terça-feira, 28 de julho de 2020

Adubação nitrogenada, adubação fosfatada e potássica na Mandioca


Adubação nitrogenada, adubação fosfatada e potássica

a) adubação nitrogenada 
A mandioca responde bem à aplicação de adubos orgânicos (estercos, tortas, compostos, adubos verdes e outros), que devem ser preferidos como fonte de nitrogênio. Esses adubos devem ser aplicados na cova, sulco ou a lanço, no plantio ou com alguns dias de antecedência para que ocorra a sua fermentação, como acontece com a torta de mamona. A adubação mineral é recomendada na dose de 40 kg de N/ha, com uréia ou sulfato de amônio. Essa aplicação deve ser efetuada em cobertura ao redor da planta, no período de 30 a 60 dias após a brotação das manivas, com o solo úmido.

b) adubação fosfatada e potássica

A recomendação é efetuada de acordo com a disponibilidade de fósforo e potássio mostrados na análise do solo. O método de análise normalmente utilizado na rotina para determinação desses nutrientes é o método de Mehlich 1, e a interpretação dos resultados da análise para fósforo é efetuada de acordo com o teor de argila do solo, conforme sugerido na Tabela 2.

Para a cultura da mandioca recomenda-se a adubação no sulco de plantio conforme a Tabela 3. Nessa recomendação não está prevista a adubação corretiva e utiliza-se, portanto, uma adubação de manutenção maior no sulco de plantio. O superfosfato simples e o superfosfato triplo são os adubos fosfatados mais utilizados, sendo que o superfosfato simples tem a vantagem de conter também cerca de 12% de enxofre na sua composição, nutriente que será fornecido juntamente com o fósforo. Para adubação potássica utiliza-se o cloreto de potássio. Normalmente utilizam-se formulações que contêm o fósforo e o potássio para suprimento desses nutrientes, ajustando-se o volume aplicado para que forneça os nutrientes em quantidades próximas às recomendadas.


Tabela 2. Interpretação dos resultados da disponibilidade de fósforo e potássio, extraídos pelo método de Mehlich-1.
Classe de disponibilidade 
Fósforo
Potássio
Idade da folha
41-60
21-40
< 20% argila
 mg/dm3
Muito baixa
 0-1
 0-3
 0-5
 0-6
-
Baixa
1,1-2
3,1-6
 5,1-10
 6,1-12
<25 span="">
Média
2,1-3
6,1-8
10,1-14
12,1-18
25-50
Alta
  >3
  >8
   >14
   >18
>50

Tabela 3. Recomendação de adubação fosfatada e potássica no sulco de plantio, de acordo com a disponibilidade dos nutrientes pela análise (Mehlich-1), e com o teor de argila do solo para o fósforo.
Classe de disponibilidade
P2O(kg/ha)
K2O (kg/ha)
>60
41-60
21-40
<20 argila="" span="">
Muito baixa
100
80
70
60
-
Baixa
80
60
50
40
60
Média
60
40
30
30
40

c) Micronutrientes – Os dados de resposta da mandioca aos micronutrientes ainda são escassos. Como referência para interpretação da análise de solo, são apresentados os níveis críticos para culturas anuais na Tabela 4. Para evitar possíveis prejuízos na produção da mandioca, recomenda-se a aplicação preventiva desses micronutrientes no sulco, juntamente com o fósforo e o potássio. A recomendação mencionada na Tabela 4 é equivalente à metade da recomendada para culturas anuais. Nas lavouras com deficiências de zinco e manganês evidenciadas nas folhas, sugere-se pulverizar com uma solução contendo 2 a 4% de sulfato de zinco e de sulfato de manganês.

Tabela 4. Interpretação dos resultados da análise do solo para disponibilidade de boro (B) extraído por água quente, e cobre (Cu), manganês (Mn) e zinco (Zn), extraídos pelo método de Mehlich-1, e recomendação de adubação no solo.
Classe de disponibilidade
B
Cu
Mn
Zn
mg/dm3
Baixa
<0 span="">
<0 span="">
<1 span="">
<1 span="">
Média
0,3-0,5
0,5-0,8
2,0-5,0
1,1-1,6
Alta
>0,5
>0,8
>5,0
>1,6
Recomendação de adubação no sulco (kg/ha)
Baixa
1
1
3
3
Média
0,3
0,3
0,8
0,8

Contribuição da micorriza arbuscular no crescimento da mandioca

Um aspecto importante para a nutrição da mandioca é a contribuição da micorriza arbuscular na eficiência de práticas agronômicas como a calagem e adubação, principalmente da adubação fosfatada. A micorriza é uma associação simbiótica natural entre fungos micorrízicos do solo e as raízes das plantas. O efeito benéfico da micorriza arbuscular ocorre particularmente nas plantas que apresentam um sistema radicular reduzido e pouco ramificado, como a mandioca. As hifas externas do fungo podem estender-se no solo, funcionando como um sistema radicular adicional, e absorver nutrientes de um volume maior de solo, transferindo-os para as raízes colonizadas. Isso é especialmente importante para a absorção de nutrientes com baixa mobilidade no solo, como o fósforo. A mandioca é altamente dependente da micorriza arbuscular e apresenta alta colonização radicular por fungos micorrízicos arbusculares nativos, como por exemplo a espécie Glomus manihotis, que se desenvolve melhor em solos ácidos. A aparente baixa necessidade em fósforo da mandioca cultivada em campo pode ser devido à contribuição da micorriza na maior absorção desse nutriente.

Quando presentes no solo e na planta, os fungos micorrízicos arbusculares alteram a resposta da mandioca à calagem e adubação fosfatada, aumentando a eficiência desses insumos no crescimento das plantas. Esses fungos ocorrem naturalmente nos solos e têm sido demonstrado que a rotação de culturas favorece a sua multiplicação e estimula a formação da micorriza. Culturas anuais como feijão, milho e adubos verdes (mucuna, crotalárias, feijão-de-porco, guandu, girassol, milheto, mamona), assim como forrageiras (estilosantes, andropogon, braquiária), apresentam elevado grau de dependência micorrízica; quando utilizadas em um sistema de rotação elas aumentam a população dos fungos micorrízicos arbusculares e beneficiam os cultivos subseqüentes. Desse modo, o cultivo da mandioca de forma consorciada ou em rotação poderá aumentar a população de fungos micorrízicos arbusculares e, conseqüentemente, a eficiência dos insumos utilizados para correção da acidez e da fertilidade do solo.

Conservação do solo

Dois aspectos devem ser considerados na conservação do solo para o cultivo da mandioca: 1) o solo é pouco protegido contra a erosão, pois o crescimento inicial é muito lento e o espaçamento é amplo, fazendo com que demore a cobrir o solo para protegê-lo das chuvas e enxurradas; e 2) o solo tende ao esgotamento, pois quase tudo que produz (raízes, folhas e manivas) é exportado da área, para produção de farinha, na alimentação humana e animal e como sementes para novos plantios, sendo muito pouco retornando ao solo sob a forma de resíduos.

Primeiramente, deve-se fazer a análise do solo, para aplicar o calcário e os adubos de acordo com as recomendações para a cultura, o que permitirá melhor e mais rápido desenvolvimento das plantas. O preparo do solo e o plantio devem ser feitos em nível (“cortando” as águas). Se o solo necessitar ficar algum tempo sem cultura nenhuma, aguardando a época de plantio mais adequada, por exemplo, recomenda-se o semeio, nesse período, de alguma leguminosa como adubação verde, para incorporar matéria orgânica e nutrientes e melhorar a estrutura do solo. Para evitar ou reduzir o esgotamento dos nutrientes do solo, deve-se proceder a rotação da mandioca com outras culturas, principalmente com leguminosas, como também, quando a mandioca for plantada no sistema de fileiras duplas, utilizar a prática de consórcio com culturas adequadamente como feijão, milho, amendoim etc., pois dessa forma ocorrerá uma melhor cobertura do solo.

Em áreas inclinadas, o consórcio é recomendável para melhorar a cobertura do solo e evitar os efeitos erosivos das chuvas e enxurradas; o plantio de mandioca + milho é mais eficiente do que mandioca + feijão ou mandioca + algodão na proteção contra a erosão. Pode-se também optar pelo plantio em leirão ou camalhões e em nível, pelo excelente controle da erosão que proporciona. Outras práticas conservacionistas recomendadas em áreas inclinadas são as seguintes: a) combinar faixas de plantio de mandioca com faixas de outras culturas (milho, feijão, amendoim etc.), ajudando a melhorar a cobertura do solo e a protegê-lo contra a erosão; b) enleirar em nível os restos culturais, auxiliando a conter as águas e a reduzir os riscos de erosão; c) sempre que houver disponibilidade de resíduos vegetais, cobrir o solo com vegetação morta, que protege o solo contra a erosão, incorpora matéria orgânica e conserva por mais tempo a umidade do solo; d) usar capinas alternadas, ou seja, capinar uma linha de mandioca e deixar a seguinte sem capinar, até chegar-se ao final da área, para que o solo não fique descoberto e desprotegido contra o escoamento das águas; depois de uma ou duas semanas, retorna-se capinando aquelas linhas que ficaram para trás; e e) utilizar plantas de crescimento denso, como o capim vetiver, por exemplo, para formar linhas de vegetação cerrada que quebram a velocidade das águas, quando implantadas em curvas de nível no meio do plantio da mandioca.

As práticas conservacionistas mencionadas (preparo do solo e plantio em nível, rotação e consorciação, culturas em faixas e em nível, enleiramento em nível dos restos culturais, capinas alternadas etc.) são eficientes por si só em áreas com declividade de até 3%. Daí em diante, além de tais medidas, deve-se recorrer às práticas mecânicas de conservação do solo (terraços e canais escoadouros), que são mais onerosas que as anteriores e, por isso, somente utilizadas em condições extremas de riscos de erosão.




sábado, 11 de julho de 2020

Clima e Solos para Mandioca



Clima

A mandioca é cultivada entre 30 graus de latitudes Norte e Sul, embora sua concentração de plantio esteja entre as latitudes 15oN e 15oS. Suporta altitudes que variam desde o nível do mar até cerca de 2.300 metros, sendo regiões baixas ou com altitude de até 600 a 800 metros as mais favoráveis.

A faixa ideal de temperatura situa-se entre 20 a 27oC (média anual). As temperaturas baixas, em torno de 15oC, retardam a germinação e diminuem ou mesmo paralisam sua atividade vegetativa, entrando em fase de repouso.

A faixa mais adequada de chuva é entre 1.000 a 1.500 mm/ano, bem distribuídos. Em regiões tropicais, a mandioca produz em locais com índices de até 4.000 mm/ano, sem estação seca em nenhum período do ano; nesse caso, é importante que os solos sejam bem drenados, pois o encharcamento favorece a podridão de raízes. É também muito cultivada em regiões semi-áridas, com 500 a 700 mm de chuva por ano ou menos; nessas condições, é importante adequar a época de plantio, para que não ocorra deficiência de água nos primeiros cinco meses de cultivo, o que prejudica a produção; a deficiência de água após os primeiros cinco meses de cultivo, quando as plantas já formaram suas raízes de reserva, não causa maiores reduções na produção.

O período de luz ideal está em torno de 12 horas/dia. Dias com períodos de luz mais longos favorecem o crescimento de parte aérea e reduzem o desenvolvimento das raízes de reserva, enquanto que os períodos diários de luz mais curtos promovem o crescimento das raízes de reserva e reduzem o desenvolvimento dos ramos.

Solos

Como o principal produto da mandioca são as raízes, ela necessita de solos profundos e friáveis (soltos), sendo ideais os solos arenosos ou de textura média, por possibilitarem um fácil crescimento das raízes, pela boa drenagem e pela facilidade de colheita. Os solos muito argilosos devem ser evitados, pois são mais compactos, dificultando o crescimento das raízes, apresentam maior risco de encharcamento e de apodrecimento das raízes e dificultam a colheita, principalmente se ela coincide com a época seca. Os terrenos de baixada, com topografia plana e sujeitos a encharcamentos periódicos, são também inadequados para o cultivo da mandioca, por provocarem um pequeno desenvolvimento das plantas e o apodrecimento das raízes. É importante observar o solo em profundidade, pois a presença de uma camada argilosa ou compactada imediatamente abaixo da camada arável pode limitar o crescimento das raízes, além de prejudicar a drenagem e a aeração do solo.

Com relação à topografia, deve-se buscar terrenos planos ou levemente ondulados, com declividade menor que 5%, podendo ir até 10%. Em ambos os casos, deve-se utilizar práticas conservacionistas do solo, pois os plantios de mandioca estão sujeitos a acentuadas perdas de solo e água por erosão.

A faixa favorável de pH é de 5,5 a 7, sendo 6,5 o ideal, embora a mandioca seja menos afetada pela acidez do solo do que outras culturas. Ela produz muito bem em solos de alta fertilidade, embora rendimentos satisfatórios sejam obtidos em solos degradados fisicamente e com baixos teores de nutrientes, onde a maioria dos cultivos tropicais não produziria satisfatoriamente. Os solos de cerrado, desde que melhorados por calagem e adubações oferecem condições ótimas ao cultivo da mandioca.

Preparo do solo

Além do controle do mato, o preparo do solo visa melhorar as suas condições físicas para a brotação das manivas e crescimento das raízes e, conseqüentemente, das partes vegetativas, pelo aumento da aeração e infiltração de água e redução da resistência do solo ao crescimento radicular.

Se for necessário desmatamento e destoca para a instalação do mandiocal, quando feitos mecanicamente deve-se evitar muita movimentação da camada superficial do solo, pela desestruturação que causa compactação, além de remover a matéria orgânica; quando feitos manualmente, no caso de áreas para pequenos plantios, esses problemas são mínimos. Em ambos os casos, deve-se deixar faixas de vegetação natural na área, bem como efetuar o enleiramento em nível (“cortando” as águas) dos restos vegetais que não apresentem valor econômico e que não justifiquem a sua retirada do terreno desmatado.

O preparo do solo deve ser o mínimo possível, apenas o suficiente para a instalação da cultura e para o bom desenvolvimento do sistema radicular, e sempre executado em curvas de nível, orientação esta que também deve ser seguida no plantio. A aração deve ser na profundidade de 40 cm e, 30 dias depois, executadas duas gradagens em sentido cruzado, a segunda em curva de nível, deixando-se o solo bem destorroado para ser sulcado e plantado. Nos plantios em fileiras duplas pode-se executar o preparo do solo apenas nas linhas duplas de plantio. No caso de pequenos produtores, o preparo do solo manual restringe-se à limpeza da área, coveamento e plantio.

Vale lembrar que o solo deve ser revolvido o mínimo possível, devendo ser preparado nem muito úmido e nem muito seco, com umidade suficiente para não levantar poeira e nem aderir aos implementos; além disso, deve-se alternar o tipo de implemento (por exemplo, arado de discos, arado de aiveca etc.) e a profundidade de trabalho, usando máquinas e implementos menos pesados possíveis, acompanhar as curvas de nível do terreno e deixar o máximo de resíduos vegetais na superfície.

Calagem e adubação

A mandioca absorve grandes quantidades de nutrientes e praticamente exporta tudo o que foi absorvido, quase nada retornando ao solo sob a forma de resíduos culturais: as raízes tuberosas são destinadas à produção de farinha, fécula e outros produtos, bem como para a alimentação humana e animal; a parte aérea (manivas e folhas), para novos plantios, alimentação humana e animal. Em média, para uma produção de 25 toneladas de raízes + parte aérea de mandioca por hectare são extraídos 123 kg de N, 27 kg de P, 146 kg de K, 46 kg de Ca e 20 kg de Mg; assim, a ordem decrescente de absorção de nutrientes é a seguinte: K > N > Ca > P > Mg.

Os sintomas de deficiência e de toxidez de nutrientes em mandioca são apresentados na Tabela 1.

No Brasil, de modo geral, não se tem conseguido aumentos acentuados na produção da mandioca pela aplicação de calcário, confirmando a tolerância da cultura à acidez do solo. No entanto, após vários cultivos na mesma área, a planta pode responder à aplicação de calcário, principalmente como suprimento de cálcio e magnésio, que são o terceiro e quinto nutrientes mais absorvidos pela cultura. Nos solos ácidos da Região dos Cerrados tem-se obtidos boas produtividades da mandioca com a aplicação de calcário para elevar a saturação por bases do solo para 25%.

A adubação da mandioca prevê a reposição dos principais nutrientes extraídos pela cultura como cálcio, magnésio, nitrogênio, fósforo e potássio. O cálcio e o magnésio são adicionados em quantidade suficiente com o calcário. Quanto ao nitrogênio, a mandioca tem apresentado respostas pequenas à sua aplicação, em solos com baixos teores de matéria orgânica, embora ele seja o segundo nutriente absorvido em maior quantidade pela planta. Possivelmente, esse fato deve-se à presença de bactérias diazotróficas, fixadoras de nitrogênio atmosférico, no solo da rizosfera, nas raízes absorventes, nas raízes tuberosas e nas manivas da mandioca. Embora o fósforo não seja extraído em grandes quantidades pela mandioca, a resposta da cultura à adubação fosfatada tem sido significativa em solos de Cerrado, com aumentos expressivos de produtividade. Deve-se salientar que os solos brasileiros em geral e, em particular os cultivados com mandioca, normalmente classificados como marginais, são pobres nesse nutriente. O potássio é o nutriente extraído em maior quantidade pela mandioca, sendo que a resposta da cultura à adubação potássica tem sido baixa nos primeiros cultivos, acentuando-se nos cultivos subseqüentes. Os solos cultivados apresentam normalmente teores baixos a médios deste nutriente, que se vai esgotando por meio de cultivos sucessivos na mesma área. Quanto aos micronutrientes, foram realizados poucos estudos com a cultura da mandioca. Nos períodos de grandes estiagens, principalmente no litoral do Nordeste, tem-se observado sintomas de deficiências de zinco e de manganês, denominados de “chapéu-de-palha” e “amarelão”. 

A calagem e adubação em mandioca devem ser definidas em função da análise química do solo, realizada com antecedência, para que haja tempo suficiente para aquisição dos insumos e para sua aplicação. Com a utilização de calcário e fertilizantes, estima-se a obtenção de um rendimento médio de 20 toneladas de raízes por hectare, sendo que a média nacional é de cerca de 13 t/ha. Adicionalmente, deve-se salientar que a eficiência dos corretivos e fertilizantes utilizados, principalmente dos adubos fosfatados, é incrementada por processos biológicos naturais como a micorriza arbuscular.

As recomendações para calagem e adubação para a cultura da mandioca são feitas com base na análise do solo, como se segue:

Calagem

1) Calcular a necessidade de calcário (NC), em toneladas por hectare (t/ha), em função da análise do solo, considerando os teores de cálcio, magnésio e alumínio trocáveis em cmolc/dm3, de acordo com as fórmulas 01 ou 02. Utilizar aquela que recomenda maior quantidade de calcário.

Tabela 1. Sintomas de deficiência e de toxidez de nutrientes em mandioca.
Nutrientes
Sintomas de deficiência
N
crescimento reduzido da planta; em algumas cultivares ocorre amarelecimento uniforme e generalizado das folhas, iniciando nas folhas inferiores e atingindo toda a planta.
P
crescimento reduzido da planta, folhas pequenas, estreitas e com poucos lóbulos, hastes finas; em condições severas ocorre o amarelecimento das folhas inferiores, que se tornam flácidas e necróticas e caem; diferentemente da deficiência de N, as folhas superiores mantêm sua cor verde escura, mas podem ser pequenas e pendentes.
K
crescimento e vigor reduzido da planta, entrenós curtos, pecíolos curtos e folhas pequenas; em deficiência muito severa ocorrem manchas avermelhadas, amarelecimento e necrose dos ápices e bordas das folhas inferiores, que envelhecem prematuramente e caem; necrose e ranhuras finas nos pecíolos e na parte superior das hastes.
Ca
crescimento reduzido da planta; folhas superiores pequenas, com amarelecimento, queima e deformação dos ápices foliares; escassa formação de raízes.
Mg
clorose internerval marcante nas folhas inferiores, iniciando nos ápices ou bordas das folhas e avançando até o centro; em deficiência severa as margens foliares podem tornar-se necróticas; pequena redução na altura da planta.
S
amarelecimento uniforme das folhas superiores, similar ao produzido pela deficiência de N; algumas vezes são observados sintomas similares nas folhas inferiores.
B
altura reduzida da planta, entrenós e pecíolos curtos, folhas jovens verdes escuras, pequenas e disformes, com pecíolos curtos; manchas cinzas, marrons ou avermelhadas nas folhas completamente desenvolvidas; exsudação gomosa cor de café nas hastes e pecíolos; redução do desenvolvimento lateral da raiz.
Cu
deformação e clorose uniforme das folhas superiores; ápices foliares tornam-se necróticos e as margens das folhas dobram-se para cima ou para baixo; pecíolos largos e pendentes nas folhas completamente desenvolvidas; crescimento reduzido da raiz.
Fe
clorose uniforme das folhas superiores e dos pecíolos, os quais se tornam brancos em deficiência severa; inicialmente as nervuras e os pecíolos permanecem verdes, tornando-se de cor amarela-pálida, quase branca; crescimento reduzido da planta; folhas jovens pequenas, porém em formato normal.
Mn
clorose entre as nervuras nas folhas superiores ou intermediárias completamente expandidas; clorose uniforme em deficiência severa; crescimento reduzido da planta; folhas jovens pequenas, porém em formato normal.
Zn
manchas amarelas ou brancas entre as nervuras nas folhas jovens, as quais com o tempo tornam-se cloróticas, com lóbulos muito pequenos e estreitos, podendo crescer agrupadas em roseta; manchas necróticas nas folhas inferiores; crescimento reduzido da planta.

Sintomas de toxidez
Al
redução da altura da planta e do crescimento da raiz; amarelecimento entre as nervuras das folhas velhas sob condições severas.
B
manchas brancas ou marrons nas folhas velhas, especialmente ao longo dos bordos foliares, que posteriormente podem tornar-se necróticas.
Mn
amarelecimento das folhas velhas, com manchas pequenas escuras de cor marrom ou avermelhada ao longo das nervuras; as folhas tornam-se flácidas e pendentes e caem no solo.
Fonte: Howeler (1981)

NC (t/ha) = [2 - (Ca2+ + Mg2+)] x f        
NC (t/ha) = 2 x Al3+
f = 100/PRNT,
 onde f = fator de correção do calcário para PRNT 100%.

2) Calcular a necessidade de calcário (NC), em toneladas por hectare (t/ha), de acordo com a análise do solo, para elevar a saturação por bases do solo para 25%, empregando a fórmula 03. V1 é a saturação por bases existente no solo; S é a soma de bases; T é a CTC do solo a pH 7,0 e o teor de (H + Al) é determinado na análise do solo com acetato de cálcio a pH 7,0.

NC (t/ha) = (25-V1) x (T/100) x f,
onde V1= S/T x100, S= (Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+) e T= S + (H + Al).

Recomenda-se a utilização de calcário dolomítico ou magnesiano, podendo ser utilizada também uma mistura de calcários, desde que seja mantida a relação Ca:Mg no calcário na faixa entre 1:1 a 6:1. O calcário deve ser aplicado a lanço em toda a área, de modo uniforme, e incorporado até a profundidade de 20 cm, com antecedência de um a dois meses do plantio, para dar tempo de reagir no solo. A reação do calcário vai depender da disponibilidade de água no solo.




segunda-feira, 29 de junho de 2020

Cultura da Mandioca: Importância


O Brasil ocupa a segunda posição na produção mundial de mandioca (12,7% do total). Cultivada em todas as regiões, tem papel importante na alimentação humana e animal, como matéria-prima para inúmeros produtos industriais e na geração de emprego e de renda. Estima-se que, nas fases de produção primária e no processamento de farinha e fécula, são gerados um milhão de empregos diretos e que a atividade mandioqueira proporciona receita bruta anual equivalente a 2,5 bilhões de dólares e uma contribuição tributária de 150 milhões de dólares; a produção que é transformada em farinha e fécula gera, respectivamente, receitas equivalentes a 600 milhões e 150 milhões de dólares.

Em função do tipo de raiz a mandioca pode ser classificada em: 1) de “mesa” - é comercializada na forma in natura; e 2) para a indústria, transformada principalmente em farinha, que tem uso essencialmente alimentar, e fécula que, junto com seus produtos derivados, têm competitividade crescente no mercado de amiláceos para a alimentação humana, ou como insumos em diversos ramos industriais tais como o de alimentos embutidos, embalagens, colas, mineração, têxtil e farmacêutica (Fig. 1).

A produção nacional da cultura projetada pela CONAB para 2002 será de 22,6 milhões de toneladas de raízes, numa área plantada de 1,7 milhões de hectares, com rendimento médio de 13,3 t/ha. Dentre os principais estados produtores destacam-se: Pará (17,9%), Bahia (16,7%), Paraná (14,5%), Rio Grande do Sul (5,6%) e Amazonas (4,3%), que respondem por 59% da produção do país. A Região Nordeste sobressai-se com uma participação de 34,7% da produção nacional, porém com rendimento médio de apenas 10,6 t/ha; as demais regiões participam com 25,9% (Norte), 23,0% (Sul), 10,4% (Sudeste) e 6,0% (Centro-Oeste). As Regiões Norte e Nordeste destacam-se como principais consumidoras, sob a forma de farinha. No Sul e Sudeste, com rendimentos médios de 18,8 t/ha e 17,1 t/ha, respectivamente, a maior parte da produção é para a indústria, principalmente no Paraná, São Paulo e Minas Gerais.


Figura 1. Potencialidades de uso do amido no Brasil.

No período de 1975 a 2000, a área plantada com mandioca diminuiu em todo o Brasil, em média 0,7% ao ano, passando de 2,0 milhões de hectares no início do período para 1,7 milhões de hectares, com reflexo de queda na produção de 0,5% ao ano, ou seja, saindo da casa 26,1 milhões para 23,0 milhões de toneladas, nesse mesmo período. A Região do Cerrado, que ocupa 24% do território nacional (Fig. 2), também acompanhou essa mesma tendência, só com queda mais significativa, 1,9% ao ano; portanto, a área cultivada passou de 311.125 hectares, em 1975, para 191.218 hectares, em 2000. Essa retração da área traduziu-se em queda de 2,0% ao ano na produção do Cerrado, ou seja, saiu dos 3,9 milhões de toneladas, em 1975, para 2,4 milhões de toneladas, em 2000. Em 1975, essa região participava com 15% da produção nacional, chegando a apenas 8% em 1996 e passando para a casa dos 10% em 2000. A produtividade da cultura é variável e depende da fertilidade do solo (natural ou com adubação), da variedade cultivada, da idade da cultura, dos tratos culturais, do estado fitossanitário da lavoura. Historicamente, o Brasil tem produzido 12,3 t/ha, e a Região do Cerrado 11,3 t/ha, ou seja, 8% inferior à produtividade nacional.

O consumo per capita mundial de mandioca e derivados, em 1996, foi de 17,4 kg/hab/ano, sendo de 50,6 kg/hab/ano no Brasil. Os países da África destacam-se nesse aspecto; a República Democrática do Congo, República do Congo e Gana apresentaram, respectivamente, valores de 333,2, 281,1 e 247,2 kg/hab/ano.

O mercado internacional da mandioca, sem considerar o comércio interno na União Européia, movimentou até 1993, em média/ano, cerca de 10 milhões de toneladas de produtos derivados ("pellets" e farinha de soja/mandioca), sendo equivalente a mais de 1 bilhão de dólares. A produção brasileira de mandioca é praticamente consumida no mercado interno, com menos de 0,5% da produção nacional sendo exportados nos últimos 10 anos.


Figura 2. Distribuição dos Cerrados, incluídas as áreas de transição com outras formações.


Nos anos de 2000 e 2001, o Brasil exportou, em média, 13,1 milhões de toneladas de fécula de mandioca, produzindo uma receita de 3,3 milhões de dólares. Um total de 79,9% do exportado foi para a Venezuela (31,4%), Argentina (26,8%), Colômbia (10,7%), Uruguai (6,2%) e Estados Unidos (4,8%). De toda a fécula exportada, 6,2% são provenientes da Região do Cerrado. Na forma de raiz de mandioca fresca, resfriada, congelada ou seca, o Brasil exportou em média, nesse período, o equivalente a 361 toneladas e obteve receita da ordem de 195 mil dólares. Os países que mais compram, 79,5% das exportações, são: Reino Unido (40,2%), Estados Unidos (14,0%), França (13,0%) e Japão (12,3%). De toda a raiz exportada, 2,4% tiveram sua procedência da Região do Cerrado: Estados da Bahia e Goiás.

A Região de Cerrados no Brasil, com área de 274 milhões de hectares e características de Savanas, é de fundamental importância para a agricultura brasileira e representa um dos principais centros de dispersão da cultura da mandioca. Tem grande potencial para produção de alimentos, entretanto, seus solos inférteis e a ocorrência de veranicos requerem sistemas de produção adequados, que possibilitem a sua exploração de forma racional e econômica. A mandioca é uma das culturas mais indicadas para a região, devido seu alto potencial de produção, ser de baixo risco, pouco exigente em insumos e tolerantes à acidez e ao alumínio tóxico. Entretanto, alguns problemas básicos relativos aos sistemas de produção tem sido evidenciados. As baixas produtividades da cultura na região são devidas principalmente à utilização de variedades não selecionadas e à ocorrência de pragas e doenças. Por tratar-se de uma cultura de ciclo bianual, a mandioca está sujeita a diversos ataques de insetos e ácaros, alguns classificados como pragas de maior importância que podem causar danos severos à cultura e resultar em perdas no rendimento. Apesar desse potencial, estima-se que, atualmente, cerca de apenas 10% da área plantada e de 10% da produção nacional da mandioca estão localizados na Região dos Cerrados, e com produtividade média de 14 t/ha.





sexta-feira, 12 de junho de 2020

Implantação da Cultura da Mamona


Sistemas diferenciados de cultivo

A mamoneira é explorada no Brasil em dois sistemas distintos de cultivo: isolado (monocultivo) e consorciado. No primeiro se utilizam materiais de porte anão ou baixo e com frutos indeiscentes, enquanto o cultivo consorciado é típico do Semiárido nordestino onde predomina o uso de cultivares de porte médio.

A determinação correta do arranjo de plantas depende das condições do solo, do clima e da cultivar; é uma prática cultural extremamente simples mas que exerce grande impacto sobre a produtividade e sobre diversos aspectos do manejo da cultura, como controle de plantas daninhas, uso de implementos agrícolas e colheita (SEVERINO et al., 2006). 

Cultivo isolado
Para cultivares de porte baixo ou anão, que são mais adequadas às áreas mecanizadas, normalmente utiliza-se espaçamento entre linhas de 0,70m a 1,0 m. O espaçamento entre plantas na linha varia de 0,30m a 1,0 m, dependendo da cultivar. Para o plantio mecanizado, cultivares que suportam altas populações de plantas são mais adequadas, pois facilitam o plantio.

Para cultivares de porte médio, recomendam-se espaçamentos que variam de 1,5 m a 3m entre fileiras e de 0,5m a 1,0 entre plantas.

Cultivo consorciado
Compreende o cultivo de duas ou mais culturas em fileiras distintas, numa mesma área. É uma prática consagrada entre os pequenos agricultores, que utilizam o cultivo simultâneo de diferentes culturas em uma mesma área como estratégia para diversificação da produção e redução de riscos de prejuízos frente a frequente irregularidade climática nas regiões semiáridas.

O sistema consorciado é recomendado para pequenas áreas nas quais os tratos culturais são manuais e feitos com mão de obra familiar.

Nos cultivos de mamoneira consorciada se utilizam cultivares com ciclo longo (200 dias ou maior) e porte médio a alto. A densidade populacional da mamoneira consorciada deve ser inferior a 4.000 plantas/ha, em arranjos espaciais de 3,0m x 1,0m, em fileiras simples, ou 4,0mx0,5m, 4,0mx0,8m e 4,0mx1,0m, conforme solos de baixa, média e alta fertilidade, respectivamente, distribuindo-se de três a cinco linhas intercaladas de feijão (caupi ou comum) ou amendoim.



Conservação e manejo do solo

A adoção de práticas conservacionistas do solo e da água é aspecto essencial na exploração racional da mamoneira. Essa planta apresenta baixo índice de área foliar; e é cultivada com espaçamentos maiores que as principais culturas anuais, deixando o solo onde é cultivada desprotegido, predispondo o mesmo aos agentes erosivos, que são o vento (erosão eólica) e a chuva (erosão hídrica). Além disso, a mamoneira exporta quantidades significativas de nutrientes em colheitas sucessivas, o que pode exaurir boa parte dos nutrientes do solo em sistemas de produção com baixo uso de insumos, o que agrava ainda mais o risco de erosão.

Vários procedimentos podem ser adotados para minimizar o problema de erosão do solo cultivado com a mamoneira. Entre estes procedimentos podem ser citados o aumento da cobertura vegetal, o preparo adequado do solo com plantio em curvas de nível, a adoção do sistema de plantio direto, a rotação de culturas, a consorciação de culturas, o controle de capinas e a calagem e adubação adequadas.

Aumento da cobertura vegetal do solo

A cobertura vegetal ajuda a proteger o solo contra a erosão hídrica, pois evita o impacto direto das gotas de chuva sobre a superfície, o que desagrega o solo, principalmente na fase inicial de desenvolvimento das plantas, quando o índice de área foliar é muito baixo. Além disso, a cobertura vegetal aumenta a rugosidade do terreno, reduzindo a velocidade do escoamento superficial, diminuindo o poder erosivo da água. Quando a água escorre mais lentamente, a infiltração também aumenta.

 Outros benefícios da cobertura vegetal são o aumento matéria orgânica e da atividade dos microorganismos que vivem no solo. O solo coberto também sofre menor variação de temperatura ao longo do dia. Todos estes fatores juntos, favorecem a agregação do solo, melhorando sua estrutura e o tornando menos susceptível à erosão.

Preparo de solo

Para o cultivo da mamona recomenda-se a escolha de solos profundos e bem drenados, sem compactação. No sistema tradicional de produção de mamona, em que são feitas várias arações e gradagens, há grande desagregação do solo.

Assim, quando se adota o sistema convencional de cultivo, recomenda-se que seja feito o preparo reduzido de solo, com operações que permitam a manutenção dos restos culturais na superfície e menor pulverização dos agregados do solo, como a escarificação ou subsolagem. Outra técnica simples é a rotação de implementos de preparo de solo, em que alternam-se periodicamente o uso de implementos de discos e dentes, além de variar também a profundidade do preparo do solo, evitando a formação dos chamados pé de arado ou pé de grade.

Em solos declivosos, o preparo deve ser feito sempre seguindo a marcação das curvas de nível.

Plantio direto

Neste sistema o plantio é realizado sem que haja aração ou gradagem  do solo, sendo a semente colocada no solo não revolvido e o plantio realizado por plantadeiras que abrem um pequeno sulco de profundidade e largura suficientes para garantir boa cobertura e contato da semente com o solo. Neste tipo de sistema, as plantas daninhas precisam ser controladas com herbicidas para evitar as capinas mecânicas que revolvem o solo. O plantio direto consiste de três etapas: 1) colheita e distribuição dos restos da cultura antecessora para formação da palhada; 2) aplicação de herbicidas e 3) plantio. É um sistema muito eficiente no controle da erosão, pois mantém o solo coberto e evita seu revolvimento.

Como culturas para formação de palhada o ideal é que se cultivem espécies que apresentem boa formação de matéria seca e sejam de lenta decomposição no solo, ou seja, especialmente as gramíneas. Podem ser utilizados como cultura de cobertura: milho, sorgo, milheto, braquiária, entre outras. Outra opção interessante é fazer o cultivo de gramíneas em consórcio com leguminosas, visto que as duas espécies possuem sistema radicular com diferentes características e a leguminosa possui a vantagem de fixar nitrogênio no solo. As leguminosas mais recomendadas são crotalária, feijão guandu, feijão caupi, mas ainda existem outras opções.

Com o plantio direto é possível reduzir a erosão em até 70% se comparado ao preparo do solo convencional, no entanto, esta prática para cultura da mamona é ainda pouco utilizada.

Rotação de culturas

A rotação de culturas possibilita aumento da cobertura vegetal por meio de cultivos alternados plantados em épocas que proporcionem maior cobertura do solo em períodos críticos e da produção de resíduos com relação C/N mais elevada alternados com outros de fácil decomposição. Uma vantagem da rotação de culturas é a maior ciclagem de nutrientes no solo, visto que culturas de espécies diferentes possuem diferentes tipos de sistema radicular, e dessa forma absorvem os nutrientes em diferentes profundidades.

Consorciação de culturas

Esta técnica possibilita maior eficiência no uso da terra, maior rendimento por área e melhor cobertura do solo.

É recomendado como estabilizador da produção em regiões sujeitas a riscos climáticos, como no Semiárido do Brasil. Pode tanto proporcionar um rendimento adicional ao produtor como reduzir a chance de insucesso com a implantação de apenas uma cultura.

Normalmente utilizam-se cultivares de mamona de porte médio consorciadas com feijão, amendoim e feijão-caupi.

Controle de capinas

Quando se utiliza o sistema de plantio convencional com aração e gradagem e o controle de plantas daninhas é feito pelo método mecânico, as capinas provocam a movimentação da camada mais superficial do solo em períodos normalmente de maior precipitação pluvial, favorecendo o processo erosivo. Assim, recomenda-se a redução do uso das capinas, devendo as mesmas serem efetuadas somente nas faixas próximas às linha das plantas, com manejo da faixa central das entrelinhas, principalmente quando se utilizam maiores espaçamentos, ou então que as plantas daninhas sejam controladas com o uso de herbicidas.

Calagem e adubação

A correção e adubação adequadas do solo têm efeitos diretos na produção de massa verde das culturas, aumenta o potencial produtivo das plantas e cria um ambiente favorável para o desenvolvimento das raízes. Dessa forma, a cultura se estabelece mais rapidamente e propicia uma melhor cobertura do solo contra os agentes erosivos.

Escolha da área

A mamoneira protege pouco o solo e por isso o seu cultivo deve ser feito em áreas com pouca declividade ou usando um sistema conservacionista como o cultivo mínimo ou plantio direto, a fim de minimizar a erosão. O solo deve ser fértil e/ou devidamente corrigido, profundo e com boa drenagem. Em caso de cultivo em áreas declivosas, as operações de preparo do solo e semeadura devem ser realizadas seguindo o sentido das curvas de nível do terreno.

Semeadura

A mamoneira pode ser semeada tanto de forma manual como mecanizada, sendo mais comum entre os pequenos produtores a semeadura manual.

A semeadura manual pode ser feita em covas ou com o auxílio de uma matraca. Quando a semeadura é feita em covas, as mesmas devem ser abertas com profundidade de 5 a 10 cm, nas quais se pode colocar tanto a semente como o adubo. Para evitar a morte da semente, deve-se ter o cuidado de deixar a semente a pelo menos 5 cm do fertilizante.

Para semeadura mecânica, pode ser utilizada tanto a semeadora de discos horizontais como a de discos verticais ou pneumática (a vácuo). Para o plantio feito com semeadora de discos deve-se observar o tamanho das sementes e verificar sua compatibilidade com o tamanho dos orifícios do disco. As plantadeiras de disco vertical ou pneumáticas têm a vantagem de não ocasionar danos às sementes, uma vez que a semente não atravessa o disco, além de não necessitar de uniformidade no tamanho da semente para o plantio. A adubação pode ser feita concomitantemente à semeadura, devendo o adubo ser colocado ao lado e abaixo da semente.

Época de semeadura

A ausência ou excesso de chuvas no período de floração e frutificação são prejudiciais à mamoneira, podendo reduzir a produtividade. Assim, deve-se planejar a semeadura de forma que a planta tenha água disponível durante grande parte do ciclo.

Em regiões com alta precipitação, o cultivo da mamoneira na época das chuvas pode se tornar inviável por causa da ocorrência do mofo cinzento, recomendando-se seu cultivo na época em que a floração não coincida com elevada precipitação. Entretanto quando as chuvas de uma região aproximam-se do mínimo exigido (500 mm), o ideal é efetuar a semeadura no inicio da estação chuvosa, para maximizar o aproveitamento hídrico.

Desbaste

Quando é feito o plantio manual ou com matraca, é necessário que se faça o desbaste, o qual consiste na eliminação do excesso de plantas nas covas e tem por finalidade obter uma população de plantas adequada. Recomenda-se deixar apenas uma planta por cova.

População de plantas: espaçamento e densidade de semeadura

A definição da população de plantas de uma lavoura depende de fatores ambientais, fatores ligados ao manejo cultural e ao porte da cultivar escolhida para semeadura. Na mamoneira, a população ótima é variável e depende do porte do material utilizado, da fertilidade do solo, da opção pelo uso de consórcio e da necessidade de animais ou máquinas utilizadas no controle de plantas daninhas.

Para cultivares de porte médio, recomenda-se um espaçamento entre 2m e 3 m na entre linha, e um metro entre plantas dentro da linha de plantio, sendo que o espaçamento mais estreito poderá proporcionar maior produtividade se houver boa disponibilidade de água. Esse espaçamento também possibilita o cultivo da entrelinha com cultivadores mecânicos ou o consórcio com culturas alimentares de baixo porte.

Nas cultivares de porte baixo e anão, a definição da população de plantas é mais complexa, envolvendo além da disponibilidade de água, a fertilidade do solo e a ocorrência de plantas daninhas, pragas e doenças. Esses genótipos apresentam grande variação no hábito de crescimento e na resposta às condições ambientais. Elevada densidade populacional induz o crescimento excessivo em altura e o acamamento das plantas. Densidades baixas facilitam a infestação de plantas daninhas, diminuem a precocidade, favorecem a formação de ramos longos e reduzem a produtividade da cultura. Lavouras com cultivares que apresentam baixo porte, que são mais adequados às áreas mecanizadas, normalmente são feitos utilizando-se plantadeiras de milho com espaçamento entre linhas de 0,70 a 1,0 metro.  O espaçamento entre plantas na linha varia de 0,30 a 1,0 m, dependendo da cultivar. Para o plantio mecanizado, cultivares que suportam altas populações de plantas são mais adequadas, pois facilitam o plantio.



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