A cultura do algodoeiro tornou-se nos últimos anos uma das principais commodities brasileiras. O avanço da cultura no Cerrado brasileiro resgatou o país da condição de importador para a de exportador de pluma. Esse fenômeno é o resultado do esforço dos produtores, técnicos, pesquisadores e governos por meio de associações de produtores, das instituições públicas e empresas privadas na geração e transferência de novas tecnologias visando aperfeiçoar o sistema produtivo. Este aspecto tem feito com que o Cerrado brasileiro detenha as mais altas produtividades na cultura do algodoeiro no Brasil e no mundo, em áreas não irrigadas.
A segunda metade da década de 90 significou um marco na migração da cultura do algodoeiro, das áreas tradicionalmente produtoras no Semiárido para o Cerrado brasileiro. Hoje esta região responde por 99% da produção brasileira de algodão, tendo o Estado de Mato Grosso como o maior produtor. A Embrapa vem participando decisivamente da evolução da cotonicultura do Cerrado através da geração e transferência de tecnologias. A Embrapa faz pesquisas visando aperfeiçoar os sistemas de produção bem como desenvolve novas cultivares com as características de produtividade, qualidade de fibra e resistência às doenças demandadas pelo setor produtivo. Recentemente, a transgenia para facilitar o controle de plantas daninhas e pragas também passou a ser uma tecnologia demandada pelo sistema produtivo, e a Embrapa está empenhada em disponibilizar cultivares que atendam a essa demanda.
O sistema de produção do algodoeiro no Cerrado que a Embrapa está disponibilizando, resulta da necessidade de os clientes terem acesso imediato a informações precisas sobre temas que envolvem toda a cadeia produtiva do algodoeiro no Cerrado. Espera-se que seja de grande utilidade para o desenvolvimento da cultura do algodoeiro em uma das regiões mais importantes para o agronegócio brasileiro.
Importância econômica
Até o início da década de 90, a produção de algodão no Brasil concentrava-se nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Após esse período, aumentou significativamente a participação do algodão produzido nas áreas de cerrado, basicamente da região Centro-Oeste.
Os estados do Centro-Oeste, reconhecidamente produtores de algodão herbáceo, são Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul.
Outros estados brasileiros que também estão produzindo algodão no Cerrado são a Bahia, o Maranhão e o Piauí, na região Nordeste, cujos sistemas de produção apresentam características semelhantes às do Centro-Oeste e formam hoje, juntamente com o Tocantins, um cinturão de produção de algodão conhecido como MATOPIBA.
Os estados de Sergipe, Alagoas, Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, que plantam algodão em sistema de produção familiar, plantaram pequenas áreas de algodão. Esses estados da região semiárida vêm sofrendo uma gradativa redução da área plantada com o algodoeiro, devido, principalmente, à baixa adoção de tecnologias, escassez e custo da mão de obra, além do efeito dos frequentes períodos de estiagem.
Permanecem ainda nesta região do Brasil programas localizados de produção de algodão colorido, orgânico e agroecológico que atendem a pequenas comunidades de produtores, localizadas, principalmente, no Estado da Paraíba, e que atendem a uma demanda por esse produto advinda de consórcios de pequenas indústrias locais que comercializam peças confeccionadas a partir dessa matéria prima para o comércio local e para alguns países da Europa, atendendo a um nicho existente no mercado.
A evolução da cultura do algodoeiro no Cerrado brasileiro
As áreas do Cerrado brasileiro, destacadamente as regiões Centro-Oeste e Nordeste, têm se firmado como principais produtoras de algodão herbáceo. Neste cenário, destacam-se os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Bahia. Nestas áreas, o cultivo do algodão, por médios e grandes produtores, caracteriza-se pelo elevado nível tecnológico, intensivo uso de máquinas e alta eficiência da mão de obra.
A região Centro-Oeste e o oeste do Estado da Bahia contribuem com mais de 90% do algodão produzido no país, enquanto outros estados situados no Cerrado brasileiro participam com apenas 5,5% (IBGE, 2013a).
Panorama em Mato Grosso
O algodão encontra em Mato Grosso condições favoráveis para o seu desenvolvimento, como topografia plana, alta intensidade de luz e clima bem definido, com período seco na época da colheita, o que faz melhorar a qualidade da pluma.
O Mato Grosso é uma das mais importantes áreas de produção da cultura do algodão herbáceo no Brasil, ocupando, atualmente, a primeira posição em área cultivada e produção, contribuindo com, aproximadamente, 60% da produção nacional (IBGE, 2013a). Os principais produtores são os municípios de Sapezal, Campo Verde, Campo Novo do Parecis, Primavera do Leste e Diamantino (Figura 1).
Figura 1. Distribuição da área cultivada com algodão herbáceo em municípios de Mato Grosso, na safra 2010/2011.
Fonte: IBGE (2013c).
Panorama em Goiás
A produção de algodão em Goiás está distribuída em diversos municípios. No entanto, Chapadão do Céu, Cristalina e Montividiu, são os principais produtores (Figura 2).
Figura 2. Distribuição da área cultivada com algodão herbáceo em municípios de Goiás, na safra 2010/2011.
Fonte: IBGE (2013c).
Panorama em Mato Grosso do Sul
O Estado de Mato Grosso do Sul ocupa o quarto lugar em produção, sendo o quinto em produtividade.
Mais de 95% da produção de algodão do estado é proveniente das Microrregiões Geográficas (MRG) Cassilândia e Alto Taquari, onde as condições de solo, topografia e clima são favoráveis para o desenvolvimento da cultura. As demais MRGs têm produção insignificante.
A produção de algodão em Mato Grosso do Sul está concentrada nos municípios de Costa Rica, Chapadão do Sul e São Gabriel do Oeste (Figura 3).
Figura 3. Distribuição da área cultivada com algodão herbáceo em municípios de Mato Grosso do Sul, na safra 2010/2011.
Fonte: IBGE (2013c).
Panorama na Bahia
Dentre os principais estados produtores de algodão herbáceo, a Bahia é o que apresentou o maior crescimento médio anual em área e produção, no período compreendido entre 2000 e atualmente. A produção concentra-se no este do estado.
As Microrregiões Geográficas Barreiras, Santa Maria da Vitória e Guanambi cultivam praticamente toda a produção de algodão do estado, onde as condições de solo, topografia e clima são favoráveis para o desenvolvimento da cultura. Nas demais MRGs, a área cultivada é insignificante.
O Município de São Desidério possui a maior área cultivada, vindo a seguir Formosa do Rio Preto, Correntina, Barreiras e Riachão das Neves (Figura 4).
Figura 4. Distribuição da área cultivada com algodão herbáceo em municípios da Bahia, na safra 2010/2011.
Fonte: IBGE (2013c).
Panorama em Minas Gerais
Do ano de 2000 até os dias atuais, a área cultivada com algodão foi reduzida significativamente. No entanto, o rendimento médio cresceu bastante no mesmo período, devido ao aumento do cultivo em áreas de cerrado.
Os principais municípios produtores de algodão herbáceo são: Buritis, Unaí, Presidente Olegário, Centralina Coromandel e Tupaciguara (Figura 5).
Figura 5. Distribuição da área cultivada com algodão herbáceo em municípios de Minas Gerais, na safra 2010/2011.
Fonte: IBGE (2013c).
Panorama na região do MAPITO
A região do MAPITO, formada pelos estados de Maranhão, Piauí e Tocantins, merece ser destacada pelo crescimento da área e da produção de algodão herbáceo. No período de 2000 e atualmente, a área cultivada cresceu consideravelmente.
Maranhão
A área cultivada com algodão herbáceo no Estado do Maranhão concentra-se na Microrregião Geográfica Gerais de Balsas, principalmente nos municípios de Tasso Fragoso, Balsas e Alto Parnaíba (Figura 6).
Figura 6. Distribuição da área cultivada com algodão herbáceo em municípios do Maranhão, na safra 2010/2011.
Fonte: IBGE (2013c).
Piauí
No Estado do Piauí, a área de algodão herbáceo encontra-se nas Microrregiões Geográficas Alto Parnaíba piauiense, Bertolínia, Alto Médio Gurgueia e Alto Médio Canindé, com a maior parte da produção estadual (IBGE, 2013b).
Os municípios de Sebastião Leal, Baixa Grande do Ribeiro, Santa Filomena, Uruçuí e Filbués são os maiores cultivadores de algodão herbáceo do Estado (Figura 7).
Figura 7. Distribuição da área cultivada com algodão herbáceo em municípios do Piauí, na safra 2010/2011.
Fonte: IBGE (2013c).
Tocantins
No Estado do Tocantins, toda a área cultivada com algodão herbáceo concentra-se nas Microrregiões Geográficas Dianópolis, Porto Nacional e Rio Formoso (IBGE, 2013b). Dianópolis, Porto Nacional, Novo Jardim e Paraíso do Tocantins são os municípios que cultivam o algodão herbáceo no estado, com áreas que variam de 150 ha a 2.500 ha (Figura 8).
Figura 8. Distribuição da área cultivada com algodão herbáceo em municípios do Tocantins, na safra 2010/2011.
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