cristalina e Montividiu, são os principais produtores (Figura 2).
Figura 2. Distribuição da área cultivada com algodão herbáceo em municípios de Goiás, na safra 2010/2011.
Fonte: IBGE (2013c).

Panorama em Mato Grosso do Sul

O Estado de Mato Grosso do Sul ocupa o quarto lugar em produção, sendo o quinto em produtividade.
Mais de 95% da produção de algodão do estado é proveniente das Microrregiões Geográficas (MRG) Cassilândia e Alto Taquari, onde as condições de solo, topografia e clima são favoráveis para o desenvolvimento da cultura. As demais MRGs têm produção insignificante.
A produção de algodão em Mato Grosso do Sul está concentrada nos municípios de Costa Rica, Chapadão do Sul e São Gabriel do Oeste (Figura 3).
Figura 3. Distribuição da área cultivada com algodão herbáceo em municípios de Mato Grosso do Sul, na safra 2010/2011.
Fonte: IBGE (2013c).

Panorama na Bahia

Dentre os principais estados produtores de algodão herbáceo, a Bahia é o que apresentou o maior crescimento médio anual em área e produção, no período compreendido entre 2000 e atualmente. A produção concentra-se no este do estado.
As Microrregiões Geográficas Barreiras, Santa Maria da Vitória e Guanambi cultivam praticamente toda a produção de algodão do estado, onde as condições de solo, topografia e clima são favoráveis para o desenvolvimento da cultura. Nas demais MRGs, a área cultivada é insignificante.
O Município de São Desidério possui a maior área cultivada, vindo a seguir Formosa do Rio Preto, Correntina, Barreiras e Riachão das Neves (Figura 4).
Figura 4. Distribuição da área cultivada com algodão herbáceo em municípios da Bahia, na safra 2010/2011.
Fonte: IBGE (2013c).

Panorama em Minas Gerais

Do ano de 2000 até os dias atuais, a área cultivada com algodão foi reduzida significativamente. No entanto, o rendimento médio cresceu bastante no mesmo período, devido ao aumento do cultivo em áreas de cerrado.
Os principais municípios produtores de algodão herbáceo são: Buritis, Unaí, Presidente Olegário, Centralina Coromandel e Tupaciguara (Figura 5).
Figura 5. Distribuição da área cultivada com algodão herbáceo em municípios de Minas Gerais, na safra 2010/2011.
Fonte: IBGE (2013c).

Panorama na região do MAPITO

A região do MAPITO, formada pelos estados de Maranhão, Piauí e Tocantins, merece ser destacada pelo crescimento da área e da produção de algodão herbáceo. No período de 2000 e atualmente, a área cultivada cresceu consideravelmente.

Maranhão

A área cultivada com algodão herbáceo no Estado do Maranhão concentra-se na Microrregião Geográfica Gerais de Balsas, principalmente nos municípios de Tasso Fragoso, Balsas e Alto Parnaíba (Figura 6).
Figura 6. Distribuição da área cultivada com algodão herbáceo em municípios do Maranhão, na safra 2010/2011.
Fonte: IBGE (2013c).

Piauí

No Estado do Piauí, a área de algodão herbáceo encontra-se nas Microrregiões Geográficas Alto Parnaíba piauiense, Bertolínia, Alto Médio Gurgueia e Alto Médio Canindé, com a maior parte da produção estadual (IBGE, 2013b).
Os municípios de Sebastião Leal, Baixa Grande do Ribeiro, Santa Filomena, Uruçuí e Filbués são os maiores cultivadores de algodão herbáceo do Estado (Figura 7).
Figura 7. Distribuição da área cultivada com algodão herbáceo em municípios do Piauí, na safra 2010/2011.
Fonte: IBGE (2013c).

Tocantins

No Estado do Tocantins, toda a área cultivada com algodão herbáceo concentra-se nas Microrregiões Geográficas Dianópolis, Porto Nacional e Rio Formoso (IBGE, 2013b). Dianópolis, Porto Nacional, Novo Jardim e Paraíso do Tocantins são os municípios que cultivam o algodão herbáceo no estado, com áreas que variam de 150 ha a 2.500 ha (Figura 8).
Figura 8. Distribuição da área cultivada com algodão herbáceo em municípios do Tocantins, na safra 2010/2011.



segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Cultura do Amendoim (Arachis hypogaea L.)



Planta herbácea anual, da família Leguminosae, cujas sementes contêm ao redor de 25% de proteína e 45 a 50% de óleo comestível. A espécie é cultivada em diversos países ao redor do mundo, nos hemisférios norte e sul, tanto por pequenos agricultores familiares como por produtores com alto nível tecnológico. Em alguns países asiáticos, a produção de amendoim destina-se para óleo, utilizado em culinária. Em países ocidentais, inclusive o Brasil, o produto é utilizado prioritariamente como alimento, no mercado de confeitaria.

A planta de amendoim tem como característica peculiar a produção de frutos subterrâneos. A flor, uma vez fertilizada, emite um pendão ou esporão (ginóforo) que cresce em direção ao solo, penetrando-o. O ovário fertilizado, localizado na ponta do esporão, desenvolve-se nessas condições, sob a superfície do solo, formando a vagem.

A espécie, típica de climas quentes, adapta-se a uma ampla faixa climática em regiões tropicais e subtropicais, com exceção das excessivamente úmidas, e desenvolve-se bem em regiões ou estações de cultivo em que as temperaturas mínimas não fiquem abaixo de 15ºC. Com nível adequado de fertilidade, os solos de textura leve e bem drenados são os preferíveis para o seu cultivo, porém pode ser cultivado também em solos com certo teor de argila.

Cultivares

Estes são os cultivares IAC atualmente recomendados para plantio:

IAC Tatu ST: Indicado para cultivos familiares, em sistema semi-mecanizado; a planta é de porte ereto, tipo Valência, ciclo de 90 a 110 dias, vagens com três a quatro sementes de tamanho pequeno e película vermelha; potencial produtivo: até 4.500 kg ha-1 de vagens; em São Paulo, atende a uma demanda de pequena escala, nicho de mercado para amendoins comercializados em casca ou descascados crús.

IAC 503: Indicado para sistemas tecnificados, porte rasteiro, moderadamente resistente a doenças foliares, ciclo de 140 dias; vagens com duas sementes alongadas de tamanho médio a grande, sementes de cor castanho claro; potencial produtivo de até 6.500 kg ha-1 de vagens; as sementes possuem a característica “alto oleico” (ao redor de 80% deste ácido graxo, responsável por propiciar ao produto um “período de prateleira” mais longo).

IAC 505: Indicado para sistemas tecnificados, porte rasteiro, moderadamente resistente a doenças foliares, ciclo de 130 a 140 dias; vagens com duas sementes de tamanho médio (padrão comercial Runner), película castanho claro; potencial produtivo: até 6.500 kg ha-1; este cultivar destaca-se pelo teor de óleo mais alto que outros cultivares (cerca de 50%), tornando-o atraente tanto para o mercado de alimentos como para projetos voltados para a produção de óleo; as sementes possuem a característica “alto oleico”.

IAC OL 3: Indicado para sistemas tecnificados, porte rasteiro, ciclo de 130 dias, com melhor ajuste do que os anteriores nas áreas de renovação de cana; vagens com duas sementes de tamanho médio a grande, película de cor rosada; potencial produtivo: até 7.000 kg ha-1; as sementes possuem a característica “alto oleico”.

IAC OL 4: Indicado para sistemas tecnificados, porte rasteiro, o ciclo  de 125-130 dias, permite melhor ajuste do seu cultivo nas áreas de renovação de cana; vagens com duas sementes de tamanho médio (padrão Runner), película de cor rosada; potencial produtivo: até 7.000 kg ha-1; as sementes possuem a característica “alto oleico”.

Para efeitos de previsão de custos e lucratividade, a produtividade média esperada para o cultivar IAC Tatu ST situa-se entre 3.500 e 4.000 kg ha-1  de vagens, nas condições do estado de São Paulo. Para os cultivares rasteiros aqui relacionados, a média de produtividade a ser considerada situa-se entre 4.500 e 5.000 kg ha-1.

Plantio

As sementes de amendoim são vulneráveis a infecções por fungos de solo na sua germinação e emergência; assim, é imprescindível o seu tratamento com fungicidas. A melhor época para o plantio, nas condições climáticas do estado de São Paulo é entre outubro e novembro. O cultivar IAC Tatu ST pode ser plantado em uma segunda época (fevereiro-março), mas a cultura fica sujeita a estiagem no final do ciclo; não se recomenda o plantio de cultivares rasteiros nesta época.

Controle de pragas

O tripes-do-prateamento, (Enneothrips flavens Moulton) é a praga de maior expressão econômica da cultura no estado de São Paulo; a lagarta-do-pescoço-vermelho (Stegasta bosquella Chambers) também é frequente e pode causar danos significativos às plantas; ambas atacam os brotos (folhas jovens) prejudicando o crescimento da planta.

O tripes pode ser controlado quimicamente através do tratamento das sementes com tiametoxan ou imidacloprid e, após 30 dias da semeadura, com pulverizações foliares de neonicotinoides ou organofosforados, a cada 15 dias. Sem o tratamento das sementes, as pulverizações devem iniciar-se aos 10-15 dias após a semeadura.

Quando as condições permitem, o controle de tripes pode ser realizado através de monitoramento do inseto por amostragens de folíolos, avaliando-se a infestação para determinar a necessidade de aplicação do inseticida. Neste caso, em cultivares eretos, recomenda-se a pulverização quando 30% de folíolos apresentarem o inseto e, em cultivares rasteiros, quando a infestação for de 40%. 

No caso da lagarta do pescoço vermelho, o controle químico é feito com inseticidas à base de piretróides ou organofosforados. No controle por monitoramento, recomenda-se realizar a pulverização quando o nível de infestação atingir uma lagarta a cada 5 ponteiros amostrados.

Outros insetos que podem eventualmente causar danos à parte aérea são cigarrinhas, ácaros e outras espécies de lagartas, controlados, quando no seu aparecimento, com inseticidas apropriados. Infestações de larvas de Diabrotica e percevejos (castanho e preto) podem causar danos às raízes ou às vagens e sementes em formação, no solo. Os danos causados pelas larvas de Diabrotica podem ser prevenidos através do controle dos insetos adultos, via foliar. O percevejo-preto pode causar prejuízos significativos, pois danifica os grãos em formação. Em regiões ou ambientes em que a sua ocorrência é frequente, deve-se monitorar o inseto  escavando o solo a 30 cm em diversas áreas ao longo da cultura, quando esta estiver na fase de enchimento de grãos; encontrando-se 2 insetos, recomenda-se a aplicação de clorpirifós no solo, em jato dirigido. 

Colheita

Na época da maturação, e conhecendo-se o ciclo do cultivar, monitorar constantemente o campo e amostrar plantas observando as vagens e grãos para definir o melhor momento da colheita. Para o cultivar IAC Tatu ST e outros do tipo Valência, efetuar o arranquio das plantas quando 70% das vagens apresentarem o característico manchamento escuro em seu interior. Para cultivares rasteiros, iniciar o arranquio quando 60% das vagens apresentarem escurecimento da endoderme (superfície da casca logo abaixo da epiderme).

Em culturas tecnificadas, o arranquio e enleiramento das plantas são realizados através de máquinas arrancadoras/invertedoras. Em plantios familiares, efetuar o corte da raiz abaixo das vagens com uma lâmina tracionada por animal ou trator, enleirando as plantas manualmente, com as vagens voltadas para cima. As plantas devem permanecer enleiradas ao sol até secagem completa, quando não há secagem artificial. Havendo secagem artificial, o período de secagem no campo é menor, o suficiente para permitir o despendoamento com a máquina recolhedora.

A secagem artificial pode ser feita em secadores tipo silo ou carretas com fundo perfurado. Em ambos os casos o ar é forçado entre as vagens depositadas a granel no compartimento de secagem.

Rotação de culturas

O amendoim é eficiente em aproveitar a adubação residual da cultura anterior, além de ser praticamente autossuficiente em nitrogênio via fixação simbiótica. A cultura também é conhecida pela sua tolerância a diversas espécies e raças de nematóides, contribuindo para reduzir a população desses patógenos em áreas infestadas. Em São Paulo, o seu cultivo  é conduzido  predominantemente em rotação com cana-de-açúcar e pastagens. O seu plantio nas áreas de renovação de cana propicia à cultura principal, entre outros benefícios, a redução da infestação de plantas daninhas, além de deixar resíduos de nutrientes no solo, contribuindo para reduzir os custos de implantação dos canaviais. No caso do plantio em rotação com a cana, é necessário que os cultivares de amendoim sejam de ciclo compatível com a duração do período de renovação do canavial.

Controle preventivo da aflatoxina

A aflatoxina é uma substância tóxica cancerígena para seres humanos e animais, que pode estar presente no amendoim e seus derivados; ela é produzida por fungos do gênero Aspergillus e Penicillium que sobrevivem naturalmente no solo e podem infectar o amendoim e produzir a toxina, tanto antes como depois da colheita, e durante o armazenamento.

As infecções por esses fungos, quando o amendoim ainda está no solo, são especialmente favorecidas por períodos de estiagem durante a fase de maturação das vagens; assim, regiões muito propensas a estresse hídrico devem ser evitadas; em contrapartida, o uso de irrigação propicia condições favoráveis para a produção de amendoim com qualidade, além das práticas preventivas a serem seguidas.

Para a produção de amendoins isentos desta toxina, diversas medidas devem ser adotadas: a) controlar pragas e doenças das plantas, para produzir vagens sadias e resistentes a esses fungos; b) colher o amendoim quando estiver plenamente maduro e, após o arranquio das plantas, enleirá-las com as vagens voltadas para cima, sem contato com o solo; c) secar o amendoim colhido até que a umidade dos grãos seja reduzida para 8%; d) em sistemas tecnificados, o uso de secadores artificiais é a prática recomendada; em pequenas produções familiares, a secagem das vagens, depois de retiradas das plantas, pode ser feita eficientemente em terreiro; e) nunca ensacar, empilhar ou armazenar amendoim com mais de 8% de umidade; f) após o descascamento, proceder a seleção dos grãos, retirando os danificados, chochos, imaturos ou de má aparência.

Para maior garantia da sanidade do produto, recorrer a laboratórios especializados em análise de aflatoxina; para os consumidores, adquirir preferentemente produtos que contenham selo ou certificado de qualidade.  













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