segunda-feira, 15 de maio de 2017

Produção de Sementes de Algodão

Sementes

O produtor que adquire uma semente de qualidade deve esperar que o seu plantio resulte na reprodução das características especificadas pela descrição da cultivar, com o máximo de uniformidade.
O controle de qualidade das sementes é regulamentado pelo Governo Federal em legislação específica que trata do comércio e fiscalização de sementes e mudas.
A legislação brasileira recente permitiu a implantação, em todo o país, de sementes certificadas. A produção de sementes envolve diferentes entidades, responsáveis pelas sucessivas etapas que resultam na disponibilização das sementes aos produtores.
Abaixo, são descritos os papéis das diferentes entidades envolvidas na produção de sementes como segue:

Entidade certificadora

É considerada entidade certificadora o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ou pessoa jurídica por este credenciada para executar a certificação de sementes e mudas. Essa entidade pode produzir a semente certificada. Entretanto, esse papel vem sendo desempenhado pelo setor privado, por meio de contratos estabelecidos entre o obtentor da cultivar e uma entidade produtora.

Entidade produtora

Pode ser do setor público ou privado. Caracteriza-se por ser responsável pelo nível de qualidade constante do certificado. Quem emite o certificado, de acordo com as análises realizadas, é a entidade certificadora; porém, quem se responsabiliza perante o cliente consumidor pelo que consta no certificado é a entidade produtora.

Cooperante

É o indivíduo em cuja área agrícola são produzidas as sementes. Quando a entidade produtora não dispõe de área suficiente para produzir toda a semente a que se propõe, faz contratos específicos com outros produtores para este fim.
No Cerrado brasileiro, para a produção de sementes de algodão, normalmente, a entidade produtora é também cooperante, uma vez que produz as sementes em sua própria área agrícola.

Classes de Sementes

A semente certificada é o resultado de um material vegetal, de cujas características genéticas os atores envolvidos no processo produtivo têm pleno conhecimento. Para que se produza a semente certificada, o ponto de partida é uma pequena quantidade de sementes de determinada cultivar, obtida pelo melhoramento genético ou da multiplicação das sementes de uma cultivar já existente, sob condições rigorosamente controladas (Carvalho & Nakagawa, 1980).
Essa pequena quantidade de sementes, ao ser multiplicada, resulta no aparecimento de algumas classes intermediárias, até se alcançar o nível de semente certificada:
  1. Semente Genética: material de reprodução obtido a partir de processo de melhoramento de plantas, sob a responsabilidade e controle direto do seu obtentor ou introdutor, mantidas as suas características de identidade e pureza genéticas. É produzida sob responsabilidade do melhorista. A partir desta, é produzida a semente básica.
  2. Semente Básica: material obtido da reprodução de semente genética, realizada de forma a garantir sua identidade genética e sua pureza varietal. Resulta da multiplicação da semente genética, produzida sob a responsabilidade do obtentor ou de uma instituição por ele autorizada. Em geral, é a partir desta classe que se produz a certificada.
  3. Semente Certificada de Primeira Geração (C1): material de reprodução vegetal resultante da reprodução da semente básica ou da semente genética. Resulta da multiplicação da semente básica, mantendo sua pureza varietal e identidade genética e produzida sob controle da entidade certificadora.
  4. Semente Certificada de Segunda Geração (C2): material de reprodução vegetal resultante da reprodução da semente genética, da semente básica ou da semente certificada de primeira geração. É produzida pela entidade produtora de acordo com normas estabelecidas pela entidade certificadora.
  5. Semente S1 e Semente S2:  referem-se, respectivamente, às sementes de primeira e de segunda geração da classe não certificada, com origem genética comprovada. Quando não houver tecnologia disponível para a produção de sementes genéticas da espécie, o MAPA poderá permitir a produção de “Semente S1" e "Semente S2" sem comprovação de origem genética.

Estabelecimento de campo para produção de sementes

O estabelecimento de um campo de produção de sementes requer uma série de medidas, cujo objetivo principal é evitar que as sementes sofram contaminação genética ou varietal durante qualquer uma das fases do processo produtivo. As principais medidas a serem tomadas visando a produção de sementes são:
  1. Definição da cultivar.
  2. Registro do produtor ou contrato firmado com o obtentor da cultivar.
  3. Escolha da área.
  4. Isolamento dos campos de produção; e
  5. Purificação ou "roguing".

Cuidados a serem tomados no processo de produção de sementes de algodoeiro

Taxa de cruzamento natural: também conhecida como taxa de alogamia. É considerada bastante baixa no Cerrado, em função da baixa população de abelhas silvestres, grande extensão de lavouras comerciais e alta frequência de aplicação de inseticidas que provocam a morte de insetos polinizadores. Esta taxa varia de 0% a 15% no Estado de Mato Grosso.
Misturas mecânicas: podem ocorrer durante as operações de plantio, colheita e armazenamento, beneficiamento, ensacamento e deslintamento. Devem ser tomadas medidas preventivas visando evitar as misturas, destacando-se entre estas: evitar o plantio de algodão em área previamente plantada com algodão; passar corrente de ar com uso de compressor pelos fusos da colheitadeira e dutos da algodoeira; limpar as máquinas entre o beneficiamento de uma cultivar e outra; eliminar uma pequena parte do material beneficiado após a mudança de cultivar.
Degeneração genética natural: fenômeno que ocorre de forma natural, principalmente quando a cultivar é derivada de hibridação interespecífica. Para minimizar tal problema, deve-se evitar o plantio sucessivo de algodão em uma mesma área e isolar os campos de produção de sementes.
O isolamento de um campo de produção de sementes de algodão deve levar em consideração as seguintes distâncias entre campos cultivados com diferentes variedades:

Isolamento de campos para produção de sementes básica, certificada, S1 e S2

250 metros entre cultivares diferentes;
800 metros entre espécies diferentes.

Inspeções no campo

O objetivo das inspeções nos campos de produção de sementes é comparar a qualidade dos mesmos, com os padrões de lavoura recomendados oficialmente (Tabela 1). Estas inspeções visam assegurar que as sementes não estejam contaminadas, física ou geneticamente além dos limites tolerados (Vieira & Beltrão, 1999).
Os campos de produção de sementes de algodoeiro devem ser inspecionados, pelo menos, duas vezes visando confirmar os padrões de isolamento, presença e incidência de plantas fora do padrão, de plantas de outras espécies, raças e cultivares, ervas daninhas proibidas e doenças, entre outros. Os estádios fenológicos onde as inspeções devem ocorrer são os seguintes:
Pré-floração: compreendido o período de crescimento vegetativo que precede o florescimento;
Floração: período em que as flores estão abertas, o estigma receptivo e a antera liberando pólen. Para fins de inspeção, 5% ou mais de plantas florescidas, caracteriza o período de floração;
Pré-colheita: quando 50% das maçãs encontram-se abertas, as sementes se aproximam da maturação fisiológica e estão completamente formadas. É possível que, inspeções posteriores, sejam necessárias.
Tabela 1. Padrões oficiais mínimos de sementes exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Fatores de Qualidade
Níveis de tolerância
Básica
Certificada 1
Certificada 2
Germinação
70%
75%
75%
Pureza
98%
98%
98%
Outras espécies cultivadas/350g1
zero
1
1
Outras espécies de algodão2
zero
zero
zero
Sementes silvestres
Sementes nocivas toleradas/1000
1
1
2
2
2
2
Sementes nocivas proibidas/1000
Presença adventícia de OGM em semente convencional3
Zero

1%
Zero

1%
Zero

1%
Plantas atípicas (inclusive algodão árboreo

1/10.000

1/2.000

1/1.000
Fonte: MAPA.
1Esta determinação de Outras Sementes por Número em Teste Reduzido Limitado será realizada em conjunto com a análise de pureza.
2Esta identificação resulta da prática do “roguing” que deverá ser realizada antes da floração.
3 É obrigatória a análise qualitativa para a detecção da presença de Organismos Geneticamente Modificados - OGM nos lotes de sementes de cultivares convencionais. Constatada a presença, será obrigatória a determinação quantitativa, tolerando-se o índice máximo de 1% (um por cento).
Existem, também, padrões de sanidade de sementes de algodão definidos por uma comissão que trata desse assunto em nível nacional (Tabela 2)
Tabela 2. Proposta de padrões de tolerância de patógenos em sementes de algodoeiro.  
Patógenos
Classes de sementes
Básica
Certificada1
Certificada2
C. gossypii var. cephalosporioides
0
0
0
Fusarium oxysporum f. sp vasinfectum
0
0
0
Xanthomonas axonopodis pv.malvacearum
0
0
0
Fonte: Menten (1997).

Qualidade física e fisiológica das sementes

Para cultivos altamente tecnificados, como aqueles conduzidos em regime de irrigação, a qualidade da semente é de fundamental importância, pois a utilização de sementes de alta qualidade pode prevenir problemas na lavoura e prejuízos financeiros decorrentes de desuniformidade e falhas na emergência. Fracassos em algodoais nas várias regiões produtoras do país são frequentes, por causa, principalmente, da utilização de sementes de origem e qualidade desconhecidas.
O uso de sementes de elevada qualidade possibilita a obtenção de estande uniforme, com plantas vigorosas e sadias, aumentando significativamente a chance de sucesso das operações e práticas culturais durante o ciclo da cultura.

Vantagens do uso de sementes de elevada qualidade

O bom desempenho das plântulas sob condições desfavoráveis é a principal vantagem quando são oriundas de sementes vigorosas, entre outras arroladas a seguir:
  • Maior resistência das plântulas às pragas e doenças iniciais.
  • Estabelecimento mais rápido de um estande uniforme, que contribui para maior precocidade das plantas.
  • As plântulas são mais tolerantes ao estresse hídrico inicial.
  • As necessidades de replantio são significativamente reduzidas.
  • A quantidade de sementes por área é menor.
  • A emergência é mais rápida e o crescimento do sistema radicular, mais vigoroso.

Critérios para controle de qualidade

A análise de sementes é essencial para o controle da qualidade na comercialização, sendo esta realizada em laboratórios oficiais credenciados.
Para a avaliação de um lote de sementes, analisa-se uma pequena amostra, extrapolando-se o resultado para o lote em questão. É importante que a amostra seja representativa do lote analisado, que deve ser homogêneo, a fim de expressar sua real qualidade.

Análise de pureza

A pureza diz respeito à composição física de um lote de sementes, demonstrando a limpeza do campo de produção e a eficiência da colheita e do beneficiamento. É feita em laboratório, com base nas metodologias prescritas nas Regras para Análise de Sementes, e separam-se na amostra os seguintes componentes:
  • Sementes puras: sementes pertencentes à cultivar em análise.
  • Outras sementes: sementes de outras cultivares ou espécies.
  • Material inerte: tudo o que não é semente e está presente na amostra.
O grau de pureza da amostra analisada deve ser, no mínimo, de 98%.

Teste de germinação

O principal atributo da qualidade fisiológica de qualquer lote de semente é a porcentagem de germinação, que representa a capacidade da semente em dar origem a uma plântula normal e sadia.
A porcentagem de germinação é determinada por meio do teste de germinação, com o objetivo de avaliar as sementes tanto para fins de plantio como para comercialização.
As sementes usadas no teste de germinação são originadas da fração “semente pura” e devem ser contadas sem discriminação quanto ao tamanho e aparência.
O prazo para a avaliação da germinação é de 2 semanas, sendo a primeira e segunda contagens com 7 e 14 dias; é quando as plântulas são avaliadas.
O poder germinativo das amostras testadas é a média da porcentagem das plântulas normais, presentes em 4 ou 8 repetições. Considera-se uma plântula normal aquela que apresenta características indicativas de sua capacidade de, sob condições favoráveis, crescer e se transformar em planta normal.
O potencial de germinação das amostras testadas pode ser avaliado pelo próprio cotonicultor por meio de testes de emergência no campo ou em areia.
No teste de areia, que é o mais simples, para cada amostra, utilizam-se 4 repetições de 50 sementes cada uma, que devem ser semeadas em caixas de madeira, de 22 cm x 30 cm x 10 cm, contendo cerca de 4 kg de solo de textura média. Devem-se fazer 5 sulcos em cada uma e colocar 10 sementes por sulco. A quantidade de água a ser aplicada nas caixas de solo deve ser controlada para evitar encharcamento. Em geral, de 7 a 10 dias após a semeadura, dependendo da temperatura ambiental, ocorre a germinação quando se realiza a contagem das plântulas emergidas, ou seja, aquelas cujas partes aéreas se apresentarem normais.
O resultado do teste de germinação da amostra analisada deve ser de pelo menos 80%, com um mínimo admissível de 75%.

Grau de umidade

O objetivo desta análise é determinar o teor de água nas sementes por métodos adequados em análises de rotina, que se baseiam na perda de massa das sementes secas em estufa.
A determinação deste critério é importante, porque o teor de umidade das sementes afeta diversos processos biológicos. Se a semente for armazenada com teor de umidade superior ao ideal, pode ocorrer o desenvolvimento de fungos e outros microrganismos, inclusive a indução de sua germinação.
O teor de água máximo tolerável para a amostra de sementes de algodão é de 12%, pois favorece a manutenção da germinação e possibilita a conservação das sementes em ambiente aberto, durante 6 a 8 meses, podendo acarretar nesta faixa ataque de insetos.

1. INTRODUÇÃO
O algodoeiro é um importante componente do sistema de produção, permitindo a rotação de culturas com soja e milho, sendo uma das fibras vegetais cultivadas mais antigas do mundo (EMBRAPA AGROPECUÁRIA OESTE).
As sementes são produzidas por produtores e empresas especializadas. A semente é um pacote cujo conteúdo são todos os genes que caracterizam a espécie e a cultivar. Se uma cultivar é eleita pela pesquisa e pelo consenso dos produtores, é porque seu comportamento é o melhor possível para as condições de clima, solo e de tecnologia agrícola da região, e as características de seus produtos são as mais aceitas. Consequentemente, o patrimônio genético desta cultivar, tem que ser protegido.
Ao desenvolver uma nova cultivar de algodão, o melhorista coloca todo o seu trabalho à disposição do consumidor final da semente, o cotonicultor. Seja para um rendimento maior, para resistência a determinadas doenças ou pragas ou outras características que tragam benefícios (EMBRAPA ALGODÃO).
Para garantir aos agricultores em qualidade e em quantidade suficiente de sementes, há um grupo formado por produtores, responsáveis por multiplicarem a trabalho realizado pelo melhorista. Os produtores de semente tem se organizado cada vez mais, no que se diz respeito a controle de qualidade e sistemas de avaliação, com o intuito de melhorar a qualidade do produto final.
A produção de sementes de algodão no Brasil vem se ampliando a cada ano visando, sobretudo, atender a expansão da área cultivada na região Centro-Oeste (GUERRA).
Este trabalho tem como objetivo conhecer os processos produtivos de um campo de sementes de algodão, assim como tomar conhecimentos da legislação e logística em torno desse processo.
2. ENTIDADES ENVOLVIDAS NO PROCESSO PRODUTIVO
2.1 ENTIDADE CERTIFICADORA
Desempenha diferentes papéis no processo de produção de sementes certificadas.
É responsável pelo programa de melhoramento genético, dos quais as novas cultivares são registradas, protegidas e recomendas aos produtores. A entidade certificadora também exerce papel fiscalizador de todas as etapas do processo produtivo, podendo aprovar ou rejeitar o trabalho de produção da semente.
Guerra, em seu trabalho de inspeção fitossanitária em campos de produção de sementes de algodão destaca a importância de inspeções regulares de caráter fiscalizatório nos campos de produção de sementes, ressaltando a melhoria dos padrões fitossanitários dos materiais disponibilizados aos produtores comerciais e conclui que as fiscalizações servem para conscientizar os produtores de sementes quanto à necessidade de atendimento às exigências de mercado.
2.2 ENTIDADE PRODUTORA
Pode ser do setor público ou privado, sendo responsável pelo nível de qualidade constante do certificado. O produtor de sementes deve estar inscrito no RENASEM, dispor de área para tal fim, possuir infra-estrutura, recursos humanos e equipamentos e instalações adequados à produção de sementes. Além de encaminhar o mapa de produção e comercialização de sementes e manter à disposição do órgão de fiscalização projeto técnico de produção, laudos de vistoria, controle de beneficiamento, atestado de origem genética e boletim de análise das sementes produzidas.
2.3 ENTIDADE COOPERANTE
É indivíduo em cuja área agrícola serão produzidas as sementes. Quando a entidade produtora não dispõe de área suficiente para produzir toda a semente a que se propõe, faz contratos específicos com outros produtores para esse fim.
3. SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE SEMENTES
O sistema de produção de sementes de sementes de algodão do Brasil prevê dois modelos de produção de sementes: o sistema de produção de semente fiscalizada e o sistema de produção de semente certificada.
O sistema de produção fiscalizada é menos rigoroso, com um controle e organização inicial, procurando selecionar e educar os produtores a fim de oferecer ao cotonicultor, uma semente de origem conhecida de produção controlada, a um custo mais acessível.
O sistema de produção de sementes certificadas divide-se em classes: i) Semente genética: é produzida sob responsabilidade do melhorista e mantida sob suas características de pureza genética. A partir desta é produzida a semente básica; i) Semente básica: produzida sob a responsabilidade do obtentor ou de uma instituição por ele autorizada. Em geral é a partir desta classe que se produz a certificada, dependendo da quantidade produzida; i) Semente fiscalizada: resulta da multiplicação da semente básica, certificada ou da própria fiscalizada, mantendo sua pureza varietal e identidade genética e produzida sob controle da entidade certificadora; iv) Semente certificada: resulta da multiplicação da semente básica, da registrada ou da própria certificada da categoria. É produzida pela entidade pela entidade produtora de acordo com as normas estabelecidas pela entidade certificadora. É a classe de semente que será disponibilizada aos produtores.
4. CUIDADOS NO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE SEMENTES
A EMBRAPA ALGODÃO cita alguns cuidados que o produtor de sementes deve ter conhecimento quanto ao manejo, isolamento de área e genético da cultura. i) taxa de cruzamento natural: também conhecida como alogamia. Considerada bastante baixa no cerrado devido a baixa população de abelhas silvestres e do uso constante de inseticidas, além de grandes extensões de lavouras cultivadas. Esta taxa varia de 0 a 15% no estado do Mato grosso; i) misturas mecânicas: podem ocorrer durante as operações de plantio, colheita, armazenamento, beneficiamento, ensacamento e deslintamento. Evitar plantios sucessivos de algodão numa mesma área, limpar máquinas entre beneficiamento de uma cultivar e outra, limpeza das colhedeiras e algodoeiras são algumas medidas preventivas que contribuem para a diminuição de misturas; i) degeneração genética natural: esse fenômeno ocorre de maneira natural, principalmente quando a cultivar é derivada de hibridação interespecífica. Evitar o plantio sucessivo de algodão e uma mesma área e isolar os campos de produção de sementes ajudam a minimizar esse problema; iv) o isolamento do campo de sementes de algodão deve levar em consideração as seguintes distâncias de acordo com a variedade: para campos de produção de sementes básica e certificada o isolamento da área deve ser de 50 metros quando houver barreira vegetal e de
800 metros quando não houver barreira vegetal. Já para o isolamento de campos de produção de sementes fiscalizada a distância ideal do isolamento é de 30 metros quando houver barreira vegetal e de 500 metros quando essa barreira vegetal não existir.
5. ESTABELECIMENTO DE CAMPO PARA PRODUÇÃO DE SEMENTES
O estabelecimento de um campo de produção de sementes requer uma série de medidas, cujo objetivo principal é evitar que as sementes sofram contaminação genética ou varietal durante qualquer uma das fases do processo produtivo. A EMBRAPA ALGODÃO cita medidas primordiais a serem tomadas visando a produção de sementes: i) definição da cultivar: as sementes deve ter pureza genética, origem e classe conhecida, ser livre de doenças e com alta germinação e vigor; i) registro do produtor ou contrato firmado com obtentor da cultivar; i) escolha da área: histórico do campo e da região, regime de chuvas, espécies ou cultivares produzidos anteriormente, plantas daninhas, pragas e doenças existentes, condições de fertilidade são alguns fatores a serem considerados na escolha da área; iv) Isolamento dos campos de produção: contribui para evitar a contaminação genética e varietal; v) purificação ou “roguing”: consiste na retirada de plantas indesejáveis que possam polinizar, produzir sementes que causem contaminação mecânica na colheita, plantas daninhas de difícil controle químico e plantas doentes.
6. PROCESSAMENTO E ARMAZENAMENTO
O processamento de sementes de algodão envolve etapas diferenciadas como o descaroçamento e deslintamento, além do armazenamento temporário no campo, que podem causar danos mecânicos e efeitos imediatos e latentes na sua qualidade (SILVA et al, 2006). De uma maneira geral, o roteiro seguido das sementes do campo até a usina consiste na colheita, armazenamento temporário por um mês no campo, transporte, armazenamento temporário por três meses na usina em forma de tulhas, transporte e beneficiamento em descaroçadores de serra ou de rolo, além é claro do processo de deslintamento das sementes que são armazenadas até a próxima semeadura.
Durante o armazenamento temporário, o línter presente nas sementes de algodão pode ser um importante veículo de disseminação de patógenos, que pode comprometer o sucesso da cultura. O línter também favorece a presença de fungos saprófitas que podem dificultar a detecção de microorganismos importantes (LIMA et al., 1982 apud SILVA et al., 2006). Dessa forma o deslintamento melhora a qualidade fisiológica das sementes por reduzir os microorganismos que se encontram na superfície das sementes.
Silva et al. (2006), em um trabalho que observaram o desempenho das sementes de algodão após o processamento e armazenamento submeteram as sementes ao deslintamento químico utilizando ácido sulfúrico concentrado na dose de 0,15L por quilo de semente por três minutos e depois lavadas com água corrente e neutralizadas com solução de carbonato de sódio, na proporção de 1kg de carbonato de sódio para cada 10L de água.
Após o deslintamento e a classificação, as sementes são embaladas em sacaria de papel e armazenadas, aguardando a próxima semeadura. O Serviço de Produção de Sementes Básicas da Embrapa Algodão, em Campina Grande-PB, recomenda o armazenamento das sementes de algodão por no máximo oito meses, nas condições ambientais e com teor de umidade abaixo dos 10%.
No trabalho realizado por SILVA et al. o armazenamento temporário das sementes de algodão em fardo no campo, por até 85 dias, não causa perda imediata da qualidade das sementes e completam que a porcentagem de germinação mantém-se dentro do padrão para o comércio por até seis meses após a colheita.
Fonte: EMBRAPA



terça-feira, 9 de maio de 2017

Correção de Solos e Adubação na Cultura do Algodão


Correção e adubação

O cultivo do algodoeiro deve ser feito em solos de fertilidade média a alta, pois a cultura necessita de grandes quantidades de nutrientes para obter boas produtividades.
Em geral, as plantas do algodoeiro precisam extrair do solo 69, 26, 73, 36, 27 e 6 kg/ha de nitrogênio (N), fósforo (P2O5), potássio (K2O), cálcio (CaO), magnésio (MgO) e enxofre (S), respectivamente, para produzir 1.000 kg/ha de algodão em caroço. Desse total, aproximadamente, 34, 12, 22, 4, 14 e 3 kg/ha dos nutrientes extraídos, respectivamente, são exportados com a fibra e caroços colhidos, e os restantes são reciclados no sistema de produção.
No Cerrado brasileiro, a produtividade média é de 3.900 kg/ha de algodão em caroço, o que provoca uma exportação anual de 133, 47, 86 kg/ha de N, P2O5 e K2O apenas na colheita, sem contar a lixiviação intensa de nitrogênio e potássio e a forte adsorção de fósforo nas partículas do solo, que reduzem adicionalmente a disponibilidade desses nutrientes para as plantas nos cultivos seguintes. Além disso, existem áreas produzindo acima de 5.500 kg/ha, com uma extração de nutrientes muito maior.
Desse modo, os solos do Cerrado, que são ácidos e têm baixos teores de nutrientes em sua condição natural, necessitam de correção da acidez superficial com calcário, de correção da acidez subsuperficial com gesso agrícola e de aplicação de doses corretivas de fósforo e de micronutrientes (Boro – B, Cobre – Cu, Manganês – Mn e Zinco – Zn) para se tornarem férteis e produtivos. Além disso, precisam de um manejo sob rotação de culturas com gramíneas e aportes contínuos de nitrogênio e potássio para poder preservar e acumular matéria orgânica (Figura 1) e ter condição de suportar as altas produtividades que se obtêm atualmente.
Foto: José da Cunha Medeiros
Figura 1. Cobertura do solo (palhada de milho e soja).
O planejamento de sistemas sustentáveis de produção, com altas produtividade e rentabilidade, requer a observação de uma série de etapas importantes ligadas ao histórico da área, ao tipo de solo existente, às suas características químicas e físicas, à profundidade do seu perfil do solo, às culturas que serão exploradas em sucessão/rotação e às necessidades nutricionais de cada uma delas.

Análises do Solo

A análise de solo é o instrumento mais importante que o agricultor tem para conhecer o estado da fertilidade e as características granulométricas (textura) do solo da propriedade e as suas necessidades de corretivos, fertilizantes e manejo. E ao longo dos anos, trata-se de uma ferramenta indispensável para monitorar e corrigir os níveis de fertilidade em diversos nutrientes e garantir suprimento adequado para sua lavoura.
As amostragens de solos para análises de fertilidade são extremamente importantes, pois elas servirão como base para recomendação de calagem e adubação. Por essa razão, as amostras coletadas devem ser representativas da área a ser cultivada. Para isso, a área a ser amostrada deve ser dividida em talhões homogêneos quanto à topografia, cor e textura do solo, cobertura vegetal anterior, histórico de uso e drenagem. Em cada talhão, toda a área deve ser percorrida em zigue-zague, retirando-se 15 a 20 subamostras simples, de mesmo volume. As subamostras simples deverão ser misturadas em um recipiente limpo para formar uma única amostra composta, da qual são retirados cerca de 500 g a 600 g de terra, identificados e enviados ao laboratório.
Em áreas sob cultivo convencional, as amostras de solo devem ser coletadas nas camadas 0-20 e 20-40 cm. No sistema de Plantio Direto, nos três primeiros anos, segue-se o mesmo procedimento do convencional. Porém, a partir do quarto ano, é recomendável retirar amostras nas camadas 0-10, 10-20 e 20-40 cm de profundidade.
Quanto à época de amostragem, é conveniente retirar amostras com bastante antecedência do plantio, uma vez que a recomendação de adubação e calagem depende dos resultados da análise do solo. No caso do manejo convencional, convém coletar as amostras antes da aração para permitir a aplicação de calcário antes dessa operação. O ideal seria repetir a amostragem e a análise de solo anualmente, visando assegurar o acompanhamento das condições de fertilidade do solo e a recomendação de adubação adequada. Que pode ser complementada pela análise foliar.
Atualmente, existem empresas fornecedoras de fertilizantes ou consultorias específicas que já analisam previamente o solo do produtor, usando técnicas de agricultura de precisão. Nesse caso, faz-se amostragem composta a cada 3 ha a 5 ha ou mais, dependendo da extensão da terra a ser cultivada. Os dados da análise da área são apresentados em mapas, que são utilizadas por equipamentos orientados por satélites que fazem a aplicação em taxa variável, conforme a necessidade de cada gleba específica. Essa técnica permite maior homogeneidade da fertilidade do solo e melhor resposta da planta em produtividade.
Análises foliares
A análise foliar é uma ferramenta essencial para a avaliação do estado nutricional do algodoeiro e deve ser considerada como complementar à análise do solo e nunca como substituta. Quando usada em conjunto com os resultados de análise do solo e o histórico de uso da área, permite acompanhar o equilíbrio nutricional das culturas, tornando possível fazer uma recomendação de adubação mais consistente.
A época correta de amostragem é no período do florescimento, 80 a 90 dias após a emergência. Deve-se coletar a 5ª folha totalmente formada a partir do ápice da haste principal, num total de 30 folhas por área homogênea. Recomenda-se evitar folhas que apresentem danos causados por pragas e doenças. Após a coleta, as folhas devem ser colocadas em sacos de papel, identificadas e enviadas ao laboratório, se possível, no mesmo dia.
Calagem
Por ser o algodoeiro pouco tolerante à acidez, à presença de alumínio trocável e ser exigente em cálcio, elemento importante na germinação e desenvolvimento inicial das raízes, a correção da acidez é essencial para a obtenção de boa produtividade. A calagem é a aplicação de corretivo da acidez (geralmente, calcário) no solo e tem o objetivo de corrigir a acidez, neutralizar o alumínio trocável, elevar a saturação de bases e fornecer cálcio e magnésio para as plantas. Além desses efeitos diretos, com a calagem a cultura é beneficiada indiretamente pelo aumento da capacidade de troca de cátions (CTC) e da disponibilidade de N, S, P, B e Mo, melhoria do desenvolvimento do sistema radicular, que permite exploração de maior volume de solo e, consequentemente, maior eficiência na absorção de nutrientes do solo pela planta.
Recomendação de calagem
São vários os métodos usados para cálculos da necessidade de calcário, sendo o mais usado para a cultura do algodão aquele baseado na CTC e SATURAÇÃO POR BASES TROCÁVEIS, o qual aplica a seguinte fórmula:
NC (t/ha) = CTC (V2-V1) /1000, sendo:
NC = necessidade de calcário, em t/ha
CTC (mmolc/dm3) = capacidade de troca cátions do solo a pH 7,0 (Ca2+ + Mg2+ + K+ H+Al3+, em mmolc/dm3)
V2 = porcentagem de saturação por bases recomendada para a cultura (60-70%)
V1 = porcentagem de saturação por bases atual do solo, calculada pela fórmula: 100 x SB/CTC
SB = soma de bases trocáveis (Ca2++Mg2++ K+, em mmolc/dm3)
A quantidade de calcário recomendada é para aplicação do produto em uma superfície (S) de um hectare (10.000 m2), a uma profundidade de incorporação (PI) de 20 cm e usando calcário com PRNT igual a 100%. Caso haja diferença em qualquer desses critérios, é necessário fazer uma correção na quantidade aplicada:
Quantidade de calcário (t/ha) = NC x S/10.000 x PI/20 x 100/PRNT,
onde PRNT = Poder Relativo de Neutralização Total do calcário utilizado.
A calagem deve ser feita pelo menos dois meses antes do plantio e em área total com posterior incorporação com aração e gradagem. Caso seja usado o Plantio Direto, deve ser aplicada na superfície ½ da dosagem recomendada até o limite de 2,5 t/ha em solos argilosos e 2,0 t/ha em solos arenosos.
Gessagem
O algodoeiro é uma planta cujas raízes crescem até três vezes mais rápido que a parte aérea nos primeiros 30 dias de plantio, só parando o crescimento ao redor dos 120 dias da emergência. Sua raiz principal pode facilmente ultrapassar a profundidade de 2,5 m, em solos de textura média, como os existentes no Cerrado da Bahia. Esse crescimento exuberante é importante para a tolerância da planta aos constantes “veranicos” que ocorrem no Cerrado, para as absorções de água e nutrientes a grandes profundidades, para a reciclagem de nutrientes e manutenção do solo descompactado ao longo do perfil.
Entretanto, esse crescimento em profundidade só ocorre se não houver impedimento mecânico ou químico à expansão radicular. O impedimento mecânico ou compactação do solo pode ser superado pelo uso de subsolagem e aração profunda, especialmente com arado escarificador. Porém, o impedimento químico só pode ser removido pelo uso constante de gesso agrícola no solo.
Assim, a correção da acidez e dos teores tóxicos de Al na subsuperfície pode ser feita com gesso agrícola. O seu uso é recomendado quando na camada subsuperficial (20-60 cm) a saturação por alumínio for superior a 20% e/ou a saturação de cálcio for menor que 60% da CTC efetiva ou menor que 5 mmolc/dm3. De modo geral, a quantidade de gesso (QG) a ser aplicada no solo pode ser calculada pela fórmula:
QG (kg/ha) = 500 x g/kg de argila na camada considerada (20 – 60 cm)
Apesar do risco de perda de potássio, principalmente, da camada arável, especialmente em solos arenosos, há evidências que mostram ser vantajoso fazer uma correção inicial com gesso, seguindo a fórmula acima. Adicionalmente, deve-se aplicar 500 a 1.000 kg/ha de gesso a cada dois anos para manter um fluxo de cátions e ânions no perfil que permita o aprofundamento das raízes de todas as culturas e plantas de cobertura usadas na área de cultivo.
Vale salientar que o solo corrigido pode voltar a ficar ácido porque os fatores que causam a acidez continuam atuando ao longo do tempo, por exemplo:
  • Perdas de bases (Ca, Mg e K) por lixiviação, que é aumentada na presença dos ânions sulfato, cloreto e nitrato fornecidos nas adubações, com consequente redução do pH.
  • Utilização de adubos nitrogenados, como sulfato de amônio e ureia, que acidificam o solo.
  • Processo de nitrificação (transformação de amônio em nitrato) que ocorre após a mineralização do nitrogênio da matéria orgânica, cuja reação provoca acidificação do solo.
  • Extração de cátions (Ca, Mg, K) pelas culturas.
Por isso, é conveniente monitorar, a cada ano, a fertilidade do solo através de análises laboratoriais para que se identifiquem alterações na reação do solo e a necessidade de sua correção.

Adubação

Para se fazer uma adubação equilibrada, é muito importante conhecer a quantidade total de nutrientes extraídos, exportados (fibra e sementes) e quanto retornou ao solo através dos restos culturais. Porém, além das exigências nutricionais, vários fatores determinam a resposta das culturas à adubação, tais como: a dinâmica dos nutrientes no solo, o histórico de uso da área (principalmente, cultura anterior, correções e adubações aplicadas) e a disponibilidade de água, dentre outros. O fósforo, por exemplo, embora seja o macronutriente menos absorvido pelo algodoeiro, é usado em maior proporção nas formulações de adubação devido à sua fixação no solo, especialmente nas regiões de Cerrado. De qualquer forma, os teores de nutrientes no solo devem ser manejados de modo a se construir sua fertilidade até os níveis considerados altos ou adequados. Desse ponto em diante, a adubação deve objetivar manter a fertilidade e o nível da produtividade alcançada.
  • O fósforo e o potássio são recomendados em função da análise do solo, considerando as tabelas de recomendação de adubação de cada estado ou região. Em geral, elas recomendam 25 kg/ha de P2O5 e 40 kg/ha de K2O para cada tonelada de expectativa de produtividade.
  • A recomendação de nitrogênio é baseada na produtividade esperada e no potencial de resposta da cultura associado ao histórico de uso da área. Em área com alto potencial de resposta (área sob uso intensivo, com cultivo de cobertura de gramíneas, com muitas palhas na superfície), recomenda-se a aplicação de 35 kg a 40 kg/ha de N para cada tonelada de expectativa de produtividade; para áreas com baixo potencial de resposta (área recém-aberta ou logo após sucessão/rotação com leguminosas, com alto teor de matéria orgânica), cerca de 30 kg/ha por tonelada de expectativa de produtividade.
  • Não se espera resposta à adubação potássica quando o teor de potássio no solo for superior a 2,5 mmolc/dmou quando a relação (Ca + Mg) /K < 20.
  • O enxofre, assim como o nitrogênio, não é recomendado pela análise do solo. Nos casos em que se espera resposta a esse nutriente, a aplicação de 25 kg a 30 kg/ha usando gesso tem sido suficiente para o algodoeiro.
  • É recomendável o uso de fontes solúveis de fósforo e de formulações NPK que contenham sulfatos, seja como sulfato de amônio e/ou superfosfato simples, que além de N e P também fornecem enxofre.
Devido ao uso de plantadeiras de alta performance e rendimento operacional, há uma tendência à aplicação em pré-plantio de fósforo e potássio, a lanço e sem incorporação. Em solos com fertilidade média a alta, essa prática é viável. Do mesmo modo, é possível a antecipação parcial ou total da adubação PK sobre gramíneas de cobertura, especialmente, milheto e braquiária.
A antecipação de até metade da adubação nitrogenada nas plantas de coberturas que precedem o plantio do algodão no início da safra, em algumas regiões do Cerrado, também tem se mostrado viável. Neste caso, todo o restante do nitrogênio deve ser aplicado no início do abotoamento (cerca de 30-35 dias do plantio).
A adubação de plantio deve ser feita no sulco de semeadura, ao lado e abaixo da semente, com pequena proporção de nitrogênio (10-15 kg/ha), fósforo em dose total, metade ou um terço da dose recomendada de potássio e micronutrientes.
A adubação de cobertura pode ser única ou parcelada, se necessário. A primeira cobertura deve ser feita entre 30 a 35 dias após a emergência, com N, K, S e B (1/2 da dose), caso esses dois últimos não tenham sido aplicados na semeadura. A segunda cobertura com N e K (se necessário) deve ser feita cerca de 20-30 dias após a primeira. Este parcelamento aumenta a eficiência da adubação, pois assegura o fornecimento desses nutrientes na fase de maior absorção pelas plantas e evita perdas por lixiviação, sobretudo em solos arenosos. Além disso, a aplicação de quantidades elevadas de adubo potássico na semeadura, pode prejudicar a emergência das plantas devido ao aumento da pressão osmótica no meio, uma vez que o cloreto de potássio tem elevado índice salino.
As pesquisas com adubação do algodoeiro têm sugerido que:
  • A aplicação de nitrogênio em cobertura em doses acima de 120 kg/ha pode não ser econômica e depende da produtividade alcançada…
  • As aplicações tardias de nitrogênio (após 80 dias de emergência) promovem o crescimento vegetativo, prolongamento do ciclo da cultura, aumento da queda de botões florais e aumento da intensidade de ataques de pragas e doenças, sem que ocorra aumento da produtividade.
  • Respostas a doses elevadas de nitrogênio em cobertura (acima de 140 kg/ha) estão associadas à compactação do solo e/ou à presença de nematoides.
Quanto aos micronutrientes, a adubação via solo tem se mostrado mais eficiente do que a adubação foliar. Em áreas com histórico favorável para a deficiência desse micronutriente, recomenda-se a aplicação de até 1,2 kg/ha na semeadura, ou em cobertura junto com N e K. Como o limite entre a deficiência e a toxicidade de boro é muito estreito, aplicações acima de 2 kg/ha pode causar prejuízo na produção, se feito no sulco de plantio; se aplicado a lanço, doses superiores podem ser usadas, desde que exista viabilidade econômica da aplicação. Em solos de Cerrado, na fase de correção, recomenda-se aplicar 3 kg/ha de Zn se o teor no solo for inferior a 0,6 mg/dm3, para prevenir deficiências.
A pulverização foliar é recomendada apenas para corrigir deficiências detectadas durante o desenvolvimento da cultura. Entretanto, quando essas deficiências ocorrem, parte da produção potencial da planta já está comprometida e a correção apenas diminui a intensidade das perdas.
No caso de solos corrigidos e com uso de elevadas adubações com NPK, visando altas produtividades, é conveniente o uso de formulações NPK de plantio contendo micronutrientes, para prevenir possíveis deficiências. Nessas formulações, é comum o uso de fritas como fonte de todos os micronutrientes. As fritas (FTE) são relativamente baratas e de lenta solubilização no solo, assegurando liberação gradual dos micronutrientes sem causar toxicidade.
Quanto à adubação foliar com fosfato monoamônio purificado (MAP) e nitrato de potássio, as pesquisas raramente mostram efeito positivo sobre a produtividade. Entretanto, sob condição de plantas estressadas por veranico prolongado ou em desfolhas ocasionadas por surto de lagartas ou chuva de granizo, pode haver resposta econômica em produtividade.
Para mais informação sobre a adubação do algodoeiro no ambiente de Cerrado, consulte o Comunicado Técnico 375 (Adubação do Algodoeiro no Ambiente de Cerrado).
Sintomas de deficiência
As deficiências de nutrientes no algodoeiro, como noutras plantas, ocorrem com padrões específicos para cada elemento (Figura 2). O conhecimento desses padrões pode auxiliar o agricultor e o técnico para diagnosticar, diretamente no campo, o que está ocorrendo na lavoura e tomar as medidas corretivas necessárias.  Essa técnica de diagnóstico é conhecida como diagnose visual.


Figura 2. Chave para diagnose visual da deficiência de nutrientes em algodoeiro.
Sumariamente, os sintomas de deficiências podem ser descritos como seguem:
  • Nitrogênio – Redução do crescimento vegetativo e amarelecimento uniforme da planta. Os sintomas são mais acentuados nas folhas mais velhas, nas quais surgem manchas avermelhadas ou pardas que secam e provocam a queda prematura das folhas. As plantas apresentam-se pouco desenvolvidas, com número reduzido de ramos vegetativos e botões florais.
  • Fósforo – Ocorre atraso no desenvolvimento e as folhas apresentam coloração verde escura intensa e manchas ferruginosas no limbo. Esses sintomas são difíceis de ser detectados no campo.
  • Potássio – Amarelecimento das margens das folhas mais velhas, que avança entre as nervuras. Com o agravamento da deficiência, a superfície das folhas passa para uma coloração bronzeada. A clorose se desloca gradualmente para as folhas mais novas e as mais velhas morrem e caem, provocando a maturação prematura dos frutos e causando prejuízo à produtividade e à qualidade do produto.
  • Cálcio – Sintomas de deficiência de cálcio são difíceis de ser encontrados no campo. Sob condições severas de deficiência, o sistema radicular é prejudicado, o crescimento é paralisado e ocorre murchamento e queda das folhas. As folhas que não caem tornam-se avermelhadas.
  • Magnésio – O sintoma bem característico é a clorose internerval das folhas mais velhas, que evolui para a coloração vermelho-púrpura, formando um contraste nítido com o verde das nervuras. As folhas deficientes e as maçãs se desprendem com facilidade.
  • Enxofre – Clorose do ponteiro, caracterizado pela coloração verde-limão típica que atinge as folhas mais velhas, causando sua queda prematura.
  • Boro – O algodoeiro é uma das plantas mais exigentes em boro. Os principais sintomas de deficiências são:
  • Folhas novas amareladas e enrugadas, contrastando com o verde normal das folhas mais velhas.
  • Flores defeituosas e aumento da queda de botões florais e dos frutos, os quais apresentam escurecimento interno na sua base.
  • Aparecimento de anéis verde-escuros nos pecíolos.
  • Superbrotamento e morte dos ponteiros, quando a deficiência é muito severa.

  • Zinco – Clorose internerval nas folhas novas, que se apresentam com as bordas voltadas para cima e lóbulos alongados no formato de “dedos”.
  • Manganês – Clorose internerval das folhas novas dos ponteiros, contrastando com o verde das nervuras.
  • Cobre – Folhas novas apresentam nervuras tortas e salientes. São sintomas de difícil ocorrência no campo.
  • Ferro – Sintomas semelhantes aos da deficiência do manganês. Não se espera deficiência de ferro no Brasil, a não ser em condições de elevada disponibilidade de manganês, devido ao antagonismo entre eles, ou em solos alcalinos.
Para mais informação sobre sintomas de deficiência, consulte a Circular Técnica 134 (Diagnose Visual de Deficiências Nutricionais do Algodoeiro).


segunda-feira, 8 de maio de 2017

Manejo de produtos fitossanitários no Algodão


Manejo de produtos fitossanitários

A produção, utilização, comercialização, exportação e importação de produtos fitossanitários, e seus afins, são regulamentados pela Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989, regulamentada pelo Decreto nº 98.816, de 11 de janeiro de 1990.
A lei dispõe sobre a pesquisa, experimentação, produção, embalagens, rotulagem, transporte, armazenamento, comercialização, propaganda comercial, utilização, importação, exportação, destino final dos resíduos e embalagens, seus componentes e afins, além de outras providências.
Esta lei também definiu a classificação dos produtos agrotóxicos. São elas:
  • Classe I - extremamente tóxico
  • Classe II - altamente tóxico
  • Classe III - medianamente tóxico
  • Classe IV - pouco tóxico
Os produtos fitossanitários devem ser manuseados com cuidados especiais. Em função da suscetibilidade a um grande número de pragas, o sistema de produção da cultura do algodoeiro, especialmente na região do Cerrado brasileiro, exige a aplicação de um grande volume de agrotóxicos.
Além disso, o próprio sistema de produção, baseado em alta quantidade de insumos, requer a aplicação de variados produtos enquadrados na categoria dos produtos fitossanitários.
São, principalmente, inseticidas, herbicidas, fungicidas, reguladores de crescimento, desfolhantes, dessecantes, adjuvantes.
Cuidados especiais devem ser tomados antes da aplicação dos produtos. A leitura atenta dos rótulos das embalagens e a bula dos produtos deve preceder qualquer aplicação.
Para a aplicação, deve-se, obrigatoriamente, utilizar um equipamento de proteção individual (EPI). Este deve constar de um macacão de mangas compridas, chapéu de aba larga, luvas impermeáveis, botas, avental impermeável e máscara apropriada.
Deve-se, ainda, tomar as seguintes precauções gerais:
  • Não usar o produto para outra finalidade que não seja agrícola.
  • Manter o produto afastado de crianças, alimentos ou de rações animais.
  • Não comer, beber ou fumar durante o manuseio do produto.
  • Não utilizar equipamentos de aplicação com vazamento.
  • Não desentupir bicos, orifícios, válvulas, tubulações ou similares, com a boca.
  • Não lavar as embalagens ou equipamentos de aplicação em lagos, fontes, rios ou qualquer outro reservatório ou curso d`água.
  • Manter sempre disponíveis sacos plásticos, para envolver adequadamente as embalagens rompidas ou para o recolhimento dos produtos vazados.
  • Não permitir que menores de idade trabalhem na aplicação dos produtos.
  • Manter afastadas das áreas de aplicação, crianças, animais domésticos e pessoas desprotegidas.
Ao manusear os produtos, as seguintes precauções devem ser tomadas pelo aplicador:
  • Evitar contato com nariz e boca.
  • Usar EPI.
  • Não desentupir bicos, orifícios e válvulas com a boca.
  • Não utilizar equipamentos de aplicação com vazamentos.
  • Evitar o contato com os olhos. Caso ocorra, lavar imediatamente com água corrente durante quinze minutos e, se houver irritação, procurar um médico levando a embalagem, bula ou rótulo do produto.
  • Evitar contato com a pele. Caso ocorra, lavar as partes atingidas imediatamente com água e sabão em abundância e, havendo sinais de irritação, procurar assistência médica, levando a bula, rótulo ou embalagem do produto.
  • Em caso de inalação, procurar um local arejado.
  • Evitar respingos ao abrir a embalagem.
  • Aplicar somente as doses recomendadas.
Durante a aplicação, tomar as seguintes medidas de precaução:
  • Não aplicar contra o vento.
  • Usar EPI.
  • Não distribuir o produto com as mãos desprotegidas, optando por usar luvas impermeáveis.
  • Evitar ao máximo, contato com a área de aplicação.
  • Se a pulverização produzir neblina, não descuidar do uso de avental impermeável e protetor cobrindo o nariz e a boca.
Após a aplicação, observar as seguintes medidas de precaução:
  • Lavar as mãos com água e sabão.
  • Não reutilizar a embalagem vazia.
  • Manter as sobras de produtos adequadamente fechadas em local trancado, longe do alcance de crianças e animais.
  • Tomar banho, trocar e lavar as roupas utilizadas durante a aplicação.
Em relação aos cuidados com o meio ambiente, algumas medidas devem ser adotadas visando sua proteção. Entre outras podem ser destacadas as seguintes:
  • Observar as legislações estadual e municipal relativas às atividades agrícolas.
  • Aplicar somente as doses recomendadas.
  • Não aplicar o produto em horas quentes do dia ou quando houver rajadas de vento.
  • Não lavar as embalagens dos produtos em reservatórios ou cursos d`água.
  • Descartar corretamente as embalagens e restos de produtos. Na região do Cerrado, existem programas específicos de descarte de embalagens.
Em relação ao armazenamento, há uma série de medidas de precaução a serem tomadas. Entre estas, podemos destacar como principais, as seguintes:
  • Armazenar separado de outras mercadorias e separar, também, por classes de produtos: fungicidas, inseticidas, etc.
  • Manter afastadas dos alimentos, iscas raticidas ou sementes tratadas para evitar o consumo acidental.
  • O local de armazenamento deve ser exclusivo para produtos tóxicos, ser ventilado, coberto e ter piso impermeável.
  • Manter os produtos em embalagem original e fechada.
  • Manter o local trancado.
  • Colocar placa de advertência: Cuidado, Veneno.
  • Manter sempre embalagens adequadas disponíveis para envolver adequadamente embalagens rompidas.
  • Não deixar produtos expostos.





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