sábado, 9 de junho de 2018

Manejo de plantações de Eucalipto para Serraria

Introdução

Plantações de eucaliptos destinadas à obtenção de toras para processamento mecânico (desdobro) em serrarias e/ou laminadoras devem ser manejadas para elevar a qualidade da matéria-prima a ser obtida, de forma a atender às especificações das indústrias de sólidos madeireiros.
Muito embora as práticas florestais recomendadas nesses casos impliquem em despesas consideráveis ao produtor rural, por outro lado, a adoção das mesmas contribui para agregar valor à madeira produzida, o que permite obter preços diferenciados no momento de comercialização. As principais intervenções efetuadas nos povoamentos florestais voltados para produção de madeira para desdobro são a retirada gradual dos ramos laterais, técnica conhecida como desrama ou poda verde, e a eliminação periódica de árvores que possuem características inapropriadas, técnica conhecida como desbaste de condução.
Há que se destacar também que o corte final é consideravelmente ampliado, para que as toras atinjam as dimensões pretendidas, demorando usualmente de 15 a 25 anos, dependendo da espécie e condições do meio físico (solo e clima), que são os fatores condicionantes do crescimento das árvores.

A dinâmica do crescimento florestal

O entendimento de como se processa o crescimento das árvores numa plantação comercial auxilia a tomada de decisão por parte do empreendedor florestal. No presente contexto, o produto florestal almejado é a madeira, cuja produção pode ser avaliada em termos de volume.
Em um determinado sítio (área de terreno supostamente homogênea), em determinado espaço de tempo (anos), o volume de madeira aumenta com o aumento do número de árvores por unidade de área (hectare). No entanto, o diâmetro das árvores tende a diminuir com o aumento do número de árvores, enquanto que os custos das mudas e da implantação do povoamento tendem a aumentar (FERREIRA e SILVA, 2008).
Portanto, para decisão final em relação à escolha do espaçamento inicial e condução do povoamento, é necessário conhecer a capacidade suporte do local de plantio (fertilidade natural e profundidade efetiva do solo , regime pluviométrico, etc.), o grau de melhoramento do material a ser plantado (sementes x clones) e a finalidade da produção (energia, fibras, madeira roliça ou madeira processada). Evidentemente, o produto final desejado e suas dimensões devem igualmente ser levados em consideração, bem como a qualidade da madeira que varia em função da idade e do sistema de manejo adotado. A decisão interfere diretamente nos custos de implantação, por força da quantidade de mudas e de outros insumos a serem utilizados.
Quando se pretende obter maiores volumes de madeira em plantios sob espaçamentos adensados dentro de um período de tempo pré-estabelecido de “x” anos, verifica-se uma tendência para ocorrência de árvores dominadas, ou seja, de crescimento ruim e mal formadas, além de uma maior predisposição para mortalidade prematura das menos aptas. Isso acontecerá nas situações em que a competição for muito intensiva entre árvores e houver prevalência dessa condição durante parte significativa do tempo previsto de rotação (FERREIRA e SILVA, 2008).
Cada sítio comporta um limite máximo de área basal, fazendo com que o crescimento das árvores melhores ocorra apenas devido à supressão das árvores menos desenvolvidas e à eventual morte das fortemente dominadas. Naturalmente, este é um processo lento que pode ser antecipado pela prática do desbaste. O desbaste tem ainda a vantagem de permitir o aproveitamento da madeira oriunda das árvores eliminadas por meio dos cortes intermediários, podendo ser direcionado para usos energéticos (lenha, carvão, briquetes, péletes, etc.), uso na propriedade rural (lascas, escoras, estacas, moirões, postes, etc.) ou, ainda, comercializada para indústrias de celulose ou de chapas reconstituídas (chapas duras, aglomerados, etc.). Essa produção antecipa periodicamente renda ao produtor e é variável em função do volume de madeira removido a cada desbaste e das possíveis utilizações (FERREIRA e SILVA, 2008).

Espécies indicadas para serraria

Diversas espécies de eucaliptos podem ser plantadas com a finalidade de serraria. A escolha da espécie depende fundamentalmente do clima da região e das características físicas e químicas do solo.
E. grandis, E. saligna, E. dunnii, E. pilularis, E. cloeziana, E. paniculata, E. resinifera, E. microcorys, E. urophylla, Corymbia maculata (atual denominação de E. maculata) e alguns híbridos (especialmente E. urograndis) têm sido manejados em nível mundial para serraria e laminação (SANTOS, 2006; FERREIRA e SILVA, 2008).
Nem todas as espécies mencionadas possuem disponibilidade de mudas clonais, sendo sementes a única opção atualmente disponível (E. pilularis, E. cloeziana, E. paniculata, E. resinifera, E. microcorys e C. maculata). Já algumas possibilitam optar por mudas clonais ou mudas obtidas por sementes, como é o caso de E. grandis, E. saligna, E. dunnii e E. urograndis.

Desrama

A desrama ou poda consiste no corte dos ramos laterais para minimizar a ocorrência de imperfeições na madeira, acumulação de kino e aparecimento de podridões de cerne. Dessa forma, previne-se contra defeitos direta ou indiretamente associados aos ramos, especialmente aqueles que perdem a funcionalidade e mesmo assim permanecem presos ao tronco. A prática contribui, portanto, para agregar valor à madeira.
O ideal é fazer o corte dos ramos ainda no estado verde, para permitir um adequado recobrimento da região de conexão do ramo ao tronco, restando apenas uma pequena zona diferenciada no lenho, conhecida como nó preso ou vivo. A cicatrização ocorre perfeitamente e a integridade dos tecidos é preservada. A nova madeira formada pelo crescimento lateral do tronco a partir desse ponto em diante é agora isenta de nós, sejam eles presos ou soltos. O corte deve ser feito bem rente à casca e com instrumentos de corte apropriados, de preferência empregando-se serrotes especialmente desenhados para essa finalidade. Deve-se evitar que haja desprendimento da casca na operação. Quanto à intensidade de desrama, ela nunca deve ser superior a um terço da copa viva, para que a atividade fotossintética, responsável pelo crescimento, não seja prejudicada.
As desramas devem ser iniciadas precocemente, para permitir a formação de madeira de qualidade desde cedo, devendo o procedimento ser repetido a intervalos regulares com alturas sucessivamente maiores em relação ao nível do solo. A altura da desrama é estipulada ponderando-se a relação entre custos das operações x estimativa de agregação de valor à madeira, sendo que, normalmente, até a altura de 6 m a 7 m é praticável e economicamente viável (Figura 1).
Foto: Paulo Eduardo Telles dos Santos
Figura 1. Plantio clonal de E. grandis desramado até a altura de 2,5 m.
Regimes de desrama
No planejamento da desrama, deve-se levar em consideração a taxa de crescimento das árvores do talhão e a altura pretendida para proporcionar toras de maior valor.
Exemplo 1
Desrama
Idade (anos)
Altura na árvore (m)
1,5
3
3,5
6
Fonte: Santos, P. E. T. dos
Exemplo 2
Desrama
Idade (anos)
Altura na árvore (m)
1,5 a 2,5
5
3,0 a 4,0
7
Fonte: Santos, P. E. T. dos

Sistemas de desbaste

O desbaste pode ser classificado em seletivo , sistemático ou combinado.
O desbaste é dito seletivo quando a unidade de seleção é a árvore, ou seja, quando o produtor florestal classifica cada uma delas em duas categorias: as que serão cortadas e as que serão mantidas em pé. Os critérios que norteiam a eliminação de uma árvore são definidos a priori, sendo aplicado uniformemente em todo o talhão a ser manejado.
Ao contrário do seletivo, no desbaste sistemático a unidade de seleção é a linha de plantio. Todas as árvores contidas em determinadas linhas de plantio são invariavelmente cortadas, sendo intercaladas por outras tantas sem intervenção. Como o procedimento é repetitivo, daí o nome sistemático. Nesta modalidade de manejo, também é possível, numa mesma operação de desbaste, efetuar a marcação e corte seletivo de árvores dentro das linhas de plantio que foram preservadas, caracterizando o sistema combinado.
Do ponto de vista econômico e operacional, em grandes áreas, é preferível executar o corte e a extração de madeira de forma mecanizada ao invés da manual, sendo mais econômico realizar o desbaste sistemático e não o seletivo, especialmente no primeiro desbaste. Este sistema de desbaste é recomendável para plantios muito homogêneos, ou seja, aqueles plantados com material genético selecionado e com técnicas silviculturais adequadas.

Produção de madeira para desdobro

O aproveitamento das toras para serraria é tanto mais elevado quanto maior for o diâmetro da tora, respeitando-se o limite superior mencionado anteriormente. Assim, quanto mais cedo o povoamento atingir diâmetros elevados minimizando-se a competição, mais rentável será o empreendimento florestal. Para atingir este objetivo, os desbastes praticados a idades jovens são recomendáveis por estimularem precocemente o crescimento em diâmetro.
Entretanto, a madeira inicialmente produzida, até pelo menos os cinco primeiros anos de crescimento, é de qualidade inferior do ponto de vista de propriedades físicas e mecânicas. As árvores normalmente possuem elevadas tensões de crescimento , o que contribui para intensificar o rachamento das extremidades de toras e aumentar o empenamento de peças serradas. Para aumentar a proporção de madeira de boa qualidade, e limitar a madeira de qualidade inferior a um pequeno cilindro central, devem-se executar desbastes e desramas periodicamente. Quando as árvores atingirem maiores idades, haverá prevalência de madeira adulta, de propriedades superiores, mais estável e sem a presença de nós, por isso o período mais longo de rotação comparativamente aos outros usos.
Visando assegurar a adoção de manejo específico para o povoamento e a região de interesse, considerando o potencial de produção e o sortimento específicos do povoamento florestal, como função da idade e dos regimes de manejo, é altamente recomendável utilizar simuladores de crescimento e produção. Neste particular, foi desenvolvido pela Embrapa um programa computacional de gerenciamento de plantações florestais de eucaliptos denominado SisEucalipto®. Este simulador é uma ferramenta de extrema importância para a definição do regime de desbastes ideal para cada povoamento e situação de mercado.

Desbaste

Os desbastes de plantios florestais são necessários quando se deseja obter toras de diâmetros elevados ao final da rotação. Este é o caso da produção de toras para serraria e laminação. As indústrias desse segmento normalmente têm preferência por diâmetros entre 20 cm e 40 cm (Figura 2).
Foto: Paulo Eduardo Telles dos Santos
Figura 2. Plantio jovem de E. dunnii após o primeiro desbaste (intensidade de 30%).

Quando o objetivo for a produção do maior volume possível de madeira de pequenos diâmetros, em espaço de tempo menor até o corte final, como é o caso para fins energéticos, os desbastes não são necessários (FERREIRA e SILVA, 2008).
Como cada sítio admite apenas um determinado valor limite de área basal, ao se reduzir a densidade de árvores, a área basal máxima será o resultado da somatória das áreas basais individuais de número menor de árvores comparativamente à população original. Porém, essas árvores – ditas remanescentes – alcançarão diâmetros maiores. A estratégia mais recomendável é manter o povoamento crescendo a taxas próximas do máximo incremento corrente anual (ICA) em área basal (m²), o que pode ser conseguido através de desbastes periódicos (FERREIRA e SILVA, 2008).
Os desbastes iniciais devem ser dimensionados de forma a proporcionar significativa diminuição da competição, tendo o objetivo de também eliminar árvores mal formadas, tortas, bifurcadas e doentes, mesmo que apresentem dimensões acima da média. Deve-se evitar a retirada de árvores em agrupamentos, sendo ideal procurar manter uma distribuição uniforme de espaço livre entre as árvores remanescentes. Isto evita a formação de clareiras e o crescimento de plantas invasoras entre as árvores. Dessa forma, evita-se também o surgimento de número excessivo de brotações laterais a partir das gemas epicórmicas, que podem prejudicar a qualidade da madeira. Este efeito indesejável ocorre devido ao estímulo provocado pela incidência de luz solar sobre as gemas dormentes existentes ao longo do fuste e também quando as árvores entortam devido a desbastes excessivos (FERREIRA e SILVA, 2008).
Ainda segundo Ferreira e Silva (2008), para certificar que o número de árvores por hectare preconizado permaneça após o desbaste, é recomendável medir o comprimento de duas linhas de plantio que conterão dez árvores, por exemplo, ao final do desbaste. Um método simples de calcular essa distância consiste em multiplicar o número remanescente de árvores por hectare pela distância entre as linhas de plantio e dividir este valor pela área de um hectare (10.000 m²). Em seguida, deve-se dividir por cinco (número de árvores em uma linha) pelo valor anteriormente obtido. O valor resultante é o comprimento de duas linhas onde devem ser deixadas dez árvores.
Aplicando para uma distância entre linhas de 3 m, tem-se:
500 x 3 m = 1.500 m
1.500 m /10.000 m² = 0,15 m¹
5/15 m¹ x 100 = 33,3 m.
Portanto, para se obter a densidade de plantas remanescente pretendida (500 árvores/ha-¹), é necessário deixar dez árvores a cada 33 m de linha dupla.
Deve ser mencionado que não é necessário manter indistintamente, por exemplo, cinco árvores em cada linha de 33 m. Se necessário, pode-se deixar quatro árvores em uma linha e seis na outra, ou outras combinações não muito discrepantes.

Tensões de crescimento

Na árvore viva, as tensões de crescimento são fundamentais para a sustentação do tronco e o equilíbrio das copas, respondendo, portanto, pelo crescimento e desenvolvimento normais da árvore. Os inconvenientes começam por ocasião de sua derrubada e posterior processamento mecânico das toras.
Segundo SANTOS (2006), as rachaduras afetam diretamente o rendimento nas serrarias, pois comprometem a integridade da madeira e o tamanho final das peças serradas. A primeira evidência da liberação das tensões é o aparecimento de rachaduras de extremidade de toras (Figura 3). Os empenamentos, embora também indesejáveis, podem ser contornados mais eficazmente por meio de procedimentos operacionais apropriados de desdobro. O tipo de empenamento associado diretamente às tensões de crescimento é o encurvamento (empenamento longitudinal da face), muito embora existam outros tipos de empenamentos da madeira: arqueamento (empenamento longitudinal da borda), torcimento (empenamento simultâneo em dois eixos) e encanoamento (empenamento transversal da face).
Existe grande variação entre espécies de eucaliptos e mesmo entre árvores pertencentes a uma mesma espécie, como resultado de variações genéticas e ambientais.
Em condições apropriadas de crescimento, objetivando a produção de madeira para serraria, as árvores devem ser conduzidas para formarem troncos grossos e copas simétricas. O ideal é que as árvores cresçam de forma a não sofrerem forte competição entre si, evitando, portanto, que se tornem excessivamente altas e finas e com copas demasiadamente pequenas. Nessas condições, o nível interno de tensões de crescimento tende a ser menor, resultando menos perdas em rendimento durante o desdobro em serraria. Além disso, a madeira produzida sob tais condições tende a ser mais homogênea.
Foto: Paulo Eduardo Telles dos Santos
Figura 3. Extremidade de tora com rachaduras decorrentes da liberação das tensões de crescimento após o corte da árvore.

Regimes de desbaste

Não existe uma receita única que sirva para as inúmeras situações encontradas no campo, até porque há uma séria enorme de fatores que interferem no ritmo de crescimento da plantação florestal. Esses fatores podem ser, por exemplo, fertilidade do solo, disponibilidade hídrica, espaçamento de plantio, espécie, grau de melhoramento do material, condições climáticas, ocorrência de pragas e doenças, entre outros.
A título de exemplos, as Tabelas a seguir ilustram possíveis manejos a serem adotados para o eucalipto para produção final de toras destinadas à serraria/laminação.
Exemplo 1
Desbaste
Idade (anos)
Retirada (%)
Número de árvores remanescentes por ha
7
40
1.200
10
40
720
13
40
430
16
33
280
20
40
180
Corte final
28
100
-
Obs.: população inicial de 2 mil árvores por hectare.
Fonte: Santos, P. E. T. dos
Exemplo 2
Desbaste
Idade (anos)
N° de Árvores
Volume (m³/ha‾¹)
Usos
Inicial
Corte
Restantes
5
1.400
840
560
76
Energia, celulose, carvão
9
560
336
224
164
Celulose, madeira para processamento mecânico
Corte final
20
224
224
0
250
Celulose, madeira para processamento mecânico
350
Serraria e laminação
TOTAL = 840 m³/ha‾¹
Fonte: Santos, P. E. T. dos
Exemplo 3. Simulação de regime de desbaste proposto para E. grandis por meio do uso do programa computacional SisEucalipto®.
Idade (anos)
Árvores removidas por ha
Árvores remanescentes por ha
Porcentagem de desbaste
Volume total de madeira (m³)
Madeira para celulose (m³)
Madeira para desdobro (m³)
0
0
1.047
-
-
-
-
5
647
400
62
288,3
143,4
0
8
200
200
50
320,9
108,8
34,4
15
200
0
100
409,4
90,2
306,4
Fonte: Santos, P. E. T. dos

Marcação para desbaste

A marcação do desbaste é uma operação especializada para a qual é necessário treinamento e discernimento para reconhecer as árvores que devem ser retiradas e as que devem permanecer, ressaltando-se a importância de uma operação homogênea dentro do talhão (FERREIRA e SILVA, 2008).
Uma forma prática de identificar as árvores a serem removidas é fazer a retirada superficial de uma pequena quantidade de casca utilizando-se facão ou foice, e que seja facilmente visível ao operador durante o corte propriamente dito. Outra forma de marcação é assinalar a superfície da casca usando-se tinta branca e trincha, fazendo-se uma faixa ou desenhando-se um “X”. Essa identificação deve ser feita a uma altura prática, ou seja, por volta do diâmetro à altura do peito (DAP).




sexta-feira, 1 de junho de 2018

Doenças da Eucalipto



O eucalipto é atacado por vários patógenos, principalmente fungos, desde a fase de viveiro até os plantios adultos. Esses problemas são observados nas plantações, ocorrendo nos mais variados locais, espécies e épocas do ano.
As doenças do eucalipto são: tombamento de mudas; mofo cinzento; oídio; podridão da raiz; podridão de estacas; cancro do eucalipto; ferrugem; manchas foliares; seca de ponteiros.
As estratégias de controle de doenças em eucalipto podem ser agrupadas em quatro categorias: tratos culturais, químicos, físicos e biológicos. Além destas, existe a seleção de espécies resistentes contra os patógenos e condições edafoclimáticas adversas.

Esta solução tecnológica foi desenvolvida pela Embrapa em parceria com outras instituições.

Introdução

O eucalipto pode ser atacado por vários patógenos, principalmente os fungos, desde a fase de viveiro até de plantio adulto.
As principais doenças são:
Tombamento de mudas
Sintomas e sinais
Lesão necrótica na região do colo da plântula que progride para a murcha, encurvamento e secamento dos cotilédones e posterior morte. Em geral, o tombamento de plântulas ocorre em reboleira.
Causas
A doença decorre do ataque dos fungos dos gêneros Botrytis, Cylindrocladium, Fusarium e Rhizoctonia nas fases de germinação, emergência e pós-emergência, destruindo as plântulas. Os fungos podem ser veiculados em sementes infestadas, substratos e água de irrigação contaminados. As condições de alta umidade no viveiro favorecem ao ataque e disseminação dos patógenos.
Controle
Para o controle desta doença, as seguintes medidas devem ser adotadas:
  1. usar sementes e água de irrigação livres de patógenos;
  2. usar substratos comerciais com boa drenagem;
  3. semear diretamente em tubetes suspensos;
  4. evitar sombreamento excessivo das mudas;
  5. ralear as plântulas o mais cedo possível;
  6. selecionar as mudas para descarte das doentes e mortas;
  7. retirar tubetes sem mudas;
  8. aplicar adubação equilibrada nas mudas;
  9. irrigar de forma a evitar a falta ou excesso de umidade.
Podridão de raízes em mudas
Sintomas e sinais
Os sintomas se caracterizam pelo amarelecimento das folhas, a seca do terço superior do caule e o escurecimento das raízes. Atacam mudas estressadas, por exemplo, quando submetidas ao excesso de umidade no substrato.
Causas
A doença decorre do ataque de fungos dos gêneros Fusarium e de Phytophthora, destruindo as raízes. Os patógenos podem ser veiculados em sementes infestadas, substratos e água de irrigação contaminados.
Controle
As medidas empregadas para o controle do tombamento de mudas também são eficientes para o controle da podridão de raízes.
Podridão de estacas
Sintomas e sinais
Podridão que ocorre em estacas de eucalipto, durante a produção de mudas por estaquia. O patógeno causa o apodrecimento das estacas e miniestacas.
Causas
Essa doença é causada por vários fungos, destacando-se Botrytis, Colletotrichum, Cylindrocladium, Fusarium e Rhizoctonia. Condições inadequadas de higiene e de manejo das estufas, temperatura e umidade elevadas são condições favoráveis à podridão de estacas.
Controle
Efetuar a limpeza e desinfestação das estacas e das estufas com jato de água e produtos à base de cloro.
Mofo-cinzento
Sintomas e sinais
A doença é caracterizada pela morte de plântulas e mudas, além de causar podridão de estacas. Sobre as partes lesionadas ocorre a formação de um mofo acinzentado.
Causas
Essa doença é causada pelo fungo Botrytis cinerea. O patógeno pode penetrar diretamente ou por ferimentos e injúrias causadas por geadas.
Controle
Para o controle dessa doença, as recomendações são as mesmas das preconizadas para o tombamento de mudas. Recomenda-se, também, o uso de sombrite ou telado para proteção das mudas muito jovens em épocas de geadas.
Manchas foliares bacterianas
Sintomas e sinais
A doença é caracterizada por manchas foliares de aspecto úmido e translúcido e que se transformam em manchas com lesões necróticas e ressecadas. Como consequência, ocorre intensa desfolha em mudas e em árvores atacadas.
Causas
Essa doença é causada pelas bactérias dos gêneros Pseudomonas e Xanthomonas.
Controle
Para o controle dessa doença em mudas, as recomendações são as mesmas das preconizadas para o tombamento de mudas.
Oídio
Sintomas e sinais
A doença é caracterizada pelo recobrimento de um mofo esbranquiçado, pulverulento, sobre a face superior de folhas jovens e brotações em mudas de eucalipto. O ataque do patógeno causa a deformação dos tecidos afetados, ressecamento e queda de folhas.
Causas
Essa doença é causada pelo fungo Oidium eucalypti. O oídio é comum em mudas e minicepas em viveiro, em minijardim onde haja pouco ou nenhum molhamento foliar.
Controle
Garantir um bom molhamento das mudas para dificultar a disseminação e infecção. A aplicação de leite cru (5% a 10%) e de fungicidas promovem um bom controle.
Mancha foliar por Cylindrocladium
Sintomas e sinais
A doença é caracterizada por manchas foliares circulares e de coloração vermelho-arroxeada sobre as folhas. Como consequência, ocorre intensa desfolha em mudas e em árvores atacadas. O patógeno pode causar também lesões necróticas em ramos.
Causas
Essa doença é causada por várias espécies de Cylindrocladium. Este fungo pode causar também um sintoma de canela-preta, que são lesões escuras na base da muda.
Controle
Para o controle dessa doença em mudas, as recomendações são as mesmas das preconizadas para o tombamento de mudas. Recomenda-se, em especial, a retirada de folhas e mudas mortas pelo patógeno e, em casos extremos, a aplicação de fungicidas no viveiro. No caso do controle da doença no campo, recomenda-se o plantio de espécies/clones resistentes.

Ferrugem

Sintomas e sinais
A doença é caracterizada pelo recobrimento de esporos de coloração amarelada, de forma pulverulenta, sobre brotações e folhas jovens de eucalipto. O patógeno coloniza os tecidos produzindo essa esporulação, causando deformação dos tecidos, necrose, hipertrofia e verrugoses em mudas e árvores jovens. Essa doença também é encontrada em outras plantas da mesma família do eucalipto como a goiabeira, pitanga, jabuticabeira, entre outras.
Causas
Essa doença é causada pelo fungo Puccinia psidii. Condições climáticas com temperaturas entre 18 ºC a 25 ºC e umidade relativa alta (acima de 80%) são as mais favoráveis à ocorrência da doença.
Controle
Se possível, utilizar material resistente ao patógeno. No caso de viveiros, aplicar fungicidas em casos extremos.
Cancro
Sintomas e sinais
A doença é caracterizada pelo secamento da copa e morte de árvores jovens em consequência do estrangulamento da base da árvore. O primeiro sintoma é o fendilhamento da casca e seu intumescimento. Outros sintomas visíveis são a formação de cancro no tronco, com depressão e rompimento da casca em fitas e a exsudação de quino.
Causas
Essa doença é causada pelo fungo Cryphonectria cubensis.
Controle
Uso de germoplasmas resistentes (espécies, procedências, híbridos e clones).
Murcha bacteriana por Ralstonia
Sintomas e sinais
A doença se inicia por um avermelhamento ou amarelecimento da copa em árvores com idade entre quatro e oito meses. Posteriormente, desenvolve-se a murcha da folhagem, a queda parcial de folhas e o secamento da copa. Ao cortar-se a planta, pode ser obervada a exsudação de pus bacteriano no caule.
Causas
Essa doença é causada pela bactéria Ralstonia solanacearum.
Controle
Como medida de controle, recomenda-se evitar: o plantio de mudas passadas, o dobramento e a compactação da extremidade das raízes no plantio e o preparo de solo para plantio que favoreça o afogamento do coleto. Uso de espécies ou procedências resistentes é outra medida recomendada.
Murcha por Ceratocystis
Sintomas e sinais
A doença se inicia por um amarelecimento e murcha da copa em árvores jovens. Posteriormente, desenvolve-se a queda parcial de folhas e o secamento da copa. Ao se cortar a planta, pode ser observada a descoloração do lenho do caule, de forma radial a partir da medula. Essa doença também pode ser encontrada em mangueira, cacaueiro, figueira, guapuruvu, entre outras espécies florestais.
Causas
Essa doença é causada pelo fungo Ceratocystis fimbriata. Ferimentos, temperatura e umidade elevadas são condições favoráveis à doença.
Controle
O uso de espécies ou procedências resistentes é uma medida recomendada.
Rubelose do eucalipto
Sintomas e sinais
A doença se inicia com lesões e sinais em galhos e na haste principal de árvores com idade entre dois a cinco anos, causam anelamento e cancros, com posterior morte de galhos e hastes. Sobre as lesões, forma-se um crescimento fúngico de coloração rosa-salmão que dá nome à doença.
Causas
Essa doença é causada pelo fungo Erytricium salmonicolor.
Controle
Uso de germoplasmas resistentes (espécies, procedências, híbridos e clones).
Mancha foliar por Mycosphaerella
Sintomas e sinais
A doença é caracterizada por manchas foliares circulares, anelares ou irregulares, de coloração variando de palha a marrom-clara e marrom-escura sobre as folhas. Essas lesões podem se reunir tomando toda a folha e induzindo à desfolha em mudas e árvores atacadas. A doença ataca geralmente as folhas em fase juvenil.
Causas
Essa doença é causada por várias espécies de Mycosphaerella. Condições climáticas de altas temperaturas e umidade relativa são favoráveis à ocorrência da doença.
Controle
Para o controle dessa doença em mudas, as recomendações são as mesmas das preconizadas para o tombamento de mudas. Recomenda-se, em especial, a retirada de folhas e de mudas mortas pelo patógeno e, em casos extremos, a aplicação de fungicidas no viveiro. No caso do controle da doença no campo, recomenda-se o plantio de espécies/ clones resistentes.
Podridão do cerne de árvores vivas
Sintomas e sinais
A doença é caracterizada por uma podridão interna de coloração esbranquiçada ou parda que ocorre mais pronunciadamente na região medular. Externamente, a árvore não apresenta sintomas que auxiliem uma diagnose mais apurada.
Causas
Essa podridão é causada por vários grupos de fungos decompositores de madeira.
Controle
O uso de germoplasmas resistentes (espécies, procedências, híbridos e clones) é uma medida recomendada.
Existem, também, problemas de ordem fisiológica ou origem abiótica como a:
Mortalidade de árvores jovens no campo
Sintomas e sinais
O sintoma se inicia com o amarelecimento da planta, seguido pelo murchamento nas horas mais quentes do dia. Na base da árvore, pode ser observado um intumescimento ou depressão na casca, com surgimento de necrose da casca, na linha do solo. As plantas apresentam-se pouco desenvolvidas e os sintomas terminam com a morte da árvore.
Causas
No caso do afogamento do colo, o problema tem origem no enterrio de parte do caule das mudas e o aterramento da muda no campo, decorrente de descuido nos tratos culturais ou de enxurrada de solo e água (chuvas intensas). No caso do aquecimento excessivo do colo, normalmente no período de verão, ocorrem altas temperaturas na base da muda recém-plantada no campo. Nos dois casos, podem surgir patógenos secundários nos tecidos necrosados, os quais participam do processo de morte da planta.
Controle
Efetuar o plantio das mudas no campo, tão logo finde o inverno, para permitir a formação de um tecido mais resistente para suportar a insolação durante o período de verão. Fazer a proteção da base da planta com cobertura morta, aproveitando resíduos da limpeza de área para plantio como capim e folhagem. Cuidados no preparo de solo da muda e no plantio para evitar o afogamento da muda. Evitar o uso de mudas passadas e com raízes enoveladas. Evitar o entortamento de raízes durante o plantio.
Complexos etiológicos
Sintomas e sinais
Nesta classificação, existem quatro complexos a serem comentados: a seca de ponteiros do Vale do Rio Doce (SPEVRD), a seca de ponteiros de Arapoti (SPEA), a seca de ponteiros por falta de boro e a seca da saia do Eucalyptus viminalis. A SPEVRD e a SPEA apresentam alguns sintomas similares: minicancros e secamento das porções apicais dos ramos e galhos, redução do crescimento e a perda de touças e árvores severamente afetadas. Os sintomas da SPEVRD ocorrem em plantas com mais de um ano, em baixadas e, no caso da SPEA, ocorre em plantas com menos de sete meses, em locais mais altos. Os sintomas da seca de ponteiros por falta de boro são: encarquilhamento de folhas jovens, clorose das bordas do limbo até ocorrer necrose, ramos flácidos sem forma cilíndrica, fendilhamento da casca, formação de cancro e estrangulamento da haste e bifurcação do tronco. Os sintomas da seca da saia são o secamento geral da folhagem e a morte de árvores.
Causas
Em todos esses complexos, existem fatores ambientais adversos que favorecem a ocorrência de distúrbios fisiológicos, predispondo as árvores ao ataque de insetos e a associação de patógenos secundários. No caso da SPEVRD e SPEA, condições locais de alta precipitação pluviométrica predispõem à doença. No caso da seca de ponteiro por boro, existe a falta de disponibilidade desse elemento no solo. No caso da seca da saia, invernos muito chuvosos e solos muito ácidos favorecem o problema.
Controle
O retorno das condições ambientais adequadas normalmente promove a recuperação do desenvolvimento normal das árvores. Existe tolerância das plantas ao problema da SPEVRD e SPEA, a partir do quarto ano. Também há a possibilidade de seleção de clones resistentes ou tolerantes. No caso da seca por falta de boro, a aplicação do elemento no solo durante o plantio pode evitar ou minimizar os danos do problema. Quanto à seca da saia, deve-se evitar o plantio de E. viminalis em áreas frias com registro da doença e plantar outras espécies, como E. dunnii ou E. benthamii.
Gomose e pau-preto
Sintomas e sinais
A gomose é caracterizada pela exsudação e escorrimento de quino (goma) de coloração marrom-escura, em pontos no tronco. O pau-preto é denominado como a generalização do escorrimento de quino por todo o tronco e o seu escurecimento.
Causas
A gomose pode ser uma resposta ao ataque de patógenos, injúrias causadas por ferramentas, animais, insetos, granizo, geada, excesso de temperatura, déficit hídrico, ventos fortes e deficiência mineral (boro). Tem-se a noção de que espécies inadequadas às condições edafoclimáticas costuma expressar o pau-preto e a gomose.
Controle
Como medidas, recomenda-se que se evitem injúrias nas árvores, seja feita uma correção do solo para evitar a deficiência de boro e que se faça o plantio de espécies e clones resistentes e mais adaptados à região que se pretende plantar o eucalipto.
Eventos climáticos adversos
Sintomas e sinais
Existem pelo menos três eventos adversos às plantas: geada, granizo e descargas elétricas. A geada causa desde a queima de ponteiros até a perda total da copa, bronzeamento de folhas, morte de mudas e de árvores jovens. A queda de granizo causa a queda de folhas, descascamento de ramos, hastes e árvores, surgimento de pequenos cancros em ramos e hastes, seca de ramos e morte de árvores. As descargas elétricas causam a queima e quebra de ramos, fendilhamento da casca e do lenho, explosão do tronco e da árvore e morte de árvores.
Causas
Eventos climáticos que ocorrem eventualmente em viveiros e plantações. No caso da geada, ocorre um declínio brusco da temperatura ambiente e congelamento, com ou sem formação de crosta de gelo sobre a planta. Com o granizo ocorre o impacto da chuva de pedras de gelo sobre a planta. As descargas elétricas atuam pela passagem de uma corrente de energia elétrica de alta voltagem (raios).
Controle
Para a geada, proteger as mudas em viveiros e plantar espécies ou procedências tolerantes ou resistentes. Como esses problemas decorrem de eventos climáticos ocasionais e localizados, não existem meios para evitá-los. Somente registrar e acompanhar as ocorrências para não confundí-los com sintomas de doenças.
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