quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Beneficiamento da Mamona


 

Beneficiamento

Secagem

A secagem dos frutos após a colheita pode ser natural ou artificial; a natural é recomendada para pequenas produções e é feita expondo-se os frutos ao sol, após o seu desprendimento do cacho, em terreiros de chão batido (Figura 1A), cimentado ou de alvenaria (Figura 1B), colocados em camadas finas e uniformes de 5cm a 10cm de espessura por um período de 4 a 15 dias, dependendo da temperatura, umidade do ar e insolação. Durante o dia recomenda-se fazer o revolvimento várias vezes, para uniformizar a secagem e, à tardinha, antes do sol esfriar, amontoá-los e cobri-los com lona plástica para evitar a umidade da noite. O mesmo procedimento deve ser adotado se houver ameaça de chuva. Para o dimensionamento do terreiro deve-se considerar uma área de aproximadamente 200m2 para a secagem da produção de 1ha de mamona. A secagem artificial é recomendada para produções em áreas superiores a 50ha e consiste na utilização de secador mecânico para a retirada da umidade dos frutos. A temperatura ideal de secagem é de 50 a 550C. Para ambos os sistemas de secagem, a umidade ideal dos frutos é de 10%, quando acontece a deiscência das cápsulas (RIBEIRO FILHO, 1966; CONCEIÇÃO, s.d.; MACÊDO; WAGNER, 1984).


Figura 1.  Exposições dos cachos ao sol. A) chão batido e B) alvenaria.


Descascamento

Os frutos semideiscentes, quando secos, se abrem com facilidade, porém alguns frutos retêm a casca, formando o que denominamos de “marinheiro” ou “dente de alho”. Esses frutos se abrem facilmente, quando secos, se forem batidos com varas ou chicote de borracha (Figura 2). Esse é o procedimento mais usado nos estados do Nordeste, onde a colheita e parte do descascamento são realizados de forma manual.


Figura 2. Detalhe de um chicote com borrachas para o batimento (descascamento) dos frutos da mamona.

Para o descascamento da produção de áreas maiores que 50ha e para cultivares indeiscentes, recomenda-se o uso de descascadores mecânicos.

ro equipamento de que se tem conhecimento, foi o descrito por Mialhe et al. (s.d) o qual era dotado de um mecanismo descascador composto por dois discos metálicos superpostos e axialmente coincidentes, sendo um fixo e outro móvel. O disco superior apresentava diâmetro de 457mm, provido de um orifício central; sua face inferior era revestida de um anel de borracha. Outro disco de igual diâmetro localizava-se logo abaixo do primeiro, na posição horizontal revestido, na face superior, por um anel de borracha de 50,8mm de largura no topo, apresentando um ângulo interno em bisel, de 34o. O disco inferior era acoplado a um eixo vertical dotado de movimento giratório, além de um sistema limpeza, composto de um ventilador axial que produzia uma corrente de ar para a retirada das impurezas e cascas. O esquema da Figura 5 mostra, com detalhes, as características e os componentes do protótipo desenvolvido por Mialhe et al. (s.d.) na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ).

Figura 3. Esquema do protótipo descascador de mamona M1, desenvolvido na ESALQ. Componentes: 1) chassi; 2) moega; 3) disco fixo com borracha especial; 4) disco móvel com borracha especial; 5) eixo vertical; 6) polia de acionamento do eixo vertical; 7) suporte de regulagem do eixo vertical; 8) duto de transporte do jato de ar; 9) ventilador radial para produção do jato de ar; 10) caixa de engrenagens acionada pela TDF do trator.


O funcionamento consiste em se colocar os frutos na moega ou depósito e, daí fluem para os discos de borracha e, ao passarem pela abertura entre eles, sob a ação da força centrífuga produzida pelo disco inferior e o atrito entre as borrachas e o fruto, destaca a casca das sementes que, ao caírem na coluna de ar, são separadas por diferença de densidade. A casca é expulsa pela corrente de ar e as sementes caem em uma bica para armazenamento. Em avaliações sobre o desempenho operacional do protótipo, os resultados mostraram-se bastante satisfatórios, com rendimento entre 1.000kg/h e 1.500 kg/h, com boa eficiência de descascamento e inteiramente adaptado às condições brasileiras, uma vez que o mesmo era acoplável ao trator, com baixo custo, simples manutenção e fácil regulagem (MAMONA... 1967).

A partir deste modelo, vários equipamentos foram desenvolvidos por empresas vinculadas à cadeia produtiva da mamona. A Figura 4 apresenta um descascador de concepção simples, acionado por motor elétrico, com sistema de descasque composto por discos planos de borracha montados em rotor de aço e sistema de separação de cascas por meio de coluna de ar produzida por um ventilador centrífugo. O motor de acionamento é elétrico de 7,5CV, podendo também ser acionado por trator, com transmissão por polias e correias e a estrutura de sustentação e chassi com rodas permitem que o equipamento seja itinerante.




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