sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Irrigação no Feijão




O rendimento do feijoeiro é bastante afetado pela condição hídrica do solo. Deficiências ou excessos de água, nas diferentes fases do ciclo da cultura, causam redução na produtividade em diferentes proporções. As fases de floração e de desenvolvimento da vagem são as mais sensíveis à deficiência hídrica. A redução na produção sob estresse hídrico deve-se à baixa porcentagem de vingamento das flores, quando o estresse ocorre na fase da sua abertura e ao abortamento de óvulos, produzindo vagens chochas, se ocorrer estresse na fase de sua formação. Em condições de excesso de água no solo, o desenvolvimento vegetativo e o rendimento são bastante prejudicados. A fase de início da frutificação é a mais sensível à má aeração do solo.



A irrigação por aspersão, nos sistemas convencional, auto propelido e pivô central, tem sido o método mais utilizado na cultura do feijoeiro. Em menor escala também têm sido utilizadas a irrigação por sulcos e a subirrigação em solos de várzeas. Considerando-se o método de irrigação por aspersão, o sistema pivô central é o mais apropriado para irrigar áreas individuais maiores e, por isto mesmo, é o mais usado na cultura do feijoeiro em terras altas na região dos Cerrados, visto que a lucratividade final obtida com esta cultura depende, entre muitos fatores, do tamanho da área plantada. 

A irrigação por sulcos tem sido usada na cultura do feijoeiro, tanto em terras altas como em várzeas sistematizadas e drenadas. Os sulcos normalmente apresentam a forma de V, com 0,15 a 0,20 m de profundidade e 0,25 a 0,30 m de largura. O espaçamento entre sulcos depende da textura do solo e do perfil de umedecimento. Geralmente é utilizado o espaçamento de 0,9 a 1,2 m, com duas linhas de plantas entre os sulcos. 
Utiliza-se também o espaçamento de 1,8 m, com quatro linhas de plantas entre os sulcos. 

A subirrigação é mais apropriada para terras baixas ou solos de várzeas e, por isso mesmo, funciona como uma drenagem controlada. Na subirrigação, a umidade atinge as raízes das plantas por meio da ascensão capilar. Em várzeas, o lençol freático deve ser mantido a uma profundidade tal que permite obter a melhor combinação entre água e ar na zona radicular.

O manejo da irrigação do feijoeiro pode ser feito pelos métodos do tensiômetro, do turno de rega e do tanque Classe A. Pela simplicidade e praticidade é dada maior ênfase ao método do tensiômetro. 

Os tensiômetros são aparelhos que medem a tensão da água do solo. Para seu uso, é necessária também a determinação da curva de retenção de água, que é uma propriedade físico-hídrica do solo, determinada em laboratório. Ela relaciona o conteúdo de água do solo com a força com que ela está retida por ele. O tensiômetro deve ser instalado entre as fileiras de plantas de feijão e em duas profundidades, uma a 15 cm e outra a 30 cm, lado a lado, cujo conjunto forma uma bateria. A leitura do tensiômetro de 15 cm representa a tensão média de um perfil de solo de 0-30 cm de espessura, o qual engloba a quase totalidade das raízes do feijoeiro. Este tensiômetro é chamado tensiômetro de decisão, porque indica o momento da irrigação (quando irrigar). Já o tensiômetro instalado a 30 cm é chamado tensiômetro de controle, porque verifica se a irrigação está sendo bem feita, para que não haja excesso ou falta de água. Nos sistemas convencional e autopropelido, o tensiômetro se presta, principalmente, no acompanhamento da tensão da água do solo e como instrumento de validação do turno de rega implantado. Já no sistema pivô central, constitui o instrumento mais prático para indicar o momento da irrigação. Neste sistema, as baterias devem ser instaladas a 4/10, 7/10 e 9/10 do raio do pivô, em linha reta a partir da base. 

A irrigação deve ser feita toda vez que a média das três baterias dos tensiômetros de decisão, instalados a 15 cm de profundidade, alcançar a faixa de 30-40 kPa (0,3-0,4 bar). As irrigações baseadas nas leituras dos tensiômetros devem iniciar 15 a 20 dias após a emergência das plantas. Logo após a semeadura, devem-se fazer irrigações mais freqüentes, para manter a camada superficial do solo sempre úmida, favorecendo a germinação e o desenvolvimento inicial das plantas e recarregando de água o perfil do solo abrangido pelo tensiômetro de decisão. A irrigação deve ser suspensa quando as folhas da planta de feijão vão se tornando amareladas pelo amadurecimento.
O procedimento para determinação da quantidade de água a ser aplicada é o seguinte: de posse da curva de retenção de água, verifica-se quanto 30-40 kPa correspondem em conteúdo de água no solo, dado em cm3 de água/cm3 de solo. Em seguida, calcula-se a diferença entre o conteúdo de umidade a 10 kPa (capacidade de campo) e a 30-40 kPa. Esta diferença, multiplicada pela profundidade de 30 cm, indicará a lâmina líquida de irrigação.
Na subirrigação, pelas leituras dos tensiômetros, sabe-se a necessidade ou não de se movimentar o lençol freático. Se as leituras indicarem baixa tensão de água, ou seja, alta umidade do solo, a profundidade do lençol freático deve ser rebaixada e vice-versa. 

O método do turno de rega (TR) é o mais utilizado pelos irrigantes. São levados em consideração fatores do solo, como: "capacidade de campo", ponto de murcha permanente, densidade do solo; e fatores da planta, como: profundidade efetiva das raízes, fator de disponibilidade de água e evapotranspiração máxima, para calcular o intervalo entre duas irrigações sucessivas. O TR é determinado segundo a equação: 


em que:

TR = turno de rega, em dia;

LL = lâmina líquida de irrigação, em mm;

ETc = evapotranspiração da cultura, em mm/dia; 
AD = água disponível do solo, em mm;
f = fator de disponibilidade de água, adimensional; 
CC = "capacidade de campo" do solo, % em peso; 
PM = ponto de murcha permanente, % em peso;
Ds = densidade do solo, em g/cm3; 
Pe = profundidade efetiva das raízes da planta, em cm.

Tanto o valor de Pe como o de Etc variam ao longo do ciclo do feijoeiro, podendo ser determinados dois ou mais turnos de rega. O método do TR, como critério de quando irrigar, é mais apropriado para ser empregado quando se utilizam os sistemas de aspersão convencional ou autopropelido e/ou por sulcos. 

O método do tanque Classe A consiste no uso de um tanque de aço inoxidável ou galvanizado, com 121,9 cm de diâmetro interno e 25,4 cm de profundidade, e que deve ser cheio d'água até 5 cm da borda superior. Não se deve permitir variação do nível da água maior do que 2,5 cm. Como os processos de evaporação da água livre no tanque (Ev) e a evapotranspiração da cultura (Etc) são semelhantes apenas nos seus aspectos físicos, devem ser considerados dois coeficientes, Kp (coeficiente do tanque Classe A) e Kc (coeficiente da cultura), para converter Ev em Etc, segundo a equação:


Etc = Ev x Kp x Kc

Assim, o quando irrigar corresponde ao momento em que a soma dos valores de evaporação de tanque, multiplicados pelos coeficientes, alcançar o valor da lâmina líquida de irrigação, previamente determinada, a ser aplicada a cultura.


O rendimento do feijoeiro é bastante afetado pela condição hídrica do solo. Deficiência ou excesso de água, nos diferentes estádios da cultura, causam redução na produtividade em proporções variadas. Os efeitos do déficit hídrico iniciam-se quando a taxa de evapotranspiração supera a taxa de absorção de água pelas raízes e sua transmissão para as partes aéreas da planta. O déficit hídrico está associado, portanto, à redução progressiva da água no solo, acompanhando a profundidade radicular. Quanto maior a redução, mais severo será o déficit. Assim, para a obtenção de altas produtividades do feijoeiro deve-se evitar tanto o déficit quanto o excesso de água no solo em qualquer fase do ciclo da cultura. O feijoeiro pode ser irrigado por vários métodos de irrigação, como: sulcos, subirrigação e, principalmente, aspersão. Na região noroeste de Minas Gerais predomina a irrigação por aspersão, no sistema pivô central.

O manejo adequado da irrigação na cultura do feijoeiro consiste em fornecer água ao solo no momento oportuno (quando irrigar) e na quantidade suficiente (quanto irrigar) para atender à necessidade hídrica da planta, a qual varia com a cultivar, a população de plantas, o sistema de manejo do solo e as condições climáticas locais.


Quando irrigar


O momento certo de irrigar pode ser determinado pelo método do tensiômetro ou pelo método do Tanque Classe A.


Método do tensiômetro


Constituição do tensiômetro - O tensiômetro é um instrumento constituído por um tubo plástico, de comprimento variável, em cuja extremidade inferior há uma cápsula de porcelana porosa. É fechado hermeticamente na extremidade superior, onde se encontra um manômetro de mercúrio ou um vacuômetro metálico tipo Bourdon, como elemento indicador do vácuo existente dentro do aparelho, quando em operação. Com o auxílio de transdutor de pressão, é possível fazer as leituras da tensão da água do solo diretamente nos tensiômetros, puncionando, por meio de uma agulha especial, uma rolha de borracha siliconada. O vacuômetro metálico é calibrado geralmente em centibar ou em mmHg (milímetro de mercúrio), mas os valores de tensão podem ser dados também em centímetros de água, bar e Pascal (Pa), de acordo com as relações:

1 atm = 76 cm Hg = 1033 cm H2O = 1,013 bar = 101,3 kPa
Interpretação das leituras - O tensiômetro mede diretamente a tensão da água e, indiretamente, a porcentagem de água do solo. Valores baixos indicam solo úmido, e altos, solo seco. Para o feijão, a leitura de 0-0,1 bar (0-10 kPa) é indicativo de solo muito úmido para a cultura. Leituras entre 0,1 bar e 0,3-0,4 bar (10 kPa a 30-40 kPa) representam condições ideais de água e arejamento do solo. Quando a leitura ultrapassa 0,4 bar (40 kPa) significa que a água começa a tornar-se limitante para a cultura, principalmente em regiões de alta demanda atmosférica.



Posição e profundidades de instalação - O tensiômetro deve ser instalado na lavoura de feijão após a emergência das plantas e depois de três a quatro irrigações, quando o solo já se encontra com umidade suficiente para o funcionamento do instrumento. Deve ser instalado entre as fileiras de plantas de feijão e em duas profundidades, uma a 15 cm e outra a 30 cm, lado a lado, cujo conjunto forma uma bateria. A profundidade é medida a partir da metade da cápsula. A leitura feita pelo tensiômetro a 15 cm de profundidade representa a tensão média de um perfil de solo de 0-30 cm de espessura, o qual engloba a quase totalidade das raízes do feijoeiro. Esse tensiômetro é chamado de tensiômetro de decisão porque indica o momento da irrigação (quando irrigar). Já o tensiômetro instalado a 30 cm, chamado tensiômetro de controle, permite verificar se a irrigação está sendo bem feita, para que não haja excesso ou falta de água. Ao lado da bateria dos tensiômetros, a cerca de 1,0 m de altura, deve-se instalar um pluviômetro, o qual servirá para a coleta da água de irrigação ou da chuva e, também, como referência para localização dos tensiômetros no campo.
Número de baterias e locais de instalação - Devem ser instaladas três baterias de tensiômetros na área irrigada. O posicionamento correto dos tensiômetros em área irrigada por pivô central é mostrado na Figura 1. No sistema pivô central, constitui o instrumento mais prático para indicar o momento da irrigação. Neste sistema, as baterias devem ser instaladas a 4/10, 7/10 e 9/10 do raio do pivô, em linha reta a partir da base. NaFigura 1 pode-se observar que o pivô central, movimentando no sentido da seta, tem a posição de parada/partida sempre antes da linha dos tensiômetros. A parada nessa posição pode ser automática ou manual. Assim, os tensiômetros são os "sinaleiros". O equipamento só é ligado quando o "sinal" abre, ou seja, quando a média das leituras dos tensiômetros de decisão indicar o momento da irrigação.

Valor da leitura para irrigação - Vários trabalhos relatam o valor máximo que a tensão da água no solo pode atingir para que não haja redução na produtividade do feijoeiro. A diferença entre os valores deve-se, principalmente, à profundidade da medição, à demanda atmosférica e à distância de instalação em relação à planta do feijoeiro. É recomendável promover irrigação toda vez que a média das três baterias dos tensiômetros de decisão, instalados a 15 cm de profundidade, alcançar a faixa de 0,3-0,4 bar (30-40 kPa). A irrigação deve ser suspensa quando as folhas da planta de feijão vão se tornando amareladas pelo amadurecimento.
Método do Tanque Classe A 
Esse método, que permite medir a evaporação da água, requer o uso de um tanque em forma circular, de aço inoxidável ou galvanizado, com 121,9 cm de diâmetro interno e 25,4 cm de profundidade, o qual deve ser cheio d'água até 5 cm da borda superior. Na medida da evaporação da água, feita por um micrômetro de gancho ou por outro processo, estão integrados os efeitos da radiação solar, do vento, da temperatura e daumidade relativa do ar, os quais são os mesmos que atuam na planta. Entretanto, pelo fato de os processos de evaporação da água livre no tanque (ECA) e da evapotranspiração da cultura (ETc) serem semelhantes apenas em seus aspectos físicos, para converter ECA em ETc, devem ser considerados o coeficiente do tanque classe A (Kp) e o coeficiente da cultura (Kc), segundo a equação:

ETc = ECA x Kp x Kc (1)
Assim, o indicativo de quando irrigar corresponde ao momento em que a soma dos valores de evaporação do tanque, multiplicados pelos coeficientes, alcançar o valor da lâmina líquida de irrigação, previamente determinada, a ser aplicada a cultura. As avaliações dos coeficientes Kp e Kc constituem a principal dificuldade para o uso desse método. Apresentam-se, na Tabela 1, os valores de Kp, e na Tabela 2 e naTabela 3, os valores de Kc. Como o requerimento de água pelo feijoeiro varia ao longo do ciclo da cultura, observa-se que o Kc acompanha o desenvolvimento da área foliar do dossel, variando de acordo com os fatores que afetam o desenvolvimento da área foliar, como cultivar, população de plantas e sistema de manejo do solo, e com a época de semeadura, devido à variação na demanda evaporativa da atmosfera.
Quanto irrigar
Método da curva de retenção

A curva de retenção é uma curva que relaciona o teor ou o conteúdo de água no solo com a força (tensão) com que ela está retida pelo mesmo (B). É uma propriedade físico-hídrica do solo, determinada em laboratório, preferencialmente com amostras indeformadas, coletadas em anéis apropriados, submetidos a diferentes tensões, com o auxílio de placas porosas, em câmaras de pressão. Obtém-se a curva relacionando o teor de água do solo para diversas tensões, por exemplo: 0,1 bar; 0,3 bar; 0,6 bar; 1,0 bar; 3,0 bar e 15,0 bar (10 kPa; 30 kPa; 60 kPa; 100 kPa; 300 kPa e 1.500 kPa). 

A avaliação da curva de retenção permite uma estimativa rápida da disponibilidade de água no solo para as plantas, na profundidade de solo considerada. Assim, pode-se determinar a quantidade máxima de armazenamento de água ("capacidade de campo"), o armazenamento mínimo (ponto de murchamento) ou o armazenamento em qualquer ponto da curva.
Tabela 1. Coeficiente de correção (Kp) para o tanque classe A.

Exposição A
Tanque circundado por grama
Exposição B
Tanque circundado por solo nu
UR% (média)
UR% (média)
Vento (m/s)
Posição do tanque R*(m)
Baixa <40 font="">Média 40-70%
Alta >70%
Posição
do tanque R*(m)
Baixa <40 font="">
Média
40-70%
Alta <70 font="">
Leve < 2
1
0,55
0,65
0,75
1
0,70
0,80
0,85
10
0,65
0,75
0,85
10
0,60
0,70
0,80
100
0,70
0,80
0,85
100
0,55
0,65
0,75
1000
0,75
0,85
0,85
1000
0,50
0,60
0,70
Moderado 2-5
1
0,50
0,60
0,65
1
0,65
0,75
0,80
10
0,60
0,70
0,75
10
0,55
0,65
0,70
100
0,65
0,75
0,80
100
0,50
0,60
0,65
1000
0,70
0,80
0,80
1000
0,45
0,55
0,60
Forte 5-8
1
0,45
0,50
0,60
1
0,60
0,65
0,70
10
0,65
0,60
0,65
10
0,50
0,55
0,75
100
0,60
0,65
0,75
100
0,45
0,50
0,60
1000
0,65
0,70
0,75
1000
0,40
0,45
0,55
Muito Forte > 8
1
0,40
0,45
0,50
1
0,50
0,60
0,65
10
0,45
0,55
0,60
10
0,45
0,50
0,55
100
0,50
0,60
0,65
100
0,40
0,45
0,50
1000
0,55
0,60
0,65
1000
0,35
0,40
0,45
* Por R, entende-se a menor distância do centro do tanque ao limite da bordadura.
Fonte: Doorenbos & Kassam (1979).

Tabela 2. Coeficientes de cultura (Kc) para três fases do ciclo do feijoeiro, no sistema convencional de plantio.
Fase da cultura
Duração (dias)
Kc
Germinação ao início da floração
35
0,69
Floração
25
1,28
Desenvolvimento de vagens à maturação
20
1,04

Tabela 3. Coeficientes de cultura do feijoeiro, no sistema plantio direto.
Dias após a emergência
Kc
0-14
0,49
15-24
0,69
25-34
0,77
35-44
0,90
45-54
1,06
55-64
0,89
65-74
0,74
75-84
0,48
85-94
0,27



Cálculo da lâmina de irrigação 
A quantidade de água de irrigação (LL) a ser aplicada na cultura do feijão, utilizando-se o método da curva de retenção, é o resultado da diferença entre a quantidade máxima de água (CC) e a quantidade de água existente na tensão para reinício da irrigação (MI), multiplicado pela espessura da camada de solo considerada (PC). Assim:

LL = (CC-MI) x PC (2) 

Na realidade, este resultado nada mais é que o déficit de água existente no solo no momento de reiniciar a irrigação. Na Figura 2, a quantidade máxima de água no solo (CC), equivalente à tensão de 0,1 bar (10 kPa), é igual a 0,28 cm3/cm3. A quantidade de água no momento da irrigação (MI), considerada, no caso, igual a 0,3 bar (30 kPa), é igual a 0,23 cm3/cm3. Tomando-se os dados da Figura 2 para exemplificar o cálculo da lâmina líquida de irrigação (LL) para uma camada de solo de 0-30 cm de profundidade (PC), tem-se:
LL = (0,28 - 0,23) x 30 cm = 1,5 cm = 15 mm 
Logo, toda vez que a média dos tensiômetros de decisão atingir 0,3 bar (30 kPa), a lâmina líquida de água de irrigação (LL) será de 15 mm. Já a lâmina bruta de irrigação (LB) é dada pela seguinte equação:


onde: EA (eficiência de aplicação de água do equipamento) = CUD (coeficiente de uniformidade de distribuição de água do pivô central).
Se, por exemplo, a EA do equipamento de irrigação for igual a 0,83, a lâmina bruta de irrigação será:
Pode-se fazer esse mesmo cálculo quando o momento de irrigação (MI) for igual a 0,4 bar (40 kPa) ou a outro valor qualquer.

É importante esclarecer que, por esse método, o agricultor, dispondo apenas da curva de retenção de água do seu solo, pode conhecer a quantidade de água de irrigação antes mesmo de fazer o plantio do feijão.
Manejo da irrigação em relação às doenças


O manejo adequado da irrigação é um dos fatores mais importantes para minimizar a ocorrência de doenças no feijoeiro irrigado. O sistema de irrigação por aspersão, apesar de ser o mais favorável às doenças, é o mais utilizado. No suprimento de água voltado para o manejo das doenças do feijoeiro devem ser observados alguns cuidados, tais como:

  • manter uniforme o suprimento de água, evitando excesso ou déficit. A freqüência de irrigação deve estar associada ao "tipo" de solo, ao preparo do solo e ao clima, e também ao porte ou hábito da cultivar, à adubação e à densidade de plantio. Maior área foliar, decorrente da densidade de plantio e do porte da planta, dará origem à taxa de transpiração maior e, por conseguinte, a maior suprimento de água. Na maioria das situações, é preferível a irrigação a intervalos maiores com maior quantidade de água que a menores intervalos com menor quantidade de água;
  • observar o estádio de desenvolvimento das plantas. As plantas de feijoeiro, nos seus primeiros estádios de desenvolvimento, incluindo germinação e emergência, são muito suscetíveis, principalmente aos patógenos habitantes do solo. Uma técnica recomendada para minimizar esse problema consiste em irrigar o solo antes da semeadura e fazer o plantio quando a superfície estiver seca. Assim, as plantas germinarão numa condição pouco apropriada aos fungos do solo. Nos locais onde prevalecem solos arenosos e clima quente, uma situação muito favorável à ocorrência do fungo Macrophomina phaseolina, a irrigação deve ser contínua para evitar o secamento da superfície do solo. A irrigação também pode ser reduzida à medida que as plantas iniciam o estádio de maturação fisiológica e senescência, tanto pela menor exigência natural de água quanto para minimizar os efeitos das doenças foliares que são freqüentes nos tecidos mais velhos;
  • minimizar as horas de umidade nas folhas. A irrigação durante a noite, quando possível, é preferível, por coincidir com o período em que as folhas estão naturalmente úmidas pelo orvalho. Quando não for possível irrigar à noite, deve-se evitar a irrigação antes que o orvalho da noite anterior tenha secado, ou planejar seu início em horário que permita a interrupção em tempo suficiente para que as folhas sequem antes da formação do orvalho da noite seguinte. Quanto mais longo o período de orvalho, mais tempo os esporos terão para germinar, crescer e completar todo o processo de infecção.






quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Plantio do Feijão



Para se obter sucesso em uma lavoura é importante reunir todas as condições que favoreçam a planta a expressar todo o seu potencial produtivo. 


A escolha da área, a qualidade das sementes e a operação de semeadura, especialmente no que se refere à época, à profundidade em que as sementes são colocadas, o espaçamento entre fileiras e o número de sementes por metro, são fatores bastante importantes e devem ser levados em consideração. 


O feijoeiro é uma planta com sistema radicular delicado, com sua maior parte concentrada na camada de até 20 cm de profundidade do solo, por isso, deve-se ter um cuidado especial na escolha da área. Solos pesados, compactados, sujeitos a formar crosta na superfície ou ao encharcamento não são adequados para a cultura do feijoeiro, recomendam-se solos friáveis, com boa aeração, de textura areno-argilosa, relativamente profundos e ricos em matéria orgânica e elementos nutritivos.

A semente de boa qualidade permite a formação de lavoura uniforme, maximiza o aproveitamento dos demais insumos utilizados, evita a propagação e diminui as fontes de contaminação de doenças na lavoura, reduz a disseminação de plantas nocivas e a agressividade daquelas já presentes no solo. O seu custo corresponde normalmente de 10 a 20% do custo total da lavoura. 


Quanto à semeadura, as épocas recomendadas concentram-se, basicamente, em três períodos, o chamado das "águas", nos meses de setembro a novembro, o da "seca" ou safrinha, de janeiro a março, e o de outono-inverno ou terceira época, nos meses de maio a julho. No plantio de outono-inverno ou terceira época, que só pode ser conduzido em regiões onde o inverno é ameno, sem ocorrência de geadas, como em algumas áreas de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Espírito Santo, o agricultor, via de regra, necessita irrigar a lavoura. Na época da "seca" nem sempre as chuvas são suficientes durante todo o ciclo da cultura, sendo conveniente, neste caso, complementar com irrigação. 

A profundidade de semeadura pode variar conforme o tipo de solo. Em geral recomendam-se de 3-4 cm para solos argilosos ou úmidos e de 5-6 cm para solos arenosos. 

A densidade, ou o número de plantas por unidade de área, é resultado da combinação de espaçamento entre fileiras de plantas e número de plantas por metro de fileira. Espaçamentos de 0,40 a 0,60 m entre fileiras e com 10 a 15 plantas por metro, em geral proporcionam os melhores rendimentos. 

O gasto de sementes varia em função de diferentes fatores: a) espaçamento entre fileiras, b) número de plantas por metro de fileira, c) massa das sementes, e d) poder germinativo. Portanto, considerando esses fatores, verifica-se que ele normalmente varia numa faixa de 45 a 120 kg por hectare.


Introdução


O feijão (Phaseolus vulgaris L.) é um dos mais importantes componentes da dieta alimentar do brasileiro, por ser reconhecidamente uma excelente fonte protéica, além de possuir bom conteúdo de carboidratos, vitaminas, minerais, fibras e compostos fenólicos com ação antioxidante que podem reduzir a incidência de doenças. A maioria das cultivares de feijão apresenta em torno de 25% de proteína, que é rica no aminoácido essencial lisina, mas pobre nos aminoácidos sulfurados. Essa deficiência, contudo, é suprida pelo consumo dessa leguminosa com alguns cereais, especialmente o arroz, o que torna a tradicional dieta brasileira, o arroz com feijão, complementar, no que se refere aos aminoácidos essenciais.


Importância econômica


Além do papel relevante na alimentação do brasileiro, o feijão é um dos produtos agrícolas de maior importância econômico-social, devido principalmente à mão-de-obra empregada durante o ciclo da cultura. Estima-se que são utilizados, somente em Minas Gerais, na cultura do feijão, cerca de 7 milhões de homens por dia-ciclo de produção, envolvendo cerca de 295 mil produtores. 

O Brasil é o maior produtor mundial de feijão, e Minas Gerais, o primeiro maior Estado produtor, respondendo por, aproximadamente, 15% da produção nacional. O cultivo do feijão não irrigado na região sul do Estado ocorre nas safras "das águas", com semeadura em outubro e novembro, e da "seca", com semeadura em fevereiro e março. 

No ano agrícola 2004/2005, a área estimada com feijão "das águas" em Minas Gerais foi de 218,9 mil ha, com uma produção de 251,7 mil t e produtividade média de 1.150 kg ha-1. No mesmo período, na safra da "seca", foram produzidas 175,6 mil t de feijão em 159,6 mil ha, resultando numa produtividade média de 1.100 kg ha-1
O sul de Minas Gerais é a região maior produtora de feijão "das águas" do Estado, sendo responsável por 21,2% da produção. Na safra da "seca", é a segunda maior produtora, respondendo por 16,5% da produção, ficando atrás apenas da região noroeste.
Nas duas safras, "das águas" e da "seca", cerca de 95% dos produtores cultivam o feijão em áreas de 5 ha, no máximo. Nessa região faz-se também o cultivo consorciado, especialmente com a cultura do café e sobretudo na safra "das águas". Já na safra da "seca", o maior porcentual é observado no sistema de cultivo simples ou solteiro. 



quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Produção de Sementes de Feijão



Produção de sementes

Uma semente de qualidade deve ter:
1) pureza genética, que irá expressar-se no potencial produtivo, nas suas características agronômicas, na reação a doenças e pragas, nas características da semente, entre outras;
2) pureza física, determinada pelo grau e tipo de contaminantes presentes no lote;
3) qualidade fisiológica, evidenciada pelo seu potencial em gerar uma nova planta, perfeita e vigorosa, sob condições favoráveis; e
4) bom estado fitossanitário, pois a boa semente não deve veicular patógenos, capazes de afeta negativamente, a emergência e o vigor das plântulas e constituir o inóculo primário para o desenvolvimento de epidemias conseqüente redução no rendimento.
Outro fator importante para o processo produtivo da semente é a descrição da cultivar, que fundamenta sua identidade, resguarda os direitos de seus criadores e, ainda, serve de suporte ao registro da cultivar, às inspeções dos campos de produção, ao processamento, à análise laboratorial e à comercialização.
A escolha da região de produção é de fundamental importância. O Brasil Central, norte de São Paulo, Minas Gerais e zonas do Nordeste brasileiro apresentam clima apropriado para a produção de sementes de feijão de alta qualidade. Já as condições climáticas da Região Sul, com temperaturas mais baixas e alta umidade, exigem dos produtores de sementes a adoção de uma estratégias especiais de manejo e tratamento fitossanitário, para a obtenção de um produto sadio.
Recentemente, nas várzeas tropicais do Estado do Tocantins, durante a entressafra do arroz, o feijoeiro tem sido cultivado utilizando o método de subirrigação. Pela elevação do nível de água nos canais, a água na gleba eleva-se por capilaridade, tornando-se disponível à semente e, mais tarde, às raízes das plantas. Este método, por não apresentar limitações com relação à disseminação de doenças, tem proporcionado excelentes resultados. A irrigação por aspersão favorece a disseminação e o desenvolvimento de doenças da parte aérea e a irrigação por sulco, pode causar o transporte de estruturas de resistência de patógenos (clamidosporas, esclerócios, etc.) de um local para outro. Assim, uma nova alternativa para a obtenção de sementes de alta qualidade sanitária, fisiológica e genética pode ser viabilizada pela produção, em várzeas tropicais, com subirrigação durante o inverno.
A semente genética, cuja produção é de responsabilidade da equipe de melhoramento, deve reproduzir fielmente as características hereditárias da cultivar e estar livre de misturas varietais e de doenças transmissíveis por semente. Dependendo da quantidade inicial de semente genética e da demanda por semente básica pode ser produzida uma classe intermediária, denominada de semente "pré-básica". Esta classe, embora não oficialmente reconhecida na legislação, tem sido utilizada com certa freqüência, visando à obtenção de maior volume de semente básica na multiplicação subseqüente. A necessidade de maior quantidade de semente básica decorre da maior demanda de semente certificada, resultante da recomendação de determinada cultivar ou do aumento da utilização de sementes de outras categorias. Para a obtenção da semente genética, nos lotes de produção de sementes para o segundo ano dos ensaios de valor de cultivo e uso (VCU), que é a última fase de avaliação das linhagens do programa de melhoramento, 100 plantas são selecionadas e colhidas individualmente. A semente proveniente destas plantas é semeada manualmente em linhas de 5m de comprimento, distanciadas de 1m, constituindo um bloco de 100 linhas. Para a obtenção de aproximadamente 2000 kg de semente "pré-básica", é semeado 1 ha, com uma distância entre linhas de 0,7m e uma densidade de plantio de cinco sementes por metro linear. Os blocos devem ser separados com corredores de, no mínimo, 5m de largura. Para a produção da semente básica e demais categorias de semente, regiões com temperaturas mínimas superiores a 17ºC, nos meses de abril a setembro (por exemplo: noroeste de Goiás e Estado do Tocantins), são as mais apropriadas para a obtenção de semente com alta qualidade sanitária.


Qualidade da semente


Qualidade da semente O primeiro passo para se alcançar alta produtividade na cultura do feijoeiro é a utilização de sementes de boa qualidade. A qualidade da semente é expressa pela interação de quatro componentes: genético, físico, fisiológico e sanitário. 

Componente genético: refere-se às características intrínsecas da cultivar, quanto ao seu potencial produtivo, resistência às pragas e doenças, arquitetura da planta e qualidade culinária, entre outras. 
Componente físico: refere-se à pureza do lote e a condição física da semente. A pureza física do lote é prejudicada pela presença de sementes de outras espéciese por substâncias inertes. A condição física envolve o teor de umidade, tamanho, cor, formato e densidade da semente, que devem ser uniformes.
Componente fisiológico: refere-se à longevidade da semente e à sua capacidade de gerar uma planta perfeita e vigorosa, avaliados pelo teste de germinação e vigor. A qualidade fisiológica é influenciada pelo ambiente em que as sementes se formaram e pelas condições de colheita, secagem, beneficiamento e armazenamento. 
Componente sanitário: refere-se à qualidade sanitária, ao efeito deletério provocado pelos microorganismos associados às sementes, desde o campo de produção até o armazenamento. 


Procedência da semente


Ao adquirir sementes para a formação de sua lavoura, o produtor deve ter em mente que a procedência dessa semente é uma credencial das mais importantes, sendo recomendável que, além da análise da sua qualidade física e fisiológica, seja também exigido o boletim de análise sanitária. Isso porque as sementes de feijão, a exemplo do que ocorre com outras culturas, podem transportar e transmitir inúmeros patógenos responsáveis por doenças que causam danos dos mais variados na lavoura, o que, certamente, resulta em prejuízo ao agricultor. Os principais patógenos transmissíveis por sementes e as doenças que causam estão relacionados na Tabela 1. Atenção especial deve ser dada aos patógenos habitantes do solo e que são transmitidos por sementes, como Sclerotinia sclerotiorumFusarium oxysporumFusarium solaniRhizoctonia solani eMacrophomina phaseolina, os quais, uma vez introduzidos e estabelecidos em uma área, têm a sua erradicação praticamente impossibilitada a curto prazo.


Tabela 1. Principais patógenos do feijoeiro transmissíveis pela semente e as doenças que causam.
Patógeno
Doença
Colletotrichum lindemuthianumAntracnose
Phaeoisariopsis griselaMancha-angular
Fusarium oxysporum f. sp. phaseoliMurcha-de-fusarium
Fusarium solani f. sp. phaseoliPodridão-radicular-seca
Alternaria solaniMancha-de-alternária
Thanatephorus cucumerisMela
Macrophomina phaseolinaPodridão-cinzenta-do-caule
Sclerotium rolfsiiPodridão-do-colo
Ascochyta sp Phoma exiguaMancha-de-ascoquita
Rhizoctonia solaniPodridão-radicular
Microbotryum phaseolisCarvão
Colletotrichum dematium truncataSarna
Curtobacterium flaccumfasciens pv. flaccumfasciensMurcha-de-curtobacterium
Xanthomonas axonopodis pv. phaseoliCrestamento-bacteriano-comum
Vírus do mosaico-comum do feijoeiro (BCMV)Mosaico-comum
No caso do fungo Colletotrichum lindemuthianum, agente causal da antracnose, devido ao grande número de raças do patógeno e às perdas que pode causar nas lavouras, não é tolerada a presença de uma semente contaminada sequer nos lotes de sementes (Tabela 2 e Tabela 3).

Tabela 2. Padrões de sementes para a cultura do feijoeiro em Minas Gerais.
Padrão de semente
Índice de tolerância
Básica
C1*
C2*
S1 e S2*
Pureza (% mínima)
98
98
98
98
Sementes cultivadas
Outras cultivares (no máximo por amostra de 1kg)
2
4
6
8
Outras espécies (no máximo por amostra de 1kg)
0
0
1
1
Germinação (% mínima)
70
80
80
80
Semente infestadas (% máxima)
3
3
3
3
Sementes silvestres
Comuns e/ou nocivas (no máximo por amostra)
0
1
1
1
Nocivas proibidas (no máximo por amostra)
0
0
0
0
Sclerotinia sclerotiorum
0
0
0
0
Teste de sanidade padrão
0
0
0
0
Presença de escleródio
0
0
0
0
Teste de sanidade para Colletotrichum lindemuthianum e Fusarium oxysporum f.sp.phaseoli
0
0
0
0
* C1 = semente certificada de primeira geração; C2 = semente certificada de segunda geração; S1 = semente de primeira geração; S2 = semente de segunda geração.



Tabela 3. Padrões de lavoura para a cultura do feijoeiro em Minas Gerais.
Padrão de lavoura
Índice de tolerância
Básica
C1*
C2*
S1 e S2*
Isolamento mínimo de outras cultivares (metros) 
3
3
3
3
Plantas atípicas (no máximo)
1/2.000
1/1.000
2/1.000
3/1.000
Inspeções (no mínimo recomendado)
2
2
2
2
Doenças (% máxima tolerada)
Crestamento bacteriano
0,5
1,0
1,0
3,0
Antracnose na vagem
0,5
1,0
1,0
3,0
Mofo-branco
0
0
0
0
* C1 = semente certificada de primeira geração; C2 = semente certificada de segunda geração; S1 = semente de primeira geração; S2 = semente de segunda geração.
Ainda com relação ao padrão de lavoura, é importante esclarecer que não são aprovadas aquelas que apresentam plantas com crescimento prejudicado, excesso de plantas daninhas – considerando-se tolerável o máximo de 20% da área coberta - ou outras condições que prejudiquem a inspeção do campo. Deve ser feito rigoroso controle de doenças e pragas e, sempre que necessário, o roguing. Na ocorrência de mofo-branco em reboleiras, essas devem ser eliminadas com uma faixa de segurança de, no mínimo, 5 m circundantes; em caso de ocorrência generalizada, a área será condenada.

Tratamento da semente


O tratamento de sementes de feijão com fungicidas é uma medida importante para o controle dos patógenos que são transportados por elas. Vale lembrar que esse tipo de controle não é total, principalmente se o patógeno for transportado na parte interna da semente.

A mistura de fungicida sistêmico com protetor é recomendável para ampliar o leque de patógenos controlados e diminuir o risco de que seja desenvolvida resistência a determinado fungicida.

Escolha da área


Ao escolher o local para produzir sementes deve-se utilizar, preferencialmente, uma área que não tenha sido antes cultivada com feijão e, sempre que possível, em local isolado de outras lavouras dessa leguminosa. O isolamento do campo de produção de sementes é necessário principalmente para diminuir o risco de contaminação do feijoeiro por doenças presentes em lavouras vizinhas. Barreiras físicas, como faixas plantadas com milho, podem ser úteis para melhorar o isolamento da cultura.


Irrigação 


Para produzir sementes de feijão na região sul de Minas Gerais deve-se utilizar, de preferência, o método de irrigação por sulcos. O molhamento da parte aérea das plantas, proporcionado pela irrigação por aspersão ou pivô central, favorece o aparecimento de muitas doenças. Se forem utilizados esses tipos de irrigação, deve-se diminuir o número de regas, mesmo que tal prática venha a reduzir a produtividade. Irrigações pesadas e com maior intervalo entre elas são preferíveis a irrigações leves e freqüentes. Sempre que possível, as irrigações devem ser feitas durante o período noturno e encerradas assim que as vagens mais velhas amarelecerem.


Épocas e densidade de semeadura 


No sul de Minas Gerais, a semeadura do feijão na safra das “águas” deve ser feita de 15 de outubro a 15 de novembro, e na safra da “seca”, de 15 de fevereiro a 15 de março, pois a partir dessa data as chuvas tornam-se escassas. Na terceira safra, a semeadura deve ocorrer a partir de 15 de julho, para evitar geadas durante o florescimento da cultura. Cabe lembrar que essa última safra só é viável quando se utiliza irrigação.

Quanto à densidade de semeadura, deve-se considerar que o uso de maiores espaçamentos entre plantas e, principalmente, entre fileiras, além de ajudar no controle de doenças, facilita as inspeções, o roguing e os tratamentos fitossanitários. Nas lavouras destinadas à produção de sementes recomenda-se o espaçamento entre linhas de 60-70 cm, com 7-10 plantas por metro.

Roguing e controle de plantas daninhas


Para manter a pureza da cultivar deve-se fazer o roguing, operação que prevê a eliminação das plantas que estão fora do padrão durante todo o ciclo da cultura. O roguing é mais eficaz nas fases de florescimento e enchimento de vagens.

Deve-se manter a cultura no limpo durante todo o seu ciclo. A eliminação das plantas daninhas, além de evitar a competição com o feijão, facilita a operação do roguing, elimina possíveis hospedeiros de patógenos e garante a pureza física da semente.

Aplicação de fungicidas e inseticidas 


Nas áreas de produção de sementes, os fungicidas devem ser aplicados preventivamente a partir dos 20 dias após a emergência até próximo à maturação das plantas, para garantir a pureza sanitária das sementes.

Quando necessário, deve-se fazer a aplicação de inseticidas para garantir alta produtividade e controlar possíveis vetores de patógenos.



Colheita e trilha 


A colheita deve ser realizada assim que as folhas estiverem amarelecidas, e as vagens, mais velhas, secas. Na safra “das águas”, a colheita geralmente ocorre no mês de janeiro, podendo coincidir com períodos prolongados de chuva. Nesse caso, sempre que possível, é aconselhável antecipar um pouco a colheita e concluir a secagem do feijão em local arejado e protegido das chuvas. 

A trilha é feita quando o teor de umidade das sementes está em torno de 16%. Para evitar misturas e danos na semente, deve-se utilizar uma trilhadeira previamente limpa e regulada.



Pré-limpeza, secagem e beneficiamento 



Na pré-limpeza das sementes deve-se utilizar o peneirão. 

As sementes devem ser expostas ao sol até que seu teor de umidade atinja 12-13%.
No beneficiamento das sementes deve-se usar máquina de ventilação e peneira e, em seguida, a mesa gravitacional. Não havendo disponibilidade dessas máquinas, deve-se fazer a catação manual das sementes.


Controle de qualidade


Se as sementes não forem usadas logo após a colheita, deve-se fazer o controle de carunchos. 

O teste de sanidade deve ser realizado para confirmar a qualidade da semente produzida.

Fonte: Embrapa





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