terça-feira, 22 de maio de 2018

Calagem na Cultura do Eucalipto

Calagem

A maioria dos solos brasileiros, notadamente aqueles em que estão ocorrendo a expansão da eucaliptocultura, como os solos sob cerrados ou sob condições subtropicais do Sul do País, apresentam características de acidez, toxidez de Al e/ou Mn e também baixos níveis de Ca e Mg. Para incorporação destes solos ao processo produtivo é imprescindível a correção desses problemas através da prática da calagem que é a maneira mais simples para atingir este objetivo.
Além do mais, o calcário é um insumo relativamente barato, abundante no País, essencial para o aumento da produtividade, de tecnologia de produção simples e, sobretudo, poucas práticas agrícolas dão retornos tão elevados no curto prazo. Normalmente, é recomendada a aplicação de calcário dolomítico, que contém além do Ca, maior concentração de Mg.
Recomendação de calagem
De uma forma geral, as espécies de eucaliptos plantadas no Brasil são tolerantes à acidez do solo. A calagem tem como objetivo maior elevar os teores de Ca e Mg nos solos do que a correção do pH propriamente dita. Normalmente, as quantidades recomendadas elevam o pH a valores próximos de 5,5.
Três métodos são recomendados para determinar a quantidade de calcário a ser aplicado. Um método é baseado nos “Teores Trocáveis de Alumínio” no solo, o outro na “Saturação por Bases” e também há o método baseado no “Índice SMP”, conforme mostrados a seguir:
1) Teores de Alumínio Trocável do Solo
Segundo a Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais (1999), este método é utilizado principalmente neste estado e na região dos Cerrados (Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso). Nesse método, as doses de calcário são calculadas visando neutralizar o Al trocável e/ou fornecer cálcio e magnésio, quando os teores desses nutrientes estiverem abaixo de 2 cmolc/dm-³.
A fórmula para o cálculo é dada a seguir:
NC = Y x Al + [X – (Ca + Mg)]
Em que:
NC : Necessidade de calagem (t/ha-¹ de um calcário com PRNT de 100%);
Y : 1 (para solos arenosos, com menos de 150 g kg-¹ ou 15% de argila);
Y : 2 (para solos de textura média, entre 150 e 350 g kg-¹ ou 15 e 35% de argila);
Y : 3 (para solos argilosos, com mais de 350 g kg-¹ ou > 35% de argila);
X : 2 (para a maioria das culturas);
X : 3 (para o eucalipto);
X : 4 (para o cafeeiro).

Observações:
  1. Na fórmula acima, se a soma dos teores de Ca + Mg do solo já estiverem acima de 2 cmolc/dm-³ (ou 20 mmolc/dm-³), considera-se a parte entre os colchetes igual a zero. Em outras palavras, se a operação dentro dos colchetes fornecer um valor negativo, deve ser considerada como zero.
  2. Na prática, não é aconselhável aplicar doses muito elevadas de calcário para o eucalipto pois, além de se tornar onerosa, ela pode interferir na estrutura do solo e na microfauna. Assim, o ideal é aplicar no máximo 2 t/ha-¹ . Caso seja necessária uma aplicação maior, por exemplo, 4 t/ha-¹ , é aconselhável dividir em duas aplicações. A primeira aplicação antes ou durante o plantio e a segunda quando as plantas estiverem com 30 a 36 meses de idade, isto é, junto com a adubação de manutenção.
2) Método de Saturação por Bases
Método utilizado no Estado de São Paulo (IAC, 1996), Paraná e, em alguns casos, na região dos Cerrados. Baseia-se na estreita correlação existente entre o nível de acidez do solo (pH) e V%, ou seja, quanto maior o pH, maior o V%.
Desta forma, calculando-se as doses de calcário para elevar V% até valores adequados, automaticamente se estará elevando o pH do solo e eliminando-se as consequências indesejáveis do excesso de acidez (deficiência de Ca e Mg e toxidez de Al).
Quando o solo apresenta V% abaixo do desejado, os cálculos da dose de calcário a aplicar são feitos pela seguinte fórmula:
NC = [(V2 – V1)/100] x T
Em que:
NC: necessidade de calagem (t/ha-¹ de um calcário com PRNT de 100%);
V2 : saturação por bases desejada;
V1 : saturação por bases atual;
T : capacidade de Troca Catiônica do Solo (CTC ) (em cmolc/dm-³).

Observação: Em geral, recomenda-se a calagem quando a saturação por bases do solo encontra-se mais de 10% abaixo do recomendável para as culturas. Caso contrário, não há necessidade de aplicação ou as doses são muito baixas, dificultando uma distribuição homogênea.
3) Método do Índice SMP
Utilizado nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, baseia-se na correlação existente entre o índice SMP e a acidez potencial do solo (H + Al).
Quanto mais baixo o índice SMP, maior a quantidade de H+Al do solo e, portanto, maior a quantidade de calcário a ser aplicada para atingir o pH adequado neste solo.
Estudos apurados, realizados com os vários tipos de solo da região, permitiram relacionar o índice SMP com a dose de calcário a ser aplicada para atingir um pH adequado (5,5; 6,0 ou 6,5, dependendo da cultura). Desta forma, com o valor do índice de SMP fornecido no resultado de análises do solo, basta consultar tabelas, as quais já possuem os valores de calcário a aplicar, em termos de t/ha-¹.
Observação: Segundo a Comissão de Fertilidade do Solo do RS e SC (1994), em algumas situações específicas, o Índice SMP fornecido no laudo analítico pode não indicar adequadamente a quantidade de corretivo necessária. Por exemplo, em solos pouco tamponados, principalmente os arenosos, o Índice SMP pode não indicar a necessidade de calagem, embora o pH do solo esteja em nível inferior ao desejado. Neste caso, indica-se a quantidade de corretivo com base nos teores de Al trocável e de matéria orgânica do solo.
Cuidados importantes nas recomendações de calagem
  • Todos os métodos de recomendação de calagem fornecem resultados para um calcário com PRNT de 100%;
  • Caso o calcário adquirido tenha um PRNT diferente de 100%, é necessário fazer a correção da dose a ser aplicada;
  • Para isso, multiplica-se a dose recomendada por um fator calculado do seguinte modo:

    = [100/PRNTcom]

    Em que:

          f : fator de correção da dose recomendada;
          PRNTcom = : Poder relativo de neutralização total da fonte comercial.

    Supondo-se uma dose recomendada de 2,0 t/ha-¹ e um calcário comercial com 80% de PRNT, tem-se os seguintes cálculos:
    f = [100/80] = 1,25
    A dose a ser aplicada será igual a 2,0 t/ha-¹ x 1,25 = 2,5 t/ha-¹.
  • Todos os métodos de recomendação baseiam-se em uma profundidade de incorporação de calcário de 20 cm. Caso o calcário seja incorporado numa profundidade maior ou menor que esta, será necessário aumentar ou reduzir proporcionalmente a dose, conforme exemplos a seguir:
    • Incorporação a 10 cm: dose recomendada x 0,5;
    • Incorporação a 30 cm: dose recomendada x 1,5;
    • Incorporação a 40 cm: dose recomendada x 2,0.

Épocas de aplicação

Identificada a necessidade de se fazer correções no solo, o próximo passo é determinar a época mais adequada para aplicar o calcário e o fertilizante. A calagem para a cultura do eucalipto pode ser realizada antes ou durante o plantio e a adubação depende da espécie utilizada, do solo, da idade das plantas e da intensidade da colheita. Quando o solo é muito ácido (p.ex.: pH abaixo de 4,0) ou apresenta baixos teores de Ca e Mg, a aplicação de calcário antes do plantio e durante a rotação da cultura é necessária.
Normalmente, a adubação é realizada em duas etapas. A primeira, chamada de adubação fundamental, é feita antes ou no momento do plantio, utilizando nitrogênio, fósforo e potássio. A segunda, chamada de adubação de manutenção, é realizada quando as árvores têm entre três a 3,5 anos de idade. Muitas vezes é recomendada, para solos de baixa capacidade de troca de cátions, a aplicação em cobertura de cloreto de potássio em três a cinco vezes para se evitar perdas por lixiviação. Em solos com altos teores de cálcio e magnésio, a adubação de manutenção é realizada apenas com o cloreto de potássio.


sexta-feira, 18 de maio de 2018

Adubação na Cultura do Eucalipto


A produtividade de grande parte das plantações de eucalipto está aquém de seu potencial, havendo boas possibilidades de elevá-la. Isso pode ser alcançado com adequada alocação do genótipo ao ambiente e concomitantemente ao uso de práticas corretas de manejo do solo, dentre as quais a adubação tem especial destaque.
O ritmo de silvicultura intensiva, com rotações de ciclo curto e uso de genótipos com alta capacidade extrativa de nutrientes, acelera o processo de exaustão nutricional dos solos. Os genótipos de eucalipto têm alto potencial produtivo, mas que se expressam melhor se houver a suplementação de nutrientes aos solos onde esses são limitantes. Sem adubações regulares, a produtividade média diminuiria para patamares iguais ou inferiores a 15-20 m³/ha-¹.ano-¹. Ou seja, devido à baixa fertilidade e reserva de minerais primários da maioria dos solos brasileiros e à perda de nutrientes do ecossistema (colheita, erosão, lixiviação e volatilização), a fertilidade do solo rapidamente retorna ao nível anterior ao existente pré-adubação, ou mesmo inferior. Logo, a reposição de nutrientes, via adubação mineral ou outra fonte alternativa, é fator essencial à sustentabilidade florestal (GONÇALVES, 2009).
Por outro lado, duas das finalidades essenciais da análise de solo são: a verificação da necessidade de aplicação de corretivos e a recomendação dos nutrientes e respectivas doses a serem aplicadas na adubação.
De posse dos resultados analíticos de uma gleba, o primeiro passo é a verificação da necessidade ou não de calagem. A seguir, verifica-se a adubação, seguindo as seguintes etapas:
  • Classificação dos teores de fósforo e potássio e obtenção das doses de nitrogênio (N), fósforo (P2O5) e potássio (K2O) a serem aplicadas, consultando, para isso, as tabelas no item específico sobre adubação deste documento;
  • Transformação das doses de (N), fósforo (P2O5) e potássio (K2O) em doses de fertilizantes comerciais e elaboração de uma recomendação detalhada.

Adubo mineral

Os nutrientes mais frequentemente utilizados nas adubações de espécies de eucaliptos são N, P e K e, com menor frequência, B e Zn. Ca e Mg são aplicados através de calagem. Em plantações florestais, é comum o uso de adubo simples, formado por apenas um composto químico. Neste caso, normalmente são utilizados: sulfato de amônio e uréia, como fontes de nitrogênio; superfosfato simples, superfosfato triplo e fosfato natural, como fontes de fósforo; cloreto de potássio e sulfato de potássio, como fontes de potássio; bórax, como fonte de boro.
Além dos adubos simples, existem os adubos formados a partir da mistura de dois ou mais fertilizantes, os quais, representados por formulações, são denominados de adubos mistos. A formulação do fertilizante varia de região para região, e de acordo com a cultura na qual será aplicada. De maneira geral, na atividade florestal, o fósforo é colocado em maior quantidade do que os outros elementos, por ser normalmente aquele que apresenta maiores problemas com a adsorção pelos sítios de troca do solo, tornando-o menos disponível para as plantas.
Estrategicamente, é preciso que se criem condições interinstitucionais e legais para adubar plantações com fontes alternativas de nutrientes, como os resíduos industriais e urbanos, produzidos em grande quantidade. Há boa disponibilidade de resultados de pesquisas comprovando a eficácia desses resíduos, que, se aplicados adequadamente, apresentam baixo risco ambiental, como qualquer outro insumo artificial. Além da possibilidade de diminuir os custos de adubação, o uso em grande escala dessa prática pode resolver graves problemas ambientais, como os gerados pelos aterros sanitários, o que constitui um valor extra à atividade silvicultural. O aumento de produtividade em grande escala, no nível do grande e do pequeno produtor, nunca foi tão estratégico, se for levado em conta a escassez e o alto custo da terra próxima à indústria e à baixa fertilidade dos solos disponíveis (GONÇALVES, 2009).
A adubação torna-se necessária em situações em que a quantidade de nutrientes disponível no solo não é suficiente para o adequado crescimento e desenvolvimento das plantas. Essa situação é comum na área florestal, uma vez que a maioria dos solos utilizados para o cultivo das espécies plantadas são naturalmente pobres ou foram empobrecidos pela intensificação das rotações pecuárias, agrícolas ou florestais a que são submetidos. Os produtos e quantidades desses a serem aplicados dependem das necessidades das espécies ou híbridos, da fertilidade do solo, da reação e da eficiência dos produtos no solo e de fatores de ordem econômica.

Avaliação da necessidade de adubação

São três os métodos mais utilizados para a avaliação da fertilidade do solo e do estado nutricional das plantas:
1 - Análise química do solo
A possibilidade de avaliar a fertilidade do solo e prever o estado nutricional e o desenvolvimento das plantas a serem cultivadas na área amostrada faz da análise química do solo a ferramenta mais importante na avaliação da necessidade de adubação.
Amostragem do solo
A amostragem do solo é uma etapa crítica no processo de avaliação da fertilidade do solo. Para que a amostra coletada represente adequadamente a área, dois princípios devem ser seguidos com rigor:
a)  A área amostrada deve ser a mais homogênea possível, e
b)  Um grande número de amostras simples ou sub-amostras devem ser coletadas na área a ser avaliada.
A coleta de amostras deve ser feita na camada de 0-20 cm, por ser o local mais intensivamente explorado pelas raízes do eucalipto. No entanto, as camadas mais profundas também devem ser analisadas para se avaliar possíveis restrições ao desenvolvimento das raízes, uma vez que, além de contribuir para a nutrição das árvores, o crescimento das raízes em profundidade é importante para o suprimento de água para as mesmas.
Cada amostra deve representar uma área homogênea máxima de 50 ha e deve ser composta de no mínimo 20 amostras simples.
2 - Análise química de tecidos vegetais
O estado nutricional da plantas é um reflexo do conteúdo de nutrientes nos tecidos e esse um reflexo da disponibilidade de nutrientes no solo.
Fatores internos e externos às plantas interferem na composição química dos seus tecidos. Por isso, a amostragem precisa ser padronizada quanto à época, tipo de tecido, posição na árvore e ser representativa da população amostrada. O compartimento composto pelas folhas é o que melhor reflete o estado nutricional das árvores, com relação significativa entre a disponibilidade de nutrientes no solo e os seus teores nas folhas, relação essa que interfere diretamente na produtividade.
Amostragem de folhas
Recomenda-se coletar amostras em árvores dominantes, de folhas recém maduras, do meio da copa, durante o verão. Dependendo do regime de chuva e temperatura no período, algumas variações podem ocorrer e, neste caso, as folhas que deveriam ser amostradas podem não estar completamente formadas e/ou ainda não totalmente maduras.
As folhas devem estar completamente formadas. Nestas condições, as folhas apresentam as seguintes características: aspecto e cor - lisa e brilhante, com coloração verde escura na parte superior e verde pálida na inferior; forma lanceolada.
Para efetuar a coleta, selecionar os galhos do meio da copa e desses coletar as folhas 3, 4, 5 e 6, conforme ilustração contida na figura 1. Caso a folha 3 não esteja completamente formada e/ou ainda não totalmente madura, recomenda-se coletar apenas as folhas 4, 5 e 6.

Figura 1. Esquema ilustrativo da região de seleção de galhos e posição de coleta das folhas recém maduras de Eucalyptus, para avaliações nutricionais.
Fonte: BELLOTE, A. F. J.; SILVA, H. D. da. Técnicas de amostragem e avaliações nutricionais em plantios de Eucalyptus spp. In: GONCALVES, J. L. de M.; BENEDETTI, V. (Ed.). Nutrição e fertilização florestal. Piracicaba: IPEF, 2000. p. 105-133. Crédito da ilustração não informado na publicação original.
Recomenda-se que cada amostra seja composta por, no mínimo, três árvores dominantes. O número total de amostras compostas, por área, depende, dentre outros fatores, do local, tipo de solo e do material genético plantado.
Em termos práticos, recomenda-se a coleta de dez a 20 amostras compostas por gleba homogênea quanto às características de solo, idade do povoamento e manejo silvicultural.
A interpretação das análises expressas em teor do nutriente nas folhas indica a necessidade ou não de reposição do nutriente. Na Tabela 1 são apresentados os teores mínimos e máximos comumente encontrados e as faixas de teores de nutrientes considerados adequados para o eucalipto.
Tabela 1. Faixas de teores de macro e micronutrientes considerados adequados para o eucalipto.
Elemento
Teores observados*
Teores adequados*
Mínimos
Máximos
N
(g/kg)
8,1
23,0
20,0 - 22,0
P
(g/kg)
0,7
1,3
0,9 - 1,4
K
(g/kg)
3,8
11,4
7,5 - 8,3
Ca
(g/kg)
3,8
15,1
3,8 - 6,0
Mg
(g/kg)
1,2
3,4
2,6 - 6,2
B
(mg/g)
12,0
104,0
20,0 - 60,0
Fe
(mg/g)
62,0
491,0
80,0 - 200,0
Mn
(mg/g)
151,0
2875,0
300,0 - 700,0
Zn
(mg/g)
2,0
39,0
10,0 - 15,0





Fonte: * Bellote, 2005.
Caso não seja feita precocemente, dificilmente as deficiências nutricionais identificadas pela análise de tecido poderão ser corrigidas sem prejuízos ao crescimento das árvores.
3 - Diagnóstico com base em sintomas visuais
O método baseia-se no princípio de que cada nutriente exerce sempre as mesmas funções. Qualquer que seja a espécie de planta, os sintomas provocados pela sua deficiência apresentam padrões característicos e se manifestam pela redução do crescimento, mudança nos padrões de cor e deformações na parte aérea.
Da mesma forma que a análise química de tecidos, o método tem como desvantagem em relação à análise química do solo o fato de os sintomas visuais aparecerem quando o crescimento das árvores já foi comprometido, além de não indicar o grau da deficiência. Todavia, o método é útil em plantios jovens, auxiliando na avaliação dos efeitos da adubação realizada.
Alguns cuidados devem ser tomados na realização do diagnóstico nutricional com base em sintomas, tais como:
a) Generalização do sintoma: em caso de deficiência, o sintoma geralmente aparece em grandes glebas ou talhões, não ocorrendo em plantas isoladas ou em reboleira;
b) Gradiente do sintoma: os nutrientes apresentam diferentes graus de mobilidade na planta. No caso de elementos móveis, os sintomas são mais intensos nas folhas mais velhas. Por outro lado, no caso de nutrientes pouco móveis ou não móveis, os sintomas são tanto mais acentuados quanto mais nova for a folha;
c) Simetria do sintoma: num ramo, as folhas de um par ou as folhas sucessivas devem apresentar o sintoma característico.
Na Tabela 2 são apresentados os principais sintomas apresentados pelos eucaliptos na ocorrência de deficiências nutricionais.
Tabela 2. Sintomas decorrentes de deficiência nutricional em eucaliptos.
Sintoma de deficiência nos órgãos mais velhos
(parte inferior da copa e base dos galhos)
Sintomas
Nutriente
Inicialmente, ocorre a clorose uniforme nas folhas, resultando em coloração verde clara do limbo, as quais evoluem para tons mais avermelhados ou amarelados, dependendo da espécie. As folhas entram em senescência precoce e consequente abscisão e queda das mesmas. Redução no crescimento e produção de sementes.
N
As folhas apresentam coloração verde escura, mostrando-se arroxeadas próximo às nervuras e com pontuações escuras ao longo do limbo, podendo evoluir para necroses. Folhas com crescimento reduzido. Normalmente, ocorre redução no crescimento das árvores e na produção de sementes.
P
No início, as folhas apresentam avermelhamento das bordas que progride em direção ao centro da folha. Segue-se a necrose nas pontas das folhas e a sua senescência precoce. Aumento da sensibilidade das árvores à deficiência hídrica do solo.
K
Clorose entre as nervuras das folhas, com reticulado verde e grosso sobre o fundo amarelo. Em caso de a deficiência ser acentuada, segue-se a necrose.
Mg
Sintoma de deficiência nos órgãos mais jovens
(terço superior da copa e ponta dos galhos)
Sintomas
Nutriente
As folhas mostram leve clorose ou avermelhamento uniforme.
S
Clorose evoluindo para necrose nas margens e pontas das folhas. Encarquilhamento das margens do limbo, as quais ficam voltadas para o lado superior da folha. Apesar de bem menos frequente que a deficiência de B, pode ocorrer a morte das gemas apicais, podendo, em estágios mais avançados, ocorrer a seca de ponteiro.
Ca
As folhas novas apresentam intensa clorose marginal, seguida de secamento das margens. Folhas menores, mais grossas, encarquilhadas e quebradiças. As nervuras tornam-se extremamente salientes com posterior necrose (aspecto de “costelamento”). Algumas espécies expõem fissuras na casca, de onde podem exudar gomas escuras. No estágio final, observa-se seca de ponteiro e morte descendente dos ramos, com posterior superbrotamento das gemas laterais, resultando na bifurcação do tronco. Pode ocorrer quebra do ponteiro. Deficiência na polinização e atraso no florescimento.
B
Limbo estreito e alongado (forma lanceolada) com clorose entre as nervuras, redução no comprimento dos intermédios e formação de tufos terminais de folhas, tipo roseta. Com a perda da dominância apical, ocorre um superbrotamento das gemas. A árvore fica sem ponteiro dominante, acarretando uma redução no crescimento em altura.
Zn
Clorose internerval, resultando em folhas com reticulado verde e fino com fundo amarelo. Em casos extremos, pode ocorrer branqueamento das folhas.
Fe
Fonte: GONÇALVES, J.L.M. Recomendações de Adubação para EucalyptusPinus e Espécies Nativas. 

Recomendação de doses de nutrientes

Nas tabelas a seguir são apresentadas as quantidades de nutrientes consideradas suficientes para o adequado desenvolvimento do eucalipto.
Tabela 3. Adubação nitrogenada.
Matéria orgânica – g/dm-3*
0-15
16 - 40
> 40
N - kg/ha-1
60
40
30
* 10 g/dm-3 = 1%
Fonte: GONÇALVES, J.L.M. Recomendações de Adubação para EucalyptusPinus e Espécies Nativas.
Para a recomendação de adubação nitrogenada baseada no teor de matéria orgânica, supõe-se que o nitrogênio nela presente será liberado com a sua mineralização, a qual depende de condições adequadas de temperatura, umidade, pH, compactação e aeração, e que o conteúdo de nitrogênio tem relação direta com o conteúdo de matéria orgânica.
Tabela 4. Adubação fosfatada.
Teor de argila
P*- mg/dm-3 **
0 - 3
3 - 7
> 7
P2O5 - kg/ha-1
< 150
60
40
20
150 - 350
90
70
50
> 350
120
100
60
* Extrator: Mehlich-1; amostras coletadas na camada 0 a 20 cm;
** mg/dm-³ = ppm
Tabela 5. Adubação potássica.
Teor de argila
K+ trocável *, mmolc/dm-3 **
0 - 0,5
0,6 - 1,5
> 1,5
K2O - kg/ha-1
< 150
50
30
0
150 - 350
60
40
0
> 350
80
60
0
* amostras coletadas na camada 0 a 20 cm;
** mmolc/dm-³ = cmolc/dm-³ x 10
Fonte: GONÇALVES, J.L.M. Recomendações de Adubação para EucalyptusPinus e Espécies Nativas. Disponível em:
Tabela 6. Recomendação de doses de B, de acordo com o seu teor no solo (para amostras coletadas na camada de 0 a 20 cm e extraídos com água quente).
Teor de B (mg/dm-3)
< 0,2
0,2 a 0,4
0,4 a 0,6
> 0,6
B - kg/ha-1
4,0
3,0
1,0
-
Fonte: SILVEIRA, R.L.V. de A.; HIGASHI, E.N.; SGARBI, F.; MUNIZ, M.R.A. Seja o doutor do seu eucalipto.
Tabela 7. Recomendação de doses de Zn e Cu, de acordo com seu teor no solo – extraído por EDTA (para amostras coletadas na camada de 0 a 20 cm).
Teor
Teor no solo
Dose recomendada
Zn
Cu
Zn
Cu
mg/dm-3‾³
kg/ha-1‾¹
Muito baixo
< 0,25
< 0,3
2,0
1,0
Baixo
0,25 - 0,5
0,3 - 0,5
1,0
0,5
Adequado
0,5 - 1,0
0,5 - 0,8
0,5
0,0
Alto
> 1,0
> 0,8
0,0
0,0
Fonte: SILVEIRA, R.L.V. de A.; HIGASHI, E.N.; SGARBI, F.; MUNIZ, M.R.A. Seja o doutor do seu eucalipto. 

Adubação

Para maior eficiência no aproveitamento dos nutrientes aplicados, evitando-se perdas dos nutrientes por volatilização, lixiviação, imobilização e erosão, recomenda-se que a adubação seja feita de forma parcelada, sendo parte aplicada antes do plantio e o restante em cobertura, a qual pode também ser parcelada, dependendo de características do solo como a textura e a capacidade de troca de cátions (CTC), do regime de chuvas da região e de condições técnicas para a realização da atividade.
Adubação de plantio
Os teores de nutrientes necessários durante a fase de estabelecimento e crescimento inicial das mudas de eucaliptos são maiores, quando comparados com os estágios mais avançados. Dessa forma, a adubação de plantio tem por objetivo fornecer os nutrientes necessários para atender essa etapa. Quanto maior a deficiência de nutrientes no solo, maior a necessidade de adotar essa prática.
A recomendação mais usual é aplicar um terço do N e do K20 e 100% do P2O5 e de B e de Zn, quando for o caso, no plantio e o restante em cobertura.
Para maior eficiência e aproveitamento dos nutrientes aplicados, a recomendação é colocar o adubo o mais próximo possível das raízes da muda. O adubo pode ser aplicado na cova ou no sulco de plantio. No primeiro caso, o adubo deve ser colocado no fundo da cova antes do plantio e ser bem misturado com a terra para evitar danos às raízes das mudas. No segundo caso, o adubo é distribuído em filetes contínuos no fundo do sulco de plantio, aberto pelo sulcador ou outro implemento.
Adubação de cobertura
Essa prática visa complementar as doses de N e de K recomendadas para aplicação no plantio. O parcelamento da adubação potássica é importante em solos com baixa capacidade de troca de cátions, para evitar sua perda por lixiviação. Essa situação é frequente em solos arenosos e/ou com baixos teores de matéria orgânica. Dessa forma, recomenda-se que a adubação em cobertura seja feita em duas a quatro aplicações, sendo realizada aos 2-3; 6-9; 12-18 e 24 meses após o plantio.
O adubo deve ser distribuído ao lado das plantas, em faixas ou em coroamento. Para evitar a perda de N por volatilização, após a sua aplicação, é recomendado cobrí-lo com terra. Deve-se evitar a realização dessa prática em períodos de intensas chuvas bem como em condições de deficiência hídrica.


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