segunda-feira, 22 de maio de 2017

Doenças na Cultura do Algodão


Doenças

As condições climáticas do Cerrado brasileiro são, de modo geral, favoráveis ao desenvolvimento de várias doenças que afetam a cultura do algodoeiro. Além disso, algumas práticas de cultivo podem favorecer, enquanto outras podem reduzir, a ocorrência ou o dano de determinadas doenças. No presente tópico, serão abordadas as principais doenças que afetam a cultura do algodoeiro nas condições do Cerrado brasileiro com ênfase nas estratégias de manejo das mesmas, visando a maior rentabilidade da cultura.
Neste capítulo, trataremos das principais doenças que afetam o algodoeiro, sendo as principais listadas abaixo:

Doenças iniciais

Tombamento
É uma doença bastante comum e de ocorrência generalizada em todas as áreas produtoras de algodão do Cerrado, sobretudo aquelas onde são verificados os maiores índices pluviométricos, podendo causar sérios prejuízos ao estabelecimento da cultura, em função, principalmente, dos efeitos sobre a redução do estande.
Os sintomas de tombamento podem ser observados logo após a emergência das plântulas, nas folhas cotiledonares e primárias, as quais apresentam lesões irregulares de coloração pardo-escura. Estas lesões também podem ser observadas no caule da plântula, na mesma face de inserção da folha e imediatamente abaixo do coleto. Ao circundarem todo o caule, as lesões induzem o tombamento e a morte da plântula. Os agentes causadores do tombamento podem afetar a plântula antes da emergência, quando afetam a plúmula e a radícula. Neste caso, fala-se em tombamento de pré-emergência e o sintoma que se expressa sob condições de campo é representado por falhas nas linhas de plantio. Nos casos em que as condições de ambiente são favoráveis e a incidência do tombamento é elevada, o replantio se faz necessário, aumentando as perdas na lavoura. 
O tombamento pode ocorrer tanto na pré-emergência, causando normalmente o apodrecimento da semente, e caracterizando-se por falhas no estande inicial, como na pós-emergência das plântulas resultando no “tombamento” das mesmas e tendo como sintoma característico a presença de lesões necróticas na região do colo das plântulas afetadas. Os principais patógenos associados são Colletotrichum gossypii e Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides, Lasiodiplodia theobromaeMacrophomina phaseolina e fungos dos gêneros FusariumPythium e Rhizoctonia, sendo este último o mais importante (GOULART, 2005). Esses fungos são usualmente capazes de sobreviver no solo entre as estações de cultivo, além de possuírem uma ampla gama de hospedeiros. Para reduzir os danos causados pelo tombamento, recomenda-se o tratamento químico das sementes com fungicidas. A maioria dos fungicidas para o tratamento de sementes possui amplo espectro de ação e podem ser usados para os diferentes patógenos, mas existem também fungicidas que possuem uma ação mais restrita; por isso, a escolha dos mesmos deve também ser baseada no histórico da área de plantio, bem como no conhecimento da qualidade sanitária inicial do lote de sementes.
O controle da doença é feito, principalmente, por meio do tratamento de sementes com fungicidas químicos. Na Tabela 1, estão relacionados os fungicidas utilizados para controle do tombamento, registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Doenças foliares

Mancha branca ou mancha de ramulária
Causada pelo fungo Ramularia areola, constitui-se na principal doença do algodoeiro no Cerrado. Os principais sintomas caracterizam-se por manchas esbranquiçadas, de formato anguloso em ambas as superfícies foliares. Este sintoma apresenta-se, de início, como pequenas manchas no limbo foliar, com aspecto branco-azulado. Sob condições favoráveis, as lesões se desenvolvem, são delimitadas pelas nervuras das folhas, e ganham um aspecto angular, e pulverulento e de cor branca, caracterizado pela intensa esporulação do patógeno (Figuras 1 e 2).
As manchas podem coalescer e ocupar áreas extensas do limbo foliar. Sob a área esporulada da lesão, o tecido ganha aspecto necrosado. Nesta fase, a doença induz a queda de folhas. Lesões com as mesmas características daquelas ocasionadas nas folhas, podem ocorrer nas brácteas. Normalmente, as folhas do terço inferior da planta são as mais afetadas, podendo cair e prejudicar o seu desenvolvimento normal. O sombreamento nessa área favorece o patógeno.
O fungo R. areola pode sobreviver de uma estação de cultivo para outra em restos de cultura sobre o solo, e sob condições favoráveis produz esporos que se constituem em inóculo primário. A disseminação do inóculo do patógeno na lavoura ocorre através de respingos de água da chuva ou de irrigação, pelo vento ou pelo trânsito frequente de pessoas, máquinas e implementos agrícolas. Os esporos do fungo, que neste caso são conídios, germinam em água livre na superfície dos órgãos da planta, principalmente nas folhas em uma faixa de temperatura que varia entre 16 ºC e 34 oC, sendo a faixa de temperatura ótima entre 25 ºC e 30 oC. Embora seja necessária água livre para a germinação dos conídios, a penetração, via estômatos, é maior em ciclos de noites úmidas e dias secos do que em ciclos de umidade contínua. Algumas infecções ocorrem após dois ciclos de noites úmidas com infecção máxima após quatro ciclos. Esse aspecto particular do patógeno faz com que, mesmo sob condições aparentemente desfavoráveis, como são aquelas com dias de sol intenso, a doença continue a se propagar.
O controle químico da macha de ramulária se constitui em uma das medidas mais importantes para reduzir os índices de severidade da doença. Neste sentido, o monitoramento da lavoura é uma prática que deve ser iniciada cedo, em função da dificuldade de identificação das lesões iniciais. As pulverizações devem ter início logo que as primeiras lesões forem identificadas nas folhas mais velhas (SUASSUNA et al., 2006b).
Os primeiros sintomas da doença surgem, em geral, no início da fase reprodutiva da planta, normalmente, entre o aparecimento do primeiro botão floral até a abertura da primeira flor. Os danos causados pela doença estendem-se até o final do ciclo da cultura, sendo mais expressivos entre o início do florescimento e a abertura dos primeiros capulhos. Após o início de abertura de cápsulas, o controle químico não traz benefícios, exceto quando há muita perda de maçãs no terço inferior da planta em decorrência de podridões. No controle químico da doença, é importante conhecer o modo de ação e o tipo de translocação do fungicida na planta, para a decisão sobre qual produto deve ser usado e quando dever ser aplicado. Além desse conhecimento, o uso de maneira alternada de fungicidas com diferentes princípios ativos é fundamental, pois é uma estratégia eficaz para se evitar o surgimento de isolados resistentes, dentro da população de R. areola. Na Tabela 2 são apresentados os fungicidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para o controle da mancha de ramulária.
Medidas de controle envolvendo práticas culturais que minimizem o inóculo de uma estação para outra, como é o caso da rotação de culturas e práticas de manejo do espaçamento e da densidade de plantas, podem contribuir para a redução dos níveis de severidade da doença. Cultivos muito adensados promovem o sombreamento excessivo do dossel foliar no terço inferior da planta (baixeiro) e favorecem a permanência de água livre na superfície das folhas por períodos mais longos, criando condições propícias à germinação do patógeno e desenvolvimento da doença.
Embora a maioria das cultivares de algodoeiro plantadas atualmente no Brasil apresentem algum nível de suscetibilidade à mancha-de-ramulária (SUASSUNA et al., 2006a), o uso de cultivares com algum nível de resistência, principalmente aquelas com arquitetura de copa, que permita ou facilite a aeração, aliado a espaçamentos maiores e a menor densidade de plantas, pode reduzir a severidade da doença (HILLOCKS, 1992a).
Mancha angular
A mancha angular é uma doença causada pela bactéria Xanthomonas citri subsp. malvacearum e caracteriza-se por apresentar manchas foliares de formato anguloso, delimitadas pelas nervuras. As manchas, de início oleosas, adquirem, posteriormente, aspecto necrótico e apresentam coloração marrom ou parda-escura. As lesões também podem se localizar ao longo das nervuras principais, formando uma zona necrótica adjacente a estas. Nos caules e ramos podem ser observadas lesões deprimidas, escuras e alongadas, podendo atingir vários centímetros de comprimento no sentido longitudinal (Figura 3 a-f), enquanto nas maçãs, lesões circulares, inicialmente encharcadas de coloração verde escuro, são formadas na parede do carpelo e, posteriormente, se tornam escuras e causam a podridão das maçãs.
A bactéria pode sobreviver em restos de cultura ou pode ser introduzida na área cultivada com o algodoeiro por meio de sementes infectadas; nesses casos, as partes vegetais mencionadas constituem o inóculo primário do patógeno. Os ciclos secundários da doença são favorecidos por respingos de chuvas que dispersam as células bacterianas a curtas distâncias. A bactéria penetra na planta através dos estômatos ou por meio de ferimentos, mas também é capaz de penetrar diretamente nas sementes através da micrópila (HILLOCKS, 1992d).
Quando as condições do ambiente são favoráveis à infecção e dispersão do agente causal (alta umidade relativa do ar, intensa pluviosidade e ventos), os danos podem ser significativos. O cultivo contínuo de algodão em uma mesma área contribui para o aumento do inóculo inicial. Uma única planta contaminada em uma população de 6.000 plantas foi suficiente para causar uma epidemia da doença em uma cultivar suscetível no Sudão (TARR, 1961).
O controle da doença é feito com o uso de sementes isentas do patógeno e por meio do plantio de cultivares resistentes. No primeiro caso, há uma dificuldade em virtude de não existir, até o momento, um método de detecção da bactéria em sementes de algodoeiro que possa ser empregado em larga escala, em curto período de tempo, com confiabilidade e a custos acessíveis. A principal medida de controle deve ser o uso de cultivares resistentes. Atualmente, a maioria das cultivares comercializadas no Brasil é resistente à mancha angular.
Existem produtos à base de cobre registrados para o controle da mancha angular. Entretanto, a ação dos produtos, aparentemente, é apenas de oferecer maior vigor à planta pela ação do cobre do que propriamente pelo controle da doença. Para este fim, considera-se o custo oneroso e os resultados duvidosos (ARAÚJO e SIQUERI, 2001).
Ramulose
A ramulose é uma doença causada pelo fungo Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides cujos sintomas se caracterizam por ocasionar encurtamento dos internódios e superbrotamento da região apical, dando aspecto de vassoura aos ramos terminais. Chegou a ser uma das mais importantes doenças do algodoeiro no Cerrado. Entretanto, com a ampla ocorrência e distribuição da mancha de ramulária, os fungicidas aplicados para o controle desta doença exercem efeito, também, sobre o inóculo do agente causal da ramulose, tornando sua presença mais endêmica, sem registro de epidemias expressivas.
Os primeiros sintomas podem ser observados nas folhas mais novas, na forma de manchas necróticas circulares, alongadas ou lanceoladas (Figura 4). O tecido necrosado rompe-se, originando perfurações nas folhas, com formato lanceolado e aspecto de estrela; o crescimento desigual do tecido provoca enrugamento do limbo foliar. Após o surgimento das primeiras lesões em folhas, ocorre a morte do meristema apical do ramo afetado, paralisando, assim, o crescimento do ramo e estimulando a brotação de gemas laterais. Sob condições de ambiente favoráveis, novas infecções ocorrem nos brotos recém-lançados, e nos ramos extranumerários laterais, quebrando sua dominância apical, impedindo o crescimento normal da planta e conferindo a ela um aspecto envassourado. Os ramos e entrenós curtos reduzem o porte da planta e aquelas que são infectadas antes do florescimento abortam suas estruturas florais, devido à competição por seiva com os demais ramos vegetativos (Figura 5).
Em cada ramo lateral, o processo de quebra da dominância apical se repete, fato que confere à planta um aspecto envassourado (Figura 6). A doença reduz severamente o porte da planta e a produção de capulhos  (ARAÚJO et al., 2011)
A severidade da ramulose é maior quando ocorre em plantas no início do desenvolvimento vegetativo; alta pluviosidade e fertilidade do solo, temperaturas entre 25 0C  e 30 0C e umidade relativa do ar acima de 80% favorecem a ação do fungo.
O inóculo primário do patógeno é constituído por sementes infectadas e restos de cultura contaminados. A infecção de sementes por C. gossypii var. cephalosporioides está relacionada com o estádio de desenvolvimento do algodoeiro, na ocasião da infecção, e com as condições climáticas prevalecentes durante a formação e o desenvolvimento das maçãs (LIMA et al., 1985; SANTOS et al., 1993).
Após o estabelecimento do patógeno na área de cultivo, sua dispersão ocorre por meio de respingos de chuva. Os ciclos secundários da doença são favorecidos por chuvas intensas, temperaturas entre 25 0C e 30 0C e umidade relativa do ar acima de 80% (MIRANDA; SUASSUNA, 2004). A sobrevivência do patógeno no solo em restos de cultura é de até nove meses, o que garante novas infecções em caso de plantios sucessivos (ARAÚJO et al., 2003) das sementes com fungicidas, adoção do sistema de plantio direto na palha (com base nas premissas: formação de palhada, rotação de culturas e não revolvimento do solo), uso de cultivares com algum nível de resistência e aplicações de fungicidas na parte aérea das plantas.
O método mais eficaz para o manejo da doença é a adoção de sistema de plantio direto, principalmente por conta da rotação de culturas. Infelizmente, essas táticas de manejo nem sempre são empregadas de forma integrada, sendo, na maioria das vezes, o controle químico a única medida adotada, principalmente em áreas de cultivo sucessivo de algodoeiro. Alguns fungicidas recomendados para o manejo da ramulose são apresentados na Tabela 3.
Mancha de alternária
A mancha de alternária em algodoeiro é causada por duas espécies de fungos pertencentes ao gênero Alternaria. A mais comum é causada por Alternaria macrospora, que afeta, principalmente, as folhas mais velhas, mas também pode incidir em folhas cotiledonares e maçãs. Uma outra espécie do gênero, Alternaria alternata, também provoca lesões em folhas de algodoeiro, entretanto, com pouca importância econômica.
Os sintomas da doença se caracterizam por pequenas manchas circulares de coloração marrom no centro e bordas enegrecidas. Essas manchas evoluem, tornando-se maiores, porém, raramente ultrapassam 1 cm de diâmetro (Figura 7). Lesões envelhecidas possuem o centro seco e quebradiço, o qual pode se romper e provocar perfurações no limbo foliar (Figura 8). A coalescência de lesões em cultivares suscetíveis pode formar áreas necróticas irregulares, culminando com a queda das folhas (SUASSUNA et al., 2006c).
A semente constitui-se em um dos principais meios de transmissão de Alternaria macrospora. O fungo ainda pode sobreviver em restos de cultura.
Alta umidade relativa favorece o desenvolvimento de A. macrospora. Em condições controladas, o desenvolvimento da doença é seis a nove vezes maior em cotilédones do que sobre folhas (BASHI et al. 1983). As temperaturas mínima e máxima para ocorrer a doença nos cotilédones sob condições controladas são, respectivamente, 10 oC e 35 oC, com a faixa ótima situando-se entre 20 oC e 25 oC. Dentro desta faixa de temperatura, os cotilédones são infectados após um período de 4 horas de molhamento foliar. Porém, para ocorrer um nível similar de infecção sobre folhas, é necessário um período de, pelos menos, 20 horas de molhamento (SPROSS-BLICKLE et al., 1989).
O fato de cotilédones serem suscetíveis à infecção causada por A. macrospora, em condições nas quais as folhas são resistentes, faz dos mesmos um importante reservatório de inóculo para infectar as folhas mais baixas do dossel da planta, quando as condições de umidade são favoráveis (HILLOCKS, 1992a).
O controle da doença se baseia no uso de cultivares resistentes e no controle químico. O controle químico utilizado contra outros patógenos, como Ramularia. areola, contribui para o controle da mancha de alternária. Fungicidas estanhados são eficazes no controle da doença. Os fungicidas registrados para controle específico da mancha de alternária, encontram-se descritos na Tabela 4.
Mofo branco
Essa doença foi observada, inicialmente, em algodoeiro nos estados de Minas Gerais, Bahia e de Goiás, geralmente em áreas cultivadas com feijão nas safras anteriores, sob irrigação com pivô central. Em cultivos de sequeiro, essa enfermidade também tem sido constatada apenas em regiões de altitude, reduzindo o estande inicial e com alta severidade em plantas adultas. A doença também tem sido observada em áreas onde se cultiva Crotalaria como cultura de cobertura visando o controle de nematoides, por ser esta espécie altamente suscetível ao agente causal do mofo branco.
A doença é causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum. É um fungo de ampla ocorrência em todo o mundo, tendo sido registradas pelo menos 400 espécies de plantas hospedeiras (BOLAND; HALL, 1994). No Brasil, o agente causal do mofo branco em algodoeiro é comumente associado a perdas significativas de produção em lavouras de feijão (CHARCHAR et al., 1994) e de soja (YORINORI, 1987).
Os sintomas da doença se expressam na parte aérea da planta com murcha, necrose e podridão úmida em hastes (Figura 9a), pecíolos e maçãs. No interior do capulho, em geral, são constatados micélio branco de aspecto cotonoso e escleródios escuros e irregulares formados tanto internamente quanto na parte externa da maça (Figuras 9 a-c). Escleródios encontrados no interior de capulhos desenvolvem as estruturas sexuais do fungo chamadas de apotécios em, aproximadamente, 60 dias (CHARCHAR et al., 1999). Ao contrário dos escleródios formados em outras plantas, como feijão e soja, os escleródios formados em algodoeiro são maiores, e, a partir destes, germinam muitos apotécios (Figura 9c).
Alta umidade aliada a temperaturas variando entre 15 oC e 25 oC são condições que favorecem a doença. O fungo sobrevive no solo, por alguns anos, na forma de escleródios. Os ascósporos, esporos sexuais produzidos nos apotécios, que são originados da germinação dos escleródios, correspondem ao inóculo primário do patógeno. As pétalas de flores caídas do algodoeiro após a fecundação da flor podem formar um substrato ideal para a germinação de escleródios de S. sclerotiorum. Ascósporos do fungo podem ser dispersos pelo vento e sobreviver por até 12 dias no campo. Escleródios podem ser dispersos em mistura ou aderidos às sementes ou por sementes infectadas. Os escleródios presentes no solo e nos restos de cultura também podem ser dispersos pela água ou implementos agrícolas.
O manejo da doença é difícil devido à capacidade do agente causal formar estruturas de resistência (escleródios), que garantem sua sobrevivência por vários anos, mesmo em condições adversas, limitando a utilização de práticas como a rotação de culturas. Não existem cultivares resistentes, e o controle químico nem sempre é eficaz. A integração de medidas como controle biológico (a exemplo os fungos Trichoderma harzianum ou T. asperellum, visando à redução de escleródios na entressafra), controle químico durante a condução da lavoura, rotação de culturas com plantas não hospedeiras, além de outras práticas, devem ser implementadas para o manejo dessa doença.
Mancha de mirotécio
A mancha de mirotécio do algodoeiro é causada pelo fungo Myrothecium roridum. O maior surto epidêmico relatado no Brasil ocorreu no município de Balsas, no Estado do Maranhão, na safra 2003/2004, com danos estimados em 50%. A doença também foi relatada nos estados do Mato Grosso, Bahia e Goiás com baixa severidade (SUASSUNA et al., 2006c). O agente causal da mancha de mirotécio do algodoeiro é encontrado em regiões de clima temperado e tropical em um grande número de espécies de hospedeiros, que inclui solanáceas e cucurbitáceas (HILLOCKS, 1992a).
Os primeiros sintomas da doença surgem, geralmente, nas folhas de plantas jovens, quatro a seis semanas após a emergência, sendo capaz de causar tombamento, tanto em pré quanto em pós-emergência de plântulas. Em plantas adultas, os sintomas se caracterizam por manchas de formato circular, coloração escura, com margens violeta-amarronzada; as lesões podem estender-se até 3 cm de diâmetro e são contornadas por áreas translúcidas. Sob condições ótimas para o desenvolvimento, as lesões crescem em tamanho, multiplicam-se e coalescem, afetando grandes áreas do limbo foliar; dependendo da severidade da doença pode ocorrer desfolha na planta. O fungo pode infectar tecidos tenros e lenhosos, causando lesões na haste principal, pedúnculos e pecíolos (HILLOCKS, 1992a).
O patógeno é um saprófita de solo, bastante comum, com capacidade de se tornar patogênico sob certas condições (altas temperaturas e molhamento foliar constante, por vários dias). O fungo é capaz de produzir sintomas em todos os estágios de desenvolvimento do algodoeiro, inclusive na fase de frutificação da planta. O inóculo primário do patógeno pode ser oriundo de solos infestados ou de outras culturas e plantas daninhas infectadas. A temperatura ótima para germinação dos esporos de M. roridum é 29 oC. Para isolados do patógeno de origem tropical, as temperaturas ótimas podem ser superiores às dos isolados de clima temperado (HILLOCKS, 1992a).
Doença azul (mosaico das nervuras f. Ribeirão Bonito)
Os sintomas desta virose se caracterizam pelo encurtamento acentuado dos entrenós e redução no porte da planta. As nervuras das folhas apresentam um amarelecimento ou palidez; as folhas apresentam uma coloração verde intensa a azulada, rugosas e com curvatura dos bordos para baixo. Em casos mais severos, avermelhamento de pecíolos, nervuras e limbo foliar (MIRANDA; SUASSUNA, 2004) (Figuras 10 e 11).

Para o agente causal desta virose, foi proposta a nomenclatura Cotton leafroll dwarf virus, CLRDV (CORRÊA et al., 2005).
O vírus é transmitido pelo pulgão (Aphis gossypii); plantas sadias expostas a pulgões contaminados com partículas do vírus desenvolvem os sintomas em torno de 18 dias após a exposição.
Observações realizadas nas safras de 2005/2006 e 2006/2007 registraram a ocorrência de focos da doença azul em campos de variedades resistentes em diversos estados produtores. As plantas apresentavam sintomas atípicos da doença, ou seja, folhas com coloração avermelhada, com pouca ou nenhuma redução de crescimento (MIRANDA et al., 2008). Foi demonstrado que a virose “atípica” (Figura 12) também é transmitida pelo pulgão do algodoeiro.
Para o controle da doença, recomenda-se manter a população do vetor em níveis baixos, variando de acordo com a resistência da cultivar plantada, e o plantio de cultivares resistentes. Para as cultivares com resistência às duas viroses, o nível de controle do pulgão pode ser superior a 60% das plantas com colônias do inseto. Para cultivares com resistência intermediária, o nível de controle não deve ultrapassar 40% de plantas com colônias; o nível de controle para cultivares suscetíveis deve ser rigoroso. Independentemente do nível de resistência da cultivar, faz-se necessário o controle do pulgão logo que o primeiro capulho estiver aberto, uma vez que os excrementos deste inseto possuem açúcares que aumentam os níveis de caramelização da fibra (MIRANDA; SUASSUNA, 2004).
Vermelhão
Essa virose é causada pelo Cotton anthocyanosis virus, CAV. A doença é caracterizada por áreas avermelhadas ou arroxeadas, limitadas pelas nervuras, que permanecem verdes. Os sintomas ocorrem, principalmente, nas folhas dos terços inferior e médio e assemelham-se à deficiência de magnésio (ARAÚJO e SUASSUNA, 2003).
Os sintomas descritos para esta doença podem ser confundidos, na prática, com outras causas, como ataque de pragas (broca da raiz, percevejo castanho, ácaro rajado), deficiência de magnésio, fitotoxidez ou senescência das folhas, em virtude da idade (ARAÚJO e SUASSUNA, 2003) (Figura 13).
O vírus não é transmitido por sementes ou por inoculação mecânica. O pulgão A. gossypii transmite o vírus entre plantas de algodoeiro de maneira persistente, não propagativa, ou seja, o inseto se mantém virulífero por um longo período de tempo. Entretanto, como o vírus não se multiplica no vetor, o inseto vai perdendo gradativamente a capacidade de transmissão. Algumas plantas cultivadas e de vegetação espontânea, tais como quiabeiro, Hibiscus cannabisSida micranthaSida rhobifolia e Pavonia sp. podem ser hospedeiras do vírus (PAIVA et al., 2001). As medidas de controle são as mesmas adotadas no manejo do mosaico das nervuras (doença azul).
Podridão das maçãs
A podridão dos frutos, ou podridão das maçãs, nada mais é do que a deterioração progressiva do fruto do algodoeiro antes ou depois de sua abertura (Figura 14). Vários são os agentes causais, podendo esta ter como causa primária a ação de insetos como o bicudo (Anthonomus grandis) e percevejos (Dysdercus spp) e também diferentes patógenos que afetam a cultura. Além disso, após a ocorrência dos danos primários, fatores do ambiente, principalmente alta pluviosidade e umidade relativa, associada a baixa aeração do dossel das plantas, podem agravar o problema em virtude do favorecimento da ocorrência de outros patógenos oportunistas, principalmente fungos.
Em geral, regiões onde os índices pluviométricos são elevados e onde se combinam fatores como plantios adensados e desenvolvimento vegetativo vigoroso, é comum a alta incidência da podridão das maçãs. Esse fenômeno tem resultado em prejuízos elevados, sobretudo porque não existem medidas de controle emergenciais que possam ser implementadas visando reverter o quadro.
Períodos prolongados de alta umidade atmosférica são o principal requisito para ocorrer uma epidemia da doença. Em geral, longos períodos com elevada umidade, baixa luminosidade e temperaturas entre 25 °C e 30 °C são fatores predisponentes à ocorrência da doença. Os fatores predisponentes atuam como determinantes para facilitar a infecção pelos patógenos causadores da doença. Assim sendo, as medidas que podem ser mais eficazes são aquelas que visam reduzir a ação desses fatores. Entre elas, destacam-se o manejo da época de semeadura; plantios menos adensados; evitar o plantio em áreas passíveis de encharcamento; manejar o crescimento vegetativo, por meio de reguladores de crescimento, de modo que se reduza o sombreamento, facilitando assim a aeração e a entrada da luz solar no dossel da cultura.
Essas ações podem ser associadas a cultivares sabidamente mais resistentes e a uma adubação equilibrada, além do controle de pragas que possam induzir ferimentos nas maçãs. Entre as pragas mais importantes, estão os percevejos, dentre os quais destacam-se o rajado (Horcias nobilellus), o manchador (Dysdercus sp.) e os percevejos migrantes como o marrom (Euschistus heros), o pequeno (Piezodorus guildinii), o verde (Nezara viridula), além de Edessa meditabunda Dichelops melacanthus, entre outros. O controle desses percevejos é fundamental para reduzir os índices de podridão de maçãs, sobretudo no final do ciclo vegetativo do algodoeiro.
Uma vez que a podridão das maças não possui uma causa única, a melhor estratégia de manejo consiste na adoção de práticas de cultivo que minimizem o risco de ocorrência desse problema. No entanto, quando da ocorrência do mesmo em níveis considerados elevados, é preciso que se faça o correto diagnóstico do principal agente causal para que seja possível adotar a melhor medida de controle para mitigar o problema.

Doenças do sistema radicular

Murcha de fusarium
Doença causada pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum. Os sintomas caracterizam-se pela murcha das folhas e ramos. Muitas plantas jovens podem morrer em poucos dias após os primeiros sintomas externos serem observados, comuns quando as plantas encontram-se com, aproximadamente, seis semanas de idade. Algumas plantas afetadas podem sobreviver à doença emitindo novas brotações próximas ao solo mas, em geral, os ramos originados a partir desses novos brotos não são produtivos. As plantas mortas perdem todas as suas folhas e as pequenas brotações caem, permanecendo apenas o caule enegrecido. A maioria das plantas que não morrem, sofre severa redução de crescimento (Figura 15).
Os sintomas internos caracterizam-se pela descoloração dos feixes vasculares os quais sofrem bloqueio impedindo a livre circulação de água e seiva bruta para a parte aérea, induzindo a murcha (Figura 16). A murcha de fusarium é ainda mais severa quando ocorre associada a nematoides, especialmente os do gênero MeloidogyneRotylenchus e Pratylenchus, formando o que se convencionou chamar de complexo fusarium-nematoide. Os nematoides provocam ferimentos nas raízes que facilitam a penetração do patógeno.
O agente causal da murcha de fusarium em algodoeiro pode sobreviver no solo por muito tempo na forma de estruturas de resistência (clamidósporos). A dispersão do patógeno em curtas distâncias é favorecida pelo movimento de partículas de solo contaminado, principalmente por meio de máquinas agrícolas, pelo vento e pela água. Em longas distâncias, a dispersão ocorre, principalmente, por meio de sementes contaminadas (DAVIS et al., 2006).
Além dos nematoides, outras condições, como solos com alto teor de areia, baixo pH, fertilidade desequilibrada, temperaturas entre 25 °C e 32 °C e alta umidade, favorecem a doença.
O controle da doença é realizado, principalmente, por meio do princípio da exclusão, evitando-se a introdução do patógeno em áreas isentas. Nestes casos, a utilização de sementes livres do patógeno, assim como o tratamento de sementes com fungicidas é fundamental. Outras medidas importantes para o controle são a rotação de culturas e o uso de cultivares resistentes.
Não existem cultivares imunes à murcha de fusarium; entretanto, cultivares resistentes e moderadamente resistentes têm sido desenvolvidas. As cultivares IAC 24, BRS Aroeira e BRS Sucupira apresentam bom desempenho produtivo, quando cultivadas em solos com alta infestação de F. oxysporum f.sp. vasinfectum.
Para mais informações sobre as principais doenças do algodoeiro, consulte a publicação intitulada “Identificação e controle das principais doenças do algodoeiro”.
Nematoses
Vários nematoides podem causar doenças no algodoeiro induzindo danos que podem significar perdas expressivas à produção.
Os nematoides são vermes microscópicos, habitantes do solo e que se alimentam, principalmente, das raízes, causando diversas alterações nas plantas. Entre as espécies que atacam o algodoeiro, destacam-se Rotylenchulus reniformes, Belonolaimus longicaudatos, Belonolaimus gracilis, Hoplolaimus Columbus, Meloidogyne incongnia, Pratylenchus spp. Trichodorus spp e Tylenchorhynchus spp. No Brasil, os mais importantes são: Meloidogyne incognita, conhecido também como nematoide das galhas, Rotylenchulus reniformis, conhecido como nematoide reniforme, e Pratylenchus brachyurus, conhecido como nematoide das lesões radiculares.
Nematoide das galhas
Meloidogyne incognita tem ampla distribuição mundial e é observado no Brasil em todas as regiões onde se cultiva o algodoeiro.
Este nematoide possui quatro raças distintas, mas apenas as raças três e quatro são parasitas do algodoeiro, com agressividade semelhante. Dessas duas raças, a raça três tem ocorrido com prevalência em regiões onde o algodão vem sendo cultivado.
Os principais sintomas em plantas severamente atacadas pelo patógeno são o subdesenvolvimento e a murcha nos períodos mais quentes do dia. A planta volta a apresentar turgidez quando a temperatura cai. Os sintomas de clorose e amarelecimento não são muito pronunciados, mas as plantas podem apresentar sintomas de deficiência nutricional, especialmente de nitrogênio. O sintoma mais característico no sistema radicular é o intumescimento das raízes afetadas, denominados de galhas.
As fêmeas do nematoide, ao se instalarem na raiz induzem à formação de células gigantes no córtex. Essas células se constituem no local de alimentação do parasita. Além das células gigantes, o nematoide induz à proliferação de células adjacentes. Essas modificações promovem o espessamento da raiz. Quando a população é muito grande, várias fêmeas podem se alojar numa mesma raiz, produzindo uma grande galha pela coalescência de galhas individuais. Os sintomas tornam-se mais perceptíveis em solos arenosos.
Além dos danos causados diretamente à planta, M. incognia atua em associação com outros patógenos, principalmente com o Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum, criando um efeito sinérgico que induz o aumento da severidade da doença causada pelos dois patógenos. Essa associação é denominada de complexo fusarium-nematoide e se constitui em um dos exemplos clássicos de como o nematoide pode agravar de maneira efetiva a infecção por um fungo, de modo que a murcha de fusarium é normalmente conhecida como complexo fusarium-nematoide.
A distribuição de M. incognita no solo segue um padrão agregado, expressando-se em manchas de plantas sintomáticas na lavoura (WATKINS, 1981).
Nematoide reniforme
O nematoide Rotylenchulus reniformis, conhecido como nematoide reniforme, é assim denominado devido às fêmeas apresentarem, no sistema radicular do hospedeiro, o formato típico de um rim humano.
Diferentemente do nematoide das galhas, a ocorrência de R. reniformis não se restringe a solos arenosos, sendo dificilmente encontrado em solos com teor de areia acima de 40%, e sua distribuição pode ocorrer de maneira uniforme na lavoura.
As plantas afetadas apresentam, em geral, sintomas de deficiência de potássio e leve subdesenvolvimento que, sob condições de estresse pode ser severamente agravado. O sistema radicular não apresenta a formação de galhas, porém, devido às massas gelatinosas de ovos produzidas pelas fêmeas adultas, pode haver retenção de solo nas raízes de plantas arrancadas da lavoura.
O nematoide reniforme, a exemplo do nematoide das galhas, também pode aumentar severidade da murcha de fusarium. Além disso, pode estabelecer uma sinergia com o fungo Verticilium dahliae, também agente causal de murcha no algodoeiro.
Nematoide das lesões radiculares
É um dos nematoides mais disseminados na cultura do algodoeiro. Em condições do Estado de São Paulo, o nematoide Pratylenchus brachyurus induziu o crescimento retardado nas plantas afetadas. As plantas parasitadas apresentam a haste muito fina, quando comparadas às plantas sadias.
Diferentemente dos demais nematoides que afetam o algodoeiro no Brasil, P. brachyurus é um endoparasita migrador, ou seja, pode penetrar nas raízes e se movimentar pelos tecidos corticais, causando lesões e favorecendo o apodrecimento do sistema radicular.
Controle de nematoides do algodoeiro
O método mais eficiente de controle de nematoides no algodoeiro é o uso de cultivares resistentes. No entanto, não são muitas as opções de cultivares com essa característica.
Uma das práticas mais importantes é a rotação de culturas, que tem como principal efeito a redução da população do nematoide no solo de uma estação para a outra.
Ao se empregar a rotação de culturas, deve-se atentar para o fato de que as três espécies de nematoides que afetam o algodoeiro no Brasil apresentam diferentes graus de polifagismo. O nematoide das galhas (M. incognita) pode parasitar um grande número de espécies, dentre as quais a soja, o milho e o cafeeiro, o que torna difícil um programa de rotação economicamente viável. Para esta espécie, é recomendado o uso de amendoim, feijão caupi ou mucuna. Em relação ao nematoide reniforme, que entre uma extensa lista de hospedeiro pode-se encontrar a soja, recomenda-se a rotação com sorgo, milho ou arroz. O milho e a cana-de-açúcar devem, no entanto, ser evitados em áreas infestadas por P. brachyurus.
Qualquer que seja a medida de controle utilizada, é fundamental que se faça uma estimativa quali-quantitativa da população dos nematoides no solo, a fim de que sejam tomadas as medidas de controle mais adequadas para cada situação. Como durante o período de entressafra ocorre uma diminuição da população de nematoides no solo, recomenda-se que a amostragem seja realizada, preferencialmente, no início da maturação das plantas (PAIVA et al.,2001).
Controle químico
Tabela 1. Fungicidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o controle de tombamento em algodoeiro.
Produto Comercial
Ingrediente Ativo (Grupo Químico)
 Abacus HC
  Epoxiconazol *Triazol) + Piraclostrobina (Edtrobilurina)
 Agroben 500
 Carbendazin (Benzimidazol)
 Apollo 500 SC
 Carbendazin (Benzimidazol)
 Arcadia
 Cresoxim-metílico (Estrobilurina) +  (Triazol)  
 Atempla
 Carbendazim (Benzimidazol)
 Authority
 Azoxystrobina (Estrobilurina) + Frutriafol (Triazol)
 Band
 Flutriafol (Triazol)
 Batle
 Carbendazin (Benzimidazol)
 Baytan FS
 Triadimentol (Triazol)
Bendazol
 Carbendazin (Benzimidazol)
 Buran
 Flutriafol (Triazol)
 Cabrio Top
 metiram (Alquilenobis(Ditiocarbamato)) + Piraclostrobina (Estrobilurina)  
 Captan 750 TS
 Captana (Dicarboximida)
 Captan SC
 Captana (Dicarboximida)
 Carben 500 SC
 Carbendazim (Benzimidazol)
 Carbendazin SC
 Carbendazin (Benzimidazol)
 Carbendazin Nortox
 Carbendazin (Benzimidazol)
 Cercobin 500 SC
 Tiofanato-Metílico (Benzimidazol (Precursor De))
 Comet
 Piraclostrobina (Estrobilurina)
 Constant
 Tebuconazol (Triazol)
 Derosal 500 SC
 Carbendazim (Benzimidazol)
 Derosal Plus
 Carbendazim (Benzimidazol) + Tiram (Dimetilditiocarbamato)
 Derox
 Carbendazin (Benzimidazol)
 Dynasty
 Azoxistrobina (Estrobilurina) + Fludioxonil (Fenilpirrol) + Metalaxil-M (Acilalaninato)
 Effort
Azoxystrobina (Estrobilurina) + Benzovindiflupyr (Pirazol Carboximida
 Elatus
 Azoxystrobina (Estrobilurina) + Benzovindiflupyr (Pirazol Carboximida)
 Elite
 Tebuconazol (Triazol)
 Flama
 Flutriafol (Triazol)
 Flexin
 Flutriafol (Triazol)
 Folicur 200 EC
 Tebuconazol (Triazol)
 Fox
 Protioconazol (Triazolinthione) + Trifloxistrobina (Estrobilurina)
 Fungitol Verde
 Cloreto de Cobre (Inorgânico)
 Euparen M 500 WP
 Tolifluanida (Fenilsulfamida)
 Helmstar plus
 Azoxystrobina (Estrobilurina) + Teboconazol (triazol)
 Hexin 500 SC
 Carbendazin (Benzimidazol)
 Impact Plus
 Carbendazin (Benzimidazol) + Flutriafol (Triazol)
 Impact 125 SC
 Flutriafol (Triazol)
 Imperador BR
 Carbendazin (Benzimidazol)
 Locker
 Carbendazin (Benzimidazol) + Crsozin Metílico (Estrobilurina) +    Tebuconazol (Triazol)
 Mandarin
 Carbendazin (Benzimidazol)
 Maxim
 Fludioxonil (Fenilpirrol)
 Minx 500 SC
 Carbendazin (Benzimidazol)
 Monaris
 Azoxystrobina (Estrobilurina) + Ciproconazol (Triazol)
 Monceren 250 SC
 Pencicurom (Feniluréia)
 Monceren PM
 Pencicurom (Feniluréia)
 Nativo
 Tebuconazol (Triazol) + Trfloxistrobina (Estrobilurina)
 Novazin Cheminova
 Carbendazin (Benzimidazol)
 Oranis
 Picoxistrobina (Estrobilurina)
 Orkestra
 Fluxapiroxade (Carboximida) + Piraclostrobina (Estrobilurina)
 Orthocide 500
 Captana (Dicarboximida)
 Primo
 Azoxystrobina (Estrobilurina) + Ciproconazol (Triazol)
 Priori
 Azoxystrobina (Estrobilurina)
Priori Xtra
 Azoxystrobina (Estrobilurina) + Ciproconazol (Triazol)
 Priori Top
 Azoxystrobina (Estrobilurina) + Difenoconazol (Triazol)
 Proline
 Protioconazol (Trazolinthione)
 Quality
 Trichoderma asperellum (Biológico)
 Rodazin 500 SC
 Carbendazin (Benzimidazol)
 Rhodiauram SC
 Tiram (Dimetilditiocarbamato)
 Sementiran 500 SC
 Tiram (Dimetilditiocarbamato)
 Simboll 125
 Flutriafol (Triazol)
 Spectro
 Difenoconazol (Triazol)
 Standak Top
 Fipronil (pirazol) + Piraclostrobina (Estrobilurina) + Tiofanato Metílico
 Stratego 250 EC
 Propiconazol (Triazol) + Trifloxistrobina (Estrubilurina)
 Sumilex
 Procimidona (Dicarboximida)
 Sumilex 500 WP
 Procimidona (Dicarboximida)
 Tasker
 Azoxystrobina (Estrobilurina) + Flutriafol)
 Tebufort
 Teboconazol (Triazol)
 Tebuzim 250 SC
 Carbendazin Benzimidazol) + Tebuconazol (Triazol)
 Terraclor 750 WP
 Quintozeno (Cloro aromático)
 Tornado
 Futriafol (Triazol)
 Tríade
 Tebuconazol (Triazol)
 Trinity 250 SC
 Flutriafol (Triazol)
 Vincit 50 SC
 Flutriafol (Triazol)
 Vitavax Thiram 200 SC
 Carboxina (Carboxanilida) + Tiram (Dimetilditiocarbamato)
 Vitavax-Thiram WP
 Carboxina (Carboxanilida) + Tiram (Dimetilditiocarbamato)
 Virtuoso 250 SC
 Carbendazil (Benzimidazol) + Tebuconazol (Triazol)
 Wish 500 SC
 Carbendazin (Benzimidazol)

Fonte: AGROFIT, consulta on line, agosto, 2016.
Tabela 2. Fungicidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o controle da mancha de ramulária.
Nome comercial
Princípio ativo
Formulação
Dose
Classe
Toxicológica
Abacus HC
Epoxiconazol + Piraclostrobina
SC
0,25 L/ha
III
Alterne
Tebuconazol
EC
1,0 L/ha
III
Amistar Top
Azoxistrobina + Difeconazol
SC
0,3 – 0,4 L/ha
III
Apice
Epoxiconazol + Tiofanato- metílico
SC
0,6 L/ha
I
Aproach Prima
Ciproconazol + Picoxistrobina
SC
0,3 L/ha
III
Arcádia
Cresoxim-metílico + Tebuconazol
SC
0,8 – 1,0 L/ha
III
Authority
Azoxistrobina + Flutriafol
SC
0,4 – 0,6 L/ha
III
Band
Flutriafol
SC
0,8 – 1,0 L/ha
I
Battle
Carbendazim  + Flutriafol
SC
0,6 L/ha
III
Bion 500 WG
Acibenzolar-S-metílico
WG
15 – 25 g/ha
III
Buran
Flutriafol
SC
0,8 – 1,0 L/ha
I
Cabrio Top
Metiram + Piraclostrobina
WG
2,0 kg/ha
III
Caramba 90
Metconazol
SL
0,6 - 0,7 L/ha
III
Carbendazim Nortox
Carbendazim
SC
0,6 L/ha
II
Celeiro
Flutriafol + Tiofanato-metílico
SC
0,8 – 1,0 L/ha
III
Cercobin 500 SC
Tiofanato-metílico
SC
0,6 – 0,8 L/ha
II
Comet
Piraclostrobina
EC
0,4 L/ha
II
Delsene SC
Carbendazim
SC
0,5 L/ha
III
Delsene WG
Carbendazim
WG
330g/ha
III
Derox
Carbendazim
SC
0,6 L/ha
II
Domark 100 EC
Tetraconazol
EC
0,5 L/ha
I
Emerald
Tetraconazol
EW
0,3 - 0,5 L/ha
II
Emerald 230 ME
Tetraconazol
ME
0,3 – 0,5 L/ha
III
Eminent 125 EW
Tetraconazol
EW
0,3 - 0,5 L/ha
III
Flama
Flutriafol
SC
0,8 – 1,0 L/ha
I
Flexin
Flutriafol
SC
0,8 – 1,0 L/ha
I
Fox
Protioconazol + Trifloxistrobina
SC
0,4 L/ha
I
Guapo
Epoxiconazol + Cresoxim-metílico
SC
1,0 L/ha
III
Helmstar Plus
Azoxistrobina + Tebuconazol
SC
0,4 - 0,6 L/ha
II
Impact Duo
Flutriafol + Tiofanato-metílico
SC
0,8 – 1,0 L/ha
III
Impact Plus
Carbendazim  + Flutriafol
SC
0,6 L/ha
III
Impact 125 SC
Flutriafol
SC
0,8 – 1,0 L/ha
I
Jade
Procloraz
EC
1,0 L/ha
III
Locker
Carbendazim + Cresoxim-metílico + Tebuconazol
SC
1,0 – 1,25 L/ha
III
Nativo
Tebuconazol + Trifloxistrobina
SC
0,6 L/ha
III
Opera Ultra
Metconazol + Piraclostrobina
EC
0,5 L/ha
I
Oranis
Picoxistrobina
SC
0,25 L/ha
III
Primo
Azoxistrobina + Ciproconazol
SC
0,3 L/ha
III
Priori
Azoxistrobina
SC
0,2 L/ha
III
Priori Top
Azoxistrobina + Difenoconazol
SC
0,3 – 0,4 L/ha
III
Priori Xtra
Azoxistrobina + Ciproconazol
SC
0,3 L/ha
III
Score
Difenoconazol
EC
0,3 L/ha
I
Simboll 125 SC
Flutriafol
SC
0,8 – 1,0 L/ha
I
Soprano 125 SC
Epoxiconazol
SC
0,4 L/ha
I
Stratego 250 EC
Propiconazol +Trifloxistrobina
EC
0,5 L/ha
II
Tasker
Azoxistrobina + Flutriafol
SC
0,4 – 0,6 L/ha
III
Tebuco Nortox
Tebuconazol
EC
0,5 – 0,75 L/ha
I
Tenaz 250 SC
Flutriafol
SC
0,4 – 0,5 L/ha
III
Tornado
Flutriafol
SC
0,8 – 1,0 L/ha
I
Treasure
Epoxiconazol + Tiofanato-metílico
SC
0,6 L/ha
I
Trinity 250 SC
Flutriafol
SC
0,4 – 0,5 L/ha
III

Fonte: MAPA/Sistemas: AGROFIT, consulta on line, maio 2014.
Tabela 3. Fungicidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para o controle da ramulose do algodoeiro (Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides).
Nome comercial
Ingrediente ativo
Formulação
Dose
Classe Toxicológica
Abacus HC
Epoxiconazol + piraclostrobina
SC
0,25 L/ha
III
Agroben 500
Carbendazim
SC
0,08 L/ha
II
Arcádia
Cresoxim-metílico
SC
0,8 – 1,0 L/ha
III
Authority
Azoxistrobina + Flutriafol
SC
0,4 – 0,6 L/ha
III
Constant
Tebuconazol
EC
0,75 L/ha
III
Delsene SC
Carbendazim
SC
0,5 L/ha
III
Delsene WG
Carbendazim
WG
330g/ha
III
Elite
Tebuconazol
EC
0,75 L/ha
III
Folicur 200 EC
Tebuconazol
EC
0,75 L/ha
III
Fox
Protioconazol + Trifloxistrobina
SC
0,5 L/ha
I
Fungitol Verde
Oxicloreto de Cobre
WP
220g/100L água
IV
Locker
Carbendazim + Cresoxim-metílico + Tebuconazol
SC
1,0 – 1,25 L/ha
III
Mandarim
Carbendazim
SC
0,5 – 0,6 L/ha
III
Nativo
Tebuconazol + Trifloxistrobina 
SC
0,6-0,75 L/ha
III
Oranis
Picoxistrobina
SC
0,2 – 0,3 L/ha
III
Primo
Azoxistrobina + Ciproconazol
SC
0,3 L/ha
III
Priori Xtra
Azoxistrobina + Ciproconazol
SC
0,3 L/ha
III
Proline
Protioconazol
EC
0,4 – 0,5 L/ha
I
Tasker
Azoxistrobina + Flutriafol
SC
0,4 – 0,6 L/ha
III
Tebufort
Tebuconazol
EC
100ml/100L água
I
Tebuzim 250 SC
Carbendazim + Tebuconazol
SC
1,0 – 1,2 L/ha
III
Triade
Tebuconazol
EC
0,75 L/ha
III
Virtuoso 250 SC
Carbendazim + Tebuconazol
SC
1,0 – 1,2 L/ha
III

Fonte: MAPA/Sistemas: AGROFIT, consulta on line, maio 2014.
O controle da doença pode ser feito por meio de fungicidas recomendados pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, conforme Tabela 5.
Tabela 5. Fungicidas recomendados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para o controle da mancha de mirotécio do algodoeiro.
Nome Comercial
Ingrediente Ativo
Formulação
Dose
Classe Toxicológica
Opera Ultra
Metconazol + Piraclostrobina
EC
0,5 L/ha
I
Treasure
Epoxiconazol + Tiofanato-metílico
SC
0,6 L/ha
I
Fonte: MAPA/Sistemas: AGROFIT, consulta on line, maio 2014.
No Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento existem produtos registrados para o controle das três espécies de nematoides que afetam o algodoeiro, por meio do tratamento de sementes ou de aplicação no solo (Tabela 6).

Tabela 6. Produtos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o controle de nematoides que afetam o algodoeiro.

Espécie
Nome comercial
Ingrediente Ativo
Formulação
Dose
Rotylenchulus reniformis
Avicta 500 FS

Abamectina
FS
3,0ml/kg sementes
Counter 150 G

Terbufós
GR
20-27kg/ha
Diafuran 50

Carbofurano
GR
40-50kg/ha
Furadan 50 G

Carbofurano
GR
50kg/ha
Meloidogyne incognita
Avicta 500 FS

Abamectina (Avermectina)
FS
300ml/100kg sementes
Cropstar

Imidacloprido + Tiodicarbe
SC
2,4L/100kg sementes
Furacarb 100 GR

Carbofurano
GR
20-30kg/ha
Furadan 100 G

Carbofurano
GR
20-30kg/ha
Nemacur
Fenamifós
GR
30-50kg/ha
Rugby 200 CS

Cadusafós
CS
1200 – 1400g.i.a/ha
Pratylenchus brachyurus
Avicta 500 FS

Abamectina (Avermectina)
FS
300ml/100kg sementes
Cropstar

Imidacloprido + Tiodicarbe
SC
2,4L/100kg sementes








sábado, 20 de maio de 2017

Plantas daninhas na Cultura do Algodão


Plantas daninhas

Interferência de plantas daninhas na cultura do algodoeiro

Uma planta é conceituada como daninha quando sua presença no ambiente interfere nos interesses do homem. De modo geral, planta daninha pode ser definida como toda e qualquer planta que ocorre em local onde não é desejada (BRINGHENTI, 2001). Para qualquer cultivo agrícola o termo interferência de plantas daninhas refere-se ao conjunto de ações que recebe uma determinada cultura, em decorrência da presença da comunidade infestante. Os efeitos negativos observados no crescimento, desenvolvimento e produtividade de uma cultura, não devem ser atribuídos exclusivamente à competição, mas a um conjunto de pressões ambientais que está direta ou indiretamente ligado à presença das plantas daninhas no ecossistema agrícola (PITELLI, 1985). De acordo com Pitelli & Pitelli (2008) os mecanismos de interferência podem ser divididos em diretos, dos quais se destacam competição, alelopatia e depreciação da qualidade do produto; e indiretos, com relevância para patógenos ou pragas hospedadas por plantas infestantes e efeitos prejudiciais às práticas agrícolas.
O metabolismo fotossintético C3, o crescimento inicial lento (AZEVEDO et al., 1994; BELTRÃO; AZEVEDO, 1994) e o ciclo longo estão entre as características do algodoeiro que o tornam bastante sensível à interferência das plantas daninhas. Na cotonicultura, as plantas daninhas podem reduzir a produtividade em mais de 90% (FREITAS et al., 2003; AZEVEDO et al., 2008).
Para que se possa adotar alguma medida no intuito de reduzir os efeitos das plantas daninhas, é necessário o conhecimento do período, durante o ciclo cultural, em que a presença de plantas daninhas interfere negativamente no crescimento e desenvolvimento da lavoura. Em média, o período de mato-competição das plantas daninhas no ciclo do algodoeiro ocorre entre 15 e 70 dias após a emergência da cultura, correspondendo ao intervalo no qual o controle deve ser realizado com o objetivo de eliminar a competição interespecífica e assegurar a produtividade. Porém, esse período pode variar, principalmente, em função do sistema de produção adotado (CHRISTOFFOLETI et al., 2011), nos quais se enquadram a possibilidade de utilização de irrigação, além de outros fatores, como condições ambientais específicas de cada região (clima e solo), composição da comunidade infestante, cultivar, nível de perda de produtividade considerado como aceitável, entre outros.
A presença de plantas daninhas no final do ciclo do algodoeiro, apesar de não afetar a produtividade, pode atrapalhar e onerar a colheita e o beneficiamento. Algumas plantas infestantes dificultam a colheita do algodão, com destaque para as espécies de corda-de-viola (Ipomoea spp.) e o apaga-fogo (Alternanthera tenella), enquanto outras, como Acanthospermum hispidumCenchrus echinatus e Bidens pilosa depreciam a qualidade do algodão colhido, devido à adesão de seus propágulos à fibra. Consequentemente, no beneficiamento, são requeridos maiores esforços mecânicos para obtenção de limpeza, podendo comprometer o comprimento, a uniformidade das fibras e o valor da pluma (AZEVEDO et al., 2008). Além disso, qualquer espécie que proporcione elevada infestação resultando em resíduos vegetais sobre a fibra, pode prejudicar a qualidade da mesma. No detalhe da Figura 1 é possível verificar impurezas vegetais em fardo de algodão oriundas da presença de comunidade infestante, durante a colheita.
Fotos: Valdinei Sofiatti e Augusto G. F. Costa
Figura 1. Fardo de algodão com impurezas vegetais oriundas de plantas daninhas presentes na colheita.
O controle dentro dos períodos de interferência pode ser realizado com base no limite aceitável de perda de produtividade, podendo ser considerados outros fatores, principalmente os custos de produção e controle, preço do produto e a produtividade esperada ou almejada. Entretanto, sabendo-se dos riscos de interferências na operação de colheita e na qualidade do produto, é indispensável planejar e estar atento ao manejo de plantas daninhas por todo o ciclo, com base, principalmente, nas informações sobre a comunidade infestante e o sistema de produção utilizado.

Métodos de controle de plantas daninhas

Controle preventivo
O controle preventivo envolve, basicamente, medidas que visam evitar a entrada ou transporte de plantas daninhas para uma determinada área, das quais podem ser destacadas:
  1. evitar o transporte de propágulos aderidos às vestimentas de homens ou à pele de animais;
  2. uso de insumos com ausência de propágulos de plantas daninhas, principalmente sementes. Nesses casos procurar utilizar sementes certificadas e de origem idônea para reduzir o risco de introduzir novas infestantes;
  3. limpeza de máquinas e equipamentos;
  4. controle de plantas infestantes nos arredores ou áreas adjacentes às de cultivo, como em estradas e canais de irrigação, entre outros.
Controle cultural
O controle cultural corresponde às práticas de manejo da cultura que favorecem o crescimento e estabelecimento da mesma, resultando em vantagens competitivas em relação às plantas daninhas. Na maioria das vezes é consequência das técnicas e sistemas de produção adotados em função da produtividade, qualidade, menores custos e maiores facilidades operacionais. Entretanto, diante das opções disponíveis, ao considerar o controle de plantas daninhas, algumas mudanças ou pequenos ajustes ao tomar as decisões durante o planejamento e condução da lavoura, podem representar benefícios fundamentais e específicos para o manejo das espécies infestantes. A seguir, são apresentados os principais métodos de controle cultural.
Preparo do solo
Nas áreas de plantio no sistema convencional, onde é possível a movimentação do solo, o preparo do mesmo representa uma alternativa de método de controle, podendo também ser considerado como um tipo de controle mecânico (Figura 2). O preparo primário (mais profundo), geralmente, é realizado com arados ou grades aradoras e o secundário (mais superficial) com grades niveladoras. Nesse processo, as sementes e demais propágulos podem ser incorporados a maiores profundidades e/ou destruídos junto com os demais restos culturais, dificultando ou impedindo a germinação, brotação ou emergência das plantas daninhas. Em relação à grade aradora, é importante salientar a desvantagem de sua utilização promover a compactação do solo. Por outro lado, o preparo do solo pode ocasionar o ressurgimento de espécies de plantas daninhas, devido à movimentação do solo, fazendo com que as sementes que estavam profundas no solo sejam trazidas até a superfície pelo preparo do solo.
Apesar de o preparo do solo contribuir no manejo de plantas daninhas, o uso desta técnica deve ser extremamente cuidadoso e criterioso, principalmente na cultura do algodoeiro, na qual é tradicionalmente e intensamente utilizado, pois leva a degradação química, física e biológica do solo, podendo resultar na diminuição do potencial produtivo do mesmo (LAMAS & STAUT, 2006).
Foto: Augusto G. F. Costa
Figura 2. Preparo do solo realizado contribuindo para o controle de plantas daninhas.  
Cobertura morta
Nas áreas onde a movimentação do solo não é realizada em função da adoção do sistema plantio direto, a palhada (cobertura) deixada sobre o solo e sobre a qual a cultura é semeada, além dos vários benefícios à lavoura e ao ambiente, pode apresentar vantagens no controle de plantas daninhas (Figura 3). A cobertura morta pode reduzir a infestação pelos efeitos de diminuição da alternância de temperatura do solo; menor disponibilidade de luz; barreira física e liberação de substâncias alelopáticas. Além disso, devido à não movimentação do solo, a elevada incidência de sementes próxima à superfície influencia a dormência, germinação e morte das mesmas; pode também reduzir a propagação vegetativa de determinadas espécies (SILVA et al., 2009), bem como favorecer a redução do banco de sementes devido à maior exposição das plantas aos métodos de controle, especialmente o químico (PITELLI, 1997).

Foto: Alexandre Cunha de Barcellos Ferreira
Figura 3. Presença de cobertura morta (palhada) no cultivo do algodoeiro.
Cultivar
O uso de cultivares adequadas às condições edafoclimáticas, época de plantio e demais atributos do sistema de produção de interesse tendem a favorecer o estabelecimento e o desenvolvimento da lavoura, contribuindo para a habilidade competitiva do algodoeiro em relação às plantas daninhas. As características de arquitetura do algodoeiro também podem proporcionar cobertura mais rápida do solo; entretanto, as cultivares mais modernas, em geral, têm apresentado menores porte, ramificação e área foliar.
Ainda relacionado ao material a ser plantado, têm sido disponibilizadas cultivares geneticamente modificadas tolerantes a herbicidas, representando importante estratégia associada ao controle químico, que será tratada com mais detalhes neste e em outro capítulo.
Sendo assim, a decisão da cultivar a ser utilizada pode estar baseada nas características da planta que favoreçam a competitividade do algodoeiro em relação à comunidade infestante, mas deve estar, principalmente, fundamentada nas respostas da mesma frente às condições ambientais e de manejo locais que contribuam para a redução da incidência ou controle direto de plantas daninhas por outros métodos.
População de plantas
O lento crescimento inicial do algodoeiro, associado aos espaçamentos convencionais (76 a 90 cm entre fileiras) favorece o crescimento das plantas daninhas, em especial nos primeiros meses, necessitando que estas sejam adequadamente manejadas para não comprometerem o potencial produtivo da cultura (FREITAS et al., 2006). Nesse contexto, a utilização de populações ou arranjo de plantas que favoreçam maior e mais rápida ocupação da área tende a aumentar as vantagens competitivas do algodoeiro. O espaçamento entre linhas e a densidade de semeadura são fatores que interferem na precocidade e na intensidade do sombreamento promovido pelas plantas de algodão (PITELLI & PITELLI, 2008), influenciando a germinação, emergência e desenvolvimento das plantas daninhas. Azevedo et al. (1994), ao reduzirem o espaçamento das linhas de semeadura do algodoeiro irrigado de 1,0 para 0,8 m, constataram redução do período crítico de prevenção a interferência das plantas daninhas, passando dos 16 aos 46 para 18 aos 34 dias após a emergência da cultura.
Rotação de culturas
A utilização de outras culturas alternativas ao algodoeiro, alternadas na sequência das safras, representa uma das mais importantes estratégias para o controle cultural de plantas daninhas e permite reduzir a incidência de infestantes no algodoeiro, especialmente no que se refere à diminuição do banco de sementes, resultado da associação de métodos de controle e manejo que são utilizados nas diferentes culturas, principalmente distintos herbicidas que não são registrados ou seletivos ao algodoeiro. Além do controle químico ou mesmo mecânico utilizado nas culturas antecessoras, o próprio efeito cultural das mesmas ou dos sistemas de produção podem exercer papel importante na dinâmica da comunidade de plantas infestantes.
Controle mecânico
Controle mecânico com enxada
Em grandes áreas, a enxada é utilizada de maneira complementar aos outros métodos, geralmente, em ação localizada, principalmente quando determinadas espécies não foram ou não são controladas pelos herbicidas disponíveis ou a aplicação dos mesmos não é mais possível devido ao estádio de desenvolvimento em que a cultura ou as plantas daninhas se encontram. Com a utilização de cultivares de algodão transgênicas resistentes aos herbicidas, essa prática está em desuso no Cerrado.
Controle mecânico com cultivador
O seu uso diminuiu ao longo dos anos devido à utilização de herbicidas e cultivares transgênicas resistentes a herbicidas. O seu uso se limita a áreas que utilizam cultivares não transgênicas para resistência a herbicidas, sendo utilizado como método complementar ao controle químico. 
De acordo com Beltrão & Azevedo (1994) e Azevedo (2002), os aspectos mais importantes para o cultivo são a profundidade de operação e a época. Com relação à época, os cultivos devem ser realizados dentro do período crítico de competição, iniciando-se logo após a emergência da cultura, pois quanto mais jovens estão as plantas daninhas menor a necessidade de aprofundar o implemento. Quanto à profundidade, o limite deve ser de 3 cm, pois o algodoeiro apresenta raízes superficiais que podem ser danificadas. Devido a esse risco, é considerada uma operação problemática (AMONOV et al., 2006). Por ser normalmente utilizado com equipamentos que permitem o controle na entrelinha da cultura, quando necessário, o uso tem sido mais frequente nos espaçamentos convencionais (a partir de 76 cm).
A frequência e o número de cultivos a serem realizados dependem das condições de cada situação particular encontrada no campo (SNIPES et al., 1992), considerando-se principalmente a incidência, a composição da flora infestante e a utilização das demais alternativas de controle disponíveis, especialmente a química. Eventualmente, o cultivador é necessário quando o efeito residual ou a própria eficácia dos herbicidas sobre determinadas espécies não é suficiente para mantê-las controladas durante o período de competição e/ou para evitar que prejudiquem a operação de colheita ou qualidade da fibra.
Controle químico
O controle químico é a principal técnica utilizada para manejo de plantas daninhas, devido, principalmente, à praticidade, agilidade, eficácia e menor dependência de mão de obra. A seguir, serão apresentados os principais aspectos das modalidades de aplicação e respectivos herbicidas utilizados nesse método de controle na cultura do algodoeiro. Na Tabela 1, estão também apresentados os principais herbicidas registrados para a cultura do algodoeiro no Brasil.
Dessecação
A dessecação é uma prática utilizada em áreas cultivadas sob o sistema plantio direto ou cultivo mínimo, sendo também conhecida como “manejo da palhada”. Tem como principal finalidade eliminar as plantas daninhas antes da semeadura do algodoeiro. É recomendável que a dessecação seja realizada de duas a três semanas antes da semeadura do algodoeiro possibilitando tempo suficiente para ação dos herbicidas e impedindo a interferência das plantas daninhas na cultura a ser implantada. Portanto, pode também ser considerado um método preventivo e significar o início da execução de um eficiente conjunto de estratégias de manejo de plantas daninhas pois, além de reduzir a infestação, evita que plantas daninhas não controladas previamente possam se desenvolver a ponto de tornar o controle mais difícil quando a cultura estiver instalada. A escolha dos herbicidas a serem utilizados na dessecação e suas respectivas doses deve levar em consideração as espécies e o estádio de desenvolvimento das plantas infestantes presentes na área.
Os herbicidas normalmente utilizados na dessecação são aplicados na pós-emergência das plantas daninhas, possuem amplo espectro, são não seletivos e de ação total. Para ampliar o número de espécies controladas e proporcionar efeito residual, em alguns casos, também são utilizados herbicidas sistêmicos que apresentam efeito residual, em mistura com herbicidas de ação total. A seguir, são descritos os principais herbicidas utilizados na dessecação.
Pré-plantio incorporado (PPI) e Pré-emergência (PRE)
O uso de herbicidas em pré-plantio incorporado (PPI) ou pré-emergência (PRE) visa controlar as plantas daninhas desde o início da instalação da cultura antes de as mesmas competirem com o algodoeiro. Esses herbicidas são conhecidos pelos seus efeitos residuais, fazendo com que o controle se estenda por um período mais longo em relação aos herbicidas pós-emergentes, que na maioria das situações controlam somente as plantas daninhas emergidas. Como o algodoeiro apresenta crescimento inicial lento, o uso desses herbicidas reduz a possibilidade de competição com as plantas daninhas no início do ciclo e pode favorecer a diminuição das infestações mais tardias. O efeito residual dos herbicidas de solo depende das características químicas e físicas do solo, da dose utilizada e das características de cada herbicida.
Alguns desses herbicidas são registrados para uso em pré-plantio incorporado, pois são sensíveis a fotodecomposição ou volatilização. Dessa forma, a incorporação ao solo reduz as perdas desses compostos, permitindo que os mesmos sejam utilizados em doses menores do que aquelas utilizadas com esses mesmos produtos, quando aplicados em pré-emergência. A desvantagem desse método de aplicação é que o mesmo exige o preparo do solo, sendo inviável a sua utilização em áreas de plantio direto.
Os herbicidas pré-emergentes foram os principais herbicidas utilizados na cultura do algodão antes do surgimento dos herbicidas pós-emergentes seletivos à cultura. Atualmente, com o desenvolvimento de cultivares transgênicas tolerantes a herbicidas de ação total, muitos produtores não têm utilizado herbicidas pré-emergentes. Entretanto, vários trabalhos realizados nos EUA, onde o uso de cultivares tolerantes a herbicidas é mais antigo, mostraram que o uso de herbicidas pré-emergentes no programa de controle de plantas daninhas retarda o uso dos herbicidas pós-emergentes, além de garantir a emergência da cultura na ausência de competição com as plantas daninhas.
Pós-emergência com herbicidas seletivos (POS)
Mesmo com o uso de herbicidas que apresentam efeito residual no solo, algumas espécies de plantas daninhas não são adequadamente controladas. Além disso, com o passar do tempo, os herbicidas residuais perdem sua atividade devido à degradação, o que possibilita novos fluxos de emergência de plantas daninhas. Por isso, quando são utilizados herbicidas residuais, o período de controle destes compostos, normalmente, não atinge o final do período crítico de competição do algodoeiro com as plantas daninhas, o que torna necessária fazer a complementação do controle com produtos pós-emergentes seletivos. A utilização de herbicidas seletivos ao algodoeiro é vantajosa, uma vez que não são necessários equipamentos especiais para sua aplicação, bem como controlam as plantas daninhas junto à linha de plantio.
Para a cultura do algodoeiro, estão disponíveis comercialmente vários herbicidas seletivos para o controle de plantas daninhas gramíneas; entretanto, visando o controle de plantas daninhas de folhas largas, estão disponíveis apenas dois herbicidas (trifloxissulfurom-sódico e piritiobaque-sódico).
Pós-emergência com herbicidas não seletivos (POSd)
O uso de herbicidas seletivos, muitas vezes, não é suficiente para o controle adequado das plantas daninhas na cultura do algodoeiro. Algumas espécies daninhas não são adequadamente controladas pelos herbicidas pré e pós-emergentes aplicados em área total.
Outro motivo é a redução na eficácia resultante da aplicação de pós-emergentes com as plantas daninhas em estádio avançado, além do recomendado para os produtos, devido, por exemplo, aos atrasos causados pelas condições climáticas desfavoráveis à aplicação. Nessas situações, pode-se utilizar herbicidas não seletivos na entrelinha da cultura visando controlar essas espécies, bem como controlar a emergência das plantas daninhas por meio da adição de herbicidas residuais, prolongando assim o período de controle até o final do ciclo da cultura.
Nas situações em que o controle de plantas daninhas com herbicidas pós-emergentes seletivos foi ineficiente, a utilização de herbicidas não seletivos é vantajosa, uma vez que estes produtos possuem maior espectro de controle, bem como podem ser utilizados com as plantas daninhas em estádios fenológicos mais avançados.
No algodoeiro não transgênico tem sido relatado que as maiores eficiências de controle de plantas daninhas e produtividade da cultura são obtidas quando se utilizam herbicidas em PRE, POS e POSd combinados (BURKE e WILCUT, 2004). Para POSd produtos considerados não seletivos devem ser aplicados com pulverizadores munidos de proteção da cultura em relação ao do jato de pulverização, ou seja, uma barreira física para as gotas, denominada comumente de capota. Entretanto, o algodoeiro apresenta certa tolerância a determinados produtos aplicados em jato dirigido sem essa proteção, desde que a pulverização não atinja partes mais sensíveis da planta cultivada. Portanto, nesses casos, o ajuste adequado da altura do bico e a boa lignificação do caule (quando o caule está lenhoso) do algodoeiro são fundamentais para evitar maiores injúrias.
Nas novas cultivares transgênicas com resistência a herbicidas, pode-se utilizar herbicidas em área total que antes eram considerados não seletivos, representados atualmente pelo glifosato e glufosinato de amônio (Tabela 1).
Tabela 1. Herbicidas registrados para a cultura do algodoeiro no Brasil.
Nome comum (ingrediente ativo)
Formulação
Plantas suscetíveis
Época de aplicação
Dose do ingrediente ativo (g ha-1)*
Observação
Alachlor
EC 480 g/L
Folhas-estreitas e folhas-largas
PRE
2400-3360
Usar as maiores doses para solos argilosos. Em solos arenosos não se recomenda a aplicação. Não é recomendado o replantio do algodão em áreas que foi utilizado.
Alachlor + trifluralin
EC 400 + 300 g/L
Folhas-estreitas e folhas-largas
PRE
2400+1800 – 2800+2100
Aplicar as maiores doses em solos argilosos. A aplicação deve ser feita quando o solo apresentar umidade.
Ametryn + clomazone
EC 300 +200 g/L
Folhas-estreitas e folhas-largas
POSd
900+600
É necessário que o solo esteja úmido para que o produto apresente efeito residual e controle a emergência das plantas daninhas.
Carfentrazone-ethyl
EC 400 g/L
Folhas-largas e algumas folhas-estreitas
DPS ou POSd
20-28
Fazer no máximo duas aplicações durante o ciclo da cultura. Utilizar óleo mineral a 0,5%.
Carfentrazone-ethyl + clomazone
EC 15 + 600 g/L
Folhas-largas e folhas-estreitas
DPS ou PRE
11,25+450 –
24+960
Tratar as sementes do algodão com o protetor dietholate. Em PRE, a aplicação deve ser feita imediatamente após a semeadura da cultura (sistema “plante e aplique”)
Clethodim
EC 240 g/L
Folhas-estreitas
POS
84-108
Utilizar óleo mineral a 0,5% e aplicar nas plantas daninhas gramíneas com até quatro perfilhos.
Clomazone
EC 500 g/L
CS 360 g/L
Folhas-estreitas e algumas folhas-largas
PRE
PRE
800-1000
756-1260
Tratar as sementes do algodão com o protetor dietholate. Usar as menores doses em solos arenosos.
Diuron
SC 500 g/L
SC 800 g/L
WG 900 g/kg
Folhas-estreitas e folhas-largas
PRE
PRE-POSd
PRE e POSd
1600-3200
1200-2000
1350-1800
Não deve ser aplicado em solos arenosos e com baixo teor de matéria orgânica, pois poderá causar toxicidade severa ao algodoeiro. As maiores doses devem ser aplicadas em solos argilosos. As aplicações em jato dirigido deverão ocorrer quando o algodoeiro apresentar mais de 30 cm de altura e com as plantas daninhas nos estádios iniciais de crescimento.
Diuron + MSMA
SC 140 + 360 g/L
Folhas-estreitas e folhas-largas
POSd
1120+2880-1400+3600
Aplicar quando o algodoeiro apresentar mais de 40 cm de altura.
Diuron + paraquat
SC 100 + 200 g/L
Folhas-estreitas e folhas-largas
POSd
200+400
A aplicação deve ser feita em plantas daninhas com no máximo 20 cm de altura. Utilizar a maior dosagem em condições de plantas infestantes desenvolvidas e maior densidade. Utilizar espalhante adesivo não iônico.
Fluazifop-p-butyl
EW 250 g/L
Folhas-estreitas
POS
125 - 250
Aplicar quando as plantas daninhas gramíneas estiverem no início do desenvolvimento. As maiores doses deverão ser utilizadas para o controle da espécie Cynodon dactylon.
Flumioxazin
WP 500 g/kg
Folhas-largas e algumas folhas-estreitas
DPS ou POSd
25-30
Evitar aplicação em plantas daninhas com déficit hídrico. Quando aplicado em POSd, as plantas daninhas deverão estar com duas a quatro folhas para que o produto seja eficiente.
Fomesafen
SL 250 g/L
Folhas-largas
PRE
375
É recomendada uma única aplicação em PRE.
Glyphosate
SL 480 g/L
WG 720 g/kg
Folhas-estreitas e folhas-largas
DPS, POS e POSd
Variável
A utilização em POS somente é permitida nas cultivares de algodoeiro transgênico resistentes a este herbicida (tecnologias RR®, RRFlex®e GLT®). Para cultivares com a tecnologia RR®, utilizar o herbicida até o algodoeiro apresentar quatro folhas verdadeiras. As doses variam de acordo com a concentração do produto comercial, espécies infestantes e estádio fenológico das mesmas. Para algodão não transgênico à  resistência ao glyphosate, a aplicação em POSd deve ocorrer quando o algodoeiro apresentar mais de 40 cm de altura.
Glufosinate-ammonium
SL 200 g/L
Folhas-estreitas e folhas-largas
POS, POSd
400-750
A utilização em POS somente é permitida no algodoeiro transgênico resistente a este herbicida. No algodoeiro Liberty Link® (geneticamente modificado resistente ao glufosinate-ammonium), pode-se fazer a aplicação sequencial parcelada com intervalo de 14 dias ou em uma única aplicação na dose de 750 g i.a. ha-1. Aplicação em POSd quando o algodoeiro apresentar mais de 40 cm de altura.
Haloxyfop-P-methyl
EC 124,7 g/L
Folhas-estreitas
POS
50-62,35
Aplicar com as plantas daninhas gramíneas nos estádios iniciais de desenvolvimento.
Isoxaflutole
WG 750 g/kg
Folhas-estreitas e folhas-largas
POSd
30-37,5
Não aplicar em áreas que receberam calagem nos últimos 90 dias.
MSMA
SL 480 g/L
790 g/L
Folhas-estreitas e folhas-largas
POSd

1440-2400
1422-2370
Aplicar em POSd quando o algodoeiro apresentar mais de 40 cm de altura e com as plantas daninhas até 20 cm. Dose variável de acordo com o estádio de desenvolvimento das plantas daninhas.
Oxifluorfen
EC 240 g/L
Folhas-estreitas e algumas folhas-largas
POSd
480-720
Aplicar em POSd quando as plantas daninhas apresentarem no máximo 3 cm ou 4 cm, quando o algodoeiro apresentar 50 cm de altura.
Paraquat
SL 200 g/L
Folhas-estreitas e folhas-largas
DPS
300-400
Adicionar adjuvante conforme recomendação do fabricante. Dependendo do estádio fenológico das plantas daninhas, poderá ocorrer rebrote e ser necessária reaplicação.
Pendimethalin
EC 500 g/L

Folhas-estreitas e algumas folhas-largas
PPI e PRE
750-1500
A aplicação em PRE deverá ser feita no máximo até um dia após a semeadura. Usar as menores doses em solos arenosos.
Pyrithiobac-sodium
CS 280 g/L
Folhas-largas
POS
70-140
Aplicar quando as plantas daninhas estiverem com uma a três folhas. Utilizar adjuvante de acordo com a recomendação do fabricante.
Prometryn
SC 500 g/L
Folhas-estreitas e algumas folhas-largas
PRE e POSd
750-1000
Aplicar com solo úmido. Usar as maiores doses em solos com elevado teor de matéria orgânica.
Propaquizafop
EC 100 g/L
Folhas-estreitas
POS
100-125
A dose deve ser determinada de acordo com o estádio fenológico das plantas daninhas.
Quizalofop-P-ethyl
EC 50 g/L
Folhas-estreitas
POS
75
Aplicar quando as plantas daninhas apresentarem até quatro perfilhos.
Quizalofop-P-tefuryl
EC 120 g/L
Folhas-estreitas
POS
720-1200
Aplicar quando as plantas daninhas apresentarem até dois perfilhos. Adicionar óleo mineral à calda de pulverização.
Saflufenacil
WG 700 g/Kg
Folhas-largas
DPS e POSd
24,5-35
Não aplicar em condições de solo leve, arenoso (menos de 30% de argila) e em períodos menores que 20 dias antes do plantio. Nas aplicações de jato dirigido, evitar que o produto atinja as folhas da cultura. Adicionar adjuvante não iônico.
Sethoxydim
DC 120 g/L
DC 184 g/L
Folhas-estreitas
POS
180-240
184-230
Utilizar adjuvante conforme recomendação do fabricante.
S-metolachlor
EC 960 g/L
Folhas-estreitas e algumas folhas-largas
PRE
576-1440
Não utilizar em solos arenosos. Pode ser feita a aplicação sequencial com a menor dose na pré-emergência e uma reaplicação após a emergência do algodoeiro (POS), porém antes da emergência das plantas daninhas (PRE).
Tepraloxydim
EC 200 g/L
Folhas-estreitas
POS
75-100
As menores doses são utilizadas antes do perfilhamento das plantas daninhas. Aplicar até as plantas daninhas gramíneas apresentarem um a dois perfilhos. Utilizar adjuvante conforme recomendação do fabricante.
Trifloxysulfuron-sodium
WG 750 g/kg
Folhas-largas
POS
7,5
Aplicar somente quando o algodoeiro apresentar cinco folhas verdadeiras. As plantas daninhas devem ter até quatro folhas. Não usar óleo mineral ou vegetal, usar somente adjuvante recomendado pelo fabricante.
Trifluralin
EC 445 a 480 g/L
EC 600 g/L
Folhas-estreitas e algumas folhas-largas
PPI
PRE e PPI
Variável
1800-2400
Usar as maiores doses em solos argilosos. Para aplicação em PPI na formulação de 600 g/L a dose deve ser reduzida, seguindo-se a recomendação do fabricante.
DPS = dessecação pré-semeadura; PPI = Pré plantio incorporado; PRE = Pré-emergência da cultura e das plantas daninhas; POS = Pós-emergência da cultura e das plantas daninhas; POSd = Pós-emergência da cultura e das plantas daninhas em jato dirigido; EC = Concentrado emulsionável; WG = Grânulos dispersíveis em água; WP = Pó-molhável; EW = Emulsão óleo em água; CS = Concentrado solúvel; SC = Suspensão concentrada; SL = Concentrado solúvel; DC = Concentrado dispersível.
* Dose pode variar conforme registro de cada do produto comercial. Fonte: MAPA (BRASIL, 2014).

Manejo integrado de plantas daninhas no algodoeiro

O manejo integrado de plantas daninhas pode ser definido pela utilização conjunta de duas ou mais técnicas de controle para minimizar a interferência das mesmas, mantendo as populações em baixos níveis, sem causarem danos econômicos, além de mitigar os efeitos negativos ao ambiente (RONCHI et al., 2010). Ao integrar métodos de controle, aumenta-se a chance de interferência em algum tipo de relação existente entre a planta daninha, a cultura e/ou ambiente, de modo que o algodoeiro seja favorecido na competição em detrimento da comunidade infestante.
A adoção do manejo integrado de plantas daninhas na cultura do algodoeiro pode significar redução da infestação de plantas daninhas, maior produtividade e retorno financeiro com a cultura (SHAIKH et al., 2006; ALI & SHARIF, 2011). Para tanto, a estratégia de manejo deve ser iniciada com as medidas preventivas, evitando maiores infestações e dificuldades de controle durante o cultivo.
Em função da cotonicultura estar principalmente em extensas áreas, o controle químico é comum e nem sempre o controle mecânico é considerado viável, entretanto, o mesmo não pode ser descartado, especialmente quando é necessária alguma complementação. Nesse contexto da busca pelo manejo integrado, as medidas culturais são fundamentais, como por exemplo, a rotação de culturas, que pode ser associada com a cobertura morta no sistema plantio direto, ou mesmo com o adequado preparo convencional do solo realizado nas áreas onde não é utilizada a semeadura direta na palha.
Portanto, de uma maneira geral, sempre que possível, as diferentes medidas ou tipos de métodos de controle de plantas daninhas devem ser avaliados para utilização integrada, respeitando-se o nível tecnológico e econômico de cada unidade de produção, para atingir resultados mais efetivos e maior retorno para a cotonicultura.



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