quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Doenças e Seu Controle na Cultura do Feijão



O feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L.) é cultivado durante todo o ano, numa grande diversidade de ecossistemas, o que faz com que inúmeros fatores tornem-se limitantes para a sua produção. Entre estes fatores, um dos principais são as doenças as quais, além de diminuírem a produtividade da cultura, depreciam a qualidade do produto.
O feijoeiro é hospedeiro de inúmeras doenças de origem fúngica, bacteriana e virótica. As doenças fúngicas estão divididas em dois grupos com base na sua origem. Assim, temos as doenças denominadas da parte aérea e cujos agentes causais não sobrevivem no solo e, as doenças de solo, cujos agentes causais encontram-se adaptados para sobreviverem neste ambiente. Entre as principais doenças fúngicas, da parte aérea do feijoeiro comum encontram-se a antracnose, a mancha-angular, a ferrugem, o oídio e a mancha-de-alternária além de duas outras recentemente identificadas nesta cultura e denominadas de sarna e carvão. Entre as principais doenças cujos agentes causais apresentam capacidade de sobreviver no solo encontram-se o mofo-branco, a mela, a podridão-radicular-de-Rhizoctonia, podridão-radicular-seca, a murcha-de-fusário e a podridão-cinzenta-do-caule. As doenças de origem bacteriana mais importantes são o crestamento-bacteriano-comum e a murcha-de-Curtobacterium. Os vírus do mosaico-comum e do mosaico-dourado são as doenças viróticas de maior importância que podem ocorrer na cultura do feijoeiro comum.
Com exceção da ferrugem, do oídio e do mosaico dourado todas as doenças, com maior ou menor intensidade, são transmitidas pelas sementes. 

De um modo geral, as doenças de origem fúngica e bacteriana podem ser disseminadas, à longa distância através das sementes infectadas e as doenças fúngicas, também através das correntes aéreas. Á curta distância, estas doenças são disseminadas pelas sementes infectadas, vento, chuvas, insetos, animais, partículas de solo aderidas aos implementos agrícolas, água de irrigação e pelo movimento do homem. O vírus do mosaico-comum é transmitido pelas sementes e por afídeos enquanto que o vírus do mosaico-dourado é transmitido pela mosca-branca.

As condições de ambiente que favorecem as principais enfermidades variam desde temperaturas moderadas (antracnose, oídio, mofo-branco, podridão-radicular-de-Rhizoctonia) a altas (ferrugem, mancha-angular, mela, podridão-cinzenta-do-caule, podridão-radicular-seca, crestamento-bacteriano-comum e murcha-de-Curtobacterium), alta umidade relativa ou água livre (maioria das doenças) ou baixa umidade tanto do ar como do solo para o oídio e a podridão- cinzenta-do-caule.
Para o controle da maioria destas doenças deve-se utilizar, sempre que possível, uma combinação adequada de métodos. Entre os mais empregados, encontram-se as práticas culturais, o controle químico e a resistência da cultivar a um ou mais patógenos desde que disponível. Como sugestão, pode-se citar uma série de práticas que os produtores devem empregar com a finalidade de diminuir as perdas ocasionadas pelas doenças: isolamento da cultura, eliminação do hospedeiro do patógeno ou do vetor, evitar introdução na área de resíduos de cultura ou de solo infectado, utilização de semente de qualidade, tratamento químico da semente, época de semeadura, rotação de culturas, preparo do solo, aração profunda, aumento do espaçamento, cobertura morta do solo, controle da água de irrigação, uso de herbicidas, cultivares resistentes, pulverizações foliares com fungicidas/inseticidas, destruição dos resíduos de culturas infectadas, entre outras.

A ocorrência de doenças é uma das principais causas de redução da produtividade do feijoeiro. Transmitidas por fungos, bactérias, vírus e nematóides, as doenças, dependendo das condições ambientais, podem causar perda total da produção, depreciar a qualidade do produto ou até inviabilizar determinadas áreas para o cultivo.

As principais doenças que ocorrem nas lavouras de feijão, nas safras das "águas" e da "seca", na região sul do Estado de Minas Gerais são: antracnose, mancha-angular, murcha-de-fusarium, podridão-radicular-seca, mofo-branco e oídio, cujos sintomas, epidemiologia e meios de controle são relatados a seguir.


Antracnose 

A antracnose, causada pelo fungo Colletotrichum lindemuthianum, apresenta ampla distribuição no Brasil, especialmente nas Regiões Sul e Sudeste e em áreas serranas como as da região sul de Minas Gerais. Nessa região, as ocorrências freqüentes de temperaturas moderadas, aliadas à alta umidade, favorecem o desenvolvimento da doença.

As perdas causadas pela antracnose são mais severas quando a doença ocorre no início da cultura. Se as condições ambientais forem favoráveis ao desenvolvimento do patógeno, as perdas podem chegar a 100%, além de provocar a depreciação da qualidade dos grãos.

Sintomas 

Os sintomas da antracnose são visualizados em todas as partes da planta (Figura 1). Se forem utilizadas sementes contaminadas pelo patógeno, lesões marrom-escuras ou negras podem ser observadas nos cotilédones logo após a emergência das plântulas. No caule e no pecíolo, as lesões têm formato elíptico, são deprimidas e escuras. Nas folhas, os sintomas mais característicos são observados na face inferior das folhas, como um escurecimento ao longo das nervuras, podendo também ocorrer necrose nas áreas adjacentes às nervuras. Nas vagens, onde os sintomas são mais típicos e fáceis de serem observados, ocorrem lesões arredondadas, de coloração escura, deprimidas e de tamanho variável. No centro das lesões pode aparecer uma massa de coloração rósea ocasionada pela produção de esporos do fungo. Algumas vagens podem chegar a murchar e secar. As sementes infectadas apresentam lesões escuras e deprimidas, de tamanhos variáveis. 

Fig.1. Sintomas de antracnose em folhas

Epidemiologia 
As condições favoráveis ao desenvolvimento do patógeno da antracnose são as temperaturas moderadas, entre 15oC e 22oC, associadas à alta umidade relativa do ar, por um período de seis a nove horas. O patógeno sobrevive em restos de cultura e no interior das sementes, o que possibilita sua transmissão de um plantio para outro e para longas distâncias. Pode também ser transmitido pelo vento e por respingos de água de chuva.
Controle 

A utilização de sementes sadias e tratadas com fungicidas é uma estratégia importante e eficiente para o controle da antracnose. Contudo, a forma mais econômica de controle dessa doença é a utilização de cultivares resistentes, razão pela qual os programas de melhoramento do feijão no Estado têm como um de seus principais objetivos a obtenção de cultivares resistentes ao C. lindemuthianum

Outras alternativas para conter a antracnose são o controle químico com fungicidas (Tabela 1) e a rotação de culturas, que reduz o inóculo inicial que sobrevive no solo.
Mancha-angular


A mancha angular, causada pelo fungo Phaeoisariopsis griseola (Sacc. Ferraris), é, muito provavelmente, uma das doenças mais importantes da parte aérea do feijoeiro, em especial na safra da "seca", quando são observadas temperaturas amenas e ocorrência de orvalho que favorecem o seu desenvolvimento. Até o final da década de 80, a mancha angular era tida como doença de pouca importância econômica. Nos últimos anos, entretanto, têm ocorrido surtos cada vez mais precoces e intensos da doença, que resultam em grandes perdas na produção. Dependendo da suscetibilidadedas cultivares e da patogenicidade das raças predominantes do fungo, as perdas podem atingir até 80%, se as condições ambientais forem favoráveis.

Sintomas  
Os principais sintomas da mancha-angular são lesões nas folhas, caules, ramos, pecíolos e vagens (Figura 2). As lesões nas folhas podem ser visualizadas a partir de 8 a 12 dias após a infecção, na forma de manchas, inicialmente, irregulares, cinzas ou marrons. Cerca de nove dias após a infecção inicia-se o processo necrótico. Assim, as lesões delimitadas pelas nervuras, assumem formato angular e, quando atingem um grande número, coalescem, causando o amarelecimento e desfolhamento prematuro da planta. O desfolhamento prematuro prejudica o enchimento das vagens, reduzindo o tamanho dos grãos e, consequentemente, a produção. No início, as lesões nas vagens são superficiais, de coloração castanho-avermelhada, quase circulares e com bordas escuras, de tamanho variável e, quando numerosas, coalescem, cobrindo toda a largura da vagem. As vagens infectadas podem produzir sementes mal desenvolvidas e/ou totalmente enrugadas. As lesões nos caules, ramos e pecíolos são alongadas e de coloração castanho-escura. 

Fig. 2. Sintomas de mancha-angular em folhas
Epidemiologia  
A doença é favorecida por ambiente seco-úmido intermitente e temperaturas ao redor de 24ºC. A esporulação do patógeno ocorre em ambiente sob temperatura entre 16ºC e 26ºC. No sul de Minas Gerais essas condições favoráveis são encontradas principalmente na safra da "seca". Os conídios de P. griseolagerminam sobre a superfície das folhas sob condições de alta umidade e, três dias após, as hifas penetram pelos estômatos, crescendo entre as células. As células infectadas se desintegram, o citoplasma celular se desorganiza, e as células são destruídas com a proliferação do fungo. Assim, o patógeno coloniza extensivamente os tecidos, causando lesões necróticas e posterior esporulação. O fungo sobrevive por um período de até 19 meses em resíduos de cultura na superfície do solo, podendo sobreviver também em sementes infectadas. Seus principais agentes de disseminação são as chuvas, os ventos, as sementes e partículas do solo infestadas. 
Controle 

As principais medidas de controle da mancha-angular são o uso de sementes sadias e tratadas com fungicidas, a rotação de culturas e a utilização de cultivares resistentes. Como o fungo sobrevive nos resíduos das culturas, esses devem ser eliminados logo após a colheita. 

O uso de produtos químicos adequados, logo após o florescimento, em geral proporciona bom controle da doença (Tabela 1). 

O trabalho de obtenção de cultivares resistentes é dificultado pela grande variabilidade de raças do patógeno. Algumas cultivares, como é o caso da 'Pérola', têm apresentado bom nível de resistência na região sul de Minas Gerais. Cultivares de grãos grandes, tipo Jalo, também apresentam bom nível de resistência ao patógeno.
Murcha-de-fusarium


A murcha-de-fusarium, causada pelo fungo Fusarium oxysporum f.sp. phaseoli, é uma das doenças mais prejudiciais à cultura do feijoeiro na região sul de Minas Gerais devido, principalmente, às dificuldades de seu controle e à ocorrência cada vez maior nas áreas produtoras.

Sintomas 
Os sintomas mais visíveis dessa doença são observados na parte aérea das plantas, que murcham, e as folhas amarelecem, secam e caem a partir da base da planta (Figura 3). O sintoma mais típico é o escurecimento do sistema vascular, que pode ser observado fazendo-se um corte transversal no caule de uma planta doente. Quando as condições climáticas são favoráveis pode-se notar uma massa de esporos de coloração rosa-clara ao longo do caule. A doença é detectada, inicialmente, em reboleira; depois de alguns anos, dissemina-se por toda a área.
sintomas de murcha de fusarium 
Epidemiologia 


O patógeno da murcha-de-fusarium sobrevive em restos de cultura e no solo, podendo resistir às condições adversas por meio de estruturas chamadas clamidósporos. As condições que favorecem o desenvolvimento da doença são: temperaturas entre 24oC e 28oC; solos arenosos e ácidos; e estresse hídrico

A murcha-de-fusarium pode ser transmitida de uma área para outra, por meio de sementes contaminadas, enxurradas e por partículas de solo aderidas aos implementos agrícolas. A intensidade da doença pode aumentar com a presença de nematóides do gênero Meloidogyne, que facilitam o processo de infecção com o fungo. 
Controle 

Como medidas de controle recomenda-se fazer uso de sementes sadias e tratadas com fungicidas (Tabela 1) e evitar o trânsito de máquinas e implementos agrícolas provenientes de áreas infectadas. Além disso, os restos de cultura devem ser eliminados e, se for detectada a doença no campo, deve-se fazer rotação de culturas por, pelo menos, cinco anos, especialmente com gramíneas. 

Como o fungo apresenta pequena variabilidade e especificidade com o feijoeiro, o modo mais barato e eficiente de controlar a murcha-de-fusarium é pelo uso de cultivares resistentes. Entre as recomendadas para Minas Gerais, as cultivares 'Pérola', 'BRSMG Talismã' e 'Ouro Negro' têm-se destacado como resistentes a essa doença.
Podridão-radicular-seca 


Causada pelo fungo Fusarium solani, a podridão-radicular-seca vem aumentando de importância nos últimos anos, podendo causar sérios prejuízos à cultura do feijoeiro. A severidade dessa doença é maior na presença de nematóides, que causam ferimentos facilitando a entrada do fungo.

Sintomas 
A doença afeta inicialmente as regiões do hipocótilo e da raiz principal das plântulas, causando lesões longitudinais, afiladas e de coloração avermelhada (Figura 4). Com o progresso da doença, as lesões cobrem todo o sistema radicular da planta, podendo surgir fissuras longitudinais ao longo do tecido lesionado. A raiz principal e a parte mais baixa do caule podem secar; conseqüentemente, o crescimento torna-se mais lento e há o amarelecimento e a queda das folhas, reduzindo a produção da lavoura. Se não ocorrer déficit hídrico, podem surgir raízes adventícias acima da área lesionada permitindo que a planta sobreviva e ainda produza. 

Fig. 4. Sintomas de podridão-radicular-seca no feijoeiro.
Foto:Carlos A. Rava
Embrapa Arroz e Feijão
 
Epidemiologia  

O desenvolvimento da doença é favorecido por temperaturas em torno de 22oC. A disseminação do patógeno se dá por meio de sementes, solo contaminado e enxurrada. O fungo produz conídios e pode sobreviver no solo na forma de clamidósporo ou como saprófito. A doença é mais prejudicial em solos compactados. 



Controle 

Como se trata de doença que pode ser transmitida pela semente é recomendável o uso de sementes sadias e tratadas com fungicidas (Tabela 1). Em áreas infectadas, a rotação com gramíneas, no mínimo por cinco anos, propicia a redução do inóculo do patógeno. 

O controle da doença é também favorecido pelo plantio em áreas bem drenadas e a utilização de menor densidade de semeadura. Atenção especial deve ser dada ao plantio realizado em áreas onde foi cultivado milho para silagem, pois normalmente ocorre a compactação do solo. 

Não existem cultivares comerciais resistentes ao patógeno.
Mofo-branco


O mofo-branco, causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, é uma das doenças mais destrutivas do feijoeiro. Apesar de ser mais comum nas áreas irrigadas, pode também ser observado na safra da "seca", em lavouras não irrigadas, se as temperaturas amenas que ocorrem nessa safra, na região sul de Minas Gerais, forem aliadas às precipitações (chuvas) moderadas e contínuas. Na safra das "águas" é também comum, nessa região, ocorrerem quedas nas temperaturas, que podem favorecer o desenvolvimento do patógeno. Nessas condições, se o crescimento vegetativo das plantas for muito vigoroso, chegando a impedir o arejamento e a penetração de luz na cultura, a doença pode se tornar mais severa.

Um outro agravante em relação ao mofo-branco é o grande número de plantas hospedeiras que o fungo possui, tais como soja, algodão, alface, repolho, tomate rasteiro, ervilha, picão, carrapicho, mentrasto, caruru e vassoura, entre outras, o que dificulta sobremaneira a sua erradicação em áreas contaminadas.

Sintomas 
A doença inicia-se em reboleiras na lavoura, por ocasião do florescimento, especialmente nos locais onde há maior crescimento vegetativo e acamamento das plantas. Os sintomas são visíveis nas folhas, hastes e vagens, começando com a formação de manchas encharcadas, seguida por crescimento micelial branco e cotonoso, que é característico do mofo-branco (Figura 5). Com o progresso da doença, as folhas murcham. Dentro e fora dos tecidos infectados são formadas partículas duras e negras, de formato irregular, facilmente visíveis a olho nu, que são os escleródios do fungo. Os tecidos doentes tornam-se secos, leves e quebradiços, e as sementes infectadas ficam sem brilho, enrugadas e mais leves. 

Fig. 5. Sintomas de mofo-branco em plantas de feijoeiro e escleródios do fungo misturados às sementes.

Epidemiologia  
As condições favoráveis ao desenvolvimento da doença são a alta umidade aliada às temperaturas moderadas (15-25oC). O fungo sobrevive no solo, por alguns anos, na forma de escleródios. O inóculo primário do patógeno são os ascósporos, produzidos em estruturas denominadas apotécios, originadas da germinação dos escleródios. A energia necessária para a geminação dos ascósporos provém das flores; daí, a doença ser observada mais intensamente a partir do florescimento. Os ascósporos são disseminados pelo vento e podem sobreviver até 12 dias no campo. A disseminação da doença de um local para outro pode se dar por meio de escleródios misturados ou aderidos às sementes ou por sementes infectadas com o micélio do fungo. Os escleródios presentes no solo e nos restos de cultura também podem ser disseminados pela água ou implementos agrícolas. 
Controle  

Primeiramente, deve-se fazer todo o possível para impedir a entrada do patógeno em áreas onde a doença ainda não foi observada, pois, uma vez presente, é muito difícil erradicá-lo. É essencial, portanto, o uso de sementes sadias, de procedência conhecida e tratadas com fungicidas recomendados. Deve-se também proceder à limpeza minuciosa dos implementos agrícolas, principalmente no caso de terem sido utilizados em áreas onde a doença já tenha sido constatada, e evitar condições ambientais que favoreçam o desenvolvimento do patógeno.

Ao se constatar a doença no campo, as plantas que apresentarem sintomas devem ser arrancadas e queimadas antes da formação dos escleródios. Se a área já estiver muito infestada, deve-se evitar o plantio de feijão e de outras plantas suscetíveis por um período de pelo menos cinco anos, dando-se preferência às gramíneas, como trigo, arroz, milho, sorgo, aveia ou pastagem. Em áreas de risco, para que haja melhor arejamento da cultura, deve-se adotar espaçamento maior entre as fileiras, número menor de sementes por metro, cultivares de porte ereto e evitar o uso excessivo de adubação nitrogenada. Aplicações preventivas de fungicidas apropriados (Tabela 1) também podem ser feitas em áreas onde a doença tenha sido constatada anteriormente.
Oídio 


O oídio, causado pelo fungo Erysiphe polygoni DC, pode se tornar uma doença importante na safra da "seca", especialmente quando se utilizam cultivares de grãos grandes, que são as mais suscetíveis ao patógeno. A doença ocorre com maior freqüência durante e após o florescimento.

Sintomas 
Os primeiros sintomas são observados principalmente nas folhas, depois, podem passar para o caule e vagens. Inicialmente surgem manchas verde-escuras na face superior das folhas que acabam sendo cobertas por uma massa pulverulenta branco-acinzentada, composta de micélios e esporos do patógeno (Figura 6). Em casos severos, toda a superfície foliar é tomada pela doença, ocorrendo a desfolha prematura da planta. No caule e nas vagens infectadas, pequenas e malformadas, também pode ser observada a massa branco-acinzentada. As vagens acabam caindo, causando redução na produtividade da cultura. 

Fig. 6. Sintomas de oídio em plantas de feijoeiro.
Foto: Francisco Lins

Epidemiologia 
O desenvolvimento da doença é favorecido por temperaturas moderadas e baixa umidade, condições comuns na safra da "seca" no sul de Minas Gerais. Como o patógeno se desenvolve externamente ao tecido do hospedeiro, a ocorrência de chuva e a irrigação são desfavoráveis ao seu desenvolvimento. A disseminação dos esporos do fungo ocorre principalmente pela ação do vento e insetos. 
Controle  
O oídio pode ser controlado com a aplicação de fungicidas (Tabela 1), o uso de cultivares resistentes e plantio realizado em épocas desfavoráveis ao desenvolvimento do patógeno. Nas cultivares de grãos tipo carioca, como 'Pérola' e 'BRSMG Talismã', as mais utilizadas na região, não tem sido constatada essa doença. Por outro lado, no caso de cultivares de grãos grandes, como a 'Jalo', deve-se ficar atento ao aparecimento da doença, se o cultivo for realizado em época favorável ao seu desenvolvimento.
Controle integrado de doenças


Embora existam produtos químicos específicos de controle para cada doença (Tabela 1), algumas medidas são tão eficientes que, uma vez utilizadas, podem eliminar o uso desses produtos ou, pelo menos, reduzir o seu emprego na cultura.

A rotação de culturas, sobretudo com gramíneas, e a incorporação dos restos culturais do feijoeiro podem diminuir drasticamente a fonte de inóculo para a safra seguinte. Deve ser ressaltado, contudo, que, no caso de patógenos habitantes do solo, o feijão não deve ser incluído na rotação por pelo menos cinco anos. A incorporação dos restos culturais para esse tipo de patógeno deve ser feita a uma profundidade superior a 20 cm. 

Como a grande maioria das doenças do feijoeiro são transmitidas por sementes, a aquisição periódica de sementes provenientes de lavouras sadias é a principal medida a ser adotada. Além disso, diversas cultivares resistentes ou tolerantes aos principais patógenos que atacam a cultura do feijoeiro têm sido recomendadas pela pesquisa, contribuindo para a redução dos prejuízos causados. O emprego de cultivares de porte ereto e o aumento do espaçamento entre linhas e entre plantas também podem auxiliar no controle de muitas doenças por propiciarem maior arejamento na lavoura.


Tabela 1. Fungicidas indicados para controle das doenças do feijoeiro.
Nome Técnico
Nome comercial
Dose do ingrediente ativo
Doença controlada1
A
MA
MF
PRS
MB
O
CaptanCaptan 750 TS2100 g/100 kg sementes
X
X
Carboxin + ThiranVitavax-Thiram PM280-205 g/100 kg sementes
X
X
Anchor SC2
X
X
Vitavax-Thiram 200SC2
X
X
DifenoconzoleSpectro25 g/100 kg sementes
X
X
FluodioxonilMaxim25 g/100 kg sementes
X
X
QuintozeneKobutol 7502115-265 g/100 kg sementes
X
Plantacol2
Terraclor 750 PM2
AzoxystrobinAmistar40-60 g/ha
X
X
Amistar 500 WG
CarbendazinDerosal 500 SC250 g/ha
X
Chlorothalonil + CarbendazinBravocarb 500 SC750 g/ha
X
ChlorothalonilBravonil 500875-1500 g/ha
X
XX
Bravonil 750 PM
Bravonil Ultrex
Dacostar 500
Dacostar 750
Daconil BR
Daconil 500 SDS
Funginil
Isatalonil 500 SC
Vanox 500 SC
Vanox 750 PM
Fentin hidroxideBrestanid SC130-400 g/ha
X
X
Mertin 400
MancozebDithane PM1600-2400 g/ha
X
X
Dithane SC
Manzate 800
Persist SC
ManebManeb 8001600 g/ha
X
X
Oxicloreto de cobreAgrinose1275-3600 g/ha
X
X
Cuapravit azul BR
Ramexane 850 PM
Oxicloreto de cobre + Manconzeb850-2550 g/ha
X
X
Óxido cuprosoCobre Sandoz BR560-1120 g/ha
X
X
PiraclostrobinComet75 g/ha
X
X
Tiofanato metílicoCercobin 700 PM200-630 g/ha
X
X
X
X
Fungiscan 700 PM
Metiltiofan
Support
Tiofanato metílico + ChlorothalonilCerconil PM735-1400 g/ha
X
X
X
X
Cerconil SC
Tiofanil
Tiofanato metílico + MancozebDithiobin 780 PM1560-1950 g/ha
X
X
X
Trifloxystrobin + PropiconazoleStratego 250 EC125-187
X
X
BromuconazoleCondor 200 SC150 g/ha
X
MetconazoleCaramba 9045-90 g/ha
X
TebuconazoleConstant150-250 g/ha
X
Folicur 200 CE
Folicur PM
Orius 250 CE
TetraconazoleDomark 100 CE50-100 g/ha
X
TriforineSaprol285 g/ha
X
X
BenomylBenlate 500PM250 g/100 kg de sementes
X
ThiramRhodiauram 700 PM2105-140 g/100 kg de sementes
X
FluazinamFrowncide 500 SC500-750 g/ha
X
IprodioneRovral SC750 g/ha
X
ProcimidoneSialex 500500-750 g/haX
Sumilex 500 PM
VinclozolinaRonilan500 g/ha
EnxofreCover DF960-4800 g/ha
Kolossus
Kumulus
Microzol
Sulficamp
1 A = antracnose; MA = mancha-angular; MB = mofo-branco; MF = murcha-de-fusarium; O = oídio ; PRS = podridão-radicular-seca. 
2 Tratamento de sementes.


FONTE: EMBRAPA





terça-feira, 22 de setembro de 2015

Plantio e Tratos Culturais na Cultura do Feijão




O feijão comum (phaseolus vulgaris) é cultivado para a obtenção e o consumo de suas sementes, que são muito nutritivas. Atualmente há um grande número de variedades cultivadas, que variam bastante na cor, forma e tamanho das sementes.
O feijão é cultivado no continente americano desde a antiguidade, e atualmente é uma das mais populares sementes usadas como alimento, sendo cultivado praticamente no mundo todo. Há atualmente milhares de cultivares, que podem ser agrupados em tipos de acordo com a coloração, o sabor, a forma e o tamanho, como por exemplo, feijão-preto, feijão-carioca, feijão-branco, feijão-jalo, feijão-rajado, feijão-vermelho e feijão-rosinha, entre outros.
O feijão cru contêm a lectina fitohemaglutinina, que é uma substância tóxica. O cozimento do feijão em alta temperatura destrói esta lectina (cozimento lento abaixo da temperatura de ebulição da água não elimina esta substância), de forma que o consumo de feijão cozido de forma adequada é totalmente seguro. A concentração de fitohemaglutinina nas sementes varia bastante de cultivar para cultivar. Feijões crus não devem ser consumidos.
Embora seu consumo seja incomum, as folhas do feijoeiro também podem ser consumidas. As folhas podem ser consumidas cozidas ou refogadas, sendo que as mais jovens também podem ser consumidas cruas.
Preparo do solo

O preparo do solo, quando inadequado, interfere negativamente nas propriedades físicas do solo, facilita a erosão e o desenvolvimento de plantas daninhas, dificulta o crescimento das raízes e a infiltração e o armazenamento de água. Nos dois sistemas de produção de feijão mais comuns no sul de Minas Gerais, solteiro e consorciado com café, o preparo do solo pode ser feito pelo sistema convencional ou em plantio direto.
O preparo convencional feito com arado e grade ainda é o mais utilizado na região e, apesar de permitir a periódica incorporação de corretivos, fertilizantes e adubos verdes, provoca a completa desestruturação da camada superficial, que fica altamente sujeita à erosão e à formação de camadas compactadas subsuperficiais, que impedem o crescimento do já limitado sistema radicular do feijoeiro. No consórcio com café, dependendo do porte da lavoura, o preparo convencional também danifica as raízes do cafeeiro. Para obter bons resultados com esse sistema de preparo do solo, é preciso: atentar para a umidade ideal do solo, a qual deve estar próxima à capacidade de campo; antecipar o preparo inicial do solo com arado, a uma profundidade de 25 cm a 35 cm, ou com grade aradora, usando a grade média ou leve o mais próximo possível da semeadura; alternar o uso de implementos com diferentes mecanismos de corte - discos, aivecas, hastes - e profundidades de trabalho.
No plantio direto, antes da semeadura, deve-se picar a palha e aplicar um herbicida de contato sobre os restos culturais e invasoras presentes na área. Devido à não-mobilização do solo e à manutenção da cobertura, esse sistema reduz a erosão a níveis muito baixos, além de beneficiar o solo no que se refere à umidade, temperatura, ciclagem de nutrientes, capacidade de troca de cátions(CTC), matéria orgânica e atividade microbiana, dentre outros. O sistema requer investimento em máquinas apropriadas, não sendo recomendável o uso de adaptações ou kits de plantio direto, os quais são geralmente leves e não apresentam bom desempenho. Além do uso de semeadora especial, na maioria das áreas é necessário fazer a descompactação do solo, o que pode requerer trator mais potente e implementos menos usuais, como subsolador. Ademais, como o solo não será revolvido periodicamente, deve-se proceder à prévia correção da acidez e da fertilidade do solo e também, se for o caso, à prévia erradicação de plantas daninhas de difícil controle, como capins perenes, guanxuma, maria-mole, entre outras. 


Tratamento de sementes

Atualmente não mais se admite um plantio comercial de feijão para o qual não se realize tratamento de sementes com fungicidas. Esse procedimento é especialmente necessário quando se desconhece a procedência da semente e a idoneidade de seu produtor e/ou quando se dispõe de informação segura sobre a ocorrência de fungos na área a ser utilizada. É importante saber que não obstante o fato de o controle químico ser o método mais eficiente no tratamento de sementes para enfermidades causadas por fungos, ele não substitui o uso de sementes livres de patógenos. Assim, o tratamento de sementes com produtos químicos deve ser visto como uma segurança adicional de que as sementes não irão se constituir em veículo de disseminação de doenças. Além do mais, esse procedimento não controla vírus e não é totalmente eficiente para o controle de bactérias.
Patógenos localizados externamente à semente são facilmente controlados com fungicidas protetores. O controle mais eficaz, entretanto, é conseguido com fungicidas sistêmicos, que penetram tanto o tegumento quanto o embrião. A lista dos fungicidas usados para controlar as doenças do feijoeiro é apresentada no artigo "Doenças e Métodos de Controle".
Algumas pragas iniciais do feijoeiro também podem ser eficientemente controladas com o tratamento de sementes, embora sejam disponíveis produtos comerciais com outras formulações. Para maiores detalhes, veja o artigo "Pragas e Métodos de Controle". 


Inoculação de sementes com rizóbio

O feijoeiro, a exemplo de muitas leguminosas, possui a capacidade de fixar nitrogênio atmosférico quando em simbiose com bactérias do gênero Rhizobium. Esse processo, no entanto, não tem sido difundido como prática de uso corrente entre os produtores, pelo fato de a simbiose feijoeiro-rizóbio apresentar alta sensibilidade às condições ambientais e, portanto, apresentar baixa previsibilidade. Mesmo assim, no Estado de Minas Gerais a inoculação das sementes é sugerida para os níveis tecnológicos NT1 e NT2, os de menores produtividades, devido às menores doses de nitrogênio recomendadas no plantio. Nos sistemas de produção irrigados - NT3 e NT4 -, nos quais são utilizados maiores doses de nitrogênio no plantio, que reduzem a nodulação e fixação de nitrogênio, a inoculação não é prática recomendada. Sobre os níveis tecnológicos citados, veja maiores detalhes no artigo "Calagem e Adubação". 

Implantação da lavoura

Para o cultivo do feijão no sul de Minas Gerais, a pesquisa tem recomendado o espaçamento de 45 cm a 50 cm entre linhas, regulando-se a semeadora para 12-15 sementes por metro - quantidade, essa, suficiente para se obter uma população equivalente a cerca de 250 mil plantas por hectare. Para tanto, o produtor terá um gasto de sementes aproximado de 60 kg para a semeadura de 1 hectare, em se tratando de cultivares do tipo carioca ou dos grupos preto ou vermelho. No caso de cultivares do grupo manteigão, como o Jalo, por exemplo, esse consumo pode subir para cerca de 100 kg a 110 kg ha-1.
A profundidade de semeadura deve ser da ordem de 3 cm a 5 cm, colocando-se o fertilizante lateralmente e abaixo da semente, com o objetivo de evitar o efeito salino do fertilizante sobre a germinação da semente e a emergência das plântulas, principalmente na presença de cloreto de potássio e de grandes doses de fertilizantes nitrogenados.


Controle fitossanitário

Por se tratar de espécie de ciclo cultural extremamente curto, a lavoura de feijão deve ser continuamente monitorada, para que todo e qualquer tratamento necessário, independente de se tratar de manejo de plantas daninhas, pragas ou doenças, ou mesmo de aplicação de fertilizantes, em cobertura ou via foliar, possa ser realizado com a necessária rapidez. 


Densidade de plantio

O feijoeiro é uma espécie de planta que, geralmente, possui grande capacidade de compensação, ou seja, ocupar os espaços vazios numa área em que o número de plantas estabelecido é menor que o recomendado. Esta compensação das falhas, entretanto, pode ser maior ou menor, dependendo das características da cultivar. As cultivares com plantas arbustivas e as de crescimento determinado ramificam menos e, portanto, compensam menos. Diante disto, para que um estande baixo não afete negativamente o rendimento da lavoura, é de fundamental importância conhecer bem as características da cultivar que será plantada e efetuar o plantio adequadamente.
O espaçamento entre linhas de plantio e o número de plantas na linha são também fatores importantes a serem considerados. As características da planta e do ambiente afetam a sua capacidade de compensação, o que resulta muitas vezes na obtenção de rendimentos que não diferem significativamente entre si, mesmo com grande amplitude de variação do número de plantas por área. Isto, conseqüentemente, permite flexibilizar, até certo ponto, a sua recomendação, a qual, em geral, estabelece de 0,40 m a 0,60 m entre fileiras e de 10 a 12 plantas m-1. Para as cultivares com plantas arbustivas e/ou que ramificam pouco, deve-se utilizar o espaçamento de 0,40 m a 0,50 m, enquanto para outras, com mais ramificações, de 0,50 m a 0,60 m. 
Em Unaí, MG, foi conduzido um experimento para avaliar o rendimento das cultivares de feijão Pérola, Radiante e Valente, no espaçamento de 0,50 m entre fileiras e populações de 6, 8, 10 e 12 plantas m-1. Os maiores rendimentos obtidos com a cultivar Pérola, possuidora de plantas mais prostradas, foram de 2.604 kg, 2.249 kg e 2.243 kg ha-1 com as populações de 12, 8 e 10 plantas m-1, respectivamente. Cabe mencionar que esses rendimentos não diferiram significativamente entre si pelo teste de Tukey, no nível de 5% de probabilidade. Os maiores rendimentos da cultivar Radiante, de ciclo precoce, com plantas de crescimento determinado e folhas grandes, foram obtidos com 8 e 10 plantas m-1, e da Valente, cultivar de plantas eretas, com 10 e 12 plantas m-1.
Um outro aspecto a ser considerado no planejamento para a implantação de uma lavoura refere-se ao gasto de sementes, o qual irá depender: do número final de plantas que se deseja obter; do tamanho das sementes da cultivar que será plantada - pequenas (17-22 g a cada 100 sementes), médias (23-33 g) ou grandes (34-45 g); e do poder germinativo das sementes. Normalmente, o gasto de sementes varia de 45 kg a 120 kg ha-1. Para calcular a quantidade exata, pode-se empregar a fórmula apresentada a seguir.

Em que: Q = quantidade de sementes, em kg ha-1; D = número de plantas, por metro de fileira; P = massa de 100 sementes, em gramas; PG = poder germinativo, em porcentagem; E = espaçamento entre fileiras, em metro.

No plantio direto na palha, muitas sementes podem não ficar em contato direto com o solo e, assim, não germinam. Neste caso, para obter o estande desejado, deve-se utilizar uma quantidade maior de sementes em relação à que fora calculada. 
Em geral, é recomendada a profundidade de 3-4 cm, para solos argilosos ou úmidos, e de 5-6 cm, para solos arenosos. Profundidades maiores atrasam a emergência das plântulas, deixam-nas mais expostas ao ataque de doenças e podem danificar os cotilédones.


Plantio direto

São várias as denominações encontradas para plantio direto, tais como: semeadura direta, sistema de plantio direto, plantio direto na palha, cultivo zero, plantio sem preparo e sistema de nenhum preparo. Plantio direto é definido como o processo de colocar a semente e o adubo no solo não trabalhado anteriormente mediante o uso de implementos agrícolas (arados, grades, escarificadores, etc.) e a substituição dos controles mecânico e manual das plantas daninhas pelo controle químico. Para realizar esta operação, a máquina de plantio deve cortar a palha acumulada na superfície do solo, abrir um sulco no solo (com a menor espessura possível), depositar a semente na profundidade adequada, possibilitando o seu perfeito contato com a terra, e, ao mesmo tempo, colocar o adubo abaixo e ao lado da semente.
Do ponto de vista conservacionista, o plantio direto constitui-se numa eficiente prática para controlar a erosão, propiciar maior disponibilidade de água e nutrientes para as plantas e lograr maiores produções.
Algumas condições básicas na implantação desse sistema devem ser satisfeitas ou corrigidas, quais sejam: treinamento e participação do agricultor em todas as fases da atividade do sistema; avaliação do grau, localização e eliminação de camadas compactadas (pé-de-arado ou pé-de-grade); correção da acidez e dos níveis de fertilidade do solo, principalmente do fósforo; eliminação das altas infestações de plantas daninhas; e adoção da prática de rotação de culturas, objetivando minimizar a compactação do solo, reciclar e incorporar nutrientes, aumentar a matéria orgânica e, principalmente, a cobertura vegetal da superfície do solo.
A escolha da cobertura vegetal do solo deve ser feita no sentido de obter produção de grande quantidade de biomassa. Várias são as espécies que podem ser usadas para melhorar o teor de matéria orgânica do solo. Dependendo do cronograma de cultivos e sabendo que algumas espécies comportam-se melhor no verão, e outras, no inverno, deve-se escolher aquelas que se adaptam melhor à região, à época de plantio e ao sistema agrícola adotado.


Plantio mecanizado

O manejo correto de semeadoras adubadoras, para assegurar uma distribuição uniforme de sementes e de adubos no solo, é um dos principais passos para a obtenção de um estande adequado de plantas. A semeadura desuniforme acarreta falhas e/ou acúmulos de plantas na lavoura. O aproveitamento da área é prejudicado, podendo causar queda na produtividade. Soma-se a isto a perda de adubo distribuído nos espaços não plantados. Nas falhas há maior risco de erosão e maior desenvolvimento de plantas daninhas. Por outro lado, o acúmulo de plantas em determinados locais provoca competição por água, luz e nutrientes. A prática de aplicar o adubo junto ou próximo à semente é uma das principais causas da baixa eficiência do adubo, podendo causar, ainda, danos nas sementes e nas plântulas, reduzindo a população de plantas.
Todos esses fatores relacionados à distribuição de sementes e à profundidade de deposição do adubo no solo são influenciados pela qualidade e pela operação das semeadoras adubadoras.


Características desejáveis numa semeadora adubadora
Para obter desempenho satisfatório na operação de plantio, a máquina semeadora adubadora deve:
  • ajustar-se ao plantio de sementes de diferentes espécies e cultivares bem como a vários espaçamentos e densidades de semeadura;
  • possuir mecanismos dosadores de sementes e de adubo eficientes e de fácil regulagem;
  • proporcionar baixo porcentual de danos às sementes;
  • depositar a semente e o adubo nos sulcos de plantio uniformemente, em profundidade constante e com pouca remoção de terra;
  • ter boa capacidade de penetração no solo, mesmo no Sistema de Plantio Direto;
  • semear e adubar de forma adequada na presença de restos culturais;
  • possuir pouca distância entre o mecanismo dosador de semente e o solo, evitando excessivo ricochete e conseqüente desuniformidade na distribuição longitudinal das sementes; e
  • possuir autonomia e capacidade de trabalho satisfatórias.

Mecanismos de semeadoras adubadoras
Dosadores de sementes - As semeadoras podem ser equipadas com mecanismos dosadores de sementes dos tipos rotor acanalado, disco perfurado horizontal, disco perfurado inclinado e disco pneumático.
  • Rotor acanalado: é um dosador com reentrância na sua periferia, que gira dentro de uma moega e leva as sementes ao tubo condutor e, daí, ao solo. Para regular a vazão de sementes, deve-se deslocar o rotor lateralmente ou variar a sua velocidade de rotação, por meio de engrenagem. Este dosador é mais indicado para sementes pequenas e densidades grandes de plantio, como o arroz e o trigo. Nas sementes de feijão, pode provocar elevado porcentual de danos mecânicos.
  • Discos perfurados: trabalham dentro do depósito de sementes na posição horizontal ou inclinada. O tipo mais utilizado nas semeadoras, o que opera na posição horizontal, tem como característica principal a simplicidade de construção e de operação. Por outro lado, apresenta desempenho insuficiente no que se refere à uniformidade de semeadura, quando esta é feita em velocidade superior a 6 km h-1. O disco inclinado difere do horizontal por não possuir raspadores de excesso e expulsor de sementes dos furos do disco.
  • Disco pneumático: pode ser do tipo pressurizado ou a vácuo. A pressurização, ou o vácuo, é produzida por turbina própria da semeadora, acionada pela tomada de força do trator. Os dois tipos de discos operam na posição vertical dentro de câmaras que recebem as sementes do reservatório de grãos. Possuem várias células nas quais as sementes se prendem pelo efeito da pressão ou do vácuo. À medida que o disco gira, as sementes são elevadas até uma posição despressurizada, se soltam e, então, são encaminhadas para o tubo condutor e daí para o solo. Para regular a vazão de sementes, deve-se substituir o disco por outro com número de células diferente, ou alterar a sua velocidade de rotação, com a mudança de engrenagem. Como principais vantagens desse mecanismo citam-se a uniformidade de distribuição e os poucos danos mecânicos que causa às sementes.
Os mecanismos dosadores de semente, independentemente do tipo, podem apresentar desempenho inadequado por provocar acentuada desuniformidade na semeadura. Isso ocorre quando a semeadora é operada com velocidade excessiva, acima de 6 km h-1, ou quando o dosador está localizado na semeadora numa posição elevada em relação ao solo. Neste caso, a semente, após ser liberada pelo dosador, tem de percorrer, dentro de um tubo, uma distância significativa até o solo. Quanto maior for essa distância, tanto maior será o número de espaçamentos entre sementes, duplo ou falho, e tanto menor o número de espaçamentos aceitáveis.
Dosadores de adubo - Para distribuir o adubo, as semeadoras adubadoras de feijão podem ser equipadas com mecanismos do tipo roseta, rotor e rosca sem fim.
  • A roseta, em forma de disco dentado, opera no fundo do reservatório de adubo, acionada por um conjunto de coroa e pinhão. O adubo é arrastado pelos dentes da roseta para uma comporta de abertura regulável, que o descarrega no condutor de adubo e, daí, ao solo.
  • O mecanismo do tipo rotor consta de um eixo com palheta em sua superfície externa que, ao girar em torno de um eixo horizontal, no fundo do depósito, conduz o adubo para uma comporta de abertura regulável.
  • A rosca sem fim, ao girar, empurra uma certa quantidade de adubo para fora do depósito e, daí, para o sulco de semeadura. A dosagem de adubo por esse mecanismo, ao contrário da roseta e do rotor, não é influenciada significativamente pela variação da velocidade de operação da semeadora adubadora.
    Para regular a vazão de adubo das semeadoras, deve-se alterar a abertura das comportas (dosadores rotor e roseta) ou variar, com a mudança de engrenagens, a velocidade de giro do dosador rosca sem fim.

    Disco de corte de palhada - No sistema de plantio direto, a máquina deve ter um disco simples, com cerca de 16 a 20 polegadas de diâmetro, instalado à frente do sulcador adubador para cortar a palhada. Conforme a sua movimentação no solo, os discos simples são classificados em ondulados, estriados e lisos, e abrem sulcos com cerca de 9 cm, 5 cm e 3 cm de largura, respectivamente. O disco ondulado tende a empolar em solo argiloso, principalmente quando molhado; o estriado e o liso apresentam menos problemas em solos argilosos. Em solos com maior umidade, o disco liso é o que apresenta melhor desempenho. 
    Quando a quantidade de palhada sobre o terreno é pequena, a presença de disco duplo defasado na semeadora adubadora pode substituir o disco simples de corte e realizar o plantio direto com eficiência.


    Sulcador - Geralmente, em cada linha de plantio, as semeadoras adubadoras de feijão são equipadas com sulcador provido de um conjunto de discos duplos para semeadura e um facão para adubação, ou de dois conjuntos de discos duplos, um para semeadura e outro para adubação, ou de um só conjunto de disco duplo para semeadura e adubação.
    Na operação da semeadora adubadora, principalmente em solo umedecido, o sulco feito pelo sulcador adubador não se desmancha antes da ação do sulcador semeador. Isto provoca o contato da semente com o adubo, o que prejudica a germinação do feijão. Para evitar ou minimizar este contato deve-se adaptar uma corrente, com cerca de 20 cm de comprimento, na parte inferior do sulcador adubador, de forma que ela opere no fundo do sulco de adubação, misturando o adubo com o solo.

    Compactador - O compactador de sulco de plantio é um dispositivo constituído de roda, localizado na parte posterior da linha de semeadura, com a função de melhorar o contato da semente com o solo. Os compactadores indicados para o feijoeiro são dos tipos côncavo e de duas rodas dispostas em "V". A regulagem é feita ou pela alteração da pressão de molas, o que resulta em diferentes graus de compactação do solo sobre as sementes e/ou pela alteração do ângulo das rodas. A compactação deve ser adequada para não prejudicar a germinação do feijão.
Configurações de semeadoras para plantio direto

No plantio direto do feijão, a semeadora adubadora deve distribuir uniformemente o adubo e a semente no solo de forma que favoreça o estabelecimento da população adequada de plantas. Para isso, é necessário que haja um bom condicionamento físico do solo ao redor das sementes, o qual pode ser obtido pelo uso de máquinas configuradas apropriadamente em relação aos sulcadores, aos compactadores de sulco e aos limitadores de profundidade de semeadura.
Na presença de cobertura vegetal do solo densa, a máquina deve possuir disco de corte de palhada liso com diâmetro superior a 17 polegadas, sulcador adubador do tipo facão ou de disco duplo defasado, sulcador semeador de disco duplo defasado e compactador de sulco de roda em "V". 
Preferencialmente, deve-se evitar roçar ou triturar os restos vegetais do solo, pois estes, quando soltos, desenraizados, prejudicam a operação de plantio, afetam o desempenho e causam embuchamento na semeadora adubadora.

Resultados de pesquisa obtidos em Unaí, MG

Para estudar a mecanização do plantio do feijão, cultivar Pérola, quanto a velocidades de operação e à configuração de semeadora adubadora, foram conduzidos ensaios em Unaí, MG, no plantio das águas de 2003 e de inverno e de verão de 2004. Os tratamentos relacionados à cobertura vegetal do solo foram: sem palhada, no plantio das águas de 2003; palhada de milho, no plantio de inverno de 2004; e palhada de milho mais braquiária, no plantio de verão de 2004. Foram avaliadas duas velocidades de semeadura, 5 km e 10 km h-1, e dois tipos de sulcadores, disco duplo e disco duplo mais facão. Os resultados evidenciaram que a velocidade de semeadura surtiu efeitos significativos nas variáveis 'sementes distribuídas por metro' e 'dano mecânico visual' (Tabela 1). Nestes casos, a maior velocidade, 10 km h-1, proporciona menor distribuição de sementes e mais danos às sementes. 
Já o número de sementes descobertas por metro após o plantio sofreu efeito significativo tanto da velocidade de semeadura quanto do tipo de sulcador (Tabela 2). A velocidade de semeadura de 10 km h-1 e o sulcador tipo facão proporcionaram maior número de sementes descobertas. As outras variáveis não foram influenciadas significativamente por esses tratamentos.


Tabela 1. Efeito da velocidade de operação da semeadora adubadora, provida de dosador de sementes de disco horizontal perfurado, em sementes de feijão da cultivar Pérola, no que refere ao dano mecânico visual nas sementes e à proporção de sementes normais, no plantio das águas de 2003, em Unaí, MG.*
Velocidade de operação da semeadora adubadora
Distribuição das sementes (m)
Dano mecânico visual nas sementes (%)
Sementes normais
(%)
V1= 5 km/h
10,0 a
8,4 b
96,1
V2= 10 km/h
7,9 b
16,6 a
95,6
Testemunha
-
1,5 c
95,0
DMS
1,1
6,6
1,5
* Para cada coluna, as médias seguidas de letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey no nível de 5% de probabilidade.

Tabela 2. Efeito da velocidade de operação da semeadora adubadora, equipada com sulcador de disco duplo ou com sulcador de facão, em sementes de feijão da cultivar Pérola, no que refere à quantidade de sementes descobertas por metro após o plantio, à profundidade de semeadura e ao espaçamento entre plantas aceitáveis e irregulares, no plantio das águas de 2003, em Unaí, MG.*
Velocidade de operação da semeadora adubadora
Sementes descobertas, por metro, após o plantio
Profundidade de semeadura (mm)
Espaçamento entre plantas aceitáveis (%)
Espaçamento entre plantas irregulares (%)
V1 = 5 km/h
0,9 a
34
44,0
56,0
V2 = 10 km/h
2,3 b
36
39,7
60,3
Sulcador
Disco duplo (DD)
0,2 a
36
41,2
58,8
Facão + DD
3,0 b
34
42,5
57,5
* Para cada coluna e em cada parâmetro, as médias seguidas de letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey no nível de 5% de probabilidade.
No plantio de inverno de 2004, o maior número de plantas por metro foi obtido quando se utilizou o sulcador de facão mais disco duplo (Tabela 3). Os resultados apresentados na Tabela 4 atestam que a produtividade média dos três cultivos não foi afetada pela velocidade de plantio.

Tabela 3. Número de plantas por metro, em três plantios de feijão, cultivar Pérola, em área sob plantio direto, com semeadora adubadora, equipada de sulcador de disco duplo ou de sulcador de facão mais disco duplo, em Unaí, MG, em 2005.*
Ano de cultivo
Número de plantas por metro
Semeadora com sulcador de disco duplo (DD)
Semeadora com sulcador de
facão + DD
Plantio das águas de 2003
9,9
9,1
Plantio de inverno de 2004
8,5 b
11,5 a
Plantio das águas de 2004
9,9
10,0
* Para cada linha, as médias seguidas de letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey no nível de 5% de probabilidade.

Tabela 4. Produtividade de grãos, em três plantios de feijão, cultivar Pérola, obtida em área sob plantio direto, com semeadora adubadora, sob duas velocidades de plantio, em Unaí, MG, em 2005.*
Ano de cultivo
Produtividade do feijão (kg ha-1)
Velocidade de plantio
= 5 km ha-1
Velocidade de plantio
= 10 km ha-1
Plantio das águas de 2003
2.104
1.807
Plantio de inverno de 2004
2.638 b
3.107 a
Plantio das águas de 2004
2.087
2.158
Média
2.277
2.357
* Para cada linha, as médias seguidas de letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey no nível de 5% de probabilidade.
Tratos culturais

O feijoeiro, por ser cultivado tanto em áreas pequenas, menos de 1 ha, quanto em áreas grandes, mais de 1.000 ha, e possuir plantas com características diferenciadas, como arbustivas e ramadoras, admite também a utilização de diferentes tratos culturais. Na região noroeste de Minas Gerais, com a predominância do cultivo irrigado e do alto índice de mecanização, nem todos os tratos culturais possíveis de serem recomendados para a cultura do feijão podem ali ser utilizados, por serem incompatíveis com os sistemas de produção.
A amontoa é um trato cultural que, além de proporcionar maior cobertura com terra nas proximidades dos pés de feijão e possibilitar o enterrio do adubo de cobertura quando distribuído sobre o solo, contribui para o controle de plantas daninhas. Não obstante esses benefícios, é uma prática que inviabiliza a colheita mecanizada, cuja condição fundamental para a redução de perdas de grãos é a uniformidade do terreno. Por outro lado, a colheita mecanizada é favorecida pela prática de passagem de um rolo compactador imediatamente após o plantio, para eliminar a rugosidade causada pela semeadora. 
Já a rotação de culturas, embora não constitua um trato cultural, pode ter influência direta sobre outros, especialmente em áreas com uso intensivo, como é o caso das áreas irrigadas do noroeste mineiro. Em experimentos conduzidos em Unaí, MG, quando se comparou o efeito de culturas antecessoras - milho, feijão, braquiária e milho + braquiária - sobre o rendimento do feijoeiro, verificou-se que as duas últimas foram as que mais favoreceram o aumento do rendimento. Isto deve estar relacionado às melhores condições químicas e físicas ali promovidas pelas culturas, principalmente quanto ao conteúdo de matéria orgânica e a estrutura do solo. Em outras regiões do país também tem se verificado o efeito benéfico da braquiária para com a cultura do feijoeiro.







segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Manejo das Plantas Daninhas no Feijão



O manejo de plantas daninhas envolve atividades dirigidas às plantas daninhas (manejo direto) e ao sistema formado pelo solo e pela cultura (manejo indireto). O manejo direto refere-se à eliminação das plantas daninhas com uso de herbicidas, ação mecânica ou manual e ação biológica. Para o uso de herbicidas é necessário identificar as plantas daninhas e o estádio de crescimento para a recomendação de doses e tipos de herbicidas. No manejo do solo (manejo indireto) trabalha-se com a relação sementes ativas e inativas. Neste caso, a recomendação é diminuir o banco de sementes das plantas daninhas, promovendo a germinação destas espécies antes do plantio e depois controlá-las com o uso de técnicas como, por exemplo, a aplicação seqüencial de dessecantes. O manejo cultural se baseia na construção de plantas de feijoeiro com capacidade de manifestar seu potencial produtivo máximo e competir com as plantas daninhas, pela utilização de práticas como o equilíbrio na fertilidade do solo, o estande de plantas uniforme, o manejo de adubação, o arranjo espacial das plantas e a época adequada de plantio. Outro tipo de manejo cultural é o uso de cobertura morta, com capacidade de diminuição da emergência das plantas daninhas por efeitos alelopáticos e físicos. O plantio consorciado de culturas com forrageiras antes do plantio do feijão está sendo uma prática usada para a produção da cobertura morta, sem afetar o cronograma de plantio do produtor. Todas estas práticas do manejo de plantas daninhas têm a finalidade de aumentar a eficiência e a economicidade da lavoura; a preservação ambiental, evita o adensamento do solo, o acúmulo de resíduos de herbicidas e a seleção de plantas daninhas resistentes.




HÁ SITUAÇÕES QUE ATÉ O MILHO É PLANTA DANINHA



Entre os principais problemas que ocorrem na cultura do feijoeiro estão as plantas daninhas que causam vários prejuízos. A competição com água, luz e nutrientes afeta diretamente a produtividade, reduzindo-a tanto mais quanto mais precoce for a ocorrência das plantas daninhas, cujo período de competição mais intenso é de 15 a 30 dias após a emergência do feijoeiro. 
Quando as plantas daninhas são observadas no final do ciclo do feijoeiro ocorre um outro problema sério, a dificuldade na colheita. Além da perda de tempo devido à dificuldade de se separar o feijão da planta daninha, há as plantas não colhidas que, evidentemente, reduz a produção.
O manejo das plantas daninhas inclui medidas preventivas e controle mecânico ou químico.


Medidas preventivas

Evitar o uso de sementes contaminadas com propágulos de plantas daninhas.
Na rotação de culturas, não envolver outra leguminosa. Essa prática é essencial para o sucesso da cultura do feijoeiro, especialmente pela redução da ocorrência de certas espécies de plantas daninhas.
No plantio convencional, realizar a gradagem o mais próximo possível do momento da semeadura. 
No plantio direto, realizar a dessecação no momento oportuno, buscando obter o máximo de eficiência, isto é, evitar a ocorrência de áreas não dessecadas.
Utilizar espaçamento adequado entre linhas para promover o rápido fechamento das entre linhas e diminuir a incidência de luz nas plantas daninhas.


Controle mecânico

O controle mecânico envolve a capina manual e o cultivo por meio de tração animal ou trator. A capina manual ainda é muito utilizada pelos agricultores de subsistência, contudo, essa operação só é recomendável para áreas pequenas. A demanda de mão-de-obra é grande, abrangendo em torno de 16 serviços por hectare, e requer um grande contingente de operários em áreas maiores, o que nem sempre se encontra disponível. Como a capina manual é uma operação demorada, deve ser iniciada tão logo as plantas daninhas emerjam. Especialmente na semeadura "das águas", ocorre reinfestação, sendo necessária mais de uma capina. Nessa ocasião, as chuvas podem atrasar o início da operação, colocando em risco o controle das plantas daninhas no momento adequado.
Mesmo apresentando um rendimento bem superior à capina manual, o controle mecânico deve ser evitado, pois a maior movimentação da camada superficial do solo contribui acentuadamente para a ocorrência de erosão. Em muitas situações é necessário proceder ao repasse manual.


Controle químico 

O controle químico é o mais recomendado atualmente. De modo geral, é mais barato e tem maior flexibilidade. A dificuldade desse tipo de controle é que se trata de uma operação que exige conhecimentos tecnológicos. É preciso ler com atenção e utilizar as recomendações preconizadas pelos fabricantes. 
Os produtos disponíveis no mercado podem ser aplicados no pré-plantio, na pré-emergência e na pós-emergência. Quando corretamente aplicados, todos podem ser muito eficazes. Os herbicidas pós-emergentes têm sido preferidos porque possibilita verificar a infestação que está ocorrendo e escolher o produto e a dosagem apropriada para solucionar o problema específico da propriedade ou até mesmo de regiões dentro da área cultivada. O controle de gramíneas com herbicidas pós-emergentes é, em geral, realizado com sucesso. No caso das plantas de folhas largas, por serem do mesmo grupo do feijão, o controle geralmente é mais difícil.
Mesmo quando se utilizam as doses recomendadas pelo fabricante, os herbicidas causam fitotoxidez, especialmente quando as condições climáticas são favoráveis. Na maioria dos casos, entretanto, as plantas se recuperam rapidamente do dano causado pelo produto químico, não chegando a afetar a produção.


Herbicidas recomendados

Os principais herbicidas recomendados para o controle de plantas daninhas na cultura do feijoeiro são relacionados na Tabela 1.
É oportuno lembrar que o sucesso da operação irá depender da correta aplicação do produto no que se refere às condições climáticas e de manejo, época correta de aplicação e estádio da planta daninha, quando for o caso.


Tabela 1. Principais herbicidas recomendados para a cultura do feijoeiro.
Nome Técnico
Nome comercial
Época de aplicação1
Plantas daninhas controladas
Dose do produto comercial (L ou
g ha-1)
Observação
MetolachlorDual 960 CEPréGramíneas e algumas folhas largas2,0 a 3,0 LAplicar logo após o plantio, em solo úmido, ou irrigar logo após.
PendimenthalinHerbadox 500 CEPPI ou PréGramíneas e folhas largas1,5 a 3,0 LIncorporar ao solo superficialmente, mecanicamente ou, no caso de pouca umidade no solo, via água de irrigação.
TrifuralinHerbiflan, Trifuralin, Defensa, Treflan, TritacPPIGramíneas e algumas folhas largas1,2 a 2,4 LAplicar em solo bem preparado, seco ou pouco úmido. Incorporar ao solo até oito horas após a aplicação.
SethoxydimPoastPósGramíneas1,25 LAplicar quando a cultura apresentar até três folhas trifolioladas, com o solo úmido e umidade relativa entre 70% e 90%. Usar adjuvante.
BentazonBasagranPósFolhas largas1,5 a 2,0 gAplicar quando a cultura apresentar até três folhas trifolioladas, com o solo úmido e umidade relativa entre 70% e 90%. Usar adjuvante.
ImazamoxSweeperPósFolhas largas
42 g
Aplicar quando a cultura apresentar até três folhas trifolioladas, com o solo úmido e umidade relativa entre 70% e 90%. Usar adjuvante.
Fluazifop-p-butilFusiladePósGramíneas
0,75 a l,0 L
Aplicar quando a cultura apresentar até quatro folhas trifolioladas, e as gramíneas, até três perfilhos.
Fluazifop-p-butil + FomesafenRobustPósGramíneas e folhas largas
0,8 a 1,0 L
Aplicar quando a cultura apresentar até três folhas trifolioladas, com o solo úmido e umidade relativa entre 70% e 90%. Usar adjuvante.
FomesafenFlexPósFolhas largas
0,9 a 1,0 L
Aplicar quando a cultura apresentar até três folhas trifolioladas, com o solo úmido e umidade relativa entre 70% e 90%. Usar adjuvante.
Paraquat + bentazonPramatoPósGramíneas e folhas largas
1,5 a 2,5 L
Aplicar quando a cultura apresentar até três folhas trifolioladas, com o solo úmido e umidade relativa entre 70% e 90%. Usar adjuvante.
1 Pré= pré-emergência da cultura e das plantas daninhas; Pós= pós-emergência da cultura e das plantas daninhas; PPI= pré-plantio incorporado.

ALERTA VERMELHO




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