sábado, 10 de março de 2018

Adubação e calagem na Cevada


A cevada é uma espécie que exige solos de boa fertilidade. Na escolha da área, deve ser levado em conta que esta cultura é muito suscetível à acidez do solo.

Amostragem de solo

A coleta de amostra de solo pode ser realizada com pá de corte ou trado calador. No sistema plantio direto, e no qual a última adubação foi feita na linha de semeadura, a coleta com pá de corte, de uma fatia contínua de 3 cm a 5 cm de espessura, de entrelinha a entrelinha, é ideal, mas pode ser substituída pela coleta com trado calador numa linha transversal às linhas de semeadura. Neste caso, a coleta deve ser realizada da seguinte forma: a) coletar 1 ponto no centro da linha e 1 ponto de cada lado, se for cereal de inverno; b) coletar 1 ponto no centro da linha e 3 pontos de cada lado, se for soja; e c) coletar 1 ponto no centro da linha e 6 pontos de cada lado, se for milho. 
Com relação ao número de subamostras por área uniforme, sugere-se amostrar o solo em 15 a 20 pontos, para formar uma amostra composta. Esse número depende diretamente do grau de variabilidade da fertilidade do solo.
No sistema plantio direto, a amostra pode ser coletada na camada de 0 a 10 cm de profundidade, particularmente em lavouras com teores de P e de K no solo abaixo do nível de suficiência. Para solos acima desse nível, a amostragem de 0 a 10 cm ou de 0 a 20 cm pode ser usada (Tabela 1), pois os resultados não afetarão a recomendação de adubação. Quando há evidência de acentuado gradiente de acidez, convém coletar amostras nas camadas de 0 a 10 cm e de 10 a 20 cm, permitindo, dessa forma, conhecimento mais amplo do solo, principalmente no tocante ao teor de alumínio, pois a cevada é muito sensível à esse elemento. 
 

Calagem

Calagem nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina
A prática de calagem do solo objetiva reduzir o índice de acidez por meio da aplicação de calcário, que é composto de CaCO3 e MgCO3. A quantidade de calcário a ser usada varia conforme o índice SMP determinado na análise do solo. De forma geral, o pH adequado para cevada situa-se entre 5,5 e 6,0.  A dose de calcário e o modo de aplicação variam em função do sistema de manejo do solo (Tabela 5).
a) Cálculo da quantidade de calcário
As quantidades de calcário indicadas na Tabela 2 referem-se a corretivos com PRNT (Poder Relativo de Neutralização Total) de 100%. Isso significa que a quantidade de produto a aplicar deve ser calculada em função do PRNT. Sugere-se que seja dada preferência a calcário dolomítico, por ser de menor custo, bem como por conter cálcio e magnésio.
Em alguns solos, principalmente nos de textura arenosa, o índice SMP pode indicar quantidades reduzidas de calcário, embora o pH em água esteja em nível inferior ao preconizado. Nesses casos, pode-se calcular a necessidade de calagem a partir dos teores de matéria orgânica (MO) e de alumínio trocável (Al) do solo empregando-se as seguintes equações para o solo atingir o pH em água desejado:
para pH 5,5, NC = -0,653 + 0,480 MO + 1,937 Al, 
para pH 6,0, NC = -0,516 + 0,805 MO + 2,435 Al,
onde, NC é expresso em t/ha, MO em % e Al em cmolc/dm3.
É importante considerar que o método SMP não detecta corretivo de acidez que ainda não reagiu. Em geral, são necessários três anos para que ocorra a dissolução completa do calcário. Observando-se esses aspectos, evita-se a supercalagem.
 
b) Calagem no sistema plantio direto
Precedendo a implantação do sistema plantio direto em solo manejado convencionalmente ou sob campo natural, recomenda-se corrigir a acidez do solo da camada arável (0-20 cm) mediante incorporação de calcário. A dose a ser usada é função de vários critérios, conforme consta nas tabelas 1 e 2. 
No caso de solos de campo natural, a eficiência da calagem superficial depende muito da acidez potencial do solo (maior em solos argilosos), da disponibilidade de nutrientes, em especial de P e de K, do tempo transcorrido entre a calagem e a semeadura de cevada e da quantidade de precipitação pluvial. Por essa razão, sugere-se que o calcário seja aplicado seis meses antes da semeadura de cevada.
 
c) Calagem em solo sob preparo convencional
Nos sistemas de preparo convencional (aração e gradagem) ou de preparo mínimo (escarificação e gradagem), o calcário deve ser incorporado uniformemente ao solo, até a profundidade de 20 cm, conforme critérios estabelecidos na Tabela 1.
Quando a quantidade de calcário indicada na Tabela 2 é aplicada integralmente, o efeito residual da calagem perdura por cerca de cinco anos, dependendo de fatores como manejo do solo, quantidade e fonte de N aplicada nas diversas culturas, erosão, etc. Após esse período, indica-se a realização de nova análise do solo para quantificar a dose de calcário. Na hipótese de serem aplicadas quantidades parceladas, o total não deve ultrapassar o indicado para cinco anos.
 
Calagem para o Estado do Paraná
No Estado do Paraná, a necessidade de corretivo de acidez é determinada em função da percentagem de saturação por bases (V). Recomenda-se aplicar corretivo de acidez quando esta for inferior a 50%, calculando-se a quantidade de calcário para o solo atingir 70% de saturação por bases, mediante a seguinte equação.
onde: NC = necessidade de calagem, t/ha (PRNT 100%);
CTC = capacidade de troca de cátions ou S + (H + Al), em cmolc/dm³;
V= porcentagem desejada de saturação por bases (70%);
V= porcentagem de saturação por bases fornecida pela análise (100 x S/CTC);
S = soma de bases trocáveis (Ca + Mg + K), em cmolc/dm³;
PRNT = Poder Relativo de Neutralização Total (%).
Reanalisar o solo após três anos.
Tabela 1. Critérios de amostragem de solo e indicação da necessidade de calagem e quantidade de corretivo da acidez para culturas de grãos no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
Sistema de manejo do solo
Condição da área
Amostragem
(cm)
Critério de decisão
Quantidade de corretivo de acidez1
Método de  aplicação
Convencional2
Qualquer condição
0 a 20
pH <6 sup="">2
1 SMP para pHágua 6,0
Incorporado
Plantio direto2
Implantação a partir de lavoura ou campo natural quando o índice SMP for < 5,0
0 a 20
pH <6 span="">
pHágua 6,0
1 SMP para
pHágua 6,0
Incorporado
Implantação a partir de campo natural quando o índice SMP for entre 5,1 e 5,5
0 a 20
pH <5 ou="" span="">
V<65 sup="">3
1 SMP para
pHágua 5,5
Incorporado4
ou Superficial5
Implantação a partir de campo natural quando o índice SMP for > 5,5
0 a 20
pH <5 ou="" span="">
V<65 sup="">3
1 SMP para
pHágua 5,5
Superficial5
Sistema consolidado (mais de cinco anos)
0 a 10
pH <5 ou="" span="">
V<65 sup="">3
½ SMP para
pHágua 5,5
Superficial5

Corresponde à quantidade de calcário estimada pelo índice SMP em que 1 SMP é equivalente à dose de corretivo para atingir o pH em água desejado.
Não aplicar corretivo de acidez quando a saturação por bases (V) for maior que 80%.
Quando somente um dos critérios for atendido, não aplicar corretivo de acidez se a saturação por Al for menor do que 10% e se o teor de P for “Muito alto” (Tabela 4).
A opção de incorporação ou aplicação superficial de corretivo de acidez em campo natural deve ser feita com base no grau de tolerância à acidez do solo das demais culturas do sistema de produção. Quando se optar pela incorporação, usar a dose 1 SMP para pHágua 6,0.
No máximo aplicar 5 t/ha (PRNT 100%).
Fonte:  Manual...(2004).

Tabela 2. Quantidade de corretivo de acidez (PRNT = 100%) necessária para elevar o pH do solo a 5,5 e 6,0 no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
Índice SMP
pHágua desejado
Índice SMP
pHágua desejado
5,5
6,0
5,5
6,0
----------- t/ha ----------
--------- t/ha-------
≤ 4,4
15,0
21,0
5,8
2,3
4,2
4,5
12,5
17,3
5,9
2,0
3,7
4,6
10,9
15,1
6,0
1,6
3,2
4,7
9,6
13,3
6,1
1,3
2,7
4,8
8,5
11,9
6,2
1,0
2,2
4,9
7,7
10,7
6,3
0,8
1,8
5,0
6,6
9,9
6,4
0,6
1,4
5,1
6,0
9,1
6,5
0,4
1,1
5,2
5,3
8,3
6,6
0,2
0,8
5,3
4,8
7,5
6,7
0,0
0,5
5,4
4,2
6,8
6,8
0,0
0,3
5,5
3,7
6,1
6,9
0,0
0,2
5,6
3,2
5,4
7,0
0,0
0,0
5,7
2,8
4,8
7,1
0,0
0,0
Fonte: Manual...(2004).

Adubação

Nitrogênio
As doses de nitrogênio indicadas para a produção de cevada são apresentadas na Tabela 3.
A quantidade de fertilizante nitrogenado a aplicar varia, basicamente, em função do teor de matéria orgânica do solo, da cultura precedente e da expectativa de rendimento, a qual é função da interação de vários fatores de produção e das condições climáticas. A quantidade de nitrogênio a ser aplicada na semeadura varia entre 15 e 20 kg/ha. O restante deve ser aplicado em cobertura, completando o total indicado na Tabela 3.
Tabela 3. Indicações de adubação nitrogenada (kg/ha) para a cultura de cevada, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

Nível matéria orgânica no solo (%)
Cultura precedente
Soja
Milho
< 2,5
40
60
2,6 – 5,0
30
40
> 5,0
≤ 20
≤ 20

Para expectativa de rendimento maior do que 2 t/ha, acrescentar aos valores da tabela 20 kg de N/ha após soja e 30 kg de N/ha após milho, por tonelada adicional de grãos a ser produzida.
Fonte: Manual...(2004).
Observação: A tabela acima pode servir de base para a adubação nitrogenada no estado do Paraná.

A aplicação de nitrogênio em cobertura deve ser realizada entre os estádios de afilhamento e de alongamento, correspondendo, em geral, ao estádio em que o colmo principal apresenta 4 a 6 folhas. No caso de resteva de milho, e especialmente quando há presença de muita palha, convém antecipar a aplicação em cobertura. Para cultivar muito suscetível ao acamamento, quantidade menor que a indicada na tabela deve ser empregada. Para as demais cultivares, a quantidade de N deve ser administrada de forma a evitar ou reduzir danos por acamamento. Em qualquer circunstância, a quantidade de N a aplicar deve ser módica, pois excesso de N pode produzir grão contendo mais de 12% de proteína, tornado-o impróprio para a fabricação de malte.
Além dos fatores usados na Tabela 3, é importante considerar que a disponibilidade de N no solo é dependente de vários fatores. Assim, o histórico de cultivo da área, as condições climáticas, a época de semeadura, a incidência de doenças e a estatura da cultivar podem afetar o grau de resposta da planta ao fertilizante nitrogenado aplicado.
No sistema plantio direto, o cultivo de cevada em área com resteva de soja geralmente proporciona rendimento maior do que em área com resteva de milho.
A época de semeadura pode interferir no grau de acamamento da cultivar. Em geral, quanto mais cedo for realizada a semeadura, maior será a estatura da planta e, consequentemente, maior a probabilidade de ocorrência de acamamento. 
Para quantidades acima de 40 kg N/ha, pode-se optar pelo fracionamento em duas aplicações: no início do afilhamento e o restante no início do alongamento. Além da observância do estádio da planta (afilhamento/alongamento), é importante considerar, no momento da aplicação do fertilizante em cobertura, a umidade do solo, pois ao aplicar o fertilizante na superfície do solo, há necessidade de que ele seja dissolvido e transportado pela água para o interior do solo. Dessa forma, a aplicação só deverá ser feita quando o solo apresentar umidade suficiente para que esses processos (dissolução e transporte no solo) possam ocorrer. O melhor momento de aplicação é antes de precipitação pluvial de média intensidade (10 a 20 mm), pois a dissolução e o transporte de N para as raízes serão rápidos, minimizando-se, assim, perdas por volatilização de amônia. Por outro lado, precipitações pluviais prolongadas, ou de alta intensidade, podem propiciar perdas de N por lixiviação ou por escoamento superficial.
Em razão das reações que ocorrem com o fertilizante nitrogenado ao ser dissolvido pela água e das possíveis perdas de N por volatilização, mormente de ureia, sugere-se aplicar o fertilizante nas horas menos quentes do dia. Para obter distribuição uniforme, períodos com vento devem ser evitados.
As principais fontes de nitrogênio são a ureia (45% N), o nitrato de amônio (32% N) e o sulfato de amônio (20% N). A eficiência agronômica desses fertilizantes para a cultura da cevada é idêntica. Por essa razão, indica-se o uso da fonte de menor custo por unidade de N.
O acamamento, definido como alteração permanente da posição vertical do colmo, é verificado com frequência em lavouras de cevada cervejeira, trazendo consequências indesejáveis tanto para o rendimento como para  a qualidade do grão. Mesmo com o uso de cultivares  que possuem genes de baixa estatura, que reduzem a incidência de acamamento quando comparados com cultivares mais altas, ainda pode ocorrer acamamento, principalmente em áreas de alta fertilidade do solo ou quando a dose de N é elevada e ventos fortes ocorrerem.
Além da adubação nitrogenada, a aplicação de redutor de crescimento pode influenciar o desenvolvimento e o crescimento das plantas e, dessa forma, servir como estratégia para reduzir o acamamento. Os redutores de crescimento atuam, em geral, no metabolismo de giberelinas, podendo reduzir o alongamento de entrenós das plantas, de acordo com o estádio de desenvolvimento no momento da aplicação do produto e da dose empregada. Desta forma, o uso de redutor de crescimento pode ser apontado como uma possível ferramenta para reduzir o acamamento em lavouras de cevada. 
O redutor de crescimento Moddus® (i.a. trinexapaque-etílico) está registrado no Brasil para uso em cevada, podendo ser aplicado como medida preventiva ao acamamento. A indicação é que o produto seja pulverizado quando se visualizar o primeiro nó no colmo principal da planta, na dose de até 0,4 L/ha. As cultivares, BRS Brau, BRS Cauê, BRS Elis e MN 6021, por terem genes de nanismo, são pouco ou não responsivas ao produto quanto à altura das plantas. Para estas cultivares, a dose não deve ultrapassar 0,3 L/ha.
 
Fósforo e potássio
A quantidade de fertilizante contendo P e K a aplicar varia em função dos teores desses nutrientes no solo (tabelas 4 a 6). O limite superior do teor “Médio” é considerado o nível crítico de P e de K no solo, cujo teor deve ser mantido pela aplicação de quantidade adequada de fertilizante. A partir do limite superior do teor “Alto”, a probabilidade de resposta à aplicação de fertilizante é muito pequena ou nula.
No Rio Grande do Sul, o sistema de recomendação de adubação para P e para K oferece duas alternativas para a produção de grãos: a) adubação corretiva gradual e b) adubação corretiva total. A primeira opção é indicada quando há menor disponibilidade de recursos financeiros, sendo a quantidade total de P ou K aplicada ao solo no decurso de duas safras. Já a adubação corretiva total é indicada quando há disponibilidade de recursos financeiros para investimento, sendo as quantidades de P e de K, necessárias para corrigir a deficiência do solo, aplicadas de uma só vez. Em ambos os casos, a meta é elevar os teores de P e de K no solo ao nível adequado para o desenvolvimento das plantas. No caso de solos arenosos (< 20% de argila) ou com CTC < 5 cmolc/dm³, não se recomenda a adubação corretiva total de K.
As quantidades de P2O5 e de K2O (Tabela 5) são indicadas em função de dois parâmetros básicos: a) a quantidade necessária para o solo atingir o limite superior do nível “Médio” em duas safras/culturas (adubação de correção), e b) a exportação desses nutrientes pelos grãos, acrescida de perdas naturais do sistema. Nas faixas de teores “Muito baixo”, “Baixo” e “Médio”, a diferença entre a quantidade indicada em cada cultivo e a manutenção é a adubação de correção, ou seja, é a quantidade necessária para elevar o teor do nutriente no solo ao nível crítico em duas safras. No caso em que será feita a correção total no 1º cultivo, a dose a aplicar deverá ser a soma das quantidades dos dois cultivos menos a manutenção do 2º cultivo. Assim, por exemplo, se o rendimento referência for 2 t/ha e se o teor de P for “Baixo”, a dose a aplicar na cultura da cevada, conforme indicado na Tabela 5, será 70 + 50 – 30 = 90 kg P2O5/ha, que corresponde, portanto, a 60 kg de adubação corretiva e 30 kg de manutenção. E, se o 2º cultivo for soja e o rendimento esperado dessa cultura for 2 t/ha, aplicar-se-á somente à manutenção para essa cultura (30 kg/ha), pois o solo já terá atingido o nível de P desejado. Com base nesses critérios, ter-se-á uma adubação que permitirá aumentar, e posteriormente manter, o teor no solo, obtendo-se, assim, produção elevada e retorno econômico. As quantidades da Tabela 5 presumem um rendimento aproximado de 2 t/ha. Para rendimentos superiores, deverão ser acrescentados aos valores da tabela, por tonelada de grãos, 15 kg de P2O5 e 10 kg de K2O. Na Tabela 4, os teores de P e de K interpretados como “Alto” e “Muito alto” representam situações nas quais é esperado desenvolvimento máximo da cultura e as doses de P2O5 e de K2O indicadas para essas faixas na Tabela 5 representam a adubação de manutenção (30 kg de P2O5e 20 kg de K2O).
 
Tabela 4. Interpretação dos teores de fósforo e de potássio no solo, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

Teor de P ou de K no solo
P Mehlich-1
K Mehlich-1
Classe textural do solo1
CTCpH7, cmolc/dm3
1
2
3
4
< 5
5 - 15
> 15
-------------------------- mg P/dm3 -----------------
-------- mg K/dm3 ---------
Muito baixo
≤ 2,0
≤ 3,0
≤ 4,0
≤ 7,0
≤ 15
≤ 20
≤ 30
Baixo
2,1 - 4,0
3,1 - 6,0
4,1 - 8,0
7,1 - 14,0
16 - 30
21 - 40
31 - 60
Médio
4,1 - 6,0
6,1 - 9,0
8,1 - 12,0
14,1 - 21,0
31 - 45
41 - 60
61 - 90
Alto
6,1 - 12,0
9,1 - 18,0
12,1 - 24,0
21,1 - 42,0
46 - 90
61 - 120
91 - 180
Muito alto
> 12,0
> 18,0
> 24,0
> 42,0
> 90
> 120
> 180

1
Variável auxiliar (teor de argila); classe 1: > 60%; classe 2: 41 a 60%; classe 3: 21 a 40%; classe 4: ≤ 20%.
Observação: % = g/100 cm3 de solo; mg/dm3 de solo = mg/L de solo = ppm (massa/volume).

Fonte: Manual...(2004).
Tabela 5. Quantidades de fósforo e de potássio a aplicar ao solo para a cultura de cevada no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

Teor de P ou de K no solo
Fósforo (kg P2O5/ha)
Potássio (kg k2O/ha)
1º cultivo
2º cultivo
1º cultivo
2º cultivo
Muito baixo
110
70
100
60
Baixo
70
50
60
40
Médio
60
30
50
20
Alto
30
30
20
20
Muito alto
0
≤ 30
0
≤ 20

Observações: Para rendimento superior a 2 t/ha, acrescentar 15 kg P2O5/ha e 10 kg K2O/ha, por tonelada adicional de grãos a serem produzidos.
Nos teores “Muito baixo” e “Baixo” a dose indicada inclui 2/3 da adubação de correção no 1º cultivo e 1/3 da adubação de correção no 2º cultivo. No teor “Médio” toda a adubação de correção está inclusa no 1º cultivo. As quantidades para o teor “Alto” são àquelas indicadas para a obtenção do rendimento referência de 2 t/ha de cevada.

Fonte: Manual...(2004).
Tabela 6. Teores de P e de K no solo e respectivas doses de P20e K20 para a cultura de cevada no Paraná.
Teor no solo
P, mg/dm3
kg P2O5/ha
K, cmolc/dm3
kg K2O/ha
Muito baixo/baixo
< 5
60 – 90
< 0,11
60 – 80
Médio
5 – 9
40 – 60
0,1 – 0,3
40 – 60
Alto/muito alto
> 9
20 – 40
> 0,3
30 – 40
Extrator de Mehlich-1 para P e K.
1cmolc K/dm3 x 391 = mg K/dm3.

Fonte: Comissão de Pesquisa de Cevada (2015).
Fontes de fósforo
Para os adubos fosfatados solúveis [superfosfato simples, superfosfato triplo, MAP (fosfato monoamônico) e DAP (fosfato diamônico)], a quantidade de P2O5 deve ser calculada levando-se em consideração a soma dos teores de P2O5 solúveis em água e em citrato neutro de amônio. No caso de termosfosfatos e de escórias, as quantidades devem ser calculadas levando-se em consideração o teor de P2O5 solúvel em ácido cítrico a 2%, na relação 1/100. 
Os fosfatos naturais reativos apresentam baixa solubilidade em água, mas são eficientes como fonte de P em solos com pH em água inferior a 5,5 ou pH em CaCl2 menor que 5,0. Com base no efeito desses fosfatos no rendimento de grãos de cevada, em rotação com outras culturas, verificou-se que eles tendem a ser equivalentes aos fertilizantes solúveis no segundo ou no terceiro cultivo após a aplicação, mas proporcionam menor rendimento de grãos no primeiro cultivo, quando comparados com fosfatos acidulados (superfosfato triplo, superfosfato simples). Em solos com teor elevado de P, não se observaram diferenças no rendimento de grãos entre os fosfatos naturais reativos e os fosfatos acidulados, tanto em aplicações a lanço como em linha de semeadura. Sua indicação, portanto, é mais adequada em solos com pH inferior a 5,5 e teor médio ou alto de P. A quantidade a aplicar deve ser estabelecida em função do teor total de P2O5.
As fontes usuais de fertilizantes potássicos são o cloreto de potássio (KCl) e o sulfato de potássio (K2SO4), ambos solúveis em água.
Na escolha de qualquer fonte de P ou de K deve ser considerado o custo da unidade de P2O5 e K2O posto na propriedade, levando-se em conta os critérios de solubilidade acima indicados. 
 

Fertilizantes orgânicos

As doses de N, P2O5 e de K2O, provenientes de fertilizantes orgânicos, devem ser as mesmas das tabelas 3, 5 e 6 e o cálculo deverá ser realizado levando-se em consideração o tipo de fertilizante orgânico e a reação desses produtos no solo. A liberação de N na primeira cultura após sua aplicação varia de 50% a 60%. Para P esse valor é de 70% a 80%. Já o K é liberado integralmente na primeira safra.
Fertilizantes organominerais
Este grupo de fertilizantes provém da mistura de fertilizantes orgânicos e minerais. Resultados obtidos por várias instituições de pesquisa do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina indicam o seguinte:
  • os produtos apresentam efeito fertilizante com base nos teores de N, de P2O5, de K2O e de outros nutrientes;
  • a fração orgânica desses fertilizantes não aumenta a eficiência de aproveitamento, pelas plantas, dos teores de N, de P e de K neles contidos, pois a quantidade de substâncias orgânicas aplicada é pequena;
  • a escolha desses produtos deve considerar o custo da unidade de N-P2O5-K2O do fertilizante entregue na propriedade.
 

Fertilizantes foliares

Os resultados de pesquisa com vários tipos de fertilizantes foliares indicam não haver vantagem econômica de seu emprego na cultura da cevada.

Micronutrientes

Os solos do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná são, em geral, bem supridos em micronutrientes (zinco, cobre, boro, manganês, cloro, ferro e molibdênio), sendo incomum a constatação de deficiências na cultura da cevada.
Em virtude da diversidade de fatores que influenciam a disponibilidade de micronutrientes para as plantas, seu uso deve ser criterioso, pois a demanda desses nutrientes pelas plantas é muito pequena. Os fertilizantes orgânicos, quando aplicados em doses que suprem a demanda das plantas em NPK, geralmente fornecem quantidades adequadas de micronutrientes para o desenvolvimento das culturas durante várias safras.
 

Enxofre e gesso agrícola

O gesso (CaSO4.2H2O) é uma fonte solúvel de enxofre (S) e de cálcio (Ca). Na forma comercial, contém 16% de Ca e 13% de S. Excetuando o MAP (fosfato monoamônico, 9% N e 48% P2O5) e o DAP (fosfato diamônico, 17% N e 45% P2O5), as demais fontes de P contém cálcio, variando de 10% no superfosfato triplo a 16% no superfosfato simples. Entre as alternativas de fontes de enxofre, o superfosfato simples apresenta 8% de S. Em adição, fórmulas N-P2O5-K2O contendo baixo teor de P2O5 geralmente são elaboradas com superfosfato simples e, portanto, contêm enxofre. No caso de comprovação de deficiência de enxofre, através da análise de solo (< 5 mg S/dm3), indica-se aplicar cerca de 20 Kg a 30 kg de enxofre por hectare. Solos arenosos e com baixo teor de matéria orgânica apresentam maior probabilidade de ocorrência de deficiência de enxofre. 
Com relação ao uso de gesso agrícola como condicionador químico de camadas subsuperficiais, os resultados de pesquisa obtidos indicam não haver resposta consistente da cultura da cevada ao produto na região Sul do Brasil. Por outro lado, a gessagem não prejudica as culturas em geral, sendo o gesso uma fonte solúvel de enxofre e de cálcio, permitindo, portanto, que o subsolo também tenha seu teor aumentado nesses elementos.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Manejo e Conservação de Solo para a Cevada



O uso excessivo de arações e/ou gradagens superficiais e continuamente nas mesmas profundidades, no processo de preparo de solo, provoca a desestruturação da camada arável, transformando-a em duas camadas distintas: uma superficial pulverizada e outra subsuperficial compactada. Essa transformação reduz a taxa de infiltração de água no solo e, consequentemente, incrementa a enxurrada e eleva os riscos de erosão hídrica do solo. Também prejudica o desenvolvimento radicular de plantas e afeta o potencial de produtividade do sistema agrícola. O preparo excessivo, associado à cobertura deficiente do solo, a chuvas intensas e ao uso de áreas inaptas para culturas anuais, constitui o principal fator desencadeador dos processos de degradação dos solos da região Sul do Brasil. Como meio de prevenção do problema, indicam-se técnicas como redução da intensidade de preparo, máxima cobertura de solo, cultivo de áreas adequadas para culturas anuais e emprego de semeadura em contorno, associadas ao conjunto de práticas conservacionistas orientadas à prevenção da erosão hídrica.

Sistema plantio direto

Sistemas de manejo de solo compatíveis com as características de clima, de planta e de solo da região Sul do Brasil são imprescindíveis para interromper o processo de degradação do solo e, consequentemente, manter a atividade agrícola competitiva. Nesse contexto, o sistema plantio direto deve ser enfocado como um sistema de exploração agropecuária que envolve diversificação de espécies, via rotação de culturas, mobilização de solo apenas na linha/cova de semeadura e manutenção permanente da cobertura de solo. Fundamentada nesse conceito, a adoção do sistema plantio direto objetiva expressar o potencial genético das espécies cultivadas mediante a maximização dos fatores ambiente e solo, mantendo a sua sustentabilidade.
A consolidação do sistema plantio direto, entretanto, está essencialmente alicerçada na rotação de culturas orientada ao incremento de rentabilidade, à promoção de cobertura permanente de solo, à geração de benefícios fitossanitários e à manifestação da fertilidade integral do solo (aspectos físicos, químicos e biológicos). Desse modo, a integração de práticas como o abandono da mobilização de solo e a manutenção permanente da cobertura de solo à rotação de culturas, estruturada para minimizar o período de entressafra (processo colher-semear), assegura a evolução gradativa da melhoria biológica, física e, inclusive, química do solo.
O sistema plantio direto constitui, atualmente, a modalidade de agricultura conservacionista de maior adoção no Sul do País. O estabelecimento e a manutenção desse sistema requerem a implementação de ações integradas, descritas a seguir.
 
Sistematização da lavoura
Sulcos e depressões no terreno, decorrentes do processo erosivo, concentram enxurrada, provocam transtornos ao livre tráfego de máquinas na lavoura, promovem focos de infestação de plantas daninhas e constituem manchas de menor fertilidade de solo. Assim, por ocasião do estabelecimento do sistema plantio direto, recomenda-se a eliminação desses obstáculos, mediante sistematização do terreno com emprego de plainas, motoniveladoras ou mesmo escarificadores e grades. A execução dessa operação objetiva evitar a necessidade de mobilização de solo após a adoção do sistema plantio direto.
Correção da acidez e da fertilidade do solo
Em solos ácidos e com baixos teores de fósforo (P) e de potássio (K), a aplicação e incorporação de calcário e de fertilizantes na camada de 0 a 0,20 m de profundidade é fundamental para viabilizar o sistema plantio direto nos primeiros anos, período em que a reestruturação do solo ainda não manifestou efeitos benéficos. Resultados de pesquisa indicam que o sistema plantio direto pode também ser estabelecido e mantido mediante aplicação superficial de calcário, conforme indicado no item “Calagem no sistema plantio direto”.
Descompactação do solo
Em solos compactados, verificam-se baixa taxa de infiltração de água, ocorrência frequente de enxurrada, raízes deformadas e/ou concentradas na camada superficial, estrutura degradada e elevada resistência às operações de preparo e de semeadura. Assim, sintomas de deficiência de água nas plantas podem ser evidenciados mesmo em situações de breve estiagem. Para a constatação e identificação da presença de camada compactada no solo, indica-se a abertura de pequenas trincheiras (0,30 x 0,30 x 0,50 m) e a observação do aspecto morfológico da estrutura do solo, a forma e a distribuição do sistema radicular das plantas e/ou a resistência do solo ao toque com instrumento pontiagudo. Esse procedimento permite identificar os limites, superior e inferior, da camada compactada. Normalmente, o limite superior da camada compactada situa-se a 0,05 m de profundidade e o limite inferior dificilmente ultrapassa a 0,20 m de profundidade.
Para descompactar o solo, indica-se usar implementos de escarificação equipados com hastes e ponteiras estreitas (não superiores a 8 cm de largura), reguladas para operar imediatamente abaixo da camada compactada. O espaçamento entre hastes deve ser de 1,2 a 1,3 vez a profundidade de operação. A descompactação deve ser realizada em condições de solo friável. Em sequência imediata à operação de descompactação do solo, é indicada a semeadura de culturas de elevada produção de biomassa e de abundante sistema radicular. Os efeitos benéficos dessa prática dependem do manejo adotado após a descompactação. Em geral, havendo intensa produção de biomassa em todas as safras agrícolas e controle do tráfego de máquinas na lavoura, a escarificação do solo não necessitará ser repetida.
 
Planejamento de sistemas de rotação de culturas
O tipo e a frequência das espécies contempladas no planejamento de um sistema de rotação de culturas devem atender tanto aos aspectos técnicos, que objetivam a conservação do solo e a promoção da fertilidade integral do solo, quanto aos aspectos econômicos e comerciais determinados pelo mercado.
A sequência de espécies a serem cultivadas numa mesma área deve considerar, além do potencial de rentabilidade do sistema, a suscetibilidade de cada cultura à infestação de pragas e de plantas daninhas e à infecção por fungos, bactérias, etc., a disponibilidade de equipamentos para manejo das culturas e dos restos culturais, e o histórico e o estado atual da lavoura, atentando para aspectos de fertilidade integral do solo e de exigência nutricional das plantas.
As espécies e o arranjo das espécies no tempo e no espaço, devem ser orientados para minimizar o período entre a colheita e a semeadura, mantendo, contudo, sintonia com as indicações relacionadas às épocas de semeadura específicas.
No Sul do Brasil, um dos sistemas de rotação de culturas compatível com a produção de cevada, para um período de três anos, envolve a seguinte sequência de espécies: aveia/soja, cevada/soja e leguminosa ou nabo/milho.
 
Manejo de restos culturais
Os restos culturais das culturas que precedem a semeadura devem ser distribuídos numa faixa equivalente à largura da plataforma de corte da colhedora, independentemente de os resíduos serem ou não triturados.

Manejo de enxurrada em sistema plantio direto

A cobertura permanente do solo e a consolidação e estabilização da sua estrutura, otimizadas no sistema plantio direto, têm sido, em determinadas situações, insuficientes para disciplinar os fluxos de matéria e de energia gerados pelo ciclo hidrológico, em escala de lavoura ou no âmbito da microbacia hidrográfica.
Embora no sistema plantio direto a cobertura de solo exerça função primordial na dissipação da energia erosiva da chuva, há limites críticos de comprimento do declive em que essa eficiência é superada e, consequentemente, o processo de erosão hídrica é estabelecido. Assim, mantendo-se constantes todos os fatores responsáveis pelo desencadeamento da erosão hídrica e incrementando-se apenas o comprimento do declive, tanto a quantidade quanto a velocidade da enxurrada produzida por determinada chuva irão aumentar e, em decorrência, elevar o risco de erosão hídrica.
A cobertura de solo apresenta potencial para dissipar em até 100% a energia erosiva das gotas de chuva, mas não manifesta essa mesma eficiência para dissipar a energia erosiva da enxurrada. A partir de determinado comprimento de declive, o potencial da cobertura de solo em dissipar a energia erosiva da enxurrada é superado, permitindo a flutuação e o transporte de restos culturais, bem como o processo erosivo sob a cobertura. Nesse contexto, toda prática conservacionista capaz de manter o comprimento do declive dentro de limites que mantenham a eficiência da cobertura de solo na dissipação da energia erosiva da enxurrada contribuirá, automaticamente, para minimizar o processo de erosão hídrica. Semeadura em contorno, terraços, cordões vegetados, culturas em faixas, faixas de retenção, taipas de pedra, canais divergentes, vertical mulching, entre outras técnicas, constituem práticas conservacionistas eficientes para a segmentação do comprimento do declive e, associadas à cobertura de solo, comprovadamente contribuem para o efetivo controle da erosão hídrica. Portanto, para o controle integral da erosão hídrica, é fundamental dissipar a energia erosiva do impacto das gotas de chuva e a energia erosiva da enxurrada, mediante a manutenção do solo permanentemente coberto e a segmentação do comprimento do declive, respectivamente.
A tomada de decisão relativa à necessidade de implementação de práticas conservacionistas associadas à cobertura de solo pode fundamentar-se na observância do ponto de início de “falha dos resíduos culturais”, que são mantidos na superfície do solo, provocada pela enxurrada. A falha de resíduos indica o comprimento crítico do declive, ou seja, a máxima distância que a enxurrada pode percorrer sem desencadear deslocamento de palha e o processo de erosão hídrica. O comprimento crítico do declive, no entanto, nem sempre corresponde ao espaçamento horizontal entre terraços ou práticas conservacionistas equivalentes indicadas para a segmentação do comprimento do declive. O espaçamento entre essas estruturas hidráulicas depende da capacidade de descarga ou de armazenamento de enxurrada por estas obras. Assim, o dimensionamento de práticas conservacionistas dessa natureza, indubitavelmente, requerem assistência técnica.
 
Terraceamento
Terraços são estruturas hidráulicas conservacionistas, compostas por um camalhão e um canal, construídas transversalmente ao plano de declive do terreno. Essas estruturas constituem barreiras ao livre fluxo da enxurrada, disciplinando-a mediante infiltração no canal do terraço (terraços de absorção) ou condução para fora da lavoura (terraços de drenagem). O objetivo fundamental do terraceamento é reduzir riscos de erosão hídrica e proteger mananciais (rios, lagos, represas...).
A determinação do espaçamento entre terraços está intimamente vinculada ao tipo de solo, à declividade do terreno, ao regime pluvial, ao manejo de solo e de culturas e à modalidade de exploração agrícola.
Experiências têm demonstrado que o critério comprimento crítico do declive nem sempre é adequado para o estabelecimento do espaçamento entre terraços. Isso se justifica pelo fato de que a secção máxima do canal do terraço de base larga, técnica e economicamente viável, é de aproximadamente 1,5 m2, área que poderá mostrar-se insuficiente para o fim proposto quando o comprimento do declive for demasiadamente longo. Do exposto, infere-se que a falha de resíduos culturais na superfície do solo constitui apenas indicador prático para constatar presença de erosão hídrica e identificar necessidade de implementação de prática conservacionista complementar à cobertura do solo. Por sua vez, o dimensionamento da prática conservacionista a ser estabelecida demanda o emprego de método específico.
 
Vertical mulching
A segmentação de declives por terraços, cordões vegetados, culturas em faixas, faixas de retenção, taipas de pedra, etc., constitui tecnologia tradicional para amenizar problemas de erosão hídrica. A prática conservacionista “vertical mulching” foi desenvolvida para lavouras conduzidas sob sistema plantio direto em solos profundos da região de clima subtropical úmido do Brasil.
Essa prática conservacionista é fundamentada no aumento da taxa de infiltração de água no solo e na consequente redução da enxurrada. É constituída por sulcos, locados e construídos em nível, com 7,5 cm a 9,5 cm de largura e 40 cm de profundidade, preenchidos com resíduos vegetais. O afastamento horizontal entre esses sulcos, embora calculado com base na taxa de infiltração de água no solo e no sulco e na máxima chuva esperada para um determinado período de retorno, na prática situa-se em torno de 10 m.
Em razão da reduzida largura do sulco, o vertical mulching  não interfere nas operações motomecanizadas requeridas para a condução da lavoura.
 

Preparo do solo

Na impossibilidade de adoção do sistema plantio direto, a melhor opção para condicionar o solo para semeadura de cevada é o preparo mínimo, empregando implementos de escarificação do solo sem uso de gradagem complementar. Nesse caso, o objetivo é reduzir o número de operações e não a profundidade de trabalho dos implementos. As vantagens desse sistema são: aumento da rugosidade do terreno, preservação da superfície do solo com restos culturais, rendimento operacional de máquinas e menor consumo de combustível.



quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Variedades e Praticas Culturais na Cevada



Cultivares

A escolha de cultivar mais competitiva na região de intenção de cultivo é fator decisivo para o sucesso do empreendimento.
As cultivares de cevada registradas para cultivo nas safras de 2015 e de 2016, para RS, SC e PR são: ANAG 01, BRS Brau, BRS Cauê,  BRS Elis, BRS Korbel, BRS Sampa e MN 6021, sendo as de sigla ANAG da Cooperativa Agraria, BRS da Embrapa e MN  da AmBev.
As características agronômicas consideradas como muito importantes para a tomada de decisão relativa ao manejo da cultura, envolvendo as cultivares indicadas, são apresentadas na Tabela 1.
Tabela 1.  Dados médios de ciclo (dias), altura (cm) e reação ao acamamento e às principais doenças das cultivares de cevada indicadas, obtidos em ensaios de rendimento conduzidos em Passo Fundo, RS e em Guarapuava, PR, no período 2010-2014.
Cultivar
Ciclo
Características agronômicas

Reação a moléstias
EM-ES
EM-MA
APL
ACA
OID
FFO
 MRE
MMA
GIB
ANAG 01
93
137
81
R
MR
MR
S
S
S
BRS Brau
88
132
76
MR
AS
S
MR
S
S
BRS Cauê
90
132
72
MR
AS
S
MR
S
S
BRS Elis
92
135
76
MS
MR
S
AS
S
S
BRS Korbel
88
132
80
MR
MR
S
MR
S
S
BRS Sampa
89
131
81
MR
S
S
MR
S
S
MN 6021
83
129
70
MR
MR
MS
MR
S
S
EM= emergência; ES= espigamento; MA= maturação; APL= altura; ACA= acamamento; OID= Oídio;
FFO= Ferrugem da folha; MRE= Mancha Reticular; MMA= Mancha Marrom; GIB= Giberela.
R= Resistente; MR= Moderadamente Resistente; MS= Moderadamente Suscetível; S= Suscetível;
AS= Altamente Suscetível.
Fonte: Comissão de Pesquisa de Cevada (2015).

Práticas Culturais


Densidade, espaçamento e profundidade de semeadura

A densidade de semeadura deve ser ajustada tendo como meta o estabelecimento de população entre 250 a 300 plantas por m² necessária para atingir o potencial produtivo das cultivares indicadas. O espaçamento entre as linhas indicado é de 12 cm a 20 cm. Cultivares de porte baixo (anão) e de alta capacidade de perfilhamento, como BRS Brau, BRS Cauê e BRS Elis, respondem positivamente em tamanho de grãos, quando semeadas no espaçamento 17 cm x 34 cm, ou seja, uma linha em branco (não semeada) entre duas semeadas, mantendo-se a mesma quantidade de semente por unidade de área, em sistema denominado de linhas pareadas.
A semente deve ser depositada uniformemente no solo, em profundidade entre 3 e  5 cm.

A cevada (Hordeum vulgare) é uma gramínea cerealífera e representa a quinta maior colheita e uma das principais fontes de alimento para pessoas e animais. A área cultivada no mundo chega a 530 000 km². O seu período de germinação é de um a três dias. Suas flores são dispostas em espigas, na extremidade do colmo, e os aquénios, amarelados e ovoides.
CURIOSIDADES
É uma cultura tipicamente de inverno que não tolera o alagamento, sendo resistente a seca quando comparada ao trigo, mas exigente em relação à fertilidade do solo.
A cevada fornece uma farinha alimentícia e o produto resultante da germinação artificial dos grãos (malte) é utilizado na fabricação da cerveja e de outros produtos. Os grãos torrados e moídos são usados na fabricação de uma bebida sem cafeína de aspecto semelhante ao do café. A cevada é ainda empregada em alimentação animal como forragem verde e na fabricação de ração.
No Brasil, a malteação é o principal uso econômico da cevada, já que o país produz apenas 30% da demanda da indústria cervejeira.



Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *