sábado, 21 de janeiro de 2017

Clima para a Cultura do Algodão

O clima influi na produção do algodoeiro nos aspectos quantitativo e qualitativo, e, em condições naturais, as plantas externam seu potencial produtivo quando esses fatores entram em equilíbrio ecológico. Fatores climáticos como chuva, temperatura, umidade relativa, duração do dia, velocidade do vento e intensidade de luz interferem na cultura do algodoeiro, cujo plantio deve ser feito no período mais propício quando os fatores climáticos forem mais favoráveis ao início do cultivo. A análise desses fatores associados ao conhecimento dos solos e sua síntese são indicadas no Zoneamento Agrícola para o algodão.
As Portarias de Zoneamento Agrícola de Risco Climático por Unidade da Federação são o resultado de análises e modelagem de dados de clima e informações fenológicas relacionadas às culturas. O primeiro passo é dado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que desenvolve um estudo sobre as exigências mínimas de cada cultura a ser zoneada. Os estudos e as séries históricas climáticas diárias de, no mínimo, 15 anos são utilizados para elaboração do calendário de plantio por tipo de solo e por cultivar, em cada município. O produto final é publicado em portarias no Diário Oficial da União e no site do MAPA. Para a Paraíba, por exemplo, são zoneadas 21 culturas, dentre elas o algodão herbáceo. Normalmente, o zoneamento indica as épocas de plantio de sequeiro, por estado da União, para áreas agrícolas aptas, ou seja, com condições edafoclimáticas ideais para plantio, crescimento e desenvolvimento pleno da cultura. Para o cultivo, considerando que não existe deficiência de umidade e baixa temperatura, não há restrições de época e local de plantio, devendo-se levar em conta o ciclo fenológico da cultura, de forma a não haver coincidência do período de colheita na época chuvosa.
O algodoeiro herbáceo requer calor e umidade no solo para completar seu ciclo vegetativo, devendo o final do ciclo coincidir com o período seco, para possibilitar a perfeita secagem e deiscência do fruto. Entretanto, o algodoeiro é muito sensível à temperatura, que é um dos fatores ambientais que mais interferem no crescimento e desenvolvimento da cultura e que afeta significativamente a fenologia, a expansão foliar, a elongação dos internós, a produção de biomassa e a partição dos assimilados pelas diferentes partes da planta, entre outros aspectos.
Temperaturas inferiores a 20 °C reduzem o comprimento e outras características tecnológicas da fibra, porque reduzem o metabolismo celular, envolvendo as organelas comprometidas na síntese dos componentes da fibra, dos quais a celulose, que representa mais de 94% da fibra madura, é o mais importante.
De acordo com Souza et al. (2008), a faixa de temperatura para a germinação do algodoeiro está entre 25 °C e 30 °C. Na fase de crescimento vegetativo, a faixa ideal está entre 27 °C e 32 °C. Ainda de acordo com estes autores, temperaturas noturnas superiores a 25 °C atrasam o florescimento, enquanto temperatura noturna baixa (20 °C) combinada com temperatura diurna de 25 °C estimula o florescimento. O algodoeiro é muito sensível à temperatura. Noites frias ou temperaturas diurnas baixas restringem o crescimento das plantas levando-as à emissão de poucos ramos frutíferos.
Para produção máxima, o algodoeiro herbáceo deve ser cultivado sob as seguintes condições climáticas:
  • Temperatura média do ar variando entre 20 ° e 30 °C (Ver Tabela 1).
  • Precipitação anual variando entre 500 mm e 1.500 mm.
  • Umidade relativa média do ar em torno de 60%.
  • Nebulosidade inferior a 50%.
  • Inexistência de inversão térmica (dias muito quentes e noites muito frias).
A temperatura tem importância também como indutora do crescimento das plantas, tendo sido determinada a exigência em unidades de calor para cada fase do crescimento do algodoeiro. Assim, é necessário um determinado acúmulo térmico, representado pelo somatório da diferença entre as temperaturas médias e a temperatura mínima basal diárias, para que o algodoeiro expresse todo seu potencial de crescimento a cada fase de seu desenvolvimento. Essas necessidades térmicas, denominadas de Unidades de Calor (UC) ou Graus Dia (GD) é característica de cada variedade, influenciando fortemente a época de cultivo, em função da latitude e altitude de cada localidade. Na Tabela 2 encontram-se essas temperaturas determinadas para variedades cultivadas na literatura americana e no Brasil, de acordo com Rosolem (2001).
Dependendo do clima e da duração do ciclo, o algodoeiro necessita de 700 a 1.300 mm de chuva para atender suas necessidades de água; 50% a 60% dessa água é necessária durante o período de floração/frutificação (50 a 70 dias), quando a área foliar está completamente desenvolvida. Ocorrências de chuvas contínuas durante a abertura das maçãs poderão comprometer a qualidade das fibras, especialmente a resistência e a finura, importantes características nos novos processos de fiação e tecelagem.
A necessidade de água do algodoeiro, representada pela evapotranspiração máxima (Etm) em relação à evapotranspiração de referência (Eto), é estimada para cada etapa do desenvolvimento das plantas utilizando-se o respectivo coeficiente de cultivo (kc), através da equação: ETm = kc x ETo. Na Tabela 3 são apresentados os valores de kc nas diversas fases de desenvolvimento do algodoeiro.



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