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sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Cultivares, Sementes e Plantio de Arroz de Sequeiro



CULTIVARES




A escolha da cultivar é uma das decisões determinantes do sucesso da lavoura de arroz, influenciando indiretamente todo o manejo a ser adotado. Novas cultivares de arroz de terras altas são desenvolvidas pela Embrapa, que realiza um programa contínuo de melhoramento genético, buscando incorporar as características que levem à maior produtividade, com alta qualidade e a um menor custo. É importante esclarecer que não existe a cultivar ideal, e sim cultivares com qualidades que devem ser exploradas corretamente para a obtenção de melhores resultados. 



No momento de se escolher uma cultivar é necessário analisar suas características visando otimizar seu uso dentro do sistema agrícola desejado. As principais características de uma cultivar de arroz são: ciclo, altura de planta, resistência às doenças, qualidade do produto e produtividade. 


A produtividade é o resultado do desempenho da cultivar ante as condições que lhe foram oferecidas na lavoura. Nesta relação, os fatores de manejo pesam mais que os fatores genéticos. Todas as cultivares recomendadas têm condições de produzir bem, desde que suas condições de uso sejam observadas. Portanto, para a escolha da cultivar, é mais importante verificar sua adequação à região e ao sistema de manejo do que o seu suposto potencial produtivo absoluto. 

Características das Principais Cultivares Recomendadas para o Cultivo

Primavera: indicada para plantio em áreas de abertura e áreas velhas, pouco ou moderadamente férteis, devido à sua tendência ao acamamento em condições de alta fertilidade. Pode também ser plantada em solos férteis, desde que os fertilizantes sejam utilizados com moderação. Tem apresentado bons resultados em diversas situações, tais como: Sistema Barreirão (plantio consorciado com pastagem), Sistema Plantio Direto em área de soja e até plantio em safrinha. É uma cultivar com excelente qualidade culinária; contudo, para que se obtenha uma boa porcentagem de grãos inteiros no beneficiamento, é necessário que a colheita seja feita com a umidade dos grãos entre 20% e 24%. 

Maravilha: recomendada para regiões com baixo risco de veranico, ou com disponibilidade de irrigação suplementar por aspersão ou, ainda, em várzea úmida não-sistematizada. Seus grãos são do tipo agulhinha. É moderadamente resistente à brusone e à escaldadura, e moderadamente suscetível à mancha de grãos. Por ser resistente ao acamamento e responsiva à fertilidade, é recomendada para cultivo com alta tecnologia, inclusive sob pivô central. Seu crescimento inicial é lento, o que, somado à sua arquitetura de folhas eretas, torna-a pouco competitiva com plantas daninhas, exigindo, portanto, um bom controle (Embrapa, 1997).

Caiapó: seu grão, embora não seja do tipo agulhinha, tem ótima aceitação no mercado, devido ao alto rendimento de inteiros e à boa qualidade culinária que apresenta. É recomendada para solos novos ou velhos, em níveis moderados de fertilidade, para evitar acamamento. Deve ser plantada o mais cedo possível, em plantio pouco denso, planejando-se medidas de controle de brusone, em situações de risco, principalmente nas áreas dos Cerrados e em regiões de maior altitude. Apresenta melhor produtividade em regiões onde a incidência de brusone é baixa. 

Carajás: de ciclo precoce, é indicada para áreas de fertilidade média ou alta, apresentando bom potencial de produção e pouco acamamento. Seus grãos são do tipo tradicional, longos e largos, o que pode levar a um preço inferior ao praticado para as cultivares de grão agulhinha nos mercados em que este padrão é o preferido. 

Canastra: apresenta boa produtividade nas mais diversas situações de plantio, em áreas velhas ou novas, adaptando-se a diferentes níveis de fertilidade. Em condições muito favorecidas tende a apresentar alta incidência de escaldadura e mancha de grãos. Tem boa resistência ao acamamento e pode alcançar alta produtividade. Seus grãos são da classe longo-fino, e a qualidade de panela é regular. 

Bonança: cultivar semi-precoce, de porte baixo, resistente ao acamamento lançada em 2001, apresenta ampla adaptação a sistemas de manejo e tipos de solo. Seus grãos apresentam problemas de adequação a uma referida classe por terem dimensões próximas do limite entre elas, entretanto apresentam boa aparência e boa qualidade culinária, porém inferior à Primavera. Destaca-se pela excepcional estabilidade do rendimento de grãos inteiros, mesmo em circunstâncias em que ocorrem atrasos na colheita, dentro de um certo limite.

Carisma: cultivar semi-precoce, de porte baixo, resistente ao acamamento,de grãos da classe longo-fino. Pode ser cultivada em sequeiro, sob pivô central ou em várzea úmida, sem irrigação, apresentando alto potencial de produção. Necessita medidas de controle de brusone, quando cultivada em situações de risco desta doença. Tem grão longo fino e de boa qualidade de panela.

Talento: cultivar semi-precoce, de porte baixo, perfilhadora, resistente ao acamamento, de grãos da classe longo-fino. È uma cultivar de ampla adaptação, de ótimo potencial de produção e responsiva ao uso de tecnologia. Pode ser considerada uma opção para plantio em várzeas úmidas. De grãos translúcidos e boa qualidade de panela, pode ser disponibilizada para o consumo logo após a colheita. Os resultados obtidos, possibilitaram seu lançamento para cultivo a partir de 2002/2003, nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Rondônia, Pará, Maranhão, Piauí e Tocantins. Tem se mostrado resistente à escaldadura e à mancha de grãos, mas em relação à brusone, a BRS Talento se comporta apenas como moderadamente resistente. Em locais de alta pressão da doença, necessita-se, portanto, adotar as medidas de controle recomendadas. 

Soberana: como a Primavera é indicada para plantio em solos pouco ou moderadamente férteis, normalmente presente em áreas de abertura, devido à sua tendência ao acamamento em condições de alta fertilidade. Pode também ser cultivada em solos férteis, utilizando menores dose de fertilizantes e espaçamentos mais largos, como 30 a 40 cm, para evitar acamamento. È ligeiramente menos resistente à seca que a Primavera e pôr isto deve ser preferida em áreas de melhor disponibilidade de chuva como o Centro Norte do Mato Grosso. Em condições experimentais tem-se mostrado menos suscetível à brusone e ao acamamento que a Primavera, mas não a nível de dispensar atenção em medidas ou práticas que reduzem os riscos de incidência destes dois fatores restritivos. Produz grãos com excelente qualidade culinária, todavia exige colheira com umidade dos grãos entre 20 a 24%, para que se tenha uma boa porcentagem de grãos inteiros no beneficiamento.


SEMENTES



A semente se constitui em insumo básico imprescindível a uma agricultura produtiva e da qual, em função de suas características genéticas, físicas, fisiológicas e sanitárias, bem como da maneira como é utilizada, dependem os resultados da nova safra. 

Existem cinco classes de sementes: a semente genética, a básica, a registrada,

a certificada e a fiscalizada.

A primeira, é aquela produzida exclusivamente sob a responsabilidade do melhorista ou entidade melhoradora e, por ser portadora da carga genética varietal, deve ser multiplicada sob condições de rigoroso controle de qualidade no sentido de assegurar a obtenção de sementes com grau de pureza inquestionável; a básica, resulta da multiplicação da semente genética ou da própria básica.
É usualmente produzida sob a responsabilidade da entidade de pesquisa que lançou a cultivar ou por pessoa física, ou jurídica, por ela credenciada; a semente registrada, a primeira classe de semente comercial, é obtida da multiplicação da semente básica ou da própria registrada por, no máximo, três gerações. É produzida por produtores credenciados pela Entidade Certificadora.
A semente certificada, é a categoria resultante da multiplicação da semente básica, registrada ou da própria certificada, por, no máximo três gerações, geralmente destinada a plantios para produção de grãos. A fiscalizada, resulta da multiplicação de qualquer uma das classes anteriores ou da própria fiscalizada e não há exigência quanto ao número de gerações desde que a semente produzida esteja em conformidade com as normas e padrões estabelecidos pela Entidade Certificadora. Qualquer que seja a classe de semente, cuidados e recomendações são necessários à produção da mesma.


PLANTIO



A capacidade do solo em manter a produtividade das culturas no sistema de rotação é maior do que em monoculturas, principalmente quando se trata de sistemas de produção de arroz de terras altas. Ao conduzir sistemas de produção em rotação e adotar manejos adequados de preparo do solo, promove-se a sustentabilidade desses solos. No caso específico do arroz de terras altas tem sido observado que a produtividade em solos de cerrado mantém-se ou decresce ligeiramente no segundo ano de monocultura e cai a níveis muito baixos em anos subseqüentes, entretanto quando rotacionado, pelo menos, a cada dois anos com soja, obtém-se aumentos significativos de sua produtividade. 

Em Rondonópolis-MT e Primavera do Leste-MT conseguiram-se, em nível experimental, altas produtividades de arroz em áreas de monocultura de soja, com as cultivares Caiapó e Primavera. Nestes trabalhos, por serem conduzidos em solos recuperados, a adubação formulada não surtiu efeito. Por outro lado, o bom preparo do solo com arado de aiveca ou escarificador, aplicados a, aproximadamente, 35-40 cm de profundidade, em solos mais argilosos, determinou produtividades significativamente maiores que as observadas em solo preparado com grade aradora. Quando conduzida em solos sem impedimento ao crescimento radicular e recuperados quimicamente, a cultura do arroz não respondeu à aplicação de fertilizantes e ao preparo profundo. O preparo excessivo do solo favorece a erosão e, conseqüentemente, a perda de matéria orgânica e de outros componentes. Deve-se considerar que o preparo do solo bem conduzido melhora a estrutura física, a porosidade e a rugosidade superficial do solo. Todas estas características facilitam a penetração da água no solo e reduzem a possibilidade de ocorrer erosão.

O Sistema Plantio Direto(SPD), entre os sistemas de preparo do solo, tem tornado uma alternativa interessante, por proporcionar as vantagens descritas anteriormente e por facilitar a condução dos sistemas de produção. Por outro lado o sistema, no entanto, tem demonstrado ser de maior risco quando conduzido em solos que apresentam limitações ao crescimento radicular, o que agrava o efeito dos veranicos sobre as plantas. Em área em que o plantio direto foi iniciado recentemente, ou rico em palhada com alta relação C/N, têm sido recomendadas aplicações de doses mais elevadas de nitrogênio na semeadura para compensar a menor disponibilidade inicial deste nutriente no solo. Tem-se observado que o efeito do N aplicado no SPD de arroz cultivado após soja é baixo, se comparado a outros sistemas de produção. Além do mais, não tem sido observado efeito do manejo da adubação nitrogenada (N aplicado totalmente na semeadura ou parcelado na semeadura e em cobertura), sobre a produtividade. 

O arroz apresenta um sistema radicular muito sensível à compactação do solo, ocasionada pelo tráfego excessivo de máquinas em sua superfície, como pode ocorrer no SPD. Nestas condições, o sistema radicular é menos desenvolvido. Entretanto, quando as condições físicas do solo são favoráveis, o sistema radicular atinge maiores profundidades. Sistema radicular pouco desenvolvido não acarreta grandes problemas à planta quando há boa disponibilidade hídrica no solo, porém, pode agravar o efeito dos veranicos, pela menor capacidade da planta para absorver água. Semeadoras de SPD, equipadas com dispositivos para romper o solo a maiores profundidades, têm apresentado resultados positivos na indução do aprofundamento do sistema radicular do arroz de terras altas, comparativamente ao sistema radicular proporcionado pelo plantio direto com semeadoras convencionais.
Sistemas de produção de arroz também podem ser conduzidos em áreas de pastagens, como o proposto pelo Sistema Barreirão. Este Sistema tem-se mostrado muito eficiente e são inúmeros os resultados que comprovam o fato, entretanto para algumas situações, tem surgido a necessidade de procedimentos alternativos para tornar a técnica de uso mais abrangente. Neste sentido desenvolveram-se sistemas com semeadura do capim após a emergência do arroz ou imediatamente após sua colheita, ou mesmo sistemas alternativos de preparo do solo. A semeadura retardada do capim diminui a competitividade entre as culturas consorciadas e permite que as cultivares de arroz expressem seu potencial produtivo.
Além do mais, diminui o risco do sistema produtivo do arroz e torna-o de uso mais abrangente, pois adota a maquinaria agrícola geralmente disponível na propriedade rural. Nas condições de solo que existem camadas com limitação ao crescimento radicular, como na camada superficial das áreas de pastagens, o preparo do solo com arado é indispensável, principalmente nas regiões onde ocorre distribuição irregular das chuvas. O arado quebra estas compactações e melhora o ambiente para o crescimento radicular e, conseqüentemente, a capacidade da planta em absorver água das camadas mais profundas do solo e conviver com os períodos de veranicos.

FONTE EMBRAPA




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quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Clima, Solos e Adubação para Arroz de Terras Altas



CLIMA+

No Brasil, o arroz de terras altas é uma das culturas mais influenciadas pelas condições climáticas. Em geral, quando as exigências da cultura são satisfeitas, obtêm-se bons níveis de produtividade. Entretanto, quando isso não ocorre, pode-se esperar frustrações de safras, que serão proporcionais à duração e à intensidade das condições meteorológicas adversas. Essa cultura é submetida a condições climáticas bastante distintas, pelo fato de ser semeada em praticamente todos os estados, em latitudes que variam de 5° Norte até 33° Sul.



A duração do dia, definida como o intervalo entre o nascer e o pôr do sol, é conhecida como fotoperíodo. A resposta da planta ao fotoperíodo é denominada fotoperiodismo. Sendo o arroz de terras altas uma planta de dias curtos, (dez horas) tem seu ciclo diminuído, antecipando a floração. O fotoperíodo ótimo é considerado o comprimento do dia no qual a duração da emergência até a floração é mínima.



A temperatura do ar é um dos elementos climáticos de maior importância para o crescimento, o desenvolvimento e a produtividade da cultura do arroz. Cada fase fenológica tem a sua temperatura crítica ótima, mínima e máxima. Em geral, a cultura exige temperaturas relativamente elevadas da germinação à maturação, uniformemente crescente até à floração (antese) e decrescentes, porém, sem abaixamento bruscos, após a floração.


As características do regime pluvial expressas pela quantidade e a distribuição das chuvas durante o ciclo da planta, são os fatores mais limitantes à produção de grãos.

Do ponto de vista agroclimático existem, basicamente, duas alternativas para se diminuir a influência da deficiência hídrica no arroz de terras altas: a) identificação das épocas de semeadura com menores riscos de ocorrência de deficiência hídrica durante o ciclo e, principalmente, durante a fase reprodutiva da cultura; b) identificação, através do zoneamento agroclimático, das regiões com menores riscos de ocorrência de deficiência hídrica.

Na cultura do arroz de terras altas, a diminuição de água concorre para uma diminuição no rendimento de grãos. Para diminuir os efeitos negativos decorrentes da redução hídrica, torna-se necessário semear em períodos nos quais a fase de florescimento-enchimento de grãos coincide com uma maior demanda pluvial. Para isto, acredita-se que um estudo sobre o balanço hídrico do solo possibilitará caracterizar os períodos de maior e menor quantidade de chuva oferecendo, desta forma, subsídios para a concretização de um zoneamento de risco climático. 

As simulações do balanço hídrico associadas a técnicas de geoprocessamento, permitiram identificar no tempo e no espaço, as melhores datas de semeadura do arroz de terras altas nas diferentes regiões do Brasil. Com chance de perda de dois anos em dez, ou seja, 80% de chances de sucesso, evitando-se o veranico na fase de enchimento de grãos, as variáveis a serem consideradas por ordem de importância são: retenção de água no solo e duração do ciclo. Quanto maior a capacidade de armazenamento de água no solo, associado ao ciclo mais curto, menores serão as perdas. O risco de perda se acentua quanto mais tarde for a semeadura, independente do solo e do ciclo da cultura, uma vez que as chances de ocorrerem veranicos nos períodos compreendidos entre janeiro e fevereiro são acentuadas nos seguintes estados: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Tocantins. De forma geral, é possível concluir que, para plantios realizados após 20 de dezembro, o risco climático é bastante acentuado para a cultura do arroz de terras altas, exceto em algumas localidades do Estado de Mato Grosso, onde se apresenta uma distribuição pluvial bastante regular. Assim, é possível realizar semeadura do arroz até meados de janeiro em regiões localizadas, principalmente, no Noroeste do Estado de Mato Grosso.

SOLOS+

solo é um mineral não consolidado influenciado por uma gama de fatores, tais como, o material de origem, a topografia, o clima (temperatura e umidade) e os micro-organismos, que, no decorrer do tempo, atuaram na sua formação. Cada solo se diferencia por suas propriedades e características físicas, químicas, biológicas e morfológicas do material de origem. O manejo apropriado decorre de sua classificação, que destaca suas características gerais e específicas e os agrupa de forma ampla, com base nas características gerais, e em subdivisões, de acordo com suas propriedades específicas. As propriedades morfológicas, físicas, químicas e mineralógicas são critérios distintivos. 



A maioria dos solos de cerrado onde o arroz de terras altas é cultivado são Oxissolos e possuem baixa fertilidade. Os valores médios das propriedades químicas dos solos de cerrado em estado natural são: pH 5,2; P 2 mg kg-1 , K < 50 mg mg k-1; Ca c kg-1, Zn e Cu em torno de 1 mg kg-1, matéria orgânica na faixa de 15 a 25 g kg-1 e saturação por bases < 25%. Com base nestes dados, pode-se concluir que os solos de cerrado são ácidos e de baixa fertilidade, o que evidencia o manejo da fertilidade como um dos aspectos mais importantes para a produção das culturas na região.

ADUBAÇÃO+

No processo de modernização e racionalização da agricultura brasileira, o uso de adubação adequada constitui um fator importante para o aumento da produtividade. O custo crescente dos insumos agrícolas exige, cada vez mais, a adoção de métodos e técnicas de cultivo adequados na produção das culturas anuais, como arroz. Estudos realizados pela Embrapa Arroz e Feijão mostram que, em condições de boa umidade, controle de doenças e pragas em nível adequado, a adubação é responsável por aproximadamente 40% do aumento na produtividade das culturas de arroz, feijão, milho, soja e trigo em solo de cerrado. A elevação dos custos dos fertilizantes nos últimos anos é provavelmente irreversível, já que esta elevação é reflexo de preços mais elevados de energia, matéria-prima e transporte. Os fertilizantes passam, assim, a exigir um maior dispêndio nos investimentos das atividades agrícolas, merecendo, portanto, atenção especial com referência ao seu uso com vistas a um melhor aproveitamento pelas culturas. 



A baixa fertilidade dos solos de cerrado é bastante conhecida. Esses solos possuem teores extremamente baixos de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e zinco. Além de pouco férteis, os solos de cerrado são extremamente ácidos, o que diminui a disponibilidade de nutrientes para as culturas. Entre os nutrientes essenciais, o nitrogênio, o fósforo e o potássio são os que a planta necessita em maior quantidade. Para a incorporação dos solos de cerrado ao processo produtivo é indispensável o uso adequado de adubação e calagem. O uso adequado de adubação não somente aumenta a produtividade, mas também reduz o custo da produção e propicia maior retorno econômico para os produtores. Ainda, a aplicação de adubação e calagem de acordo com a necessidade da cultura, reduz o risco de degradação do meio ambiente. A quantidade de N recomendada está em torno de 90 kg ha-1 aplicado em duas vezes, metade no plantio e o restante na época do perfilhamento ativo. Se o arroz é plantado após soja, uma redução de 30 kg N ha-1 é recomendada. A aplicação de P depende da análise do solo, quando o teor de P é menor que 5 mg kg-1, a aplicação de 100 a 120 kg P2O5/ha é recomendada. A aplicação de K também é feita com base na análise do solo. Quando o K está na faixa de 25 a 50 mg kg-1, uma aplicação de 80 kg K2O/ha é recomendada. Quando o teor de K é maior de 50 mg kg-1, a aplicação de adubação de manutenção em torno de 50 kg K2O/ha é recomendada. Com relação os micronutrientes, a deficiência de Zn é comumente observada em arroz de terras altas. A deficiência de Zn pode ser corrigida com a aplicação de 5 kg Zn/ha. O pH adequado para o arroz de terras alta está em torno de 5,5.




Cultura do Arroz de Sequeiro (Terras Altas) Características e Importância



Características da Cultura .+

A cultura do arroz de sequeiro, pouco exigente em insumos e tolerante à solos ácidos, teve um destacado papel como cultura pioneira durante o processo de ocupação agrícola dos cerrados, iniciado na década de 60. Este processo de abertura de área teve seu pico no período 75-85, em que a cultura chegou a ocupar área superior a 4,5 milhões de ha. O sistema de exploração caracterizava-se pelo baixo custo de produção, devido à baixa adoção das práticas recomendadas, incluindo plantios tardios. A significativa ocorrência de veranicos fazia com que a cultura apresentasse uma produtividade média muito baixa, ao redor de 1 t/ha, sendo considerada como de alto risco e gerando centenas de casos de Proagro (Seguro agrícola). 
Apesar desse panorama pouco promissor, a pesquisa nesse período, já oferecia um leque de alternativas para minimização da adversidade climática, incluindo cultivares tolerantes à seca, classificação do grau de risco dos municípios produtores, adequação da época de semeadura e do ciclo da cultivar, preparo de solo e manejo de fertilizantes visando aprofundamento radicular e aumento da reserva útil de água do solo, além de técnicas do manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas

Com a progressiva redução das áreas de abertura, em meados da década de 80, a área cultivada com arroz sob o sistema de cultivo de sequeiro, foi sendo gradativamente reduzida, ao mesmo tempo em que a fronteira agrícola se moveu no sentido sudeste-noroeste. A conseqüência desse movimento foi a redução do risco climático, o que tornou mais propícia a aplicação das tecnologias recomendadas pela pesquisa. Para estas novas e promissoras áreas, a criação de cultivares de tipo de planta moderno (estatura e perfilhamento intermediários, folhas eretas), de maior potencial produtivo e grão do tipo "agulhinha", além do crescimento do nível de insumos aplicados, motivado pela melhor relação custo/benefício, trouxe também um substancial aumento da aceitação do produto pela indústria e consumidores.

Apesar da expressiva redução da área cultivada (-50%), que hoje perfaz apenas 2,2 milhões de ha, a produção se manteve nos mesmos níveis da década de 70, devido ao grande aumento da produtividade, que cresceu para 2 t/ha (50%). Este aumento da produtividade média é bastante animador; contudo, ainda está muito aquém do que é possível obter com a nova cultura, ora denominada de "arroz de terras altas". Em lavouras bem conduzidas, em áreas favorecidas quanto à distribuição de chuvas, como no Centro-Norte do MT, pode-se alcançar mais de 4 t/ha, enquanto em nível experimental, tem-se obtido até 6 t/ha. A inserção do arroz como componente de sistemas agrícolas de sequeiro vem ocorrendo de forma gradual, especialmente na região Sudoeste e Centro-Norte do Mato Grosso. Além do bom rendimento nessas condições, o arroz promove o desempenho de outras culturas, como a soja, quando utilizado em rotação e/ou sucessão. 

Atualmente, a pesquisa com a cultura do arroz de terras altas, prioriza ações, que visam consolidar a presença da cultura em sistemas de produção de grãos nas regiões favorecidas dos cerrados e, especialmente, adaptá-la ao sistema de plantio direto, que oferece vários desafios. Também fazem parte da agenda, o consórcio de arroz com pastagem, no Sistema Barreirão (renovação de pastagem degrada) e no Sistema Santa Fé (integração lavoura-pecuária), assim como o sistema sob irrigação suplementar e o de abertura de novas áreas. Neste documento, coloca-se ao alcance dos usuários, os conhecimentos e tecnologias resultantes da pesquisa de Embrapa e suas parceiras, obtidas ao longo de quase 30 anos de experiência com a cultura, envolvendo socioeconomia, mercado, melhoramento, manejo da planta, solo e fertilidade, manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas, entre outras linhas relevantes. Espera-se que venham a estimular e que possam promover a exploração da cultura do arroz, no ambiente dos cerrados, de forma sustentável e competitiva.

.Importância Econômica+

Até a década de 70 a produção do arroz de terras altas e do arroz irrigado eram complementares no abastecimento nacional e a concorrência entre eles era baixa, pois os produtos se dirigiam à diferentes mercados consumidores. A partir de meados dos anos 70 o arroz irrigado passou a dominar a preferência nacional e obter maiores cotações no mercado. Neste aspecto, ressalta-se que a mudança de preferência do consumidor provocou um aumento da área cultivada do arroz irrigado. A partir do início da década de 80, a produtividade média nacional apresenta uma tendência de crescimento.

Com essas mudanças, a área de cultivo com arroz de terras altas reduziu, mas a produção cresceu e a qualidade melhorou, com isso, recuperou parte do prestígio que havia perdido. A perspectiva é que a produção dos diferentes ecossistemas continue desempenhando um papel de complementariedade, mas com uma certa concorrência. Mas, essa concorrência não deve ser acirrada, pois a curto prazo, nenhum sistema sozinho é capaz de atender a demanda interna. No entanto, na competitividade do arroz não está circunscrita a disputa entre o arroz de terras altas e arroz irrigado, mas sim a organização da produção. 

Com o propósito de oferecer subsídios que permitam um melhor entendimento do assunto apresenta-se um breve retrospecto das história recente da cultura, considerando os avanços, mudanças tecnológicas e de preferência de consumo, aliados à conjuntura macroecnômica. 

Apesar da pulverização da produção, pode-se dividir a produção de arroz no Brasil, em três pólos: o primeiro é a Região Sul, com destaque para o Estado do Rio Grande do Sul, o segundo é a região Central, abrangendo os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso. O terceiro pólo, o estado do Maranhão que, além da importância histórica na produção, na década de 90 foi o terceiro maior estado produtor deste cereal. 

No período de 1970 a 1975 ocorreram variações nos preço, mas o arroz de terras altas continuou com o preço mais alto. Em 1975, houve uma inversão, mas o domínio do arroz irrigado passou a vigorar a partir de 1980. Ressalta-se que nesse processo, ocorreu uma ligeira mudança do perfil do produtor de arroz de terras altas, principalmente no estado do Mato Grosso e que o nível de exigência do consumidor foi fundamental na determinação dos rumos do processo produtivo. Outro componente importante foi a mudança do papel do governo, que era o maior comprador e vendedor de arroz. Um aspecto relevante também a ser mencionado é que o governo não primava pela qualidade, ou seja, não havia estímulo para que se produzisse com qualidade, mas sim quantidade. 

No período de 1994 a 2001, observou-se que a participação média do agronegócio no produto interno bruto - PIB foi cerca de 30,5%, enquanto o PIB da agricultura foi 21,5% e da pecuária foi de 9%, caracterizando o agronegócio e respondendo por cerca de um terço da economia nacional. Neste contexto, a rizicultura ocupa uma posição de destaque no agronegócio brasileiro pois, no período de 1990 a 2002, respondeu por 6,88% da renda agrícola total, sendo o sexto produto em renda, ficando atrás da soja (18,47%), cana-de-açúcar (13,94%), milho (13,68%), laranja (7,67%)m e café (7,38%).

Apesar das importantes inovações tecnológicas conseguidas nas décadas de 80 e 90, a rizicultura de terras altas tem dois grandes desafios; o primeiro, a consolidação da cultura de forma sustentável nos diferentes sistemas de produção de grãos, especialmente sob plantio direto e o segundo é a mudança do perfil do rizilcultor, ainda falta muito para se alcançar um estágio que possa classificá-los como profissionais na cultura. 

No âmbito mundial, o arroz é cultivado nos cinco continentes, tanto em regiões tropicais como temperadas. A Ásia é a principal produtora, nela concentra-se mais de 90% da produção mundial. Os países que se destacam são: China, Índia e Indonésia que respondem, respectivamente, por 30%, 23% e 8% da produção mundial. Nos últimos dez anos, na América do Sul e na África, a produção de arroz cresceu, respectivamente, a uma taxa média de 3,2% e 3,6% a.a. A expectativa para o próximo decênio é que a taxa de crescimento não ultrapasse a 2,5% a.a. Essa projeção se apoia, principalmente, na premissa que não vão ocorrer novos ganhos de rendimentos. Nos grandes países asiáticos a produção de arroz é suficiente para atender o consumo doméstico. Países como China e Indonésia, exercem grande influência no comportamento do mercado mundial, haja vista que são grandes produtores e possuem alto nível populacional. 

O consumo de arroz teve um forte progresso nos últimos trinta anos. Os padrões de consumo podem ser classificados em três grandes modelos. O modelo asiático que corresponde a um consumo médio per capita superior a 100 kg a.a. Neste grupo há países que o consumo alcança até 200 kg. a.a. Um exemplo desse grupo é a China, que apresenta um consumo anual médio de 110 kg per capita. O modelo subtropical apresenta um consumo per capita médio que varia de 35 a 65 kg a.a. O Brasil é um país representativo desse grupo, o consumo médio gira em torno de 45 kg. a.a. de arroz beneficiado. No modelo ocidental o consumo per capita médio é baixo, cerca de 10 kg. a.a. Como exemplo desse grupo pode-se citar a França com um consumo per capita de 5 kg a.a. 

Existem dois grandes mercados de arroz no mundo. O mercado de alto padrão e o mercado de baixo padrão. As diferenças de padrões são definidas basicamente, pelo percentual de quebrado. Nas cotações de preços internacionais somente se distinguem as seguintes características: país de origem, percentual de arroz quebrado, aromático ou não aromático, parbolizado ou branco. 

Para se fazer uma prospecção da rizilcultura brasileira com um certo grau de confiabilidade é uma tarefa difícil, porque alguns pontos considerados estratégicos não estão claros, por exemplo, a) indefinição quanto o grau der interesse por parte dos planejadores de política públicas pelo produto; b) desdobramentos do aumento do processo de verticalização e concentração nas empresas privadas no mercado de alimentos; c) a postura nos itens anteriores e vão determinar se o país vai se inserir no mercado internacional como importador ou aumentar a dependência de importação para abastecer o mercado interno, cujo o eventuais fornecedores seja os países ricos, que continuam aperfeiçoando suas produções com o objetivo de conquistar novos mercados.


FONTE EMBRAPA


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