quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Pragas do Arroz Irrigado



Principais Artrópodes-Pragas

Entre as pragas que reduzem a economicidade da cultura do arroz irrigado na região Subtropical do Brasil destacam-se espécies de insetos, moluscos, e pássaros, que causam perdas de produtividade de 10 a 35%. Associados à ocorrência de pragas ainda existem os riscos de impacto ambiental, decorrentes do crescente uso irracional de inseticidas químicos aplicados para controle. O sistema de implantação da cultura é dos fatores que mais influenciam nos níveis de danos. As principais diferenças são detectadas entre lavouras implantadas em solo seco com posterior inundação (plantio direto e convencional) e lavouras de arroz pré-germinado, havendo tendência dessas ultimas serem as mais prejudicadas.


Entre as espécies de insetos são mais prejudiciais ao arroz irrigado Spodoptera frugiperda (lagarta-da-folha), Oryzophagus oryzae (gorgulho-aquático), Tibraca limbativentris (percevejo-do-colmo) e Oebalus poecilus (percevejo-do-grão). Pomacea canaliculata e Argelaius ruficapilus são respectivamente a espécie de molusco e pássaro mais daninhos à cultura. O conhecimento sobre bases técnicas do Manejo Integrado de Pragas (MIP) é essencial para o controle eficaz das espécies supra citadas, na busca de redução de custos de produção e de riscos de impacto ambiental negativo. Destaca-se o conhecimento sobre níveis populacionais de controle econômico (NCE), necessário à adoção de medidas de combate.


Hábitos, proliferação, níveis de danos e métodos de manejo integrado de pragas

Insetos

Lagarta-da-folha


Na fase de lagarta é praga aguda polífaga. A mariposa coloca os em camadas, nos dois lados das folhas, cobertos com escamas. A dispersão das lagartas, logo após a eclosão, ocorre por meio do vento. Danifica plantas novas, corta colmos rente ao solo, desfolha plantas mais desenvolvidas e causa danos a flores e panículas. Em áreas planas, o período crítico de ataque está compreendido entre a emergência das plantas e a inundação da lavoura, podendo destruir rapidamente partes ou totalmente os arrozais. Em áreas inclinadas, o ataque pode se estender a plantas sobre as taipas, até a fase de emissão das panículas. 

O monitoramento do inseto deve ser iniciado logo após a emergência das plantas, no período pré-inundação. Em intervalos semanais, vistoriar maior número possível de pontos do arrozal (0,5 x 0,5m), ao longo de linhas transversais imaginárias. A cada lagarta de 3º ínstar (± 1cm de comprimento) encontrada em média/m2, é esperada uma redução de 1% na produção de grãos. Em áreas infestadas com capim-arroz a incidência do inseto é maior.

Controle: a) maiores cuidados com arrozais próximos a áreas que foram ou estão sendo cultivadas com milho e sorgo; b) destruição de restos culturais de plantas nativas hospedeiras; c) adequar a fertilidade do solo a um rápido crescimento das plantas, para reduzir o período de maior suscetibilidade ao ataque do inseto e criar maiores condições de recuperação dos danos causados; d) inundar as áreas infestadas; e) preservar parasitóides e predadores do inseto, somente aplicando inseticidas químicos registrados quando o nível populacional de controle econômico (NCE) for atingido.


Gorgulho-aquático


Este inseto, oligófago, é praga-chave e crônica do arroz irrigado no Sul do Brasil. Surge nos arrozais quando ocorre acúmulo da água das chuvas ou da irrigação por inundação. O adulto, com 3,5 mm de comprimento (Figura 1), alimenta-se do parênquima foliar causando lesões longitudinais, acasalam e oviposita em partes submersas da bainha foliar. Cerca de uma semana pós-oviposição surgem as larvas (bicheira-da-raiz), que danificam as raízes durante aproximadamente 25 dias e atingem o comprimento de 8,5 mm no último instar. Os adultos somente provocam danos econômicos em arroz pré-germinado, quando destroem significativa quantidade de plântulas. As larvas sempre são mais prejudiciais. Ao danificarem as raízes reduzem a capacidade de absorção de nutrientes e induzem a perdas de 10 a 35% na produtividade. As lavouras instaladas mais cedo são sempre mais prejudicadas. Os danos das larvas muitas vezes são atribuídos erroneamente a deficiência de nitrogênio, toxidez por ferro e salinidade.

Dez dias pós-inundação, no sistema de cultivo convencional (semeadura em solo seco) ou da emergência das plantas, em arroz pré-germinado, deve ser avaliada a presença de larvas, no mínimo em dez locais escolhidos ao acaso na lavoura. É importante considerar que, inicialmente, há maior concentração de larvas ao longo das margens ou nas primeiras partes inundadas da lavoura. Em cada local, retirar quatro amostras-padrâo de solo e raízes, usando uma secção de cano de PVC com 10 cm de diâmetro e 20 cm de altura, aprofundando-a 8 cm no solo. Agitar as amostras sob água, em uma peneira apropriada, para liberação e contagem das larvas. A cada larva, em média por amostra-padrão, é esperada uma redução de 1,1 e 1,5 % na produção de grãos de cultivares de ciclo médio e precoce, respectivamente. 

O controle: a) por meio de práticas culturais intrínsecas do manejo da cultura como limpeza de canais de irrigação, destruição de restos culturais, aplainamento do solo e adubação nitrogenada suplementar, no máximo até a fase inicial de diferenciação das panículas (IDP), para recuperação do sistema radicular danificado pelas larvas; b) em áreas com histórico de danos, evitar o uso de cultivares de ciclo biológico, que são menos tolerantes ao ataque do inseto; c) tratamento de sementes com inseticidas; e) aplicação curativa de inseticidas, com base em NCE, apenas de produtos registrados para esse fim, conforme constam na publicação Arroz irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil.


Percevejo-do-colmo


Inseto oligófago, de ocorrência crônica, com 13 mm de comprimento e 7 mm de largura, marrom. Os adultos hibernantes invadem as novas lavouras cerca de 20 dias após a emergência das plantas de arroz. Localizam-se na base dos colmos, próximos ao colo das plantas, principalmente em partes do arrozal não atingidas pela lâmina da água de irrigação, onde acorre a reprodução. Adultos e ninfas de quarto e quinto ínstar são facilmente observados no topo das plantas de arroz, em horários de temperatura mais elevada.

Ao perfurar colmos em formação (fase vegetativa) ou já desenvolvidos (fase reprodutiva), provoca os sintomas de coração morto e panícula branca, respectivamente. Os prejuízos são maiores quando ataca na fase de pré-floração e de formação de grãos, causando perdas quantitativas e qualitativas na produção de grãos. Plantas debilitadas pelo ataque do inseto tornam-se mais sensíveis a fungos manchadores de grãos.

O percevejo-do-colmo é mais prejudicial no Planalto da Campanha do Rio Grande do Sul, onde há maior concentração de lavouras implantadas em terrenos inclinados, com grande quantidade de plantas de arroz sobre as taipas, condição altamente favorável ao seu crescimento populacional. Em Santa Catarina há maior ocorrência na Região do Alto Vale do Itajaí.

O monitoramento populacional deve ser efetuado, em intervalos semanais, do início do perfilhamento das plantas à fase de floração. Averiguar a presença de insetos preferencialmente em plantas sobre as taipas, após o meio-dia, usando rede de varredura (aro de 30 cm de diâmetro). A cada inseto adulto, em média/m2, é esperada uma redução de 1,2% na produção de grãos.

Controle: a) evitar, quando possível, plantio escalonado de arroz em áreas com histórico de danos; b) destruição de restos culturais e hospedeiros nativos; c) cultura armadilha, criando condições favoráveis à concentração do inseto, em determinados locais às margens dos arrozais, por meio da adubação nitrogenada mais elevada, manutenção de plantas de espécies nativas hospedeiras ou plantio de cultivares precoces, visando ao controle localizado; d) catação manual, em pequenas lavouras, possibilitada pela colocação de abrigos ou esconderijos (pedaços de tábuas), em taipas e estradas internas, com coletas periódicas dos insetos; e) maximizar o controle biológico natural, preservando o complexo de parasitóides e predadores do inseto; f) uso de inseticidas químicos somente com base em NCE.


Percevejo-do-grão


Inseto oligófago, de ocorrência aguda, com 7 a 8 mm de comprimento e 4 mm de largura, castanho amarelo. Surge nos arrozais, normalmente quando os grãos atingem a fase leitosa. Geralmente inicia a oviposição em panículas de Echinochla spp. (capim-arroz), representando verdadeiros focos de desova. É mais ativo em horários nublados do dia, pois, quando a temperatura é mais elevada, abriga-se entre as plantas de arroz, nas partes baixas, junto ao solo.

O percevejo-do-grão afeta a quantidade e qualidade do produto. A natureza e extensão do dano dependem do estágio de desenvolvimento dos grãos. Espiguetas com endosperma leitoso, se sugadas, podem ficar completamente vazias ou darem origem a grãos atrofiados com diminutas manchas escuras nas glumas, nos pontos de introdução do estilete. A alimentação na fase de endosperma pastoso origina grãos com manchas escuras na casca, gessados, estruturalmente enfraquecidos nas regiões danificadas. Esses grãos quebram facilmente durante o processo de beneficiamento, diminuindo ainda mais o rendimento de engenho.

O percevejo-do-grão está distribuído em todas as regiões orizícolas do Rio Grande do Sul. O lançamento e a expansão do cultivo, no Estado, de cultivares de grãos finos e longos, com ciclo diferenciado daquelas tradicionais ocasionaram mudanças no comportamento do inseto e induziu à antecipação da época de ocorrência nos arrozais. O inseto, anualmente, tem sido mais prejudicial à cultura do arroz irrigado nas Regiões Central e Norte do Brasil. 

O monitoramento populacional do percevejo-do-colmo deve ser efetuado desde a fase de polinização ao início do amadurecimento das panículas. Em horários com temperaturas mais amenas, verificar a presença do inseto em locais da lavoura onde há maior densidade e vigor de plantas de arroz ou infestação de capim-arroz, usando rede de varredura, com aro de 30 cm de diâmetro. A cada inseto adulto em média/m2 é esperada uma redução de 1% na produtividade, sem considerar ainda as perdas qualitativas.

Controle: a) evitar plantio escalonado de arroz; b) destruição dos restos culturais e hospedeiros nativos; c) controle localizado em cultura armadilha (focos premeditados de capim-arroz ou de plantas de arroz adubadas com altas doses de nitrogênio); d) em áreas com histórico de danos severos, se possível, utilizar cultivares de ciclo mais curto; e) em pequenas lavouras, catação manual de massas de ovos nos focos de desova; f) maximizar o controle biológico natural, preservando o complexo de parasitóides e predadores do inseto; g) aplicar inseticidas somente com base em NCE.


Pássaro-preto


A população do pássaro-preto, nos últimos anos, aumentou sensivelmente nas várzeas do Rio Grande do Sul, fazendo com que atingisse o status de praga do arroz irrigado. O pássaro, de aproximadamente 180 mm de comprimento, ao arrancar plântulas de arroz no período de implantação da cultura, reduz significativamente população de plantas, principalmente em lavouras localizadas menos de 200 m de bosques ou de vegetação nativa, arbórea ou herbácea, que servem de locais de refúgio ou descanso. Prefere atacar lavouras de arroz pré-germinado pois normalmente estão localizadas próximas a bosques e são as primeiras serem implantadas. Também ataca plantas na fase reprodutiva, alimentando-se de grãos em maturação, podendo causar perdas de aproximadamente 1250 kg.ha-1.

O aumento da população do pássaro-preto resulta da perda de arroz durante a colheita, transporte, nas estradas, e de resíduos da pré-limpeza de grãos, disponíveis durante o inverno. Tal oferta extra de alimento reduz a mortalidade dos pássaros, especialmente de espécimes jovens e faz com que as fêmeas não necessitem sincronizar a reprodução.

Sistemas de manejo do pássaro-preto não devem focar simplesmente a eliminação total da população, mas sim mante-lá abaixo do nível de dano econômico (NDE), considerando que o este desempenha um papel importante ao alimentar-se de insetos fitófagos e sementes de plantas daninhas. A estratégia é encontrar o ponto de equilíbrio entre a redução dos danos causados pelo pássaro e a manutenção dos benefícios que oferece. Qualquer plano de manejo do pássaro deve ser global, em uma determinada região, contemplando a participação integrada de vários produtores na adoção de medidas de controle populacional.

As seguintes medidas devem ser adotadas para evitar aumento populacional do pássaro-preto: a) redução de perdas de grãos, na colheita, e durante o transporte, em estradas; b) não acumular resíduos da pré-limpeza de grãos; c) abate por meio de caça e uso de armadilhas, segundo regulamentação oficial. Para reduzir danos na fase de implantação da cultural são indicados: a) cobertura completa das sementes após a semeadura; b) sincronismo da semeadura, o máximo possível, em uma determinada região produtora; c) aumento da densidade de semeadura em áreas mais próximas a banhados e bosques; d) no sistema pré-germinado, não retirar totalmente a água de irrigação lavoura após a semeadura. Na fase reprodutiva, os danos podem ser minimizados se as primeiras lavouras forem implantadas em áreas mais afastadas possível de banhados e bosques, se as bordas dos arrozais forem mantidas livres de plantas daninhas e se o tempo de exposição de grãos maduros ao pássaro for reduzido.


Moluscos


Os moluscos (caramujos), nos últimos oito anos, tornaram-se praga importante do arroz irrigado, essencialmente em cultivos de arroz pré-germinado, sendo e espécie Pomacea canaliculata a mais prejudicial. A espécie (dimensão) apresenta uma concha grande, arredondada, de cor castanho-clara, com listras marrons, e possui elevada capacidade de reprodução. A oviposição é feita em pontos não submersos, em caules ou folhas de plantas, moirões e troncos de árvores. Os ovos ficam aglutinados e aderidos por meio de um líquido transparente gelatinoso expelido pela fêmea. A postura é similar a um cacho de uva, vulgarmente chamada de ovo de sapo. Em maio cessam a oviposição, reiniciando em agosto.

Os caramujos invadem as lavouras de arroz pré-germinado por meio da água de irrigação e permanecem vários dias em condições de alimentação reduzida. Com a semeadura do arroz, passam alimentar-se de plântulas, durante o dia e a noite, causando danos significativos à cultura. Tornam-se mais vorazes quando atingem de 15 a 30 mm de diâmetro. A praga normalmente atinge elevada densidade populacional, tendo sido verificado que três caramujos por m2, ao atacarem sementes de arroz pré-germinado, podem causar danos superiores a 90%, em apenas dois dias. A ocorrência na lavoura é mais acentuada nos canais de irrigação, entradas de águas, nas passagens de água de um tabuleiro a outro, e também em pontos correspondentes a depressões do solo, onde há maior acúmulo de água na fase de implantação da cultura. 

As seguintes medidas podem ser empregadas para reduzir os danos causados por caramujos: a) coleta e destruição de posturas; b) limpeza e drenagem dos canais de irrigação; c) preparo do solo com enxadas rotativas; d) drenagem dos tabuleiros durante o período germinação e crescimento das plântulas; e) colocação de telas nos canais de irrigação, nos pontos de entrada de água na lavoura; f) implantação de poleiros nas lavouras para facilitar a mobilização gavião-caramujeiro (predador de caramujos). Não há produtos químicos registrados para controle de caramujos, portanto, este método não é recomendado.






quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Principais Doenças do Arroz Irrigado e seu Controle



As lavoura brasileira de arroz irrigado são atacadas por várias doenças. Entre elas se destaca a brusone (Pyricularia grisea), cujos danos podem comprometer até 100% da produção de algumas lavouras. 

Neste capitulo será abordado somente as doenças mais comuns e economicamente importante.




Brusone

O agente causal desta doença, Pyricularia grisea (Cooke) Sacc, possui capacidade de infectar várias gramíneas como arroz "vermelho" e "preto", trigo, aveia, azevém, cevada, centeio, capim arroz (Echinochloa spp.), grama boiadeira (Leersia hexandra), Brachiaria mutica, etc. A enfermidade desenvolve rapidamente quando existe condições adequada como: períodos longos de orvalho, nublados e associada as chuvas leves, as quais mantêm a umidade sobre as folhas.

Sintomas

O sintoma mais típico ocorre nas folhas. As lesões possuem um formato alongado, com bordos irregulares, de coloração marrom, com centro grizáceo, onde aparecem as frutificações do fungo. Nos colmos, as lesões são localizadas na região dos nós, com coloração semelhante à observada nas folhas. A infecção no primeiro nó, abaixo da panícula, é conhecida pelo nome de brusone de "pescoço" (Figura 1).


Controle

O emprego cuidadoso do conjunto de práticas de manejo integrado de doenças recomendadas para o cultivo do arroz irrigado, aumenta a resistência das cultivares semeadas e melhora a eficácia dos fungicidas. Entre as medidas recomendadas, destacam-se as seguintes:

- Dimensionamento adequado das fontes de água, canais de irrigação e realizá-la no momento necessário,
- Uso de sementes de boa qualidade fitossanitária,
- Semeaduras na época recomendada,
- Uso cultivares mais resistente ou tolerantes,
- Troca de cultivares suscetíveis a cada 3-4 anos.
- Adubação equilibrada, sem provocar um crescimento vegetativo muito vigoroso das plantas.
- Destruição dos restos de cultura 
- Uso de fungicidas

Escaldadura das folhas

O organismo causador da doença escaldadura é conhecido pelo nome deGerlachia oryzae (Hashioka & Yologi) W. Gams (Gams & Müller, 1980). 



A severidade desta enfermidade no Brasil tem sido agravado nos últimos anos, com uso das cultivares modernas mais suscetíveis e com elevadas adubações nitrogenadas.

Sintomas

As folhas apresentam manchas oblongas (faixas), em sucessão, com a formação típica de áreas concêntricas com coloração mais escura e mais clara, dando um aspecto franjado às lesões (Figura 2). O aumento destas lesões causa a morte da folha afetada. As lavouras atacadas apresentam amarelecimento geral, com as pontas das folhas secas.

Controle

- Evitar o uso de adubação nitrogenada pesada,

- Usar variedades mais resistente ou tolerantes
- Uso de sementes de boa qualidade fitossanitária.

Queima das Bainhas

Nos últimos anos, a queima das bainhas, causado pelo fungo Rhizoctonia solani Kühn, vem aumentando nos Estados do Rio Grande do Sul e Tocantins. A expansão da doença poderá ser decorrência do plantio do arroz irrigado, em rotação com culturas da soja ou pastagens consorciadas de azevém com trevo e da introdução das cultivares modernas suscetibilidade. 

Sintomas

A doença ocorre nas bainhas das folhas e colmos das plantas de arroz. O sintomas são caracterizadas pelas manchas não bem definida, com aspecto de queimado, sobre a qual surgem esclerócios de coloração escura (Figura 3). Nas lavouras, os ataques intensos, formam grandes reboleiras, com morte precoce das plantas, causando uma aparente aceleração da maturação.

Controle

- Destruição dos restos de cultura, drenagem nas áreas durante a entre-safra e uso adubação nitrogenada equilibrada, evitando crescimento vigoroso das plantas.

- controle biológico natural com Trichoderma é muito eficiente. Em algumas situações, tem-se mostrado mais eficiente do que as aplicações de fungicidas com ação sobre R. solani.
- Uso de cultivares tolerante ou resistente.

As manchas-das-glumas


Sintomas

As manchas-das-glumas geralmente ocorrem nas lavouras semeadas em épocas tardias, (dezembro), porém, podem surgir em menor freqüência nas demais épocas. As manchas das glumas estão associadas com mais de um patógeno fúngico ou bacteriano. Os principais patógenos causadores das manchas das glumas são os fungos: Drechslera oryzae, Pyricularia oryza, Alternaria padwickii, Phoma sp., Nigrospora spp, Epicocum spp., Curvularia lunata e Fusarium sp.

Sintomas

As glumas mostram sintomas caracterizados por manchas marrom-avermelhadas ou escurecimento total (Figura 4 ). Em alguns casos as manchas restrigem-se à parte superior ou inferior das glumas e apresentam centro mais claro.

Controle

- No momento, julga-se que as melhores maneiras de controlar esse problema são a semeadura na época adequada e o uso de cultivares mais tolerantes.


Mancha Parda

A doença mancha parda é causada pelo patógeno conhecido pelos nomes deDrechslera oryzae (Breda de Haan) Subr. & Jain, Helminthosporium oryzae(Breda de Haan) e Bipolaris oryzae (Breda de Haan) Shoem.

Em algumas lavouras isoladas, situadas em solos mais arenosos ou degradados, os ataques de mancha parda podem ser mais severos e comprometer a produção e a sanidade dos grãos.

Sintomas

A doença é caracterizada pelo aparecimento de manchas castanho-escuras nas folhas, logo após a floração e, mais tarde, nas glumas e nos grãos. Posteriormente, com manchas maiores, passa a desenvolver-se um centro mais claro, acinzentado (Figura 5). Nos grãos, as glumas apresentam manchas marrom-escuras, que muitas vezes coalescem, cobrindo as glumas.

Controle

O uso de medidas preventivas e de fungicida de espectro de ação ampla para o controle da brusone, também atuam no controle da mancha-parda. 


- Semear cultivares tolerantes
- Tratar as sementes quando for necessário

Podridão do Colmo
A doença podridão do colmo é causada por Sclerotium oryzae Catt., atualmente conhecido de Nakataea sigmoideum (Cav.) Hara.

Nos últimos anos, no Rio Grande do Sul, têm ocorrido na região "Fronteira Oeste" fortes ataques desta doença. Os danos são mais sérios quando esta doença está associado com a queima das bainhas.

Sintomas

Na bainha externa, próxima à linha da água, apresenta uma pequena lesão, irregular, de cor marrom-escuras . Com progresso da doença, a bainha e o caule apodrecem, podendo acamar a planta e tornar as panículas chochas. 

Quando o ataque é parcial, aumenta o número de espiguetas estéreis com floração desuniforme. Nas lesões velhas do entrenó do caule, podem encontrar-se o micélio cinzento-escuro e pequenos esclerócios negros no interior (Figura 6).

Controle 

O controle da podridão do colmo deve se feito da maneira preventiva, evitando a contaminação do solo, drenando as lavouras na entre-safra, usando densidade de sementes adequado e não provocando um crescimento vegetativo excessivo das plantas.


Manchas das Bainhas

A doença, manchas das bainhas, causada pelo fungo Rhizoctonia oryzae Riker & Gooch, foi constatada pela primeira vez em 1967 no Estado de São Paulo e no anos 70, no Rio Grande do Sul, depois da introdução da cultivar Bluebelle.

Sintomas

As manchas são caracterizadas pela forma oval, elíptica ou arredondada, e de coloração cinza-esverdeada. Com sua evolução, podem adquirir centro branco-acinzentado, com bordas marrons bem definidas (Figura 7).

Controle

A doença é transmitida por fungo de solo e por esta razão, devem ser adotado medidas de controle de drenagem do solo na entre-safra e outras já recomendas para a podridão do colmo.


Fig. 1. Sintoma de brusone na folha, nos nó dos colmos e na panícula. Embrapa Clima Temperado, 2002.



Fig. 2. Sintoma da Escaldadura das folhas. Embrapa Clima Temperado, 2002.



Fig. 3. Sintoma de Queima das bainhas. Embrapa Clima Temperado, 2002.



Fig. 4. Sintomas de Manchas de glumas. Embrapa Clima Temperado, 2002.



Fig. 5. Sintoma de Mancha Parda nas folhas. Embrapa Clima Temperado, 2002.



Fig. 6. Sintoma de podridão do colmo. Embrapa Clima Temperado, 2002.



Fig. 7 . Sintoma de mancha das bainhas. Embrapa Clima Temperado, 2002.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Plantas Daninhas em Arroz Irrigado




O arroz, como qualquer cultura agrícola, está sujeito a uma série de fatores do ambiente que, direta ou indiretamente, influenciam o rendimento, qualidade e custo de produção. Dentre estes fatores, as plantas daninhas assumem lugar de destaque, face aos efeitos negativos observados no crescimento, desenvolvimento e produtividade. No arroz irrigado, quando se pensa em manejo de plantas daninhas, é preciso levar em consideração as diferentes formas de se implantar a lavoura. Pode-se considerar cinco condições distintas: sistema convencional com semeadura a lanço ou em fileiras, cultivo mínimo com plantio direto, plantio direto, sistema pré-germinado, mix de pré-germinado e transplante de mudas.

O sistema de cultivo de arroz irrigado propicia um habitat especial para a infestação de plantas daninhas. Durante alguns meses da estação quente do ano, além da temperatura e luminosidade adequadas ao crescimento vegetal, somam-se os efeitos da umidade do solo e da adição de nutrientes. Em níveis satisfatórios dos recursos do ambiente, o estabelecimento e o crescimento de plantas daninhas são muitos favorecidos (Fleck, 2000). Isto torna as plantas daninhas responsáveis pelos maiores problemas agronômicos da cultura, especialmente devido à interferência que provocam no arroz, reduzindo a produtividade de grãos, além de outros efeitos que causam ao sistema produtivo deste cereal.



Outro aspecto importante é que a infestação de plantas daninhas varia de uma região para outra e também nos diferentes sistemas de implantação da lavoura. Desta forma, é necessário que se faça um levantamento das plantas daninhas existentes antes de se planejar a lavoura e, conseqüentemente, o manejo de plantas daninhas a ser empregado.


Principais espécies de plantas daninhas


Entre as espécies de plantas daninhas que ocorrem com mais freqüência na cultura do arroz no Estado do Tocantins, destacam-se Echinochloa crusgalli (Figura 1), E. colonum (Figura 2),Cyperus ferax (Figura 3), C. iria (Figura 4), C. difformis (Figura 5), popularmente denominadas por junquinho, e Fimbristylis miliacea (Figura 6), denominada culminho. Na fase inicial da cultura, são bastante competitivas; posteriormente, a competitividade diminui, em especial se a cultivar de arroz for de porte elevado, pois estas espécies não toleram o sombreamento. Ocorrem também Heteranthera reniformes (Figura 7), Sagitaria montevidensis(Figura 8), e semi-aquáticas, como Ludwigia longifolia (Figura 9) e L. octovalvis (Figura 10). 

Outras espécies, como as do gênero Commelina e Ipomoea, além de serem altamente competitivas, dificultam a colheita mecânica e conferem altos teores de umidade ao grão. Dentre as espécies do gênero Brachiaria, destacam-se a B. decumbens (Figura 11), capim-braquiária, e a B. plantaginea (Figura 12). O gênero Cenchrus é constituído por 23 espécies, sendo a C. echinatus (Figura 13), timbete, a mais importante. Das espécies do gênero Digitaria, destacam-se D. horinzontalis (Figura 14), D. insularis (Figura 15) e D. sanguinalis (Figura 16). 

A diferenciação das espécies a campo é bastante difícil, sendo popularmente chamadas de milhã ou capim-colchão. Vale lembrar que o arroz daninho, que pertence à mesma espécie do arroz cultivado, Oryza sativa, também está presente no Tocantins.


Métodos de controle



O controle de plantas daninhas consiste na adoção de certas práticas que resultam na redução da infestação, mas não necessariamente na sua completa eliminação. O controle tem como objetivos evitar perdas de produção devido à competição, beneficiar as condições de colheita e evitar o aumento da infestação das plantas daninhas. 

A associação de métodos de controle deve ser utilizada sempre que possível, porém é conveniente que a estratégia de controle (melhor método, no momento oportuno) esteja adaptada às condições locais de infra-estrutura, disponibilidade de mão-de-obra e implementos e análise de custos. 

O controle químico pelo emprego de herbicidas tem sido um dos métodos mais utilizados para o controle de plantas daninhas na cultura do arroz, devido à maior praticidade e à grande eficiência. Por tratar-se de um método que envolve o uso de produtos químicos, é importante ter o máximo de informação possível sobre o produto a ser aplicado, principalmente para atender a requisitos fundamentais como máxima eficiência com custos reduzidos e mínimo impacto ambiental. 

Aplicação de herbicidas

É oportuno esclarecer que, na prática, as plantas daninhas são comumente divididas em dois grandes grupos: as monocotiledôneas, conhecidas como plantas daninhas de "folhas estreitas" (gramíneas e ciperáceas), e as dicotiledôneas, conhecidas como "folhas largas". 
Para o controle das plantas daninhas, recomendam-se, entre outros, os herbicidas relacionados na Tabela 1. 
Antes de escolher o herbicida, devem-se considerar: as espécies infestantes na área; a época em que se pretende fazer as aplicações; as características físico-químicas do solo; o tipo de preparo de solo; a disponibilidade do produto no mercado; e o custo do produto.

Manejo de Plantas Daninhas

Por muito tempo não se deu importância ao controle de plantas daninhas em arroz de terras altas por ser esse cultivado quase sempre em áreas de abertura, ainda livres de invasoras, situação em que nenhuma medida de controle é necessária. Em conseqüência disso, há carência de produtos e tecnologias para o controle de plantas daninhas em arroz, em rotação com culturas comerciais – como, por exemplo, soja e milho- e de cobertura – por exemplo, milheto e braquiária -, problema que, somado à baixa capacidade de competição do arroz com plantas daninhas, constitui um dos principais obstáculos para a introdução dessa cultura em sistemas agrícolas já instalados há várias safras de grãos em solos corrigidos. 

O controle de plantas daninhas consiste na adoção de procedimentos que resultam na redução da infestação, mas não, necessariamente, na sua completa eliminação, e tem como objetivos evitar perdas de produção devido à competição por água e nutrientes, beneficiar as condições de colheita e evitar o aumento da infestação das plantas daninhas na área. 

A associação de métodos de controle deve ser utilizada sempre que possível, sendo conveniente que a estratégia de controle – o melhor método no momento oportuno - esteja adaptada às condições locais de infra-estrutura, à disponibilidade de mão-de-obra e implementos e à análise de custos. 

Dentre os métodos de controle de plantas daninhas destacam-se os controles cultural, preventivo, mecânico e químico. Recentemente, o controle químico, por meio de herbicidas, passou a ser a prática mais utilizada, por apresentar menor custo e maior eficiência, quando comparado a outros métodos de controle - razão pela qual decidiu-se por apresentar, neste capítulo, informações mais detalhadas sobre o mesmo.


Estratégias de controle químico de plantas daninhas


Com o advento das cultivares modernas para as condições de terras altas, o arroz passou a ser cultivado em rotação com a soja e em áreas com irrigação suplementar, sob pivô central. Tradicionalmente, essas áreas apresentam alta diversidade de infestação de plantas daninhas. 

Pelo fato de a maioria das cultivares modernas de arroz apresentar baixa taxa de crescimento inicial e porte menor que as cultivares tradicionais, uma boa cobertura do solo pelas plantas só ocorre aos 40 a 50 dias após a semeadura. Para diminuir ao máximo a interferência das plantas daninhas na produtividade do arroz, a cultura deve permanecer protegida da infestação de plantas daninhas entre 15 e 45 dias após a emergência.

Para alcançar uma boa eficiência de controle das plantas daninhas, recomenda-se a aplicação associada de dois ou mais herbicidas com características diferentes, visando controlar um grande número de espécies e manter a área limpa por um longo período. Dessa forma, a aplicação seqüencial de um herbicida em pré e outro em pós-emergência, ou aplicações associadas de dois pós-emergentes, com diferentes espectros de ação, resulta num controle final mais eficiente. 

Antes de proceder ao controle químico de plantas daninhas, deve-se estar atento à seletividade dos herbicidas, ao tipo de planta daninha – de folhas estreitas ou largas – e ao tipo de infestação.

Seletividade 

Para fazer o controle químico de plantas daninhas é importante conhecer, primeiramente, a seletividade dos herbicidas no arroz. A produtividade final do arroz é definida pelo balanço dos componentes da produtividade: número de perfilhos por m-2, número de panículas por m-2, grãos componentes da produtividade: número de perfilhos por m-2, número de panículas por m-2, grãos por panícula e massa, em gramas, de 100 grãos. Em geral, a aplicação do herbicida é realizada da semeadura até 30 dias após a germinação, época em que é determinado o número de perfilhos por m2 - componente chamado de “caixa de produção” do arroz porque é ele quem determina o potencial de produção da lavoura. Se houver danos no arroz devido à aplicação de herbicida, o número de perfilhos por m-2 pode ser diminuído, reduzindo o potencial de produção.

A seletividade dos herbicidas para a cultura do arroz é decorrente de alguns fatores. Nas aplicações em pré-emergência, a seletividade se deve à posição do herbicida com relação à semente de arroz no solo. Já nas aplicações em pós-emergência, a seletividade é principalmente de natureza fisiológica, através de mecanismos de degradação que evitam injúrias às plantas. Isso sugere que a sensibilidade do arroz aos herbicidas varia de acordo com as cultivares, as quais possuem mecanismos diferenciados de metabolização das moléculas dos herbicidas. 

Os herbicidas pendimethalin e o trifluralin são do grupo das dinitroanilinas, que não possuem seletividade metabólica para a cultura do arroz. Devido à baixa solubilidade em água e à alta capacidade de adsorção nos colóides do solo, os produtos permanecem até os 2 cm de profundidade, e a seletividade ocorre pela localização da semente. Esse é um dos motivos para se recomendar a semeadura de 3 cm a 5 cm de profundidade. Se, por algum motivo - tais como: semeadura rasa,precipitação pluvial acima de 75 mm ou doses altas de herbicidas em solos arenosos - as plântulas de arroz entrarem em contato com o herbicida, o desenvolvimento radicular será afetado e, com isso, aparecerão sintomas de amarelecimento das plantas e as raízes ficarão mais curtas e grossas. 

Para o clomazone, herbicida que inibe a síntese de clorofila em cultivares suscetíveis, o sintoma é o branqueamento das folhas. A variabilidade genética da tolerância ao herbicida é nítida, e a cultivar de arroz mais sensível ao produto é a BRS Primavera. Alguns safeners, ou protetores, ainda em estudo, têm promovido menor toxicidade às cultivares sensíveis. 

A seletividade do arroz ao metilsulfuron-metil depende da cultivar e do estádio da planta na época da aplicação. A pulverização aos dez dias após a emergência (DAE) diminuiu em 17% a produtividade de grãos da cultivar BRS Primavera, em relação à testemunha. 
O perfilhamento das gramíneas, em geral, está diretamente ligado à relação dos hormônios citocinina e auxina na planta. Quanto menor a relação, maior a dominância apical e menor o perfilhamento. O herbicida 2,4-D é uma auxina, e sua aplicação aumenta a concentração do hormônio na planta, incrementa a dominância apical e, conseqüentemente, diminui o perfilhamento, quando se faz aplicação no perfilhamento do arroz. Por essa razão, recomenda-se que a aplicação desse herbicida seja feita após o final do perfilhamento do arroz. Aplicações precoces, de 10 a 20 DAE, de graminicidas pós-emergentes também podem causar diminuição do perfilhamento do arroz, sendo, por isso, recomendável aplicar tais produtos após o perfilhamento do arroz.
Controle de plantas daninhas de folhas estreitas 

Seguem algumas opções de controle de plantas daninhas de folhas estreitas:

  • pré-emergência - fundamental em áreas que, pelo histórico de utilização em anos anteriores, sabe-se que são infestadas;
  • aplicação seqüencial em pré-emergência e, após 30 dias, aplicação de pós-emergência - recomendável para áreas que possuem infestação acentuada de braquiária e timbete. É necessário reduzir as doses em pré-emergência e pós-emergência;
  • aplicação somente em pós-emergência - indicada para áreas que não possuem histórico de infestações expressivas;
  • aplicação seqüencial em pós-emergência, sendo a primeira, aos 10 DAE, e a segunda, aos 30 DAE - necessária quando não se aplicam herbicidas em pré-emergência e, com isso, observa-se uma alta infestação inicial, que não pode ser controlada apenas com uma aplicação em pós-emergência. Na pulverização inicial devem ser utilizadas doses menores que as indicadas, ou com safeners, para evitar toxicidade à cultura, a qual também estará no seu estádio inicial. Essa modalidade de aplicação justifica-se, também, pelo fato de os herbicidas de pré-emergência, no caso do plantio direto, geralmente não conseguirem ultrapassar a cobertura morta e atingir o alvo;
  • aplicação precoce aos 10 DAE de produto de pré-emergência, adicionado a um outro, de pós-emergência - modalidade utilizada quando, por opção ou desconhecimento, deixou-se de aplicar os herbicidas de pré-emergência e, logo após a emergência da cultura, verifica-se a ocorrência de alta infestação de invasoras. Com a mistura dos dois herbicidas, o de pós-emergência controla as plantas daninhas existentes e o de pré-emergência possibilita um maior período de controle.
Cabe ressaltar que a escolha da melhor modalidade de controle irá depender do custo dos herbicidas, do preço do arroz, da população e tipo de plantas daninhas e do sistema de cultivo.

Controle de plantas daninhas de folhas largas 

As plantas daninhas mais prejudiciais à cultura do arroz de terras altas possuem folhas estreitas, entretanto, podem ocorrer situações que infestações de plantas com folhas largas necessitam ser controladas. Nesse caso, as aplicações são feitas em pós-emergência, apesar de alguns herbicidas aplicados em pré-emergência, visando ao controle de plantas daninhas de folhas estreitas, possuírem ação sobre algumas das de folhas largas. Para o controle de plantas daninhas de folhas largas, são utilizados os herbicidas metilsulfuron-metil (Ally) e 2,4-D, aplicados em épocas diferentes.

O metilsulfuron-metil apresenta melhor eficiência de controle quando aplicado no estádio inicial das plantas daninhas, ou seja, quando elas estão com duas a quatro folhas - como é o caso do amendoim-bravo, trapoeraba, corda-de-viola e, principalmente, erva-de-touro. Assim, esse herbicida pode ser pulverizado de 15 dias após a emergência do arroz até os estádios indicados das plantas daninhas, com adição de 0,2% v/v de óleo mineral. Apesar de o metilsulfuron-metil ser menos exigente que o 2,4-D, com relação aos estádios da cultura na época da aplicação, alguns cuidados devem ser tomados, dependendo da cultivar e do estádio da cultura. 

O 2,4-D, por suas características de seletividade com relação ao arroz de terras altas e por ter melhor eficiência em plantas daninhas mais desenvolvidas que o metilsulfuron-metil, é também indicado para aplicações mais tardias. Normalmente, é utilizado em infestações nas quais o metilsulfuron-metil somente controla as plantas daninhas nos estádios iniciais, como, por exemplo, a erva-de-touro. 

Do ponto de vista prático, a cultura do arroz deve ficar livre da interferência de plantas daninhas a partir de 15 dias após a emergência. Em áreas altamente infestadas, onde a emergência das plantas daninhas pode ocorrer junto com a do arroz, é imperativo que o controle seja feito antes dos 35 dias, o que inviabiliza a aplicação de 2,4-D

Controle de infestações mistas 

Há situações de infestação mista - plantas daninhas de folhas estreitas e de folhas largas - que necessita ser controlada em pós-emergência. As pulverizações, entretanto, devem ser separadas por um período de sete dias, já que o latifolicida, ou herbicida de folha larga, se misturado ao graminicida, prejudica sua ação. Nesse caso, o primeiro produto a ser aplicado é aquele que controla as plantas daninhas que apresentam infestação mais intensa, respeitando-se os princípios de seletividade.
Principais herbicidas registrados 


Na Tabela 1 são listados os principais herbicidas registrados para o manejo de áreas no sistema plantio direto ou cultivo mínimo, e na Tabela 2, os herbicidas seletivos para a cultura do arroz. Vale lembrar que, para a escolha do herbicida, devem-se considerar as espécies infestantes na área, a época em que se pretende fazer as aplicações, as características físico-químicas do solo - especialmente, a textura e o teor de carbono no solo -, o método de preparo do solo, o tipo de cultivo, irrigado ou terras altas, a disponibilidade do produto no mercado e o custo.



Período crítico de competição
Em arroz irrigado, o período crítico de competição inicia-se a partir do 10º dia e prolonga-se até o 45º dia após a emergência (DAE) do arroz, período em que o arroz deve ser mantido livre de competição com as plantas daninhas. 

Quanto mais tarde for realizado o controle, menor será a produtividade. 

Controle químico

A utilização de controle químico na orizicultura se deve a argumentos como praticidade, rapidez e eficiência dos produtos se comparados a métodos mecânicos de controle. A conjugação de práticas de manejo da cultura pode reduzir as doses de herbicidas em frações de 20 a 30%. Isso sem dúvida resulta em redução do custo de produção e representa menor intensidade no “input” de insumos externos no meio ambiente. A otimização no controle de plantas daninhas na cultura do arroz irrigado inicia na utilização de sementes de excelente qualidade, agregada à escolha de área com menores índices de infestações. Quando se opta por sistemas de implantação de cultura alternativos ao convencional, é possível otimizar o controle, seja na visão econômica ou ambiental. 

Os sistemas plantio direto e cultivo mínimo, empregados há décadas na agricultura, apresentam, entre os benefícios, um deslocamento no item dependência química, pois o consumo de energia é menor pelo menor uso de maquinário, e o uso de herbicidas é realizado antes da semeadura. O sistema de semeadura de arroz pré-germinado apresenta um modelo singular de controle de plantas daninhas, que pode ser realizado com aplicação de herbicidas após a semeadura, em solo drenado (pulverização) ou diretamente na água de irrigação (benzedura ou pulverização). Em “solo drenado” a água é retirada ao redor de 15 dias após a semeadura e pulveriza-se os herbicidas nas plantas daninhas em solo seco. Nesse caso, recomenda-se inundar o quadro respeitando o mecanismo de ação dos agroquímicos. É importante observar que esse método apresenta maior consumo de água e necessita agilidade na irrigação. Em “benzedura”, há a possibilidade de aplicação de herbicidas em qualquer condição de tempo, além de utilizar menor quantidade de água. Nesse caso, aplica-se o herbicida diretamente na água de irrigação quando as plantas daninhas estiverem com duas a três folhas, o que normalmente ocorre de 10 a 15 dias após a semeadura. Durante o período de ação dos herbicidas, a água de irrigação deve permanecer estagnada, proporcionando vantagens ao meio ambiente.
A suscetibilidade das principais espécies de plantas daninhas aos herbicidas encontram-se nas Tabelas 1 e 2 . A relação dos herbicidas recomendados, formulação, concentração, dose e época de aplicação constam na Tabela 3 em Herbicidas, em Insumos, na Pré-produção.

Resistência de plantas daninhas aos herbicidas


Na Região Sul do Brasil, a resistência de plantas daninhas aos herbicidas representa um problema a mais no manejo da lavoura arrozeira. O uso do controle químico de plantas daninhas é empregado em mais de 95% da área, associado ao sistema convencional de cultivo, predominante na região. O uso intensivo de um sistema predominante de implantação da cultura, aliado à continuidade de uso de herbicida de mesmo mecanismo de ação, tem proporcionado o desenvolvimento de plantas daninhas resistentes. 

Nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina há constatação de resistência das seguintes plantas daninhas a herbicidas comumente utilizados em arroz irrigado:

a. Capim-arroz: resistente a quinclorac.

b. Arroz-vermelho: resistente a inibidores de ALS, imazethapyr + imazapic

c. Sagitária: resistente a azimsulfuron, bispyribac, cyclosulfamuron,

    ethoxysulfuron, metsulfuron, pyrazosulfuron.

d. Cuminho e Cyperus difformis (tiririca): resistente a azimsulfuron, 
    bispyribac cyclosulfamuron, ethoxysulfuron, pyrazosulfuron.
Algumas medidas preventivas indicadas para atrasar o desenvolvimento de resistência de plantas daninhas aos herbicidas são:
  • Acompanhar as mudanças nas populações de plantas daninhas presentes na lavoura.
  • Praticar rotação de culturas, já que com essa prática há alternância de herbicidas e mecanismos de ação.
  • Rotacionar os herbicidas, evitando utilizar, por mais de duas ocasiões consecutivas, produtos que apresentem o mesmo mecanismo de ação.
  • Associar herbicidas com diferentes mecanismos de ação ou fazer aplicações sequenciais dos mesmos;
  • Utilizar intensivamente o manejo integrado de plantas daninhas, principalmente quando houver constatação de escapes no controle químico de determinada espécie.
Uma vez constatado algum problema de resistência, realizar a semeadura, os tratos culturais e a colheita da área-problema por último, praticando completa limpeza dos equipamentos utilizados na mesma para evitar a disseminação de sementes dessas plantas para outras áreas da propriedade.

Principais espécies

Dentre as plantas daninhas que ocorrem na lavoura arrozeira, o capim-arroz (Echinochloa spp.) (Figura 1) é uma das espécies mais estudadas. Trabalhos já realizados, verificaram que cada planta de capim-arroz reduz a produtividade do arroz em até 64 kg ha-1. O angiquinho (Aeschynomene rudis) é uma planta daninha bastante competitiva. A interferência negativa de angiquinho (Figura 2) pode reduzir em 26% a produtividade de arroz. 


Dentre as ciperáceas (Figura 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10 e 11), as espécies predominantes são: Cyperus feraxCyperus difformis e Cyperus esculentus. 

Outras plantas importantes: Sagittaria guyanensis (Figura 12); Sagittaria montevidensis (Figura 13, 14 e 15); Ipomoea triloba(Figura 16); Fimbristylis miliacea (Figura 17 e 18); Ludwigia spp. (Figura 19 e 20); Brachiaria plantaginea (Figura 21); Brachiaria plathyphylla (Figura 22); Digitaria ciliarisDigitaria horizontalisPanicum dichtomiflorumPaspalum distichum (Figura 23);Polygonum hidropiperoides (Figura 24); Eichornia crassipes (Figura 25); Heteranthera reniformis (Figura 26); Pontederia cordata(Figura 27).– O arroz-vermelho, Oryza sativa L., também conhecido por arroz-preto ou arroz-daninho, recebe essa denominação pela coloração vermelho-amarronzada do pericarpo do grão. Constituí-se na principal planta daninha da lavoura arrozeira irrigada e é responsável pela redução na produtividade e na qualidade do grão. Por pertencer à mesma espécie do arroz cultivado (Oryza sativa L.) possui características genéticas, morfológicas e bioquímicas semelhantes, se configurando numa planta daninha de difícil controle. Os diferentes ecótipos de arroz-vermelho encontrados nas lavouras apresentam variabilidade nas características morfológicas e fisiológicas. Possui os mesmos hábitos do arroz cultivado. Em geral, o ciclo biológico é menor, o porte é mais elevado, tende a acamar e debulha com facilidade.



Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *