sexta-feira, 18 de maio de 2018

Adubação na Cultura do Eucalipto


A produtividade de grande parte das plantações de eucalipto está aquém de seu potencial, havendo boas possibilidades de elevá-la. Isso pode ser alcançado com adequada alocação do genótipo ao ambiente e concomitantemente ao uso de práticas corretas de manejo do solo, dentre as quais a adubação tem especial destaque.
O ritmo de silvicultura intensiva, com rotações de ciclo curto e uso de genótipos com alta capacidade extrativa de nutrientes, acelera o processo de exaustão nutricional dos solos. Os genótipos de eucalipto têm alto potencial produtivo, mas que se expressam melhor se houver a suplementação de nutrientes aos solos onde esses são limitantes. Sem adubações regulares, a produtividade média diminuiria para patamares iguais ou inferiores a 15-20 m³/ha-¹.ano-¹. Ou seja, devido à baixa fertilidade e reserva de minerais primários da maioria dos solos brasileiros e à perda de nutrientes do ecossistema (colheita, erosão, lixiviação e volatilização), a fertilidade do solo rapidamente retorna ao nível anterior ao existente pré-adubação, ou mesmo inferior. Logo, a reposição de nutrientes, via adubação mineral ou outra fonte alternativa, é fator essencial à sustentabilidade florestal (GONÇALVES, 2009).
Por outro lado, duas das finalidades essenciais da análise de solo são: a verificação da necessidade de aplicação de corretivos e a recomendação dos nutrientes e respectivas doses a serem aplicadas na adubação.
De posse dos resultados analíticos de uma gleba, o primeiro passo é a verificação da necessidade ou não de calagem. A seguir, verifica-se a adubação, seguindo as seguintes etapas:
  • Classificação dos teores de fósforo e potássio e obtenção das doses de nitrogênio (N), fósforo (P2O5) e potássio (K2O) a serem aplicadas, consultando, para isso, as tabelas no item específico sobre adubação deste documento;
  • Transformação das doses de (N), fósforo (P2O5) e potássio (K2O) em doses de fertilizantes comerciais e elaboração de uma recomendação detalhada.

Adubo mineral

Os nutrientes mais frequentemente utilizados nas adubações de espécies de eucaliptos são N, P e K e, com menor frequência, B e Zn. Ca e Mg são aplicados através de calagem. Em plantações florestais, é comum o uso de adubo simples, formado por apenas um composto químico. Neste caso, normalmente são utilizados: sulfato de amônio e uréia, como fontes de nitrogênio; superfosfato simples, superfosfato triplo e fosfato natural, como fontes de fósforo; cloreto de potássio e sulfato de potássio, como fontes de potássio; bórax, como fonte de boro.
Além dos adubos simples, existem os adubos formados a partir da mistura de dois ou mais fertilizantes, os quais, representados por formulações, são denominados de adubos mistos. A formulação do fertilizante varia de região para região, e de acordo com a cultura na qual será aplicada. De maneira geral, na atividade florestal, o fósforo é colocado em maior quantidade do que os outros elementos, por ser normalmente aquele que apresenta maiores problemas com a adsorção pelos sítios de troca do solo, tornando-o menos disponível para as plantas.
Estrategicamente, é preciso que se criem condições interinstitucionais e legais para adubar plantações com fontes alternativas de nutrientes, como os resíduos industriais e urbanos, produzidos em grande quantidade. Há boa disponibilidade de resultados de pesquisas comprovando a eficácia desses resíduos, que, se aplicados adequadamente, apresentam baixo risco ambiental, como qualquer outro insumo artificial. Além da possibilidade de diminuir os custos de adubação, o uso em grande escala dessa prática pode resolver graves problemas ambientais, como os gerados pelos aterros sanitários, o que constitui um valor extra à atividade silvicultural. O aumento de produtividade em grande escala, no nível do grande e do pequeno produtor, nunca foi tão estratégico, se for levado em conta a escassez e o alto custo da terra próxima à indústria e à baixa fertilidade dos solos disponíveis (GONÇALVES, 2009).
A adubação torna-se necessária em situações em que a quantidade de nutrientes disponível no solo não é suficiente para o adequado crescimento e desenvolvimento das plantas. Essa situação é comum na área florestal, uma vez que a maioria dos solos utilizados para o cultivo das espécies plantadas são naturalmente pobres ou foram empobrecidos pela intensificação das rotações pecuárias, agrícolas ou florestais a que são submetidos. Os produtos e quantidades desses a serem aplicados dependem das necessidades das espécies ou híbridos, da fertilidade do solo, da reação e da eficiência dos produtos no solo e de fatores de ordem econômica.

Avaliação da necessidade de adubação

São três os métodos mais utilizados para a avaliação da fertilidade do solo e do estado nutricional das plantas:
1 - Análise química do solo
A possibilidade de avaliar a fertilidade do solo e prever o estado nutricional e o desenvolvimento das plantas a serem cultivadas na área amostrada faz da análise química do solo a ferramenta mais importante na avaliação da necessidade de adubação.
Amostragem do solo
A amostragem do solo é uma etapa crítica no processo de avaliação da fertilidade do solo. Para que a amostra coletada represente adequadamente a área, dois princípios devem ser seguidos com rigor:
a)  A área amostrada deve ser a mais homogênea possível, e
b)  Um grande número de amostras simples ou sub-amostras devem ser coletadas na área a ser avaliada.
A coleta de amostras deve ser feita na camada de 0-20 cm, por ser o local mais intensivamente explorado pelas raízes do eucalipto. No entanto, as camadas mais profundas também devem ser analisadas para se avaliar possíveis restrições ao desenvolvimento das raízes, uma vez que, além de contribuir para a nutrição das árvores, o crescimento das raízes em profundidade é importante para o suprimento de água para as mesmas.
Cada amostra deve representar uma área homogênea máxima de 50 ha e deve ser composta de no mínimo 20 amostras simples.
2 - Análise química de tecidos vegetais
O estado nutricional da plantas é um reflexo do conteúdo de nutrientes nos tecidos e esse um reflexo da disponibilidade de nutrientes no solo.
Fatores internos e externos às plantas interferem na composição química dos seus tecidos. Por isso, a amostragem precisa ser padronizada quanto à época, tipo de tecido, posição na árvore e ser representativa da população amostrada. O compartimento composto pelas folhas é o que melhor reflete o estado nutricional das árvores, com relação significativa entre a disponibilidade de nutrientes no solo e os seus teores nas folhas, relação essa que interfere diretamente na produtividade.
Amostragem de folhas
Recomenda-se coletar amostras em árvores dominantes, de folhas recém maduras, do meio da copa, durante o verão. Dependendo do regime de chuva e temperatura no período, algumas variações podem ocorrer e, neste caso, as folhas que deveriam ser amostradas podem não estar completamente formadas e/ou ainda não totalmente maduras.
As folhas devem estar completamente formadas. Nestas condições, as folhas apresentam as seguintes características: aspecto e cor - lisa e brilhante, com coloração verde escura na parte superior e verde pálida na inferior; forma lanceolada.
Para efetuar a coleta, selecionar os galhos do meio da copa e desses coletar as folhas 3, 4, 5 e 6, conforme ilustração contida na figura 1. Caso a folha 3 não esteja completamente formada e/ou ainda não totalmente madura, recomenda-se coletar apenas as folhas 4, 5 e 6.

Figura 1. Esquema ilustrativo da região de seleção de galhos e posição de coleta das folhas recém maduras de Eucalyptus, para avaliações nutricionais.
Fonte: BELLOTE, A. F. J.; SILVA, H. D. da. Técnicas de amostragem e avaliações nutricionais em plantios de Eucalyptus spp. In: GONCALVES, J. L. de M.; BENEDETTI, V. (Ed.). Nutrição e fertilização florestal. Piracicaba: IPEF, 2000. p. 105-133. Crédito da ilustração não informado na publicação original.
Recomenda-se que cada amostra seja composta por, no mínimo, três árvores dominantes. O número total de amostras compostas, por área, depende, dentre outros fatores, do local, tipo de solo e do material genético plantado.
Em termos práticos, recomenda-se a coleta de dez a 20 amostras compostas por gleba homogênea quanto às características de solo, idade do povoamento e manejo silvicultural.
A interpretação das análises expressas em teor do nutriente nas folhas indica a necessidade ou não de reposição do nutriente. Na Tabela 1 são apresentados os teores mínimos e máximos comumente encontrados e as faixas de teores de nutrientes considerados adequados para o eucalipto.
Tabela 1. Faixas de teores de macro e micronutrientes considerados adequados para o eucalipto.
Elemento
Teores observados*
Teores adequados*
Mínimos
Máximos
N
(g/kg)
8,1
23,0
20,0 - 22,0
P
(g/kg)
0,7
1,3
0,9 - 1,4
K
(g/kg)
3,8
11,4
7,5 - 8,3
Ca
(g/kg)
3,8
15,1
3,8 - 6,0
Mg
(g/kg)
1,2
3,4
2,6 - 6,2
B
(mg/g)
12,0
104,0
20,0 - 60,0
Fe
(mg/g)
62,0
491,0
80,0 - 200,0
Mn
(mg/g)
151,0
2875,0
300,0 - 700,0
Zn
(mg/g)
2,0
39,0
10,0 - 15,0





Fonte: * Bellote, 2005.
Caso não seja feita precocemente, dificilmente as deficiências nutricionais identificadas pela análise de tecido poderão ser corrigidas sem prejuízos ao crescimento das árvores.
3 - Diagnóstico com base em sintomas visuais
O método baseia-se no princípio de que cada nutriente exerce sempre as mesmas funções. Qualquer que seja a espécie de planta, os sintomas provocados pela sua deficiência apresentam padrões característicos e se manifestam pela redução do crescimento, mudança nos padrões de cor e deformações na parte aérea.
Da mesma forma que a análise química de tecidos, o método tem como desvantagem em relação à análise química do solo o fato de os sintomas visuais aparecerem quando o crescimento das árvores já foi comprometido, além de não indicar o grau da deficiência. Todavia, o método é útil em plantios jovens, auxiliando na avaliação dos efeitos da adubação realizada.
Alguns cuidados devem ser tomados na realização do diagnóstico nutricional com base em sintomas, tais como:
a) Generalização do sintoma: em caso de deficiência, o sintoma geralmente aparece em grandes glebas ou talhões, não ocorrendo em plantas isoladas ou em reboleira;
b) Gradiente do sintoma: os nutrientes apresentam diferentes graus de mobilidade na planta. No caso de elementos móveis, os sintomas são mais intensos nas folhas mais velhas. Por outro lado, no caso de nutrientes pouco móveis ou não móveis, os sintomas são tanto mais acentuados quanto mais nova for a folha;
c) Simetria do sintoma: num ramo, as folhas de um par ou as folhas sucessivas devem apresentar o sintoma característico.
Na Tabela 2 são apresentados os principais sintomas apresentados pelos eucaliptos na ocorrência de deficiências nutricionais.
Tabela 2. Sintomas decorrentes de deficiência nutricional em eucaliptos.
Sintoma de deficiência nos órgãos mais velhos
(parte inferior da copa e base dos galhos)
Sintomas
Nutriente
Inicialmente, ocorre a clorose uniforme nas folhas, resultando em coloração verde clara do limbo, as quais evoluem para tons mais avermelhados ou amarelados, dependendo da espécie. As folhas entram em senescência precoce e consequente abscisão e queda das mesmas. Redução no crescimento e produção de sementes.
N
As folhas apresentam coloração verde escura, mostrando-se arroxeadas próximo às nervuras e com pontuações escuras ao longo do limbo, podendo evoluir para necroses. Folhas com crescimento reduzido. Normalmente, ocorre redução no crescimento das árvores e na produção de sementes.
P
No início, as folhas apresentam avermelhamento das bordas que progride em direção ao centro da folha. Segue-se a necrose nas pontas das folhas e a sua senescência precoce. Aumento da sensibilidade das árvores à deficiência hídrica do solo.
K
Clorose entre as nervuras das folhas, com reticulado verde e grosso sobre o fundo amarelo. Em caso de a deficiência ser acentuada, segue-se a necrose.
Mg
Sintoma de deficiência nos órgãos mais jovens
(terço superior da copa e ponta dos galhos)
Sintomas
Nutriente
As folhas mostram leve clorose ou avermelhamento uniforme.
S
Clorose evoluindo para necrose nas margens e pontas das folhas. Encarquilhamento das margens do limbo, as quais ficam voltadas para o lado superior da folha. Apesar de bem menos frequente que a deficiência de B, pode ocorrer a morte das gemas apicais, podendo, em estágios mais avançados, ocorrer a seca de ponteiro.
Ca
As folhas novas apresentam intensa clorose marginal, seguida de secamento das margens. Folhas menores, mais grossas, encarquilhadas e quebradiças. As nervuras tornam-se extremamente salientes com posterior necrose (aspecto de “costelamento”). Algumas espécies expõem fissuras na casca, de onde podem exudar gomas escuras. No estágio final, observa-se seca de ponteiro e morte descendente dos ramos, com posterior superbrotamento das gemas laterais, resultando na bifurcação do tronco. Pode ocorrer quebra do ponteiro. Deficiência na polinização e atraso no florescimento.
B
Limbo estreito e alongado (forma lanceolada) com clorose entre as nervuras, redução no comprimento dos intermédios e formação de tufos terminais de folhas, tipo roseta. Com a perda da dominância apical, ocorre um superbrotamento das gemas. A árvore fica sem ponteiro dominante, acarretando uma redução no crescimento em altura.
Zn
Clorose internerval, resultando em folhas com reticulado verde e fino com fundo amarelo. Em casos extremos, pode ocorrer branqueamento das folhas.
Fe
Fonte: GONÇALVES, J.L.M. Recomendações de Adubação para EucalyptusPinus e Espécies Nativas. 

Recomendação de doses de nutrientes

Nas tabelas a seguir são apresentadas as quantidades de nutrientes consideradas suficientes para o adequado desenvolvimento do eucalipto.
Tabela 3. Adubação nitrogenada.
Matéria orgânica – g/dm-3*
0-15
16 - 40
> 40
N - kg/ha-1
60
40
30
* 10 g/dm-3 = 1%
Fonte: GONÇALVES, J.L.M. Recomendações de Adubação para EucalyptusPinus e Espécies Nativas.
Para a recomendação de adubação nitrogenada baseada no teor de matéria orgânica, supõe-se que o nitrogênio nela presente será liberado com a sua mineralização, a qual depende de condições adequadas de temperatura, umidade, pH, compactação e aeração, e que o conteúdo de nitrogênio tem relação direta com o conteúdo de matéria orgânica.
Tabela 4. Adubação fosfatada.
Teor de argila
P*- mg/dm-3 **
0 - 3
3 - 7
> 7
P2O5 - kg/ha-1
< 150
60
40
20
150 - 350
90
70
50
> 350
120
100
60
* Extrator: Mehlich-1; amostras coletadas na camada 0 a 20 cm;
** mg/dm-³ = ppm
Tabela 5. Adubação potássica.
Teor de argila
K+ trocável *, mmolc/dm-3 **
0 - 0,5
0,6 - 1,5
> 1,5
K2O - kg/ha-1
< 150
50
30
0
150 - 350
60
40
0
> 350
80
60
0
* amostras coletadas na camada 0 a 20 cm;
** mmolc/dm-³ = cmolc/dm-³ x 10
Fonte: GONÇALVES, J.L.M. Recomendações de Adubação para EucalyptusPinus e Espécies Nativas. Disponível em:
Tabela 6. Recomendação de doses de B, de acordo com o seu teor no solo (para amostras coletadas na camada de 0 a 20 cm e extraídos com água quente).
Teor de B (mg/dm-3)
< 0,2
0,2 a 0,4
0,4 a 0,6
> 0,6
B - kg/ha-1
4,0
3,0
1,0
-
Fonte: SILVEIRA, R.L.V. de A.; HIGASHI, E.N.; SGARBI, F.; MUNIZ, M.R.A. Seja o doutor do seu eucalipto.
Tabela 7. Recomendação de doses de Zn e Cu, de acordo com seu teor no solo – extraído por EDTA (para amostras coletadas na camada de 0 a 20 cm).
Teor
Teor no solo
Dose recomendada
Zn
Cu
Zn
Cu
mg/dm-3‾³
kg/ha-1‾¹
Muito baixo
< 0,25
< 0,3
2,0
1,0
Baixo
0,25 - 0,5
0,3 - 0,5
1,0
0,5
Adequado
0,5 - 1,0
0,5 - 0,8
0,5
0,0
Alto
> 1,0
> 0,8
0,0
0,0
Fonte: SILVEIRA, R.L.V. de A.; HIGASHI, E.N.; SGARBI, F.; MUNIZ, M.R.A. Seja o doutor do seu eucalipto. 

Adubação

Para maior eficiência no aproveitamento dos nutrientes aplicados, evitando-se perdas dos nutrientes por volatilização, lixiviação, imobilização e erosão, recomenda-se que a adubação seja feita de forma parcelada, sendo parte aplicada antes do plantio e o restante em cobertura, a qual pode também ser parcelada, dependendo de características do solo como a textura e a capacidade de troca de cátions (CTC), do regime de chuvas da região e de condições técnicas para a realização da atividade.
Adubação de plantio
Os teores de nutrientes necessários durante a fase de estabelecimento e crescimento inicial das mudas de eucaliptos são maiores, quando comparados com os estágios mais avançados. Dessa forma, a adubação de plantio tem por objetivo fornecer os nutrientes necessários para atender essa etapa. Quanto maior a deficiência de nutrientes no solo, maior a necessidade de adotar essa prática.
A recomendação mais usual é aplicar um terço do N e do K20 e 100% do P2O5 e de B e de Zn, quando for o caso, no plantio e o restante em cobertura.
Para maior eficiência e aproveitamento dos nutrientes aplicados, a recomendação é colocar o adubo o mais próximo possível das raízes da muda. O adubo pode ser aplicado na cova ou no sulco de plantio. No primeiro caso, o adubo deve ser colocado no fundo da cova antes do plantio e ser bem misturado com a terra para evitar danos às raízes das mudas. No segundo caso, o adubo é distribuído em filetes contínuos no fundo do sulco de plantio, aberto pelo sulcador ou outro implemento.
Adubação de cobertura
Essa prática visa complementar as doses de N e de K recomendadas para aplicação no plantio. O parcelamento da adubação potássica é importante em solos com baixa capacidade de troca de cátions, para evitar sua perda por lixiviação. Essa situação é frequente em solos arenosos e/ou com baixos teores de matéria orgânica. Dessa forma, recomenda-se que a adubação em cobertura seja feita em duas a quatro aplicações, sendo realizada aos 2-3; 6-9; 12-18 e 24 meses após o plantio.
O adubo deve ser distribuído ao lado das plantas, em faixas ou em coroamento. Para evitar a perda de N por volatilização, após a sua aplicação, é recomendado cobrí-lo com terra. Deve-se evitar a realização dessa prática em períodos de intensas chuvas bem como em condições de deficiência hídrica.


sábado, 12 de maio de 2018

Eucalipto no Sistema Agroflorestal

Considerações gerais

No Brasil, diversas políticas governamentais têm como objetivo encorajar ações de desenvolvimento sócio-econômico atreladas às questões de proteção e de sustentabilidade ambiental. Dentro desse contexto, a adoção de sistemas agroflorestais (SAFs) se justifica pela necessidade de associar a produção agropecuária com serviços ambientais, tais como sequestro de carbono, aumento de estoque e qualidade de água, conservação do solo, diminuição da erosão, e aumento da biodiversidade dos sistemas produtivos.
Devido ao caráter de múltiplo uso, os sistemas agroflorestais, nas suas diferentes modalidades, constituem-se em alternativas econômicas, ecológicas e sociais viáveis para o fortalecimento da agricultura. Consequentemente, promovem uma série de benefícios como aumentos da produção, do nível de emprego e da renda dos produtores rurais, sempre primando pelo desenvolvimento sustentável, ou seja, pela produção com respeito ao ambiente.
Nos SAFs, árvores e arbustos são cultivados de forma interativa com cultivos agrícolas, pastagens e/ou animais, visando a múltiplos propósitos, constituindo-se numa opção viável para melhor utilização do solo, para reverter os processos de degradação dos recursos naturais, para aumentar a disponibilidade de madeira, de alimentos e de serviços ambientais. Esses sistemas são classificados de acordo com a natureza e arranjo de seus componentes, podendo ser assim denominados: Silviagrícolas, aqueles constituídos de árvores e/ou de arbustos com culturas agrícolas; Silvipastoris, cultivos de árvores e/ou de arbustos com pastagens e animais; e Agrossilvipastoris, cultivo de árvores e/ou arbustos com culturas agrícolas, pastagens e animais.
Uma desvantagem aparente da introdução do eucalipto em pastagens é a necessidade de se isolar a área plantada, por um período mínimo de um a dois anos. Há trabalhos, no entanto, que mostram que dependendo da espécie de eucalipto e do solo onde o sistema esteja sendo implantado, no início do segundo ano os animais já podem entrar na área. Além disso, há situações onde a pastagem necessita ser reformada, quando normalmente os animais são retirados da área para permitir essa operação. Em áreas onde a pastagem ainda não foi implantada, pode-se associar a espécie florestal com culturas agrícolas nos primeiros anos.
Na utilização de culturas agrícolas na fase inicial dos plantios florestais - sistemas silviagrícolas - diversos estudos mostram que as receitas obtidas da colheita das culturas agrícolas nas entrelinhas do plantio florestal (aveia, soja, sorgo e milho), pelo período de um a dois anos, contribuem parcialmente para cobrir o investimento feito pelo produtor na implantação e manutenção do empreendimento florestal (PASSOS et al., 1992; SCHREINER, 1994; RIBASKI et al., 2005).
Com relação à entrada dos animais nos sistemas silvipastoris, esta precisa ser planejada desde o momento do seu estabelecimento e ao longo de seu desenvolvimento. É necessário que se possua informações técnicas pormenorizadas de cada um dos componentes do sistema e que sejam observadas suas características particulares, para que se possa fazer ajustes.
Resultados de pesquisa mostram que existe uma interação negativa entre a intensidade de danos às árvores provocados pelos animais e a altura média da floresta e que isto está correlacionado, também, com o tamanho e idade dos animais. Assim, em povoamentos jovens recomenda-se o pastejo com animais leves e carga animal adequada em função do nível de ganho em produto animal a atingir (SILVA et al., 2001).
A partir de um bom planejamento e tomadas de decisões corretas, é possível integrar as atividades florestal e de pecuária com benefícios econômicos e ambientais. O sucesso dessa integração está alicerçado no equilíbrio da exploração dos recursos naturais pelos três principais componentes bióticos deste sistema: a árvore, a pastagem e o animal ruminante. Quando as interações são equilibradas, desde o seu estabelecimento até a colheita final dos produtos, possibilitando a produção simultânea dos componentes arbóreo, forrageiro e animal, então temos um sistema socioeconomicamente viável. Contudo, ainda é comum verificar, em condições de propriedades rurais, dificuldades no estabelecimento deste manejo equilibrado entre os componentes. Isso determina que muitos empreendimentos realizem uma integração temporária, isto é, apenas até o momento em que a árvore limite o crescimento da pastagem e a oferta de forragem (VARELLA et al., 2008).
Por outro lado, em regiões com pouca tradição florestal, existe a necessidade de introduzir um novo conceito, o de produtor florestal, que requer o desenvolvimento e a viabilização de tecnologias para obter produtos de qualidade, diversificados e competitivos. Da mesma forma, a agregação de valor só vai acontecer na medida em que o produtor se especializar no manejo e condução dos povoamentos florestais, com desbastes e podas planejadas, no processo do beneficiamento da madeira e de outros produtos agroflorestais.
Normalmente, os sistemas silvipastoris superam as atividades conduzidas na forma de monoculturas. Entretanto, dentro da cadeia produtiva, as estratégias destes empreendimentos devem incluir economia de escala e valores agregados a madeira produzida. Desta forma, fomentar a conversão de áreas de pastagens em sistemas silvipastoris usando espécies de rápido crescimento, como as do gênero Eucalyptus, entre outras, poderá ser um importante diferencial competitivo do agronegócio brasileiro, tanto para o setor pecuário quanto para o setor de base florestal, uma vez que estes sistemas apresentam a possibilidade de geração de emprego e incremento da renda com maior eficiência que a pecuária extensiva e, consequentemente, maior tendência para oferecer a sustentabilidade social e econômica.

Silvicultura das espécies de Eucalyptus

A silvicultura, baseada nas espécies do gênero Eucalyptus, estimulada pelos incentivos fiscais, tornou o setor florestal fortemente competitivo, principalmente pelo segmento de florestas plantadas. Entretanto, a atividade florestal ainda apresenta algumas restrições para médios e pequenos produtores, principalmente, por problemas de fluxo de caixa e longos períodos de investimento. Todavia, esse comportamento vem mudando por meio da possibilidade da utilização de sistemas agroflorestais, que permite a diversificação de produtos florestais e agrícolas na mesma unidade de área, e geração de renda e de empregos.
Os plantios tradicionais de eucalipto são representados por densos maciços florestais, plantados em espaçamentos regulares e normalmente com uma única espécie. Entretanto, nas propriedades rurais, além dessa possibilidade de plantio, as árvores também podem ser plantadas de forma integrada com as atividades agrícola e pecuária ou, ainda, como prestadoras de serviços como quebra-ventos, cercas vivas, proteção de animais sem, no entanto, desconsiderar o seu potencial para gerar produtos econômicos.
O plantio de árvores em áreas de pastagens e/ou de culturas agrícolas pode resultar em vários benefícios para os componentes do ecossistema: clima, solo, micro-organismos, plantas e animais. Dessa forma, o produtor rural, além de garantir condições ambientais mais propícias para suas pastagens e criações, garante também um suprimento de madeira (para uso próprio ou comércio), sem que para isso tenha que abandonar sua vocação agrícola ou pecuária.
Na análise de um sistema agrossilvipastoril com eucalipto na região do Cerrado de Minas Gerais, Oliveira et al. (2000) concluíram que implantar o sistema em consórcio de eucalipto com arroz, soja e pastagens é uma opção viável economicamente, desde que, pelo menos 5% da madeira produzida seja usada para serraria e a madeira restante seja usada para energia ou para outro fim que alcance valor igual ou mais alto no mercado.

Microclima

Nos sistemas agroflorestais, a presença do componente arbóreo contribui para regular a temperatura do ar, reduzindo sua variação ao longo do dia, ou seja, faz com que haja redução dos extremos climáticos, amenizando o calor ou o frio e, consequentemente, tornando o ambiente mais estável, o que traz benefícios às plantas e aos animais componentes desses sistemas.
O microclima existente debaixo da copa das árvores beneficia os animais domésticos, mantendo-os confortáveis à sombra, ao contrário da exposição à insolação direta ou às baixas temperaturas do inverno (MONTOYA e BAGGIO, 1992; PORFÍRIO-DA-SILVA, 1994). Esse é um aspecto importante, pois melhora o índice de conforto térmico para os animais e, consequentemente, produz reflexos positivos sobre a sua produtividade e reprodução.
Na criação de bovinos, a existência de sombra é uma condição favorável para amenizar o estresse pelo calor e frio, aumentar o período de ruminação e descanso, com nítidos efeitos sobre o desempenho animal. Kurtz e Pavetti (2006), ao avaliarem comparativamente o comportamento animal em sistemas de produção pecuária a céu aberto e com sistemas silvipastoris com espécies dos gêneros Pinus e Eucalyptus, na Argentina, constataram efeitos benéficos da sombra sobre o gado, traduzidos por maior tempo dedicado ao pastoreio, maior consumo de alimento, menor requerimento de água, etc.
Avaliações de desempenho animal e da pastagem em sub-bosque de eucalipto realizadas em sistemas silvipastoris evidenciam o grande potencial de produção destes sistemas, observando-se melhoria da qualidade da pastagem sombreada (CARVALHO, 1998; RIBASKI et al., 2003) bem como ganhos de peso dos animais (SILVA e SAIBRO, 1998; VARELLA, 1997). Além disso, a presença do componente arbóreo em sistemas silvipastoris contribui para reduzir os danos provocados por geadas na pastagem (PORFÍRIO-DA-SILVA, 1994; CARVALHO, 1998).

Espaçamentos e densidades

Nos sistemas agroflorestais, normalmente são usadas menores densidades de plantio e diferentes arranjos espaciais das espécies florestais em campo. Plantios mais adensados resultam na produção de um elevado número de árvores com pequenos diâmetros, as quais normalmente são utilizadas para fins menos nobres como lenha, carvão, celulose, engradados e estacas para cercas. Espaçamentos amplos resultam em um número menor de plantas por unidade de área, tornando mais fácil o acesso de máquinas para o plantio e tratos culturais. Facilitam também a retirada da madeira e empregam menos mão-de-obra, além de permitirem a produção de madeira de melhor valor comercial (postes, vigas, esteios e serraria). Como desvantagens, há maior necessidade de tratos culturais e menor desrama natural.
Na produção de madeira de alta qualidade, para serraria, é necessário que os espaços entre as plantas sejam superiores ao normal. Práticas de manejo em eucalipto, caracterizadas por espaçamentos iniciais largos, desbastes precoces e pesados e podas altas, revelam-se superiores aos tradicionais, com a produção de madeira de boa qualidade, com bons resultados econômicos (RIBASKI, 2007). Além disso, permite a penetração de altos níveis de radiação no sub-bosque o que, por sua vez, favorece o desenvolvimento satisfatório de outras espécies, possibilitando a integração das atividades agrícola, florestal e pecuária em um sistema de produção misto.
Dentro desse contexto, uma das decisões mais importantes no estabelecimento de sistemas silvipastoris, por exemplo, é a definição do espaçamento e arranjos de árvores. Esta decisão determinará a condição do ambiente luminoso para o crescimento das forrageiras desde o plantio até a colheita das árvores. Quanto maior o espaçamento entre as linhas das árvores (renques), maior será a penetração de radiação no substrato forrageiro, favorecendo o acúmulo de biomassa. Entretanto, o espaçamento entre os renques não pode ser excessivo, a ponto de comprometer a quantidade e a qualidade do produto florestal por área e a cobertura arbórea desejada para a proteção dos animais e da pastagem.
A pesquisa científica vem estudando, nos últimos anos, o efeito de diferentes densidades de árvores em sistemas silvipastoris, principalmente no Sul do Brasil. No Rio Grande do Sul, por exemplo, áreas de estudo silvipastoril foram implantadas em arranjos de fileiras simples de árvores (eucalipto e acácia-negra) com diferentes espaçamentos: 3 x 2; 3 x 3; 3,5 x 3,5; 5 x 5; 6 x 2; 7 x 7; 9 x 3, 10 x 2, 15 x 3 e 12 x 2 m (VARELLA e SAIBRO, 1999; CASTILHOS et al., 2003; SILVA e BARRO, 2005). Outros espaçamentos com eucalipto e acácia-negra também vêm sendo utilizados em estudos no extremo sul do Brasil, testando fileiras duplas ou triplas de árvores (RIBASKI et al., 2005; VARELLA, 2008).
Em estudo realizado no município de Alegrete,RS, com Eucalyptus grandis, observou-se que o sistema silvipastoril com 1.000 árvores/ha-¹, composto por linhas triplas (3 x 1,5) x 14 m (largura do corredor para a pastagem), apresentou uma disponibilidade de radiação média de 30% sob eucalipto em relação ao pleno sol (Figura 1). Já nos sistemas menos adensados, com linhas triplas de (3 x 1,5) x 34 m (500 árvores/ha-¹), a disponibilidade de radiação média na entrelinha foi de aproximadamente 65% sob eucalipto em relação ao pleno sol. A presença da vegetação nativa nas entrelinhas foi crescente à medida que o ambiente luminoso ficou favorável às condições de fotossíntese. A densidade de árvores que mais favoreceu o crescimento da pastagem nas entrelinhas foi de 500 árvores por hectare até os cinco anos de idade.
Foto: Jorge Ribaski
Figura 1. Sistema silvipastoril com Eucalyptus grandis (1.000 árvores/ha-¹), com dois anos de idade, no município de Alegrete, RS.
A manipulação da densidade arbórea em sistemas agrossilvipastoris é uma estratégia adotada para modificar a produção de biomassa dos outros componentes, pelo controle da competição intra e interespecífica. Para se obter níveis de iluminação mais adequados para o sub-bosque (50 a 60%) é indispensável a prática de podas e desbastes em momentos oportunos. Alguns estudos recomendam realizar desbaste pré-comercial ao terceiro/quarto ano, onde são retiradas as árvores com troncos retorcidos, bifurcados, com galhos grossos, em geral com má formação, defeituosos, árvores baixas, até obter a densidade desejada.

Conservação e proteção dos solos

Nos SAFs, as árvores também têm o potencial de melhorar os solos por diferentes processos. Em síntese, elas podem influenciar na quantidade e disponibilidade de nutrientes dentro da zona de atuação do sistema radicular das culturas consorciadas, principalmente pela possibilidade de recuperar nutrientes abaixo do sistema radicular das culturas agrícolas e pastagens e reduzir as perdas por lixiviação e erosão. Dessa maneira, a ciclagem de nutrientes minerais, em termos de sustentabilidade, é maior nos sistemas agroflorestais.
Em pastagens degradadas ou em início de degradação, a cobertura do solo é deficiente, portanto mais sujeita aos efeitos prejudiciais da erosão, tanto hídrica quanto eólica. A presença das árvores em sistemas silvipastoris produz efeitos importantes no que diz respeito à conservação dos solos e proteção contra a erosão.
Uma pesquisa desenvolvida em solos arenosos na região de Alegrete,RS, constatou-se que as perdas de solo, no período de julho a setembro de 2004 (42,9 mm de chuva), foram significativamente maiores na área cultivada com aveia e milho. Estas perdas foram da ordem de 359 kg/ha-¹ contra 42 kg/ha-¹ perdidos na área com pastagem nativa e, somente 18 kg/ha-¹ no sistema silvipastoril, com eucalipto (RIBASKI et al., 2005). Estes resultados comprovam a fragilidade desses solos e mostram a importância das árvores como elementos essenciais no processo de proteção dos mesmos.

Forrageiras

A presença do eucalipto (Corymbia citriodora), em um sistema silvipastoril com braquiária (Brachiaria brizantha) na região noroeste do Paraná, influenciou a disponibilidade de matéria seca e a qualidade da forragem produzida. Nos locais mais próximos das árvores, a produção de biomassa forrageira foi reduzida, porém apresentou melhor qualidade em termos nutricionais, em função do aumento dos teores de nitrogênio na matéria seca (RIBASKI et al., 2003). Dessa forma, o sistema silvipastoril mostrou-se potencialmente viável, principalmente em função de não apresentar diferença na quantidade de nitrogênio/ha-¹ (proteína bruta) disponível para os animais, em relação à testemunha (pastagem sem árvores) e pelo adicional de madeira produzido na área (204 m³/ha-¹).
A tolerância ao sombreamento é uma condição essencial em associações entre culturas agrícolas e pastagens com árvores e pode variar sensivelmente entre espécies. Algumas gramíneas crescem melhor debaixo da sombra da copa das árvores e produzem maior quantidade de forragem, além de possuírem melhor qualidade nutritiva (menor conteúdo de fibra e maior conteúdo de proteína bruta) quando comparadas às que crescem a pleno sol. Já outras não apresentam essa mesma tolerância nem plasticidade para se adaptar a ambientes com luminosidade reduzida.
A adaptação de espécies forrageiras para ambientes sombreados tem sido tema de pesquisa em diversas instituições do mundo. Avaliação e seleção de genótipos forrageiros são normalmente feitas em ambientes com sombra artificial (sob sombrites) ou natural (sob árvores) e comparada à produção a pleno sol. Resultados desses trabalhos têm confirmado a tolerância superior das espécies Brachiaria brizanthaB. decumbensPanicum maximum e Setaria sphacelata.
Outras forrageiras têm sido apontadas como medianamente tolerantes ao sombreamento, como Pennisetum purpureum (capim elefante), Hemarthria altissima (capim limpo), Paspalum notatum var. saurae(pensacola), Lolium multiflorum (azevém anual), Avena strigosa (aveia preta), etc. (STÜR, 1990; ANDRADE et al., 2002; PERI, 2002; GARCIA et al., 2003; CASTILHOS et al., 2003; LUCAS, 2004; BARRO, 2007).
Na Tabela 1 estão classificadas, segundo dados da literatura nacional e internacional, as espécies forrageiras quanto à sua produção potencial para uso em sistemas silvipastoris (SSP). Estas indicações servem de guia aos empreendedores rurais, mas deve-se resguardar das variações que podem ocorrer, dependendo do ambientes e das práticas de manejo aplicadas.
Tabela 1. Produção potencial de espécies forrageiras à sombra. Dados pesquisados na literatura nacional e internacional.
Espécies forrageiras com elevado potencial de produção em SSP
(40-60% sombreamento)
Espécies forrageiras com médio potencial de produção em SSP
(<40 o:p="" sombreamento="">
Axonupus catharinensis
Avena strigosa
Brachiaria brizantha cv. Marandu
Bromus catharticus
Brachiaria decumbens cv. Basilisk
Digitaria decumbens
Bromus auleticus
Hemarthria altissima cv. Florida
Dactylis glomerata
Lolium multiflorum
Digitaria diversinervis
Lotus corniculatus
Lotus pedunculatus cv. Maku
Medicago sativa
Panicum maximum cv. Aruana
Paspalum dilatatum
Panicum maximum cv. Mombaça
Paspalum notatum
Panicum maximum cv. Tanzânia
Trifolium repens
Paspalum conjugatum
Trifolium subterraneum
Paspalum regnelli
Trifolium vesiculosum




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segunda-feira, 7 de maio de 2018

Sistemas de plantio para o Eucalipto


Considerações gerais

O plantio é uma das operações mais importantes para o sucesso da implantação de florestas. A adoção do sistema adequado requer uma definição clara de objetivos e usos potenciais dos produtos e subprodutos que se espera da floresta.
O sucesso de um plantio e a obtenção de povoamentos produtivos e com madeira de qualidade deve ser pautado por práticas silviculturais tais como: a escolha e limpeza da área, controle de pragas e doenças, definição do método de plantio e tratos culturais. 
O plantio se caracteriza pela colocação da muda no campo. Pode ser (a) mecanizado, ou semi mecanizado e (b) manual, dependendo da topografia, recursos financeiros e disponibilidade de mão-de-obra e/ou equipamentos.
  1. O plantio mecanizado ou semi-mecanizado aplica-se onde o relevo é plano, possibilitando o uso de plantadoras tracionadas por tratores. As plantadoras, normalmente, fazem o sulcamento, distribuem o adubo e efetivam o plantio. No sistema semi-mecanizado, as operações de preparo de solo e tratos culturais são mecanizadas e o plantio propriamente dito é manual. 
  2. O plantio manual é recomendado para áreas declivosas ou em situações onde não é viável o uso de máquinas agrícolas. 
Os plantios de eucaliptos realizados no Sul do Brasil, em sua maioria, adotam o sistema manual, em função da rusticidade da espécie, da disponibilidade de mão-de-obra e, em muitas situações, pelas condições de relevo. 
Alguns fatores importantes devem ser definidos previamente ao plantio propriamente dito, com destaque para o espaçamento de plantio, as operações de manejo, os tratos culturais e a adubação das mudas. Constituem-se operações básicas para a implantação de um maciço florestal o preparo de solo e o plantio.

Preparo do solo

Os principais tópicos associados ao preparo do solo são:
1. Planejamento do plantio
No planejamento definem-se as vias de acesso e o dimensionamento/posicionamento dos talhões, ações que facilitarão as operações de plantio, tratos culturais, operações de proteção, principalmente controle de fogo e as operações de retirada da madeira. 
Observe-se que o dimensionamento/posicionamento dos talhões assume importância estratégica, pois as operações de colheita (derrubada e retirada da madeira) são responsáveis por mais de 30% do custo da madeira produzida e colocada no pátio da fábrica.
2. Construção de estradas 
A construção das vias de acesso deve considerar a distância máxima do arraste ou transporte da madeira no interior da floresta, que por razões técnicas e econômicas não devem ultrapassar 150 m. Assim, os talhões devem ser dimensionados com a largura máxima de 300 m e com comprimento variando de 500 a 1.000 m. 
A definição do tamanho do talhão é importante também para a proteção da floresta em caso de incêndio. Por exemplo, em áreas declivosas, a distância de arraste não deve exceder 50 m. 
3. Aceiros
Os aceiros separam os talhões e servem de ligação às estradas de escoamento da produção. Podem ser internos (com largura de 4 a 5 m) ou de divisa (com largura de 15 m). A cada quatro ou cinco talhões recomenda-se ainda que se estabeleça aceiros internos de 10 m de largura. É desejável que os aceiros possuam leitos carroçáveis, com aproximadamente 60% da largura. 
A área total ocupada por aceiros, considerando áreas planas ou suavemente onduladas, deve ser da ordem de 5% da área útil.
4. Limpeza 
A limpeza da área para plantio corresponde às operações de derrubada, remoção e enleiramento da vegetação/resíduos da exploração. 
Na limpeza recomenda-se retirar apenas o material lenhoso aproveitável, como por exemplo, a lenha (energia ou carvão) e madeira para serraria, moirões etc., sendo que o restante do material, considerado como resíduo da exploração, deve permanecer no campo como uma importante reserva de nutrientes a ser reciclada.
Dependendo da densidade da vegetação a ser retirada e do relevo local (observe-se os aspectos legais), pode-se utilizar equipamentos e/ou máquinas pesadas. 
5. Preparo do solo propriamente dito 
As áreas destinadas ao cultivo de espécies florestais devem receber cuidados especiais, visto que delas dependerão, em grande parte, o resultado econômico da atividade. 
O principal objetivo do preparo da área é oferecer condições adequadas ao plantio e estabelecimento das mudas no campo. Como condições adequadas pode-se considerar a redução da competição por plantas daninhas, melhoria das condições físicas do solo (ausência de compactação) e a presença de resíduos da exploração (folhas e galhos devidamente trabalhados para não prejudicarem as operações que demandam uso de máquinas).
Estes resíduos são importantes na manutenção da matéria orgânica no solo e consequentemente na ciclagem e disponibilização de nutrientes às plantas. Alguns fatores importantes devem ser definidos antes do plantio propriamente dito, com destaque para o espaçamento de plantio e suas características.  
6. Espaçamento 
O espaçamento influenciará as taxas de crescimento, a qualidade da madeira produzida, a idade de corte, os desbastes, as práticas de manejo e consequentemente os custos de produção. 
O espaçamento ou densidade de plantio é provavelmente uma das principais técnicas de manejo que visa a qualidade e a produtividade da matéria-prima. Deve ser definido em função dos objetivos do plantio, considerando-se que a influência do espaçamento é mais expressiva no crescimento em diâmetro do que em altura.
O planejamento da densidade de plantio também deve visar à obtenção do máximo de retorno por área. Se, por um lado, a densidade for muito baixa, as árvores não aproveitarão todos os recursos como água, nutrientes e luz disponíveis e, por consequência, haverá menor produção por unidade de área. Mas, por outro lado, se a densidade de plantio for muito elevada, tais recursos não serão suficientes para atender a demanda do povoamento, o que também repercutirá no decréscimo de volume e na própria qualidade das árvores. 
Normalmente os plantios são feitos sob espaçamentos variando entre 3x1,5m, 3x2m, 3x2,5m, 2,5x2,5m e 3x3m, os quais favorecem os tratos culturais mecânicos.
Empresas integradas destinam a madeira dos primeiros desbastes para energia ou celulose, e as árvores remanescentes do povoamento, com porte mais expressivo, são utilizadas para a fabricação de serrados ou para a laminação. 
Em síntese, tem-se:
  • Espaçamentos maiores (densidade baixa): menor produção em volume individual, menor custo de implantação, maior número de tratos culturais, maior conicidade de fuste e desbastes tardios. 
  • Espaçamentos menores (densidade alta): maior produção em volume por hectare, rápido fechamento do dossel, menor número de tratos culturais, menor conicidade do fuste e exigem desbastes precoces.
Quanto à forma dos espaçamentos, os quadrados ou retangulares são os mais indicados e praticados, podendo ser bastante apertados para produção de madeira para fins energéticos, ou mais amplos, quando se deseja matéria-prima para fins de fabricação de papel e celulose ou serraria e laminados.


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