quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Coeficientes técnicos na produção do Milho



O milho no Brasil, é cultivado em 3,6 milhões de propriedades rurais, abrangendo na safra 2000/2001, uma área de 13 milhões de hectares, e apresentou, respectivamente, produção e produtividade de 41500 milhões de toneladas e 3272 kg/ha (IBGE, 2001).

Nos últimos 31 anos a área plantada aumentou em 2,38 milhões de hectares, a produtividade em 1619 kg/ha e produção total em 23,61 milhões de toneladas (Fig. 1). Na safra de 2001/2002 houve uma redução de 10,1% na área plantada e 15,8 % na produção de milho em relação a safra anterior.


O milho é cultivado em praticamente todo o território nacional (Fig. 2). Na safra 2000/2001, 77 % da área plantada e 92 % da produção concentraram-se nas regiões Sul , Sudeste e Centro-Oeste, sendo que a região Sul participou com 42,32 % da área e 53,70 % da produção; Sudeste com 19,01 % da área e 19,62%da produção e Centro - Oeste com15,77 % da área e 19,22% da produção. Entretanto, a participação dessas regiões, tanto em área plantada quanto em produção, vem se alterando ao longo dos últimos 31 anos. A região Nordeste tem apresentado grandes variações na área plantada e produção, o que dificulta estimar se sua participação tem aumentado ou diminuído. Na região Sul a participação na área plantada e produção se mantém praticamente constante, enquanto que a região Sudeste reduziu em 10 % a área plantada e produção. As regiões Norte e Centro - Oeste, apresentaram, no mesmo período, aumentos da participação na área plantada e produção. Enquanto que a região Norte aumentou sua participação em 5,3 % na área plantada e 2,8 % na produção, a região Centro - Oeste aumentou sua participação em 9,6 % na área plantada e em 14,6 % na produção. 



Há uma grande diversidade nas condições de cultivo. Observa-se desde a agricultura tipicamente de subsistência, sem utilização de insumos modernos (produção voltada para consumo na propriedade e eventual excedente comercializado) até lavouras que utilizam o mais alto nível tecnológico, alcançando produtividades equivalentes às obtidas em países de agricultura mais avançada. De acordo com um levantamento realizado em 1995 a estratificação da cultura, por níveis tecnológicos, foi assim distribuída: a) nível tecnológico marginal = 43 %; b) nível tecnológico baixo = 24 %; c) nível tecnológico médio = 22 %; d) nível tecnológico alto = 11 % da área cultivada.
Recentemente, ocorreram importantes mudanças nos sistemas de produção, destacando-se o aumento da área do milho "safrinha" e a expansão do sistema de plantio direto. A "safrinha" se refere ao milho de sequeiro, cultivado extemporaneamente, de fevereiro a abril, quase sempre depois da soja precoce, predominantemente na região Centro - Sul. No decorrer da década de 1990, o processo de deslocamento de cultura do milho da safra normal, provocado pela introdução da soja, se intensificou; passando parte do cereal a ser cultivado em sucessão à oleaginosa, como uma cultura de segunda safra (milho safrinha). Essa mudança se acentuou nos últimos anos e, atualmente, a área com milho safrinha nos estados de Mato Grosso (548,9 mil hectare)e Mato Grosso do Sul (361,8 mil hectare) foram maiores do que a área da safra normal ( 169,4 mil e 119,4 mil hectares no MT e MS, respectivamente).

A baixa produtividade média de milho no Brasil (Fig. 1) não reflete o bom nível tecnológico já alcançado por boa parte dos produtores voltados para lavouras comerciais, uma vez que as médias são obtidas nas mais diferentes regiões, em lavouras com diferentes sistemas de cultivos e finalidades. A produtividade média é superior a 4500 kg/ha nos estados onde concentram-se esses produtores (Fig. 3). Assim, para aumento da produtividade é necessário que em parte das propriedades sejam adotadas técnicas básicas, incluindo cultivares melhoradas, práticas de manejo, calagem e adubação, e, noutras, o aprimoramento integrado de todas as técnicas culturais para suplantar os atuais tetos de 6000 a 8000 kg/ha.



Dentro desse enfoque, e, de acordo com os dados do Censo Agropecuário de 1995/96, verifica-se que há uma relação direta entre o tamanho da área cultivada pelos agricultores e a produtividade de milho, isto é, à medida que aumenta o tamanho da lavoura aumenta o rendimento. Exatamente nessas lavouras maiores é onde se observam os maiores índices de crescimento do rendimento (Tabela 1).
É importante ressaltar, que nos últimos anos, a cultura do milho no Brasil, vem passando por importantes mudanças tecnológicas, resultando em aumentos significativos da produtividade e produção. Entre as tecnologias adotadas, destacam-se a utilização de sementes de cultivares melhoradas (variedades e híbridos), alterações no espaçamento e densidade de semeadura de acordo com as características das cultivares, além da conscientização dos produtores da necessidade de melhoria na qualidade dos solos, visando uma produção sustentada.
Essa melhoria na qualidade dos solos está, geralmente, relacionada ao manejo adequado, o qual inclui entre outras práticas, a rotação de culturas, plantio direto, manejo da fertilidade através da calagem, gessagem e adubação equilibrada com macro e micronutrientes, utilizando fertilizantes químicos e/ou orgânicos (estercos, compostos, adubação verde, etc.).

Tabela 1. Rendimento médio e taxa de crescimento da produtividade de milho de acordo com o tamanho das lavouras dos agricultores.
Área1/(ha)Rendimento1/(kg/ha)Classe de rendimento (kg/ha) 2/Rendimento
médio2/
(kg/ha)
Taxa de crescimento
(%)2/
(0 - 5]963(0 - 2000]9630,93
(5 - 10]1599(2000 - 3000]25732,00
(10 - 20]1982(3000 - 3500]33082,37
(20 - 50]2126(3500 - 4000]37173,47
(50 - 100]2274(4000 - 4500]43124,43
(100 - 200]2514> 450051647,09
(200 - 500]2997





(500 - 1000]3248





> 10003637





Fonte: 1/Censo Agropecuário 1995/96 e 2/Alves et al. (1999).


Sistemas de produção de milho
Independentemente da região, os seguintes sistemas de produção de milho são bastante evidentes :

Produtor comercial de grãos
Normalmente produzem milho e soja em rotação, podendo também envolver outras culturas. São especializados na produção de grãos e têm por objetivo a comercialização da produção. Plantam lavouras maiores. Utilizam a melhor tecnologia disponível, inclusive o plantio direto.

Produtor de grãos e pecuária
Neste caso o agricultor usa um nível médio de tecnologia, por lhe parecer o mais adequado. É comum o plantio de milho visando a renovação de pastagens. A região muitas vezes não produz soja e o milho é a principal cultura. As lavouras são de tamanho médio a pequena. A capacidade gerencial não é tão boa e muitas vezes as operações agrícolas não são realizadas no momento oportuno, com o insumo adequado ou na quantidade adequada. A qualidade das máquinas e equipamentos agrícolas podem também comprometer o rendimento do milho.

Pequeno produtor
É aquele produtor de subsistência, onde a maior parte da produção é consumida na propriedade. O nível tecnológico é baixo, inclusive envolvendo o uso de semente não melhorada. O tamanho da lavoura é pequena.

Produção de milho safrinha
Este tipo de exploração ocupa hoje cerca de 2.600.000 ha de milho plantados nos estados PR, SP, MT, MS e GO, principalmente. O milho é semeado extemporaneamente, após a soja precoce. O agricultor tem um bom conhecimento sobre a cultura. O rendimento e o nível tecnológico dependem muito da época de plantio. Nos plantios mais cedo o sistema de produção é, às vezes, igual ao utilizado na safra normal. Nos plantios tardios o agricultor reduz o nível tecnológico em função do maior risco da cultura devido, principalmente, às condições climáticas (frio excessivo, geada e deficit hídrico) . A redução do nível tecnológico refere-se, basicamente, à semente utilizada e redução nas quantidades de adubos e defensivos aplicados.

Coeficientes técnicos
Dos sistemas de produção identificados, o que mais prontamente assimila as tecnologias disponíveis na busca de competitividade diz respeito ao "produtor comercial de grãos". Para esse sistema, tem-se observado grande homogeneização do padrão tecnológico empregado pelos produtores na condução das lavouras de milho.
Evidentemente que não existe um padrão tecnológico único que atenda a todos os sistemas de produção utilizados e que se adapte a todas as situações inerentes a cada lavoura. Entretanto, especificamente com relação aos produtores enquadrados no sistema acima citado, é possível, com razoável precisão, recomendar um padrão tecnológico que se apresenta como o mais adequado para essa lavouras.
Os coeficientes técnicos foram elaborados para as três situações predominantes nas lavouras comerciais, quais sejam: safra normal usando sistema plantio direto ( Quadro 1), safra normal usando plantio convencional ( Quadro 2 ) e safrinha ( Quadro 3 ).

Quadro 1. Coeficientes Técnicos de Produção um Hectare de Milho
Plantio Direto - Produtividade: 7000 kg/ha.

Descrição
EspecificaçãoUnidade Quantidade UtilizadaQuantidade
Utilizada
Correção do Solo





Calcário

t0,7
Gêsso

t0,4
Distribuição do calcário mecânicatrator 85 hp + calcariadorhm0,125
Dessecação-Herbicida 1ROUNDUPl3
Dessecação-Herbicida 2

l/kg

Distribuição herbicidatrator 85 hp + pulv. Barra 2000 lhm0,3
Mão-de-obra distribuição herbicida

dh0,25
PLANTIO






Sementes





Sementes - 1Híbridos simples ou triplosc1
Sementes - 2

kg

Tratamento de Sementes





Fungicida 1Rhodiauram 700l0,02
Fungicida 2

l/kg

Distribuição fungicida manual

dh0,05
Inseticida 1Furazinl0,4
Distribuição inseticida manual

dh0,05
Adubação





Adubo 18-28-16 + FTE-CAMPOkg300
Plantio/adubação mecânicatrator 120 hp + plat/adub. Jumil 12 linhashm0,8
Transporte Interno plantiotrator 85 hp + carreta 8 thm0,3
Tratos Culturais






Adubação de cobertura





Adubo 1uréiakg200
Máq.aplic.adubação de cobertura 1trator 85 hp + distr. Adubo 5 linhashm0,6
Herbicida - POS





Herbicida 1Gesaprin 500l2,5
Herbicida 2Sanson 40 SCl0,8
Aplicação herbicida - máquinatrator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (1X)hm0,3
Mão-de-obra aplic.herbicida

dh0,16
Inseticida





Inseticida 1Karate ( Piretróide )- 2 aplicaçõesl0,3
Inseticida 2Match ( Fisiológico )- 2 aplicaçõesl0,6
Espalhante adesivoÓlleo minerall1
Aplicação inseticida - máquinatrator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (2X)hm0,6
Mão-de-obra aplic.inseticida

dh0,32
Formicida





Formicida 1Isca ( MIREX )kg0,6
Mão-de-obra aplic. Formicida

dh

Colheita






Colheita mecânicacolheitadeira 120 hp - plataforma 4mhm0,85
Transporte internotrator 85 hp + carreta 8 thm0,3
Fonte: Embrapa Milho e Sorgo.



Quadro 2. 
Coeficientes Técnicos de Produção um Hectare de Milho
Plantio Convencional - Produtividade: 7000 kg/ha 
.
Descrição
EspecificaçãoUnidade Quantidade UtilizadaQuantidade
Utilizada
Correção do Solo





Calcário

t0,7
Gêsso

t0,4
Distribuição do calcário manual

dh

Distribuição do calcário mecânica

hm0,125
Preparo de Solo






Gradagem Aradoratrator 120 hp + GPhm1,6
Gradagem Niveladoratrator 120 hp + grade nivel.hm0,4
Plantio






Sementes





Sementes - 1Híbridos simples ou triplosc1
Sementes - 2

kg

Tratamento de Sementes





Fungicida 1Rhodiauram 700l0,02
Distribuição fungicida manual

dh0,05
Inseticida 1Furazinl0,4
Inseticida 2

l/kg

Distribuição inseticida manual

dh0,05
Adubação





Adubo 18-28-16 + FTE-CAMPOkg300
Plantio/adubação mecânicatrator 120 hp + plat/adub. Jumil 12 linhashm0,8
Transporte Interno plantiotrator 85 hp + carreta 8 thm0,3
Tratos Culturais






Adubação de cobertura





Adubo 1uréiakg200
Máq.aplic.adubação de cobertura 1

hm0,6
Máq.aplic.adubação de cobertura 2





Herbicida - POS





Herbicida 1Gesaprin 500l2,5
Herbicida 2Sanson 40 SCl0,8
Herbicida 3

l/kg

Aplicação herbicida - máquinatrator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (1X)hm0,3
Mão-de-obra aplic.herbicida

dh0,16
Inseticida





Inseticida 1Karate ( Piretróide )- 2 aplicaçõesl0,3
Inseticida 2Match ( Fisiológico )- 2 aplicaçõesl0,6
Espalhante adesivoÓlleo minerall1
Aplicação inseticida - máquinatrator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (2X)hm0,6
Mão-de-obra aplic.inseticida

dh0,32
Formicida





Formicida 1Isca ( MIREX )kg0,6
Colheita





Colheita mecânicacolheitadeira 120 hp - plataforma 4mhm0,85
Transporte internotrator 85 hp + carreta 8 thm0,3
Fonte: Embrapa Milho e Sorgo.


Quadro 3. 
Coeficientes Técnicos de Produção um Hectare de Milho
Plantio Direto - Safrinha - Produtividade: 3000 kg/ha .

DescriçãoEspecificaçãoUnidade Quantidade UtilizadaQuantidade
Utilizada
Sistematização do Solo





Dessecação-Herbicida 1Glifosatol1,5
Dessecação-Herbicida 22,4-Dl0,5
Distribuição herbicidatrator 85 hp + pulv. Barra 2000 lhm0,15
Mão-de-obra distribuição herbicida



0,25
Plantio






Sementes





Sementes - 1Híbridos duplo ou triplosc1
Adubação





Adubo 1 -4-20-20kg200
Plantio/adubação mecânicatrator 120 hp + plat/adub. Jumil 12 linhashm0,8
Transporte Interno plantiotrator 85 hp + carreta 8 thm0,3
Tratos Culturais






Adubação de cobertura





Adubo 1uréiakg60
Máq.aplic.adubação de cobertura 1

hm0,5
Inseticida





Inseticida 1Lanatel0,6
Aplicação inseticida - máquinatrator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (2X)hm0,3
Mão-de-obra aplic.inseticida

dh0,32
Colheita





Colheita mecânicacolheitadeira 120 hp - plataforma 4mhm0,6
Transporte internotrator 85 hp + carreta 8 thm0,3
Fonte: Embrapa Milho e Sorgo .


Custo de produção 

Sistemas de produção de milho
Há uma grande diversidade nas condições de cultivo do milho, no Brasil. Observa-se desde a agricultura tipicamente de subsistência, sem a utilização de insumos modernos (produção voltada para consumo na propriedade e eventual excedente comercializado), até lavouras que utilizam o mais alto nível tecnológico, alcançando produtividades equivalentes às obtidas em países de agricultura mais avançada. Independentemente da região, os seguintes sistemas de produção de milho são bastante evidentes: 

1 - Produtor comercial de grãos
Normalmente, produzem milho e soja em rotação, podendo também envolver outras culturas. São especializados na produção de grãos e têm por objetivo a comercialização da produção. Plantam lavouras maiores. Utilizam a melhor tecnologia disponível, predominando o Sistema de Plantio Direto. São os grandes responsáveis pelo abastecimento do mercado. 

2 - Produtor de grãos e pecuária
Nesse caso, o agricultor usa um nível médio de tecnologia por lhe parecer o mais adequado, em termos de custo de produção. É comum o plantio de milho visando à renovação de pastagens. A região, muitas vezes, não produz soja e o milho é a principal cultura. As lavouras são de tamanho pequeno a médio. A capacidade gerencial não é tão boa e, muitas vezes, as operações agrícolas não são realizadas no momento oportuno, com o insumo adequado ou na quantidade adequada. A qualidade das máquinas e equipamentos agrícolas pode também comprometer o rendimento do milho.
Recentemente, vem sendo implementada a recuperação de pastagens degradadas, que ocupam praticamente 50 milhões de hectares. À medida que avança o programa de recuperação, deverá haver aumento na oferta de milho, uma vez que o sistema de integração lavoura-pecuária, utilizando milho, tem-se mostrado o mais apropriado para esse fim. 

3 - Pequeno produtor
É aquele produtor de subsistência, sendo a maior parte de sua produção consumida na propriedade. O nível tecnológico é baixo, inclusive envolvendo o uso de sementes não melhoradas. O tamanho da lavoura é pequeno. Essa produção tem perdido importância no que se refere ao abastecimento do mercado. 

4 - Produção de milho safrinha
Esse tipo de exploração ocupa, hoje, cerca de três milhões de hectares de milho, plantados, principalmente, nos seguintes estados: Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. O milho é semeado extemporaneamente, após a soja precoce. O rendimento e o nível tecnológico dependem muito da época de plantio. Nos plantios mais precoces, o sistema de produção é, às vezes, igual ao utilizado na safra normal. Nos plantios tardios, o agricultor reduz o nível tecnológico em função do maior risco da cultura, devido, principalmente, às condições climáticas (frio excessivo, geada e deficiência hídrica). A redução do nível tecnológico refere-se, basicamente, à semente utilizada e à redução nas quantidades de adubos e defensivos aplicados. Essa oferta tem sido importante para a regularização do mercado. 

Coeficientes técnicos 
Dos sistemas de produção identificados, o que mais prontamente assimila as tecnologias disponíveis na busca de competitividade diz respeito ao "produtor comercial de grãos". Para esse sistema, tem-se observado grande homogeneização do padrão tecnológico empregado pelos produtores na condução das lavouras de milho, variando pouco entre as principais regiões produtoras. Evidentemente, não existe um padrão tecnológico único que atenda a todos os sistemas de produção utilizados e que se adapte a todas as situações inerentes à cada lavoura. Entretanto, especificamente em relação aos produtores enquadrados no sistema acima citado, é possível, com razoável precisão, identificar um padrão tecnológico que se apresente como o mais adequado para essas lavouras.
Os coeficientes técnicos foram elaborados para as três situações predominantes nas lavouras comerciais, quais sejam: safra normal usando o Sistema de Plantio Direto (Tabela 1), safra normal usando plantio convencional (Tabela 2) e safrinha (Tabela 3).

Tabela 1 - Coeficientes técnicos de produção para um hectare de milho (Sistema de Plantio Direto: produtividade 7.000 kg.ha-1).


Descrição
EspecificaçãoUnidade Quantidade UtilizadaQuantidade
Utilizada
Correção do Solo





Calcário

t0,7
Gêsso

t0,4
Distribuição do calcário mecânicatrator 85 hp + calcariadorhm0,125
Dessecação-Herbicida 1ROUNDUPl3
Dessecação-Herbicida 2

l/kg

Distribuição herbicidatrator 85 hp + pulv. Barra 2000 lhm0,3
Mão-de-obra distribuição herbicida

dh0,25
PLANTIO






Sementes





Sementes - 1Híbridos simples ou triplosc1
Sementes - 2

kg

Tratamento de Sementes





Fungicida 1Rhodiauram 700l0,02
Fungicida 2

l/kg

Distribuição fungicida manual

dh0,05
Inseticida 1Furazinl0,4
Distribuição inseticida manual

dh0,05
Adubação





Adubo 18-28-16 + FTE-CAMPOkg300
Plantio/adubação mecânicatrator 120 hp + plat/adub. Jumil 12 linhashm0,8
Transporte Interno plantiotrator 85 hp + carreta 8 thm0,3
Tratos Culturais






Adubação de cobertura





Adubo 1uréiakg200
Máq.aplic.adubação de cobertura 1trator 85 hp + distr. Adubo 5 linhashm0,6
Herbicida - POS





Herbicida 1Gesaprin 500l2,5
Herbicida 2Sanson 40 SCl0,8
Aplicação herbicida - máquinatrator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (1X)hm0,3
Mão-de-obra aplic.herbicida

dh0,16
Inseticida





Inseticida 1Karate ( Piretróide )- 2 aplicaçõesl0,3
Inseticida 2Match ( Fisiológico )- 2 aplicaçõesl0,6
Espalhante adesivoÓlleo minerall1
Aplicação inseticida - máquinatrator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (2X)hm0,6
Mão-de-obra aplic.inseticida

dh0,32
Formicida





Formicida 1Isca ( MIREX )kg0,6
Mão-de-obra aplic. Formicida

dh

Colheita






Colheita mecânicacolheitadeira 120 hp - plataforma 4mhm0,85
Transporte internotrator 85 hp + carreta 8 thm0,3
Fonte: Marcos Joaquim Matoso & João Carlos Garcia

Tabela 2 - Coeficientes técnicos de produção para um hectare de milho (plantio convencional de 7.000 kg.ha-1).


Descrição
EspecificaçãoUnidade Quantidade UtilizadaQuantidade
Utilizada
Correção do Solo





Calcário

t0,7
Gêsso

t0,4
Distribuição do calcário manual

dh

Distribuição do calcário mecânica

hm0,125
Preparo de Solo






Gradagem Aradoratrator 120 hp + GPhm1,6
Gradagem Niveladoratrator 120 hp + grade nivel.hm0,4
Plantio






Sementes





Sementes - 1Híbridos simples ou triplosc1
Sementes - 2

kg

Tratamento de Sementes





Fungicida 1Rhodiauram 700l0,02
Distribuição fungicida manual

dh0,05
Inseticida 1Furazinl0,4
Inseticida 2

l/kg

Distribuição inseticida manual

dh0,05
Adubação





Adubo 18-28-16 + FTE-CAMPOkg300
Plantio/adubação mecânicatrator 120 hp + plat/adub. Jumil 12 linhashm0,8
Transporte Interno plantiotrator 85 hp + carreta 8 thm0,3
Tratos Culturais






Adubação de cobertura





Adubo 1uréiakg200
Máq.aplic.adubação de cobertura 1

hm0,6
Máq.aplic.adubação de cobertura 2





Herbicida - POS





Herbicida 1Gesaprin 500l2,5
Herbicida 2Sanson 40 SCl0,8
Herbicida 3

l/kg

Aplicação herbicida - máquinatrator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (1X)hm0,3
Mão-de-obra aplic.herbicida

dh0,16
Inseticida





Inseticida 1Karate ( Piretróide )- 2 aplicaçõesl0,3
Inseticida 2Match ( Fisiológico )- 2 aplicaçõesl0,6
Espalhante adesivoÓlleo minerall1
Aplicação inseticida - máquinatrator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (2X)hm0,6
Mão-de-obra aplic.inseticida

dh0,32
Formicida





Formicida 1Isca ( MIREX )kg0,6
Colheita





Colheita mecânicacolheitadeira 120 hp - plataforma 4mhm0,85
Transporte internotrator 85 hp + carreta 8 thm0,3
Fonte: Marcos Joaquim Matoso & João Carlos Garcia

Tabela 3 - Coeficientes técnicos de produção para um hectare de milho (safrinha: produtividade de 3.000 kg.ha-1).
DescriçãoEspecificaçãoUnidade Quantidade UtilizadaQuantidade
Utilizada
Sistematização do Solo





Dessecação-Herbicida 1Glifosatol1,5
Dessecação-Herbicida 22,4-Dl0,5
Distribuição herbicidatrator 85 hp + pulv. Barra 2000 lhm0,15
Mão-de-obra distribuição herbicida



0,25
Plantio






Sementes





Sementes - 1Híbridos duplo ou triplosc1
Adubação





Adubo 1 -4-20-20kg200
Plantio/adubação mecânicatrator 120 hp + plat/adub. Jumil 12 linhashm0,8
Transporte Interno plantiotrator 85 hp + carreta 8 thm0,3
Tratos Culturais






Adubação de cobertura





Adubo 1uréiakg60
Máq.aplic.adubação de cobertura 1

hm0,5
Inseticida





Inseticida 1Lanatel0,6
Aplicação inseticida - máquinatrator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (2X)hm0,3
Mão-de-obra aplic.inseticida

dh0,32
Colheita





Colheita mecânicacolheitadeira 120 hp - plataforma 4mhm0,6
Transporte internotrator 85 hp + carreta 8 thm0,3
Fonte: Marcos Joaquim Matoso & João Carlos Garcia
Considerações finais 
Uma vez que a produção mundial de suínos e aves, principais consumidores de milho, continuará crescendo, a indagação que se faz é sobre quais regiões reúnem as condições mais favoráveis para dar suporte a esse crescimento. Certamente, haverá um grande peso no sentido de favorecer regiões produtoras de milho que disponham de boa logística de transporte para atender a consumidores situados em uma distância razoável. Esse atendimento regional é da maior importância para a sustentabilidade da atividade produtiva, pois provê um escoamento seguro para a produção.
Outro fator importante é a disponibilidade de um sistema de armazenamento eficiente, que possibilite aos agricultores realizar a comercialização da produção de forma mais lucrativa ao longo do ano. A disponibilidade de um sistema de comercialização eficiente também é parte desse complexo de aspectos, que aumenta a competitividade dos produtores de milho de determinada região. Para finalizar, embora o atendimento a consumidores localizados a distâncias mais curtas possível seja vital, o estabelecimento de um canal de comércio exterior é interessante, tendo em vista que esse fornecerá um piso de flutuação dos preços mais estável do que os normalmente verificados nos preços internos.
Existe uma diversidade de modalidades de cultivo do milho, podendo ser mencionadas aquelas que se diferenciam pelas diferentes épocas de semeadura (época normal e safrinha), as que se diferenciam pela forma de preparo do solo (plantio convencional x plantio direto), as que se diferenciam pelo nível de tecnologia (níveis tecnológicos marginal, baixo, médio ou alto).
O milho de segunda safra ou safrinha (também em regime de sequeiro) é feito extemporaneamente, de fevereiro a abril, em rotação com a soja precoce, na região Centro-Sul. Em alguns estados como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, essa modalidade já supera, em área, o plantio normal.
Os custos de produção, bem como a produtividade e, em consequência, a rentabilidade, são decorrentes da modalidade e do nível de tecnologia adotado.



sábado, 13 de agosto de 2016

Mercado e comercialização do Milho



Produção

A produção de milho no Brasil, juntamente com a soja, contribui com cerca de 80% da produção de grãos no Brasil. A diferença entre as duas culturas está no fato que soja tem liquidez imediata, dada as suas característica de "commodity" no mercado internacional, enquanto que milho tem sua produção voltada para abastecimento interno. Apesar disto, o milho tem evoluído como cultura comercial apresentando, nos últimos vinte e oito ano, taxas de crescimento da produção de 3,0% ao ano e da área cultivada de 0,4% ao ano.
A Fig. 1 apresenta a média de quatro anos, 1998 a 2001, da produção brasileira de milho por estado. Observa-se que o Estados do Paraná, com mais de 5 milhões de toneladas, é o maior produtor de milho do país. Na faixa de 1 a 5 milhões de tonelada, com exceção do Rio de Janeiro e Espírito Santo, estão a grande parte dos estados do Centro-Sul do Brasil. A Bahia, Piauí, Maranhão e Pará tem se constituído em nova fronteira para produção de milho em escala comercial, principalmente, nas áreas de cerrado, nos três primeiros e sul do estado no último, onde essa cultura vem sendo impulsionadas pela expansão da soja que, em vinte e um anos, a área total cultivada cresceu a taxa de 58,9% ao ano, ou seja, saiu dos 80 ha, em 1980, para 847.070 ha, em 2000. No Ceará, expansão do cultivo de milho se deve ao aumento da demanda por este produto, que foi impulsionada pelo crescimento da produção de aves no estado e no vizinho Pernambuco. Nos outros estados a produção de milho é marginal, sendo caracterizada por cultivos familiares para consumo no estabelecimento.


Na Fig. 2, observa-se dois gráficos que retratam a produção de milho por estado no ano de 2001. No gráfico de barras estão retratadas as produções estaduais, onde a parte verde das barras representa a produção da primeira safra (safra de verão) e a parte amarela, a da segunda safra (safrinha). Tanto na primeira quanto na segunda safra, o estado do Paraná teve a maior produção no ano de 2001. Segundo é representado na gráfico, Minas Gerais ocupou a posição do segundo maior produtor na primeira safra, enquanto que Mato Grosso é o segundo maior produtor na segunda safra.


O Gráfico de torta representa o "rank" da produção total de milho no Brasil. Novamente, pode-se observar que o Estado do Paraná é o maior produtor nacional com 26% do total produzido no país, seguido por Minas Gerais (13%), Rio Grande do Sul (12%), São Paulo (10%) e Goiás (9%). Verifica-se nesse gráfico que 94% da produção de milho em grão no Brasil foi produzido por 9 (nove) estados, sendo apenas Bahia o único estado fora da região Centro-Sul (Os dados com respeito a produção, área e produtividade podem ser vistos na página de introdução e importância econômica).
Observa-se na Fig. 3 que os níveis de produtividade média por estados são melhores na região Centro-Sul do Brasil. Destaca-se o estado de Goiás que nos quatro anos utilizados para elaboração do mapa, teve produtividades médias altas, superiores aos estados da região sul. O estado de Goiás tem se caracterizado por produzir milho em áreas grandes, com uso de tecnologias modernas e sementes de alta qualidade e potencialidade, o que favorece ao crescimento da produtividade daquele estado.


Outro fator que tem impulsionado o crescimento de milho na região Centro-Oeste, e em especial no estado de Goiás, é a ampliação do parque industrial, em direção à região de cerrado, que utiliza milho como insumo. Por outro lado, o uso da cultura de milho no sistema de cultivo de PLANTIO DIRETO também tem favorecido os níveis de produção e produtividade nesta região. Nota-se que os Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul tem níveis de produtividade média semelhantes aos estados do Paraná, São Paulo e Santa Catarina. Rio Grande do Sul tem nível de produtividade inferiores aos Estados acima citado, apesar da cultura de milho ser importante para aquele estado. Talvez isto pode ser explicado pelo aspecto geoclimático do estado, que nos anos de ocorrência de veranicos há, freqüentemente, redução na produtividade das lavouras de milho.
A segunda safra de milho foi introduzida pelos agricultores com o objetivo de se ter mais uma opção de cultivo para o período de inverno. Em alguns estados ela se tornou tão importante que substituiu quase que completamente o cultivo do trigo. Dois fatores foram importantes para que isto acontecesse. O primeiro esta relacionado a necessidades técnicas de rotação de cultura com soja, porém com a vantagem de se reduzir o tempo entre safras de verão, e de produção de cobertura morta para solo no sistema de plantio direto, assim, o milho safrinha, na maioria das vezes, passou a ser plantado em sucessão à soja logo após a colheita desta. O segundo diz respeito à crescente pressão de demanda por milho, principalmente no período de "entressafra", causando, consequentemente, elevação dos preços deste grãos nesse período.

Com o aumento da importância da soja no mercado internacional, esta passou a disputar com o milho, áreas para cultivo de verão, levando mais produtores a optarem pelo cultivo da soja no verão e do milho na segunda safra. Na Fig. 4, pode-se observar a evolução da produção de milho no Brasil a partir da safra 1974/1975. Nota-se que a partir do inicio dos anos noventa, há uma diferença entre o total produzido na primeira safra e o total produzido em cada ano no Brasil. Esta diferença é a quantidade produzida na segunda safra, e como pode ser visto no gráfico, tem crescido sistematicamente desde que se começou a se ter estatísticas sobre esta forma de cultivo de milho.


Na Fig. 5 está representado a evolução da área plantada com milho para o mesmo período citado acima. O comportamento de aumento de uso de área com milho na segunda safra também pode ser observado. Apesar de ser ainda uma prática marginal no cultivo de milho, a segunda safra tem sido responsável pela manutenção de média de área em torno de 12 a 13 milhões de hectares cultivado com milho. Se não fosse isso, a área usada com cultivo de milho já estaria abaixo de níveis de 11 milhões de hectares desde 1998, conforme pode-se ver na linha que diferencia a área usada na primeira safra no gráfico.


Na Fig. 6 é retratada a produção de milho nos estado na segunda safra. Novamente o Estado do Paraná aparece como o maior produtor, passando a ser seguido pelos Estados do Centro-Oeste, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Isto caracteriza bem as informações acima com respeito ao cultivo do milho em sucessão a soja e a sua importância para sistema de Plantio Direto. Na região Centro-Oeste, onde está localizada 48,4% da Região do Cerrado brasileiro, o cultivo da soja teve uma expansão muito rápida, no que diz respeito ao uso de áreas, aumento da produção e produtividade das lavouras, com isso aumentou-se a necessidade de ter uma cultura para rotação, e o milho é esta cultura por excelência. Por outro lado, dada as características dos solos desta região, o uso de sistema de Plantio Direto teve rápido crescimento, por aumentar a proteção destes solos e, consequentemente, a qualidades dos indicadores deste solos, melhorando o desempenho dos mesmos quanto aumento da produtividade das lavouras. Com respeito a produção nos Estados de Minas Gerais e Bahia, elas estão restritas a regiões mais próximas as características de Cerrado, isto é, oeste de ambos estados.


Destino da produção

A produção brasileira de milho em grãos tem dois destinos. Primeiro, o consumo no estabelecimento rural, refere-se aquela parcela do milho que é produzida e consumida no próprio estabelecimento, destinando-se ao consumo animal em sua maior parte e ao consumo humano. Segundo a oferta do produto no mercado consumidor, onde tem-se fluxos de comercialização direcionados para fabricas de rações, indústrias químicas, mercado de consumo in natura e exportações, quando é o caso.
Segundo dados do censo agropecuário de 1996 (IBGE, 1996), 24,93% da produção de milho é consumido na propriedade, sendo que 60,54% dos estabelecimentos realizam esta prática. Ainda são estocados no estabelecimentos 6,32 porcento da produção em 6,63% dos estabelecimentos que produzem este grão. Não se pode afirmar que a produção estocada na propriedade é toda consumida internamente, nem que é toda comercializada, mas pode-se dizer que este milho estocado participam dos dois tipo de destino da produção. Por outro lado, 68,75% da produção de milho é comercializada, com fluxos direcionado ás vendas para cooperativas, indústrias, intermediários e diretamente aos consumidores. Apenas 32,83% dos estabelecimentos comercializam sua produção (veja tabela).

Tabela 1. Destino da Produção de Milho em Grãos. Censo Agropecuário do IBGE de 1996.
Destino da ProduçãoProduçãoNúmero de EstabelecimentosProdutividade
%%Kg/ha
Consumo no Estabelecimento24,9360,541.660
Estocada no Estabelecimento6,326,632.166
Comercializada68,7532,132.914
       · Cooperativa20,043,403.480
       · Indústria13,410,713.817
       · Intermediário31,5024,802.469
       · Direto ao Consumidor3,803,722.427
Fonte: Censo Agropecuário do IBGE de 1996. 

Relacionando o tamanho das propriedades com o consumo nos estabelecimento agropecuários, censo agropecuário de 1996, indicam que cerca de 67 % das propriedades estão relacionadas com o consumo do milho internamente, 31,25 % da proodução de milho, sem a preocupação com o mercado, enquanto que 68,75% da produção de milho é destinada ao mercado, por diferentes meios. Pode-se concluir que a produção de milho não destinadas ao mercado é realizado em pequenas áreas cultivadas, e na sua maioria destinada ao consumo de subsistência. Observa-se que neste tipo de propriedade encontram-se os menores índices de produtividade, 1660 kg/ha, entre os dados analisados, o que é um indicativo de baixo nível tecnológico.
Na análise de dados da produção de milho destinado ao mercado, alguns pontos devem ser destacados. Um deles é a importância do intermediário como agente de comercialização, que ainda é muito grande no mercado de milho. Conforme constatado no censo de 1996, é indicado que os intermediários movimentavam a comercialização do maior volume de milho transacionáveis no mercado, 31,50 % da produção nacional, porém os estabelecimentos que usam este meio para venda das suas produções tem produtividade média baixa, quando comparada com os estabelecimentos que usam as cooperativas e indústrias para escoar suas produções (ver tabela). Além disso, destaca-se que em 56,78% da área cultivada com milho a produção é destinada ao mercado, isso revela que a cultura comercial é feita em grandes áreas e são mais tecnificadas, com produtividade médiasem torno de 5.000 a 7.000 kg/ha, bem acima da média nacional, que foi 2.406 kg/ha no perído analisado.

Consumo

O mercado de milho no Brasil depende da demanda do milho para a indústria de ração animal. Para se saber o tamanho deste mercado, a CONAB faz um balanço anual de oferta e demanda de milho, onde são calculados variáveis relacionadas com consumo interno, produção, comercio externo e estoques de milho. Estas informações também são usadas pelo mercado para estabelecimento dos preços, e pelos produtores de insumos para planejarem a produção do ano seguinte. Porém, devido ao alto percentual da produção estocada nas propriedades, as estimativas tem que ser revistas constantemente.

Na Fig. 7 contém o balanço de oferta e demanda por milho para o período de 1997 a 2002. Observa-se que os estoques iniciais e finais de milho, no país, têem diminuído sistematicamente. Este fato pode ser resultado da redução das importações de milho do Brasil e aumento das exportações, notadamente 2001 e 2002. O consumo de milho tem tendência de crescimento, apesar de se observar alguns problemas localizados de oferta. Um dos aspectos relevantes é que , segundo as estimativas da CONAB, o suprimento total de milho gira em torno de 40 milhões de toneladas, enquanto que o consumo situa-se entre 35 a 36 milhões de toneladas.

As estimativas apresentadas na Fig. 7, não justifica as incertezas de abastecimentos do mercado de milho no Brasil, porém a cada ano pode-se observar um comportamento defensivo por parte dos produtores, de milho e dos usuários de milho como insumo. Se as estimativas retratam uma situação de suprimento de milho condizente com a realidade, o mercado deste produto tem um comportamento irracional. Se a cada ano a quantidade ofertada é maior que a quantidade demandada, haveria uma tendência de diminuição do preço real de milho em grãos durante a série apresentada. No entanto, observou-se no período, picos e vales nos preços deste grão.
Analisando as informações do balanço de oferta e demanda, safras 1999/2000 e 2000/2001, verifica-se que houve uma forte pressão de demanda por milho no ano de 2000, causada pela baixa produção nas duas safras anteriores que, conjugada com informações que faltaria milho antes da colheita da safra 2000/2001, fez o preço da saca do milho subir alcançando índices nunca praticados no Brasil. Mas no final do ano de 2000, cresceu a oferta de milho no mercado fazendo com que os preços começassem a diminuir no quarto trimestre daquele ano, principalmente, após inicio do plantio da safra seguinte. Tudo indica que esta oferta cresceu em virtude de pequenos produtores que armazenam milho na propriedade recorrerem ao mercado para escoar a produção, uma vez que os preços daquele ano estavam atrativos. Este fato chama atenção, porque este movimento não foi detectado, com rapidez, por nenhuma das instituições que analisaram o mercado e a produção de milho em grão nesse período, e resultou em uma safra recorde em 2000/2001. (Fig. 8).

Apesar do Brasil não ter tradição de exportador e importador de milho em grãos, sempre se pensou nesse país com potencial para participar do mercado externo, porém este potencial só pôde ser sentido nos anos de 2001 e 2002 (Tabela 2) quando as participações brasileira no mercado mundial, foram de 8% e 2%, para esses anos respectivamente.
Alguns fatores contribuíram para essa mudança. O primeiro, a super safra de milho colhida no Brasil no ano de 2001, que agravou a situação de queda dos preços iniciada no ano anterior, favoreceu aos produtores a busca de opções de mercados diferentes para escoar a produção. O segundo, a cotação do milho no mercado externo estavam mais que compensadores para a busca de mercado em outros países. E finalmente, a proibição de produzir milho transgênico (Bt ou RR) no país atraiu compradores de países que tem legislação mais rígida com respeito ao uso destes produtos e que possuem um mercado mais exigente com respeito aos produtos que irão consumir. Estes fatores fizeram com que o Brasil passasse de uma mera participação de 0,01% no comércio exterior de milho, para cerca de 8% deste mercado. No ano seguinte, esta participação caiu para 2%, Essa queda é resultado da retração da oferta de milho no mercado interno causada pelo crescimento da produção de soja.

Tabela 2. Participação do Brasil no mercado Mundial de Milho, 1998 a 2002.
Milho em Grão, com Casca
Participação do Brasil na Exportação e Importação Mundial


19981999200020012002
Quant.(t)Quant.(t)Quant.(t)Quant.(t)Quant.(t)Quant.(t)
Comércio Mundial68.660.00073.209.00075.641.00072.310.00074.200.000*
Exportação Brasil7.1717.5176.6995.628.9781.500.000**
Participação Brasil (%)0,01%0,01%0,01%7,78%2,02%
IMPORTAÇÃO DO BRASIL18158992135568700
Participação Brasil (%)0,003%0,001%0,003%0,001%0,001%

Fonte: USD 
*Estimativa USDA
**Estimativa Safras e Mercados.


Seguindo a tendência mundial onde a alimentação animal consome 70% do milho produzido, o Brasil tem nesse segmento o seu grande mercado de milho com variação de 70% a 80 A% da demanda interna.
No consumo de milho destinado à produção de ração, estima-se que 51% deste total é direcionado ao setor avícola; 33% à suinocultura; 11% à pecuária, principalmente a de leite, (a produção de leite é crescente em Goiás região onde há disponibilidade de matéria prima para ração na época seca do ano); e 5% é usado para fazer ração para os outros animais.
Como menciona anteriormente, o mercado interno de milho esta atrelado ao comportamento da produção animal. Como pode ser observado na tabela, o consumo de milho para essa finalidade variou de 54,2% em 1996 a 72,2% em 2000, com tendência de crescimento de 11,7% ao ano; enquanto, que a utilização do milho para fins industriais cresceu a taxa de apenas 1,2% ao ano, esse segmento do mercado absorve cerca de 10,9% da oferta nacional deste grão.
A indústria moageira se divide em dois grande grupo. O grupo de moagem a úmido, que produzem subprodutos do milho com alto valor agregado e geralmente destinados a reprocessamento por parte de outra indústria e o grupo de moagem a seco que geram produtos de baixa elasticidade renda, geralmente produtos destinado ao consumo humano. Deste dois grupos o de moagem a seco é o que consome maior percentual de milho e que também gera maior número de subprodutos.

Tabela 3. Estimativa de Consumo de Milho por Setor no Brasil, 1996 e 2000- 2002.
SegmentoConsumo
1996*200020012002**
Avicultura9,79812,97613,47913,913
Suinocultura7,5968,3298,5878,864
Pecuária2,1102,6912,7722,861
Outros Animais

1,4981,5281,577
Consumo Industrial4,1004,0004,1634,246
Consumo Humano1,4151,4761,5051,505
Perdas/Sementes162850263328
Exportação

-5,6291,500
Outros10,8183,4803,6133,417
Total35,99935,30041,53938,211

Fontes: Abimilho, (*) MB Associados, Conab e Safras & Mercado
Obs: (**) Estimativa 2002. 


As Fig. .9, 10 e 11 apresentam a evolução da produção de milho, aves e suínos, projeção de produção até 2010 e projeção de consumo de milho por estes setores até 2010. Observa-se que frango está em expansão devido principalmente ao mercado externo por este produto com origem no Brasil ter perspectiva de crescimento. O mercado de suíno tem uma demanda latente, que se reflete nos gráficos, com crescimento bem inferior ao do frango, porém com perspectiva de se tornar uma demanda real no que diz respeito a substituição da carne bovina. De certo modo, o gráfico de suínos refletem uma demanda interna, que é bem pequena quando comparada com a demanda de frangos e carne bovina. Vale ressaltar que a carne suína é o tipo de carne mais consumido em nível mundial, tendo os países Nórdicos como os maiores demandadores. Se o país conquistar uma parte do mercado externo deste tipo de carne, isto iria favorecer não só os produtores de suínos, mas, também, os produtores de milho, principal insumo na produção de suínos. 


Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *