O milho no Brasil, é cultivado em 3,6 milhões de propriedades rurais, abrangendo na safra 2000/2001, uma área de 13 milhões de hectares, e apresentou, respectivamente, produção e produtividade de 41500 milhões de toneladas e 3272 kg/ha (IBGE, 2001).
Nos últimos 31 anos a área plantada aumentou em 2,38 milhões de hectares, a produtividade em 1619 kg/ha e produção total em 23,61 milhões de toneladas (Fig. 1). Na safra de 2001/2002 houve uma redução de 10,1% na área plantada e 15,8 % na produção de milho em relação a safra anterior.
O milho é cultivado em praticamente todo o território nacional (Fig. 2). Na safra 2000/2001, 77 % da área plantada e 92 % da produção concentraram-se nas regiões Sul , Sudeste e Centro-Oeste, sendo que a região Sul participou com 42,32 % da área e 53,70 % da produção; Sudeste com 19,01 % da área e 19,62%da produção e Centro - Oeste com15,77 % da área e 19,22% da produção. Entretanto, a participação dessas regiões, tanto em área plantada quanto em produção, vem se alterando ao longo dos últimos 31 anos. A região Nordeste tem apresentado grandes variações na área plantada e produção, o que dificulta estimar se sua participação tem aumentado ou diminuído. Na região Sul a participação na área plantada e produção se mantém praticamente constante, enquanto que a região Sudeste reduziu em 10 % a área plantada e produção. As regiões Norte e Centro - Oeste, apresentaram, no mesmo período, aumentos da participação na área plantada e produção. Enquanto que a região Norte aumentou sua participação em 5,3 % na área plantada e 2,8 % na produção, a região Centro - Oeste aumentou sua participação em 9,6 % na área plantada e em 14,6 % na produção.
Há uma grande diversidade nas condições de cultivo. Observa-se desde a agricultura tipicamente de subsistência, sem utilização de insumos modernos (produção voltada para consumo na propriedade e eventual excedente comercializado) até lavouras que utilizam o mais alto nível tecnológico, alcançando produtividades equivalentes às obtidas em países de agricultura mais avançada. De acordo com um levantamento realizado em 1995 a estratificação da cultura, por níveis tecnológicos, foi assim distribuída: a) nível tecnológico marginal = 43 %; b) nível tecnológico baixo = 24 %; c) nível tecnológico médio = 22 %; d) nível tecnológico alto = 11 % da área cultivada.
Recentemente, ocorreram importantes mudanças nos sistemas de produção, destacando-se o aumento da área do milho "safrinha" e a expansão do sistema de plantio direto. A "safrinha" se refere ao milho de sequeiro, cultivado extemporaneamente, de fevereiro a abril, quase sempre depois da soja precoce, predominantemente na região Centro - Sul. No decorrer da década de 1990, o processo de deslocamento de cultura do milho da safra normal, provocado pela introdução da soja, se intensificou; passando parte do cereal a ser cultivado em sucessão à oleaginosa, como uma cultura de segunda safra (milho safrinha). Essa mudança se acentuou nos últimos anos e, atualmente, a área com milho safrinha nos estados de Mato Grosso (548,9 mil hectare)e Mato Grosso do Sul (361,8 mil hectare) foram maiores do que a área da safra normal ( 169,4 mil e 119,4 mil hectares no MT e MS, respectivamente).
A baixa produtividade média de milho no Brasil (Fig. 1) não reflete o bom nível tecnológico já alcançado por boa parte dos produtores voltados para lavouras comerciais, uma vez que as médias são obtidas nas mais diferentes regiões, em lavouras com diferentes sistemas de cultivos e finalidades. A produtividade média é superior a 4500 kg/ha nos estados onde concentram-se esses produtores (Fig. 3). Assim, para aumento da produtividade é necessário que em parte das propriedades sejam adotadas técnicas básicas, incluindo cultivares melhoradas, práticas de manejo, calagem e adubação, e, noutras, o aprimoramento integrado de todas as técnicas culturais para suplantar os atuais tetos de 6000 a 8000 kg/ha.
Dentro desse enfoque, e, de acordo com os dados do Censo Agropecuário de 1995/96, verifica-se que há uma relação direta entre o tamanho da área cultivada pelos agricultores e a produtividade de milho, isto é, à medida que aumenta o tamanho da lavoura aumenta o rendimento. Exatamente nessas lavouras maiores é onde se observam os maiores índices de crescimento do rendimento (Tabela 1).
É importante ressaltar, que nos últimos anos, a cultura do milho no Brasil, vem passando por importantes mudanças tecnológicas, resultando em aumentos significativos da produtividade e produção. Entre as tecnologias adotadas, destacam-se a utilização de sementes de cultivares melhoradas (variedades e híbridos), alterações no espaçamento e densidade de semeadura de acordo com as características das cultivares, além da conscientização dos produtores da necessidade de melhoria na qualidade dos solos, visando uma produção sustentada.
Essa melhoria na qualidade dos solos está, geralmente, relacionada ao manejo adequado, o qual inclui entre outras práticas, a rotação de culturas, plantio direto, manejo da fertilidade através da calagem, gessagem e adubação equilibrada com macro e micronutrientes, utilizando fertilizantes químicos e/ou orgânicos (estercos, compostos, adubação verde, etc.).
Área1/(ha) | Rendimento1/(kg/ha) | Classe de rendimento (kg/ha) 2/ | Rendimento médio2/ (kg/ha) | Taxa de crescimento (%)2/ |
(0 - 5] | 963 | (0 - 2000] | 963 | 0,93 |
(5 - 10] | 1599 | (2000 - 3000] | 2573 | 2,00 |
(10 - 20] | 1982 | (3000 - 3500] | 3308 | 2,37 |
(20 - 50] | 2126 | (3500 - 4000] | 3717 | 3,47 |
(50 - 100] | 2274 | (4000 - 4500] | 4312 | 4,43 |
(100 - 200] | 2514 | > 4500 | 5164 | 7,09 |
(200 - 500] | 2997 | |||
(500 - 1000] | 3248 | |||
> 1000 | 3637 |
Sistemas de produção de milho
Independentemente da região, os seguintes sistemas de produção de milho são bastante evidentes :
Produtor comercial de grãos
Normalmente produzem milho e soja em rotação, podendo também envolver outras culturas. São especializados na produção de grãos e têm por objetivo a comercialização da produção. Plantam lavouras maiores. Utilizam a melhor tecnologia disponível, inclusive o plantio direto.
Produtor de grãos e pecuária
Neste caso o agricultor usa um nível médio de tecnologia, por lhe parecer o mais adequado. É comum o plantio de milho visando a renovação de pastagens. A região muitas vezes não produz soja e o milho é a principal cultura. As lavouras são de tamanho médio a pequena. A capacidade gerencial não é tão boa e muitas vezes as operações agrícolas não são realizadas no momento oportuno, com o insumo adequado ou na quantidade adequada. A qualidade das máquinas e equipamentos agrícolas podem também comprometer o rendimento do milho.
Pequeno produtor
É aquele produtor de subsistência, onde a maior parte da produção é consumida na propriedade. O nível tecnológico é baixo, inclusive envolvendo o uso de semente não melhorada. O tamanho da lavoura é pequena.
Produção de milho safrinha
Este tipo de exploração ocupa hoje cerca de 2.600.000 ha de milho plantados nos estados PR, SP, MT, MS e GO, principalmente. O milho é semeado extemporaneamente, após a soja precoce. O agricultor tem um bom conhecimento sobre a cultura. O rendimento e o nível tecnológico dependem muito da época de plantio. Nos plantios mais cedo o sistema de produção é, às vezes, igual ao utilizado na safra normal. Nos plantios tardios o agricultor reduz o nível tecnológico em função do maior risco da cultura devido, principalmente, às condições climáticas (frio excessivo, geada e deficit hídrico) . A redução do nível tecnológico refere-se, basicamente, à semente utilizada e redução nas quantidades de adubos e defensivos aplicados.
Coeficientes técnicos
Dos sistemas de produção identificados, o que mais prontamente assimila as tecnologias disponíveis na busca de competitividade diz respeito ao "produtor comercial de grãos". Para esse sistema, tem-se observado grande homogeneização do padrão tecnológico empregado pelos produtores na condução das lavouras de milho.
Evidentemente que não existe um padrão tecnológico único que atenda a todos os sistemas de produção utilizados e que se adapte a todas as situações inerentes a cada lavoura. Entretanto, especificamente com relação aos produtores enquadrados no sistema acima citado, é possível, com razoável precisão, recomendar um padrão tecnológico que se apresenta como o mais adequado para essa lavouras.
Os coeficientes técnicos foram elaborados para as três situações predominantes nas lavouras comerciais, quais sejam: safra normal usando sistema plantio direto ( Quadro 1), safra normal usando plantio convencional ( Quadro 2 ) e safrinha ( Quadro 3 ).
Plantio Direto - Produtividade: 7000 kg/ha.
Descrição
| Especificação | Unidade Quantidade Utilizada | Quantidade Utilizada |
Correção do Solo | |||
Calcário | t | 0,7 | |
Gêsso | t | 0,4 | |
Distribuição do calcário mecânica | trator 85 hp + calcariador | hm | 0,125 |
Dessecação-Herbicida 1 | ROUNDUP | l | 3 |
Dessecação-Herbicida 2 | l/kg | ||
Distribuição herbicida | trator 85 hp + pulv. Barra 2000 l | hm | 0,3 |
Mão-de-obra distribuição herbicida | dh | 0,25 | |
PLANTIO
| |||
Sementes | |||
Sementes - 1 | Híbridos simples ou triplo | sc | 1 |
Sementes - 2 | kg | ||
Tratamento de Sementes | |||
Fungicida 1 | Rhodiauram 700 | l | 0,02 |
Fungicida 2 | l/kg | ||
Distribuição fungicida manual | dh | 0,05 | |
Inseticida 1 | Furazin | l | 0,4 |
Distribuição inseticida manual | dh | 0,05 | |
Adubação | |||
Adubo 1 | 8-28-16 + FTE-CAMPO | kg | 300 |
Plantio/adubação mecânica | trator 120 hp + plat/adub. Jumil 12 linhas | hm | 0,8 |
Transporte Interno plantio | trator 85 hp + carreta 8 t | hm | 0,3 |
Tratos Culturais
| |||
Adubação de cobertura | |||
Adubo 1 | uréia | kg | 200 |
Máq.aplic.adubação de cobertura 1 | trator 85 hp + distr. Adubo 5 linhas | hm | 0,6 |
Herbicida - POS | |||
Herbicida 1 | Gesaprin 500 | l | 2,5 |
Herbicida 2 | Sanson 40 SC | l | 0,8 |
Aplicação herbicida - máquina | trator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (1X) | hm | 0,3 |
Mão-de-obra aplic.herbicida | dh | 0,16 | |
Inseticida | |||
Inseticida 1 | Karate ( Piretróide )- 2 aplicações | l | 0,3 |
Inseticida 2 | Match ( Fisiológico )- 2 aplicações | l | 0,6 |
Espalhante adesivo | Ólleo mineral | l | 1 |
Aplicação inseticida - máquina | trator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (2X) | hm | 0,6 |
Mão-de-obra aplic.inseticida | dh | 0,32 | |
Formicida | |||
Formicida 1 | Isca ( MIREX ) | kg | 0,6 |
Mão-de-obra aplic. Formicida | dh | ||
Colheita
| |||
Colheita mecânica | colheitadeira 120 hp - plataforma 4m | hm | 0,85 |
Transporte interno | trator 85 hp + carreta 8 t | hm | 0,3 |
Quadro 2. Coeficientes Técnicos de Produção um Hectare de Milho
Plantio Convencional - Produtividade: 7000 kg/ha .
Descrição
| Especificação | Unidade Quantidade Utilizada | Quantidade Utilizada |
Correção do Solo | |||
Calcário | t | 0,7 | |
Gêsso | t | 0,4 | |
Distribuição do calcário manual | dh | ||
Distribuição do calcário mecânica | hm | 0,125 | |
Preparo de Solo
| |||
Gradagem Aradora | trator 120 hp + GP | hm | 1,6 |
Gradagem Niveladora | trator 120 hp + grade nivel. | hm | 0,4 |
Plantio
| |||
Sementes | |||
Sementes - 1 | Híbridos simples ou triplo | sc | 1 |
Sementes - 2 | kg | ||
Tratamento de Sementes | |||
Fungicida 1 | Rhodiauram 700 | l | 0,02 |
Distribuição fungicida manual | dh | 0,05 | |
Inseticida 1 | Furazin | l | 0,4 |
Inseticida 2 | l/kg | ||
Distribuição inseticida manual | dh | 0,05 | |
Adubação | |||
Adubo 1 | 8-28-16 + FTE-CAMPO | kg | 300 |
Plantio/adubação mecânica | trator 120 hp + plat/adub. Jumil 12 linhas | hm | 0,8 |
Transporte Interno plantio | trator 85 hp + carreta 8 t | hm | 0,3 |
Tratos Culturais
| |||
Adubação de cobertura | |||
Adubo 1 | uréia | kg | 200 |
Máq.aplic.adubação de cobertura 1 | hm | 0,6 | |
Máq.aplic.adubação de cobertura 2 | |||
Herbicida - POS | |||
Herbicida 1 | Gesaprin 500 | l | 2,5 |
Herbicida 2 | Sanson 40 SC | l | 0,8 |
Herbicida 3 | l/kg | ||
Aplicação herbicida - máquina | trator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (1X) | hm | 0,3 |
Mão-de-obra aplic.herbicida | dh | 0,16 | |
Inseticida | |||
Inseticida 1 | Karate ( Piretróide )- 2 aplicações | l | 0,3 |
Inseticida 2 | Match ( Fisiológico )- 2 aplicações | l | 0,6 |
Espalhante adesivo | Ólleo mineral | l | 1 |
Aplicação inseticida - máquina | trator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (2X) | hm | 0,6 |
Mão-de-obra aplic.inseticida | dh | 0,32 | |
Formicida | |||
Formicida 1 | Isca ( MIREX ) | kg | 0,6 |
Colheita | |||
Colheita mecânica | colheitadeira 120 hp - plataforma 4m | hm | 0,85 |
Transporte interno | trator 85 hp + carreta 8 t | hm | 0,3 |
Quadro 3. Coeficientes Técnicos de Produção um Hectare de Milho
Plantio Direto - Safrinha - Produtividade: 3000 kg/ha .
Descrição | Especificação | Unidade Quantidade Utilizada | Quantidade Utilizada |
Sistematização do Solo | |||
Dessecação-Herbicida 1 | Glifosato | l | 1,5 |
Dessecação-Herbicida 2 | 2,4-D | l | 0,5 |
Distribuição herbicida | trator 85 hp + pulv. Barra 2000 l | hm | 0,15 |
Mão-de-obra distribuição herbicida | 0,25 | ||
Plantio
| |||
Sementes | |||
Sementes - 1 | Híbridos duplo ou triplo | sc | 1 |
Adubação | |||
Adubo 1 - | 4-20-20 | kg | 200 |
Plantio/adubação mecânica | trator 120 hp + plat/adub. Jumil 12 linhas | hm | 0,8 |
Transporte Interno plantio | trator 85 hp + carreta 8 t | hm | 0,3 |
Tratos Culturais
| |||
Adubação de cobertura | |||
Adubo 1 | uréia | kg | 60 |
Máq.aplic.adubação de cobertura 1 | hm | 0,5 | |
Inseticida | |||
Inseticida 1 | Lanate | l | 0,6 |
Aplicação inseticida - máquina | trator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (2X) | hm | 0,3 |
Mão-de-obra aplic.inseticida | dh | 0,32 | |
Colheita | |||
Colheita mecânica | colheitadeira 120 hp - plataforma 4m | hm | 0,6 |
Transporte interno | trator 85 hp + carreta 8 t | hm | 0,3 |
Custo de produção
Sistemas de produção de milho
Há uma grande diversidade nas condições de cultivo do milho, no Brasil. Observa-se desde a agricultura tipicamente de subsistência, sem a utilização de insumos modernos (produção voltada para consumo na propriedade e eventual excedente comercializado), até lavouras que utilizam o mais alto nível tecnológico, alcançando produtividades equivalentes às obtidas em países de agricultura mais avançada. Independentemente da região, os seguintes sistemas de produção de milho são bastante evidentes:
1 - Produtor comercial de grãos
Normalmente, produzem milho e soja em rotação, podendo também envolver outras culturas. São especializados na produção de grãos e têm por objetivo a comercialização da produção. Plantam lavouras maiores. Utilizam a melhor tecnologia disponível, predominando o Sistema de Plantio Direto. São os grandes responsáveis pelo abastecimento do mercado.
2 - Produtor de grãos e pecuária
Nesse caso, o agricultor usa um nível médio de tecnologia por lhe parecer o mais adequado, em termos de custo de produção. É comum o plantio de milho visando à renovação de pastagens. A região, muitas vezes, não produz soja e o milho é a principal cultura. As lavouras são de tamanho pequeno a médio. A capacidade gerencial não é tão boa e, muitas vezes, as operações agrícolas não são realizadas no momento oportuno, com o insumo adequado ou na quantidade adequada. A qualidade das máquinas e equipamentos agrícolas pode também comprometer o rendimento do milho.
Recentemente, vem sendo implementada a recuperação de pastagens degradadas, que ocupam praticamente 50 milhões de hectares. À medida que avança o programa de recuperação, deverá haver aumento na oferta de milho, uma vez que o sistema de integração lavoura-pecuária, utilizando milho, tem-se mostrado o mais apropriado para esse fim.
3 - Pequeno produtor
É aquele produtor de subsistência, sendo a maior parte de sua produção consumida na propriedade. O nível tecnológico é baixo, inclusive envolvendo o uso de sementes não melhoradas. O tamanho da lavoura é pequeno. Essa produção tem perdido importância no que se refere ao abastecimento do mercado.
4 - Produção de milho safrinha
Esse tipo de exploração ocupa, hoje, cerca de três milhões de hectares de milho, plantados, principalmente, nos seguintes estados: Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. O milho é semeado extemporaneamente, após a soja precoce. O rendimento e o nível tecnológico dependem muito da época de plantio. Nos plantios mais precoces, o sistema de produção é, às vezes, igual ao utilizado na safra normal. Nos plantios tardios, o agricultor reduz o nível tecnológico em função do maior risco da cultura, devido, principalmente, às condições climáticas (frio excessivo, geada e deficiência hídrica). A redução do nível tecnológico refere-se, basicamente, à semente utilizada e à redução nas quantidades de adubos e defensivos aplicados. Essa oferta tem sido importante para a regularização do mercado.
Coeficientes técnicos
Dos sistemas de produção identificados, o que mais prontamente assimila as tecnologias disponíveis na busca de competitividade diz respeito ao "produtor comercial de grãos". Para esse sistema, tem-se observado grande homogeneização do padrão tecnológico empregado pelos produtores na condução das lavouras de milho, variando pouco entre as principais regiões produtoras. Evidentemente, não existe um padrão tecnológico único que atenda a todos os sistemas de produção utilizados e que se adapte a todas as situações inerentes à cada lavoura. Entretanto, especificamente em relação aos produtores enquadrados no sistema acima citado, é possível, com razoável precisão, identificar um padrão tecnológico que se apresente como o mais adequado para essas lavouras.
Os coeficientes técnicos foram elaborados para as três situações predominantes nas lavouras comerciais, quais sejam: safra normal usando o Sistema de Plantio Direto (Tabela 1), safra normal usando plantio convencional (Tabela 2) e safrinha (Tabela 3).
Descrição
| Especificação | Unidade Quantidade Utilizada | Quantidade Utilizada |
Correção do Solo | |||
Calcário | t | 0,7 | |
Gêsso | t | 0,4 | |
Distribuição do calcário mecânica | trator 85 hp + calcariador | hm | 0,125 |
Dessecação-Herbicida 1 | ROUNDUP | l | 3 |
Dessecação-Herbicida 2 | l/kg | ||
Distribuição herbicida | trator 85 hp + pulv. Barra 2000 l | hm | 0,3 |
Mão-de-obra distribuição herbicida | dh | 0,25 | |
PLANTIO
| |||
Sementes | |||
Sementes - 1 | Híbridos simples ou triplo | sc | 1 |
Sementes - 2 | kg | ||
Tratamento de Sementes | |||
Fungicida 1 | Rhodiauram 700 | l | 0,02 |
Fungicida 2 | l/kg | ||
Distribuição fungicida manual | dh | 0,05 | |
Inseticida 1 | Furazin | l | 0,4 |
Distribuição inseticida manual | dh | 0,05 | |
Adubação | |||
Adubo 1 | 8-28-16 + FTE-CAMPO | kg | 300 |
Plantio/adubação mecânica | trator 120 hp + plat/adub. Jumil 12 linhas | hm | 0,8 |
Transporte Interno plantio | trator 85 hp + carreta 8 t | hm | 0,3 |
Tratos Culturais
| |||
Adubação de cobertura | |||
Adubo 1 | uréia | kg | 200 |
Máq.aplic.adubação de cobertura 1 | trator 85 hp + distr. Adubo 5 linhas | hm | 0,6 |
Herbicida - POS | |||
Herbicida 1 | Gesaprin 500 | l | 2,5 |
Herbicida 2 | Sanson 40 SC | l | 0,8 |
Aplicação herbicida - máquina | trator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (1X) | hm | 0,3 |
Mão-de-obra aplic.herbicida | dh | 0,16 | |
Inseticida | |||
Inseticida 1 | Karate ( Piretróide )- 2 aplicações | l | 0,3 |
Inseticida 2 | Match ( Fisiológico )- 2 aplicações | l | 0,6 |
Espalhante adesivo | Ólleo mineral | l | 1 |
Aplicação inseticida - máquina | trator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (2X) | hm | 0,6 |
Mão-de-obra aplic.inseticida | dh | 0,32 | |
Formicida | |||
Formicida 1 | Isca ( MIREX ) | kg | 0,6 |
Mão-de-obra aplic. Formicida | dh | ||
Colheita
| |||
Colheita mecânica | colheitadeira 120 hp - plataforma 4m | hm | 0,85 |
Transporte interno | trator 85 hp + carreta 8 t | hm | 0,3 |
Tabela 2 - Coeficientes técnicos de produção para um hectare de milho (plantio convencional de 7.000 kg.ha-1).
Descrição
| Especificação | Unidade Quantidade Utilizada | Quantidade Utilizada |
Correção do Solo | |||
Calcário | t | 0,7 | |
Gêsso | t | 0,4 | |
Distribuição do calcário manual | dh | ||
Distribuição do calcário mecânica | hm | 0,125 | |
Preparo de Solo
| |||
Gradagem Aradora | trator 120 hp + GP | hm | 1,6 |
Gradagem Niveladora | trator 120 hp + grade nivel. | hm | 0,4 |
Plantio
| |||
Sementes | |||
Sementes - 1 | Híbridos simples ou triplo | sc | 1 |
Sementes - 2 | kg | ||
Tratamento de Sementes | |||
Fungicida 1 | Rhodiauram 700 | l | 0,02 |
Distribuição fungicida manual | dh | 0,05 | |
Inseticida 1 | Furazin | l | 0,4 |
Inseticida 2 | l/kg | ||
Distribuição inseticida manual | dh | 0,05 | |
Adubação | |||
Adubo 1 | 8-28-16 + FTE-CAMPO | kg | 300 |
Plantio/adubação mecânica | trator 120 hp + plat/adub. Jumil 12 linhas | hm | 0,8 |
Transporte Interno plantio | trator 85 hp + carreta 8 t | hm | 0,3 |
Tratos Culturais
| |||
Adubação de cobertura | |||
Adubo 1 | uréia | kg | 200 |
Máq.aplic.adubação de cobertura 1 | hm | 0,6 | |
Máq.aplic.adubação de cobertura 2 | |||
Herbicida - POS | |||
Herbicida 1 | Gesaprin 500 | l | 2,5 |
Herbicida 2 | Sanson 40 SC | l | 0,8 |
Herbicida 3 | l/kg | ||
Aplicação herbicida - máquina | trator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (1X) | hm | 0,3 |
Mão-de-obra aplic.herbicida | dh | 0,16 | |
Inseticida | |||
Inseticida 1 | Karate ( Piretróide )- 2 aplicações | l | 0,3 |
Inseticida 2 | Match ( Fisiológico )- 2 aplicações | l | 0,6 |
Espalhante adesivo | Ólleo mineral | l | 1 |
Aplicação inseticida - máquina | trator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (2X) | hm | 0,6 |
Mão-de-obra aplic.inseticida | dh | 0,32 | |
Formicida | |||
Formicida 1 | Isca ( MIREX ) | kg | 0,6 |
Colheita | |||
Colheita mecânica | colheitadeira 120 hp - plataforma 4m | hm | 0,85 |
Transporte interno | trator 85 hp + carreta 8 t | hm | 0,3 |
Fonte: Marcos Joaquim Matoso & João Carlos Garcia
Tabela 3 - Coeficientes técnicos de produção para um hectare de milho (safrinha: produtividade de 3.000 kg.ha-1).
Descrição | Especificação | Unidade Quantidade Utilizada | Quantidade Utilizada |
Sistematização do Solo | |||
Dessecação-Herbicida 1 | Glifosato | l | 1,5 |
Dessecação-Herbicida 2 | 2,4-D | l | 0,5 |
Distribuição herbicida | trator 85 hp + pulv. Barra 2000 l | hm | 0,15 |
Mão-de-obra distribuição herbicida | 0,25 | ||
Plantio
| |||
Sementes | |||
Sementes - 1 | Híbridos duplo ou triplo | sc | 1 |
Adubação | |||
Adubo 1 - | 4-20-20 | kg | 200 |
Plantio/adubação mecânica | trator 120 hp + plat/adub. Jumil 12 linhas | hm | 0,8 |
Transporte Interno plantio | trator 85 hp + carreta 8 t | hm | 0,3 |
Tratos Culturais
| |||
Adubação de cobertura | |||
Adubo 1 | uréia | kg | 60 |
Máq.aplic.adubação de cobertura 1 | hm | 0,5 | |
Inseticida | |||
Inseticida 1 | Lanate | l | 0,6 |
Aplicação inseticida - máquina | trator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (2X) | hm | 0,3 |
Mão-de-obra aplic.inseticida | dh | 0,32 | |
Colheita | |||
Colheita mecânica | colheitadeira 120 hp - plataforma 4m | hm | 0,6 |
Transporte interno | trator 85 hp + carreta 8 t | hm | 0,3 |
Considerações finais
Uma vez que a produção mundial de suínos e aves, principais consumidores de milho, continuará crescendo, a indagação que se faz é sobre quais regiões reúnem as condições mais favoráveis para dar suporte a esse crescimento. Certamente, haverá um grande peso no sentido de favorecer regiões produtoras de milho que disponham de boa logística de transporte para atender a consumidores situados em uma distância razoável. Esse atendimento regional é da maior importância para a sustentabilidade da atividade produtiva, pois provê um escoamento seguro para a produção.
Outro fator importante é a disponibilidade de um sistema de armazenamento eficiente, que possibilite aos agricultores realizar a comercialização da produção de forma mais lucrativa ao longo do ano. A disponibilidade de um sistema de comercialização eficiente também é parte desse complexo de aspectos, que aumenta a competitividade dos produtores de milho de determinada região. Para finalizar, embora o atendimento a consumidores localizados a distâncias mais curtas possível seja vital, o estabelecimento de um canal de comércio exterior é interessante, tendo em vista que esse fornecerá um piso de flutuação dos preços mais estável do que os normalmente verificados nos preços internos.
Existe uma diversidade de modalidades de cultivo do milho, podendo ser mencionadas aquelas que se diferenciam pelas diferentes épocas de semeadura (época normal e safrinha), as que se diferenciam pela forma de preparo do solo (plantio convencional x plantio direto), as que se diferenciam pelo nível de tecnologia (níveis tecnológicos marginal, baixo, médio ou alto).
O milho de segunda safra ou safrinha (também em regime de sequeiro) é feito extemporaneamente, de fevereiro a abril, em rotação com a soja precoce, na região Centro-Sul. Em alguns estados como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, essa modalidade já supera, em área, o plantio normal.
Os custos de produção, bem como a produtividade e, em consequência, a rentabilidade, são decorrentes da modalidade e do nível de tecnologia adotado.
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