sábado, 11 de julho de 2020

Clima e Solos para Mandioca



Clima

A mandioca é cultivada entre 30 graus de latitudes Norte e Sul, embora sua concentração de plantio esteja entre as latitudes 15oN e 15oS. Suporta altitudes que variam desde o nível do mar até cerca de 2.300 metros, sendo regiões baixas ou com altitude de até 600 a 800 metros as mais favoráveis.

A faixa ideal de temperatura situa-se entre 20 a 27oC (média anual). As temperaturas baixas, em torno de 15oC, retardam a germinação e diminuem ou mesmo paralisam sua atividade vegetativa, entrando em fase de repouso.

A faixa mais adequada de chuva é entre 1.000 a 1.500 mm/ano, bem distribuídos. Em regiões tropicais, a mandioca produz em locais com índices de até 4.000 mm/ano, sem estação seca em nenhum período do ano; nesse caso, é importante que os solos sejam bem drenados, pois o encharcamento favorece a podridão de raízes. É também muito cultivada em regiões semi-áridas, com 500 a 700 mm de chuva por ano ou menos; nessas condições, é importante adequar a época de plantio, para que não ocorra deficiência de água nos primeiros cinco meses de cultivo, o que prejudica a produção; a deficiência de água após os primeiros cinco meses de cultivo, quando as plantas já formaram suas raízes de reserva, não causa maiores reduções na produção.

O período de luz ideal está em torno de 12 horas/dia. Dias com períodos de luz mais longos favorecem o crescimento de parte aérea e reduzem o desenvolvimento das raízes de reserva, enquanto que os períodos diários de luz mais curtos promovem o crescimento das raízes de reserva e reduzem o desenvolvimento dos ramos.

Solos

Como o principal produto da mandioca são as raízes, ela necessita de solos profundos e friáveis (soltos), sendo ideais os solos arenosos ou de textura média, por possibilitarem um fácil crescimento das raízes, pela boa drenagem e pela facilidade de colheita. Os solos muito argilosos devem ser evitados, pois são mais compactos, dificultando o crescimento das raízes, apresentam maior risco de encharcamento e de apodrecimento das raízes e dificultam a colheita, principalmente se ela coincide com a época seca. Os terrenos de baixada, com topografia plana e sujeitos a encharcamentos periódicos, são também inadequados para o cultivo da mandioca, por provocarem um pequeno desenvolvimento das plantas e o apodrecimento das raízes. É importante observar o solo em profundidade, pois a presença de uma camada argilosa ou compactada imediatamente abaixo da camada arável pode limitar o crescimento das raízes, além de prejudicar a drenagem e a aeração do solo.

Com relação à topografia, deve-se buscar terrenos planos ou levemente ondulados, com declividade menor que 5%, podendo ir até 10%. Em ambos os casos, deve-se utilizar práticas conservacionistas do solo, pois os plantios de mandioca estão sujeitos a acentuadas perdas de solo e água por erosão.

A faixa favorável de pH é de 5,5 a 7, sendo 6,5 o ideal, embora a mandioca seja menos afetada pela acidez do solo do que outras culturas. Ela produz muito bem em solos de alta fertilidade, embora rendimentos satisfatórios sejam obtidos em solos degradados fisicamente e com baixos teores de nutrientes, onde a maioria dos cultivos tropicais não produziria satisfatoriamente. Os solos de cerrado, desde que melhorados por calagem e adubações oferecem condições ótimas ao cultivo da mandioca.

Preparo do solo

Além do controle do mato, o preparo do solo visa melhorar as suas condições físicas para a brotação das manivas e crescimento das raízes e, conseqüentemente, das partes vegetativas, pelo aumento da aeração e infiltração de água e redução da resistência do solo ao crescimento radicular.

Se for necessário desmatamento e destoca para a instalação do mandiocal, quando feitos mecanicamente deve-se evitar muita movimentação da camada superficial do solo, pela desestruturação que causa compactação, além de remover a matéria orgânica; quando feitos manualmente, no caso de áreas para pequenos plantios, esses problemas são mínimos. Em ambos os casos, deve-se deixar faixas de vegetação natural na área, bem como efetuar o enleiramento em nível (“cortando” as águas) dos restos vegetais que não apresentem valor econômico e que não justifiquem a sua retirada do terreno desmatado.

O preparo do solo deve ser o mínimo possível, apenas o suficiente para a instalação da cultura e para o bom desenvolvimento do sistema radicular, e sempre executado em curvas de nível, orientação esta que também deve ser seguida no plantio. A aração deve ser na profundidade de 40 cm e, 30 dias depois, executadas duas gradagens em sentido cruzado, a segunda em curva de nível, deixando-se o solo bem destorroado para ser sulcado e plantado. Nos plantios em fileiras duplas pode-se executar o preparo do solo apenas nas linhas duplas de plantio. No caso de pequenos produtores, o preparo do solo manual restringe-se à limpeza da área, coveamento e plantio.

Vale lembrar que o solo deve ser revolvido o mínimo possível, devendo ser preparado nem muito úmido e nem muito seco, com umidade suficiente para não levantar poeira e nem aderir aos implementos; além disso, deve-se alternar o tipo de implemento (por exemplo, arado de discos, arado de aiveca etc.) e a profundidade de trabalho, usando máquinas e implementos menos pesados possíveis, acompanhar as curvas de nível do terreno e deixar o máximo de resíduos vegetais na superfície.

Calagem e adubação

A mandioca absorve grandes quantidades de nutrientes e praticamente exporta tudo o que foi absorvido, quase nada retornando ao solo sob a forma de resíduos culturais: as raízes tuberosas são destinadas à produção de farinha, fécula e outros produtos, bem como para a alimentação humana e animal; a parte aérea (manivas e folhas), para novos plantios, alimentação humana e animal. Em média, para uma produção de 25 toneladas de raízes + parte aérea de mandioca por hectare são extraídos 123 kg de N, 27 kg de P, 146 kg de K, 46 kg de Ca e 20 kg de Mg; assim, a ordem decrescente de absorção de nutrientes é a seguinte: K > N > Ca > P > Mg.

Os sintomas de deficiência e de toxidez de nutrientes em mandioca são apresentados na Tabela 1.

No Brasil, de modo geral, não se tem conseguido aumentos acentuados na produção da mandioca pela aplicação de calcário, confirmando a tolerância da cultura à acidez do solo. No entanto, após vários cultivos na mesma área, a planta pode responder à aplicação de calcário, principalmente como suprimento de cálcio e magnésio, que são o terceiro e quinto nutrientes mais absorvidos pela cultura. Nos solos ácidos da Região dos Cerrados tem-se obtidos boas produtividades da mandioca com a aplicação de calcário para elevar a saturação por bases do solo para 25%.

A adubação da mandioca prevê a reposição dos principais nutrientes extraídos pela cultura como cálcio, magnésio, nitrogênio, fósforo e potássio. O cálcio e o magnésio são adicionados em quantidade suficiente com o calcário. Quanto ao nitrogênio, a mandioca tem apresentado respostas pequenas à sua aplicação, em solos com baixos teores de matéria orgânica, embora ele seja o segundo nutriente absorvido em maior quantidade pela planta. Possivelmente, esse fato deve-se à presença de bactérias diazotróficas, fixadoras de nitrogênio atmosférico, no solo da rizosfera, nas raízes absorventes, nas raízes tuberosas e nas manivas da mandioca. Embora o fósforo não seja extraído em grandes quantidades pela mandioca, a resposta da cultura à adubação fosfatada tem sido significativa em solos de Cerrado, com aumentos expressivos de produtividade. Deve-se salientar que os solos brasileiros em geral e, em particular os cultivados com mandioca, normalmente classificados como marginais, são pobres nesse nutriente. O potássio é o nutriente extraído em maior quantidade pela mandioca, sendo que a resposta da cultura à adubação potássica tem sido baixa nos primeiros cultivos, acentuando-se nos cultivos subseqüentes. Os solos cultivados apresentam normalmente teores baixos a médios deste nutriente, que se vai esgotando por meio de cultivos sucessivos na mesma área. Quanto aos micronutrientes, foram realizados poucos estudos com a cultura da mandioca. Nos períodos de grandes estiagens, principalmente no litoral do Nordeste, tem-se observado sintomas de deficiências de zinco e de manganês, denominados de “chapéu-de-palha” e “amarelão”. 

A calagem e adubação em mandioca devem ser definidas em função da análise química do solo, realizada com antecedência, para que haja tempo suficiente para aquisição dos insumos e para sua aplicação. Com a utilização de calcário e fertilizantes, estima-se a obtenção de um rendimento médio de 20 toneladas de raízes por hectare, sendo que a média nacional é de cerca de 13 t/ha. Adicionalmente, deve-se salientar que a eficiência dos corretivos e fertilizantes utilizados, principalmente dos adubos fosfatados, é incrementada por processos biológicos naturais como a micorriza arbuscular.

As recomendações para calagem e adubação para a cultura da mandioca são feitas com base na análise do solo, como se segue:

Calagem

1) Calcular a necessidade de calcário (NC), em toneladas por hectare (t/ha), em função da análise do solo, considerando os teores de cálcio, magnésio e alumínio trocáveis em cmolc/dm3, de acordo com as fórmulas 01 ou 02. Utilizar aquela que recomenda maior quantidade de calcário.

Tabela 1. Sintomas de deficiência e de toxidez de nutrientes em mandioca.
Nutrientes
Sintomas de deficiência
N
crescimento reduzido da planta; em algumas cultivares ocorre amarelecimento uniforme e generalizado das folhas, iniciando nas folhas inferiores e atingindo toda a planta.
P
crescimento reduzido da planta, folhas pequenas, estreitas e com poucos lóbulos, hastes finas; em condições severas ocorre o amarelecimento das folhas inferiores, que se tornam flácidas e necróticas e caem; diferentemente da deficiência de N, as folhas superiores mantêm sua cor verde escura, mas podem ser pequenas e pendentes.
K
crescimento e vigor reduzido da planta, entrenós curtos, pecíolos curtos e folhas pequenas; em deficiência muito severa ocorrem manchas avermelhadas, amarelecimento e necrose dos ápices e bordas das folhas inferiores, que envelhecem prematuramente e caem; necrose e ranhuras finas nos pecíolos e na parte superior das hastes.
Ca
crescimento reduzido da planta; folhas superiores pequenas, com amarelecimento, queima e deformação dos ápices foliares; escassa formação de raízes.
Mg
clorose internerval marcante nas folhas inferiores, iniciando nos ápices ou bordas das folhas e avançando até o centro; em deficiência severa as margens foliares podem tornar-se necróticas; pequena redução na altura da planta.
S
amarelecimento uniforme das folhas superiores, similar ao produzido pela deficiência de N; algumas vezes são observados sintomas similares nas folhas inferiores.
B
altura reduzida da planta, entrenós e pecíolos curtos, folhas jovens verdes escuras, pequenas e disformes, com pecíolos curtos; manchas cinzas, marrons ou avermelhadas nas folhas completamente desenvolvidas; exsudação gomosa cor de café nas hastes e pecíolos; redução do desenvolvimento lateral da raiz.
Cu
deformação e clorose uniforme das folhas superiores; ápices foliares tornam-se necróticos e as margens das folhas dobram-se para cima ou para baixo; pecíolos largos e pendentes nas folhas completamente desenvolvidas; crescimento reduzido da raiz.
Fe
clorose uniforme das folhas superiores e dos pecíolos, os quais se tornam brancos em deficiência severa; inicialmente as nervuras e os pecíolos permanecem verdes, tornando-se de cor amarela-pálida, quase branca; crescimento reduzido da planta; folhas jovens pequenas, porém em formato normal.
Mn
clorose entre as nervuras nas folhas superiores ou intermediárias completamente expandidas; clorose uniforme em deficiência severa; crescimento reduzido da planta; folhas jovens pequenas, porém em formato normal.
Zn
manchas amarelas ou brancas entre as nervuras nas folhas jovens, as quais com o tempo tornam-se cloróticas, com lóbulos muito pequenos e estreitos, podendo crescer agrupadas em roseta; manchas necróticas nas folhas inferiores; crescimento reduzido da planta.

Sintomas de toxidez
Al
redução da altura da planta e do crescimento da raiz; amarelecimento entre as nervuras das folhas velhas sob condições severas.
B
manchas brancas ou marrons nas folhas velhas, especialmente ao longo dos bordos foliares, que posteriormente podem tornar-se necróticas.
Mn
amarelecimento das folhas velhas, com manchas pequenas escuras de cor marrom ou avermelhada ao longo das nervuras; as folhas tornam-se flácidas e pendentes e caem no solo.
Fonte: Howeler (1981)

NC (t/ha) = [2 - (Ca2+ + Mg2+)] x f        
NC (t/ha) = 2 x Al3+
f = 100/PRNT,
 onde f = fator de correção do calcário para PRNT 100%.

2) Calcular a necessidade de calcário (NC), em toneladas por hectare (t/ha), de acordo com a análise do solo, para elevar a saturação por bases do solo para 25%, empregando a fórmula 03. V1 é a saturação por bases existente no solo; S é a soma de bases; T é a CTC do solo a pH 7,0 e o teor de (H + Al) é determinado na análise do solo com acetato de cálcio a pH 7,0.

NC (t/ha) = (25-V1) x (T/100) x f,
onde V1= S/T x100, S= (Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+) e T= S + (H + Al).

Recomenda-se a utilização de calcário dolomítico ou magnesiano, podendo ser utilizada também uma mistura de calcários, desde que seja mantida a relação Ca:Mg no calcário na faixa entre 1:1 a 6:1. O calcário deve ser aplicado a lanço em toda a área, de modo uniforme, e incorporado até a profundidade de 20 cm, com antecedência de um a dois meses do plantio, para dar tempo de reagir no solo. A reação do calcário vai depender da disponibilidade de água no solo.




segunda-feira, 29 de junho de 2020

Cultura da Mandioca: Importância


O Brasil ocupa a segunda posição na produção mundial de mandioca (12,7% do total). Cultivada em todas as regiões, tem papel importante na alimentação humana e animal, como matéria-prima para inúmeros produtos industriais e na geração de emprego e de renda. Estima-se que, nas fases de produção primária e no processamento de farinha e fécula, são gerados um milhão de empregos diretos e que a atividade mandioqueira proporciona receita bruta anual equivalente a 2,5 bilhões de dólares e uma contribuição tributária de 150 milhões de dólares; a produção que é transformada em farinha e fécula gera, respectivamente, receitas equivalentes a 600 milhões e 150 milhões de dólares.

Em função do tipo de raiz a mandioca pode ser classificada em: 1) de “mesa” - é comercializada na forma in natura; e 2) para a indústria, transformada principalmente em farinha, que tem uso essencialmente alimentar, e fécula que, junto com seus produtos derivados, têm competitividade crescente no mercado de amiláceos para a alimentação humana, ou como insumos em diversos ramos industriais tais como o de alimentos embutidos, embalagens, colas, mineração, têxtil e farmacêutica (Fig. 1).

A produção nacional da cultura projetada pela CONAB para 2002 será de 22,6 milhões de toneladas de raízes, numa área plantada de 1,7 milhões de hectares, com rendimento médio de 13,3 t/ha. Dentre os principais estados produtores destacam-se: Pará (17,9%), Bahia (16,7%), Paraná (14,5%), Rio Grande do Sul (5,6%) e Amazonas (4,3%), que respondem por 59% da produção do país. A Região Nordeste sobressai-se com uma participação de 34,7% da produção nacional, porém com rendimento médio de apenas 10,6 t/ha; as demais regiões participam com 25,9% (Norte), 23,0% (Sul), 10,4% (Sudeste) e 6,0% (Centro-Oeste). As Regiões Norte e Nordeste destacam-se como principais consumidoras, sob a forma de farinha. No Sul e Sudeste, com rendimentos médios de 18,8 t/ha e 17,1 t/ha, respectivamente, a maior parte da produção é para a indústria, principalmente no Paraná, São Paulo e Minas Gerais.


Figura 1. Potencialidades de uso do amido no Brasil.

No período de 1975 a 2000, a área plantada com mandioca diminuiu em todo o Brasil, em média 0,7% ao ano, passando de 2,0 milhões de hectares no início do período para 1,7 milhões de hectares, com reflexo de queda na produção de 0,5% ao ano, ou seja, saindo da casa 26,1 milhões para 23,0 milhões de toneladas, nesse mesmo período. A Região do Cerrado, que ocupa 24% do território nacional (Fig. 2), também acompanhou essa mesma tendência, só com queda mais significativa, 1,9% ao ano; portanto, a área cultivada passou de 311.125 hectares, em 1975, para 191.218 hectares, em 2000. Essa retração da área traduziu-se em queda de 2,0% ao ano na produção do Cerrado, ou seja, saiu dos 3,9 milhões de toneladas, em 1975, para 2,4 milhões de toneladas, em 2000. Em 1975, essa região participava com 15% da produção nacional, chegando a apenas 8% em 1996 e passando para a casa dos 10% em 2000. A produtividade da cultura é variável e depende da fertilidade do solo (natural ou com adubação), da variedade cultivada, da idade da cultura, dos tratos culturais, do estado fitossanitário da lavoura. Historicamente, o Brasil tem produzido 12,3 t/ha, e a Região do Cerrado 11,3 t/ha, ou seja, 8% inferior à produtividade nacional.

O consumo per capita mundial de mandioca e derivados, em 1996, foi de 17,4 kg/hab/ano, sendo de 50,6 kg/hab/ano no Brasil. Os países da África destacam-se nesse aspecto; a República Democrática do Congo, República do Congo e Gana apresentaram, respectivamente, valores de 333,2, 281,1 e 247,2 kg/hab/ano.

O mercado internacional da mandioca, sem considerar o comércio interno na União Européia, movimentou até 1993, em média/ano, cerca de 10 milhões de toneladas de produtos derivados ("pellets" e farinha de soja/mandioca), sendo equivalente a mais de 1 bilhão de dólares. A produção brasileira de mandioca é praticamente consumida no mercado interno, com menos de 0,5% da produção nacional sendo exportados nos últimos 10 anos.


Figura 2. Distribuição dos Cerrados, incluídas as áreas de transição com outras formações.


Nos anos de 2000 e 2001, o Brasil exportou, em média, 13,1 milhões de toneladas de fécula de mandioca, produzindo uma receita de 3,3 milhões de dólares. Um total de 79,9% do exportado foi para a Venezuela (31,4%), Argentina (26,8%), Colômbia (10,7%), Uruguai (6,2%) e Estados Unidos (4,8%). De toda a fécula exportada, 6,2% são provenientes da Região do Cerrado. Na forma de raiz de mandioca fresca, resfriada, congelada ou seca, o Brasil exportou em média, nesse período, o equivalente a 361 toneladas e obteve receita da ordem de 195 mil dólares. Os países que mais compram, 79,5% das exportações, são: Reino Unido (40,2%), Estados Unidos (14,0%), França (13,0%) e Japão (12,3%). De toda a raiz exportada, 2,4% tiveram sua procedência da Região do Cerrado: Estados da Bahia e Goiás.

A Região de Cerrados no Brasil, com área de 274 milhões de hectares e características de Savanas, é de fundamental importância para a agricultura brasileira e representa um dos principais centros de dispersão da cultura da mandioca. Tem grande potencial para produção de alimentos, entretanto, seus solos inférteis e a ocorrência de veranicos requerem sistemas de produção adequados, que possibilitem a sua exploração de forma racional e econômica. A mandioca é uma das culturas mais indicadas para a região, devido seu alto potencial de produção, ser de baixo risco, pouco exigente em insumos e tolerantes à acidez e ao alumínio tóxico. Entretanto, alguns problemas básicos relativos aos sistemas de produção tem sido evidenciados. As baixas produtividades da cultura na região são devidas principalmente à utilização de variedades não selecionadas e à ocorrência de pragas e doenças. Por tratar-se de uma cultura de ciclo bianual, a mandioca está sujeita a diversos ataques de insetos e ácaros, alguns classificados como pragas de maior importância que podem causar danos severos à cultura e resultar em perdas no rendimento. Apesar desse potencial, estima-se que, atualmente, cerca de apenas 10% da área plantada e de 10% da produção nacional da mandioca estão localizados na Região dos Cerrados, e com produtividade média de 14 t/ha.





sexta-feira, 12 de junho de 2020

Implantação da Cultura da Mamona


Sistemas diferenciados de cultivo

A mamoneira é explorada no Brasil em dois sistemas distintos de cultivo: isolado (monocultivo) e consorciado. No primeiro se utilizam materiais de porte anão ou baixo e com frutos indeiscentes, enquanto o cultivo consorciado é típico do Semiárido nordestino onde predomina o uso de cultivares de porte médio.

A determinação correta do arranjo de plantas depende das condições do solo, do clima e da cultivar; é uma prática cultural extremamente simples mas que exerce grande impacto sobre a produtividade e sobre diversos aspectos do manejo da cultura, como controle de plantas daninhas, uso de implementos agrícolas e colheita (SEVERINO et al., 2006). 

Cultivo isolado
Para cultivares de porte baixo ou anão, que são mais adequadas às áreas mecanizadas, normalmente utiliza-se espaçamento entre linhas de 0,70m a 1,0 m. O espaçamento entre plantas na linha varia de 0,30m a 1,0 m, dependendo da cultivar. Para o plantio mecanizado, cultivares que suportam altas populações de plantas são mais adequadas, pois facilitam o plantio.

Para cultivares de porte médio, recomendam-se espaçamentos que variam de 1,5 m a 3m entre fileiras e de 0,5m a 1,0 entre plantas.

Cultivo consorciado
Compreende o cultivo de duas ou mais culturas em fileiras distintas, numa mesma área. É uma prática consagrada entre os pequenos agricultores, que utilizam o cultivo simultâneo de diferentes culturas em uma mesma área como estratégia para diversificação da produção e redução de riscos de prejuízos frente a frequente irregularidade climática nas regiões semiáridas.

O sistema consorciado é recomendado para pequenas áreas nas quais os tratos culturais são manuais e feitos com mão de obra familiar.

Nos cultivos de mamoneira consorciada se utilizam cultivares com ciclo longo (200 dias ou maior) e porte médio a alto. A densidade populacional da mamoneira consorciada deve ser inferior a 4.000 plantas/ha, em arranjos espaciais de 3,0m x 1,0m, em fileiras simples, ou 4,0mx0,5m, 4,0mx0,8m e 4,0mx1,0m, conforme solos de baixa, média e alta fertilidade, respectivamente, distribuindo-se de três a cinco linhas intercaladas de feijão (caupi ou comum) ou amendoim.



Conservação e manejo do solo

A adoção de práticas conservacionistas do solo e da água é aspecto essencial na exploração racional da mamoneira. Essa planta apresenta baixo índice de área foliar; e é cultivada com espaçamentos maiores que as principais culturas anuais, deixando o solo onde é cultivada desprotegido, predispondo o mesmo aos agentes erosivos, que são o vento (erosão eólica) e a chuva (erosão hídrica). Além disso, a mamoneira exporta quantidades significativas de nutrientes em colheitas sucessivas, o que pode exaurir boa parte dos nutrientes do solo em sistemas de produção com baixo uso de insumos, o que agrava ainda mais o risco de erosão.

Vários procedimentos podem ser adotados para minimizar o problema de erosão do solo cultivado com a mamoneira. Entre estes procedimentos podem ser citados o aumento da cobertura vegetal, o preparo adequado do solo com plantio em curvas de nível, a adoção do sistema de plantio direto, a rotação de culturas, a consorciação de culturas, o controle de capinas e a calagem e adubação adequadas.

Aumento da cobertura vegetal do solo

A cobertura vegetal ajuda a proteger o solo contra a erosão hídrica, pois evita o impacto direto das gotas de chuva sobre a superfície, o que desagrega o solo, principalmente na fase inicial de desenvolvimento das plantas, quando o índice de área foliar é muito baixo. Além disso, a cobertura vegetal aumenta a rugosidade do terreno, reduzindo a velocidade do escoamento superficial, diminuindo o poder erosivo da água. Quando a água escorre mais lentamente, a infiltração também aumenta.

 Outros benefícios da cobertura vegetal são o aumento matéria orgânica e da atividade dos microorganismos que vivem no solo. O solo coberto também sofre menor variação de temperatura ao longo do dia. Todos estes fatores juntos, favorecem a agregação do solo, melhorando sua estrutura e o tornando menos susceptível à erosão.

Preparo de solo

Para o cultivo da mamona recomenda-se a escolha de solos profundos e bem drenados, sem compactação. No sistema tradicional de produção de mamona, em que são feitas várias arações e gradagens, há grande desagregação do solo.

Assim, quando se adota o sistema convencional de cultivo, recomenda-se que seja feito o preparo reduzido de solo, com operações que permitam a manutenção dos restos culturais na superfície e menor pulverização dos agregados do solo, como a escarificação ou subsolagem. Outra técnica simples é a rotação de implementos de preparo de solo, em que alternam-se periodicamente o uso de implementos de discos e dentes, além de variar também a profundidade do preparo do solo, evitando a formação dos chamados pé de arado ou pé de grade.

Em solos declivosos, o preparo deve ser feito sempre seguindo a marcação das curvas de nível.

Plantio direto

Neste sistema o plantio é realizado sem que haja aração ou gradagem  do solo, sendo a semente colocada no solo não revolvido e o plantio realizado por plantadeiras que abrem um pequeno sulco de profundidade e largura suficientes para garantir boa cobertura e contato da semente com o solo. Neste tipo de sistema, as plantas daninhas precisam ser controladas com herbicidas para evitar as capinas mecânicas que revolvem o solo. O plantio direto consiste de três etapas: 1) colheita e distribuição dos restos da cultura antecessora para formação da palhada; 2) aplicação de herbicidas e 3) plantio. É um sistema muito eficiente no controle da erosão, pois mantém o solo coberto e evita seu revolvimento.

Como culturas para formação de palhada o ideal é que se cultivem espécies que apresentem boa formação de matéria seca e sejam de lenta decomposição no solo, ou seja, especialmente as gramíneas. Podem ser utilizados como cultura de cobertura: milho, sorgo, milheto, braquiária, entre outras. Outra opção interessante é fazer o cultivo de gramíneas em consórcio com leguminosas, visto que as duas espécies possuem sistema radicular com diferentes características e a leguminosa possui a vantagem de fixar nitrogênio no solo. As leguminosas mais recomendadas são crotalária, feijão guandu, feijão caupi, mas ainda existem outras opções.

Com o plantio direto é possível reduzir a erosão em até 70% se comparado ao preparo do solo convencional, no entanto, esta prática para cultura da mamona é ainda pouco utilizada.

Rotação de culturas

A rotação de culturas possibilita aumento da cobertura vegetal por meio de cultivos alternados plantados em épocas que proporcionem maior cobertura do solo em períodos críticos e da produção de resíduos com relação C/N mais elevada alternados com outros de fácil decomposição. Uma vantagem da rotação de culturas é a maior ciclagem de nutrientes no solo, visto que culturas de espécies diferentes possuem diferentes tipos de sistema radicular, e dessa forma absorvem os nutrientes em diferentes profundidades.

Consorciação de culturas

Esta técnica possibilita maior eficiência no uso da terra, maior rendimento por área e melhor cobertura do solo.

É recomendado como estabilizador da produção em regiões sujeitas a riscos climáticos, como no Semiárido do Brasil. Pode tanto proporcionar um rendimento adicional ao produtor como reduzir a chance de insucesso com a implantação de apenas uma cultura.

Normalmente utilizam-se cultivares de mamona de porte médio consorciadas com feijão, amendoim e feijão-caupi.

Controle de capinas

Quando se utiliza o sistema de plantio convencional com aração e gradagem e o controle de plantas daninhas é feito pelo método mecânico, as capinas provocam a movimentação da camada mais superficial do solo em períodos normalmente de maior precipitação pluvial, favorecendo o processo erosivo. Assim, recomenda-se a redução do uso das capinas, devendo as mesmas serem efetuadas somente nas faixas próximas às linha das plantas, com manejo da faixa central das entrelinhas, principalmente quando se utilizam maiores espaçamentos, ou então que as plantas daninhas sejam controladas com o uso de herbicidas.

Calagem e adubação

A correção e adubação adequadas do solo têm efeitos diretos na produção de massa verde das culturas, aumenta o potencial produtivo das plantas e cria um ambiente favorável para o desenvolvimento das raízes. Dessa forma, a cultura se estabelece mais rapidamente e propicia uma melhor cobertura do solo contra os agentes erosivos.

Escolha da área

A mamoneira protege pouco o solo e por isso o seu cultivo deve ser feito em áreas com pouca declividade ou usando um sistema conservacionista como o cultivo mínimo ou plantio direto, a fim de minimizar a erosão. O solo deve ser fértil e/ou devidamente corrigido, profundo e com boa drenagem. Em caso de cultivo em áreas declivosas, as operações de preparo do solo e semeadura devem ser realizadas seguindo o sentido das curvas de nível do terreno.

Semeadura

A mamoneira pode ser semeada tanto de forma manual como mecanizada, sendo mais comum entre os pequenos produtores a semeadura manual.

A semeadura manual pode ser feita em covas ou com o auxílio de uma matraca. Quando a semeadura é feita em covas, as mesmas devem ser abertas com profundidade de 5 a 10 cm, nas quais se pode colocar tanto a semente como o adubo. Para evitar a morte da semente, deve-se ter o cuidado de deixar a semente a pelo menos 5 cm do fertilizante.

Para semeadura mecânica, pode ser utilizada tanto a semeadora de discos horizontais como a de discos verticais ou pneumática (a vácuo). Para o plantio feito com semeadora de discos deve-se observar o tamanho das sementes e verificar sua compatibilidade com o tamanho dos orifícios do disco. As plantadeiras de disco vertical ou pneumáticas têm a vantagem de não ocasionar danos às sementes, uma vez que a semente não atravessa o disco, além de não necessitar de uniformidade no tamanho da semente para o plantio. A adubação pode ser feita concomitantemente à semeadura, devendo o adubo ser colocado ao lado e abaixo da semente.

Época de semeadura

A ausência ou excesso de chuvas no período de floração e frutificação são prejudiciais à mamoneira, podendo reduzir a produtividade. Assim, deve-se planejar a semeadura de forma que a planta tenha água disponível durante grande parte do ciclo.

Em regiões com alta precipitação, o cultivo da mamoneira na época das chuvas pode se tornar inviável por causa da ocorrência do mofo cinzento, recomendando-se seu cultivo na época em que a floração não coincida com elevada precipitação. Entretanto quando as chuvas de uma região aproximam-se do mínimo exigido (500 mm), o ideal é efetuar a semeadura no inicio da estação chuvosa, para maximizar o aproveitamento hídrico.

Desbaste

Quando é feito o plantio manual ou com matraca, é necessário que se faça o desbaste, o qual consiste na eliminação do excesso de plantas nas covas e tem por finalidade obter uma população de plantas adequada. Recomenda-se deixar apenas uma planta por cova.

População de plantas: espaçamento e densidade de semeadura

A definição da população de plantas de uma lavoura depende de fatores ambientais, fatores ligados ao manejo cultural e ao porte da cultivar escolhida para semeadura. Na mamoneira, a população ótima é variável e depende do porte do material utilizado, da fertilidade do solo, da opção pelo uso de consórcio e da necessidade de animais ou máquinas utilizadas no controle de plantas daninhas.

Para cultivares de porte médio, recomenda-se um espaçamento entre 2m e 3 m na entre linha, e um metro entre plantas dentro da linha de plantio, sendo que o espaçamento mais estreito poderá proporcionar maior produtividade se houver boa disponibilidade de água. Esse espaçamento também possibilita o cultivo da entrelinha com cultivadores mecânicos ou o consórcio com culturas alimentares de baixo porte.

Nas cultivares de porte baixo e anão, a definição da população de plantas é mais complexa, envolvendo além da disponibilidade de água, a fertilidade do solo e a ocorrência de plantas daninhas, pragas e doenças. Esses genótipos apresentam grande variação no hábito de crescimento e na resposta às condições ambientais. Elevada densidade populacional induz o crescimento excessivo em altura e o acamamento das plantas. Densidades baixas facilitam a infestação de plantas daninhas, diminuem a precocidade, favorecem a formação de ramos longos e reduzem a produtividade da cultura. Lavouras com cultivares que apresentam baixo porte, que são mais adequados às áreas mecanizadas, normalmente são feitos utilizando-se plantadeiras de milho com espaçamento entre linhas de 0,70 a 1,0 metro.  O espaçamento entre plantas na linha varia de 0,30 a 1,0 m, dependendo da cultivar. Para o plantio mecanizado, cultivares que suportam altas populações de plantas são mais adequadas, pois facilitam o plantio.



quinta-feira, 28 de maio de 2020

Plantio da Mamona


Escolha da área

A mamoneira protege pouco o solo e por isso o seu cultivo deve ser feito em áreas com pouca declividade ou usando um sistema conservacionista como o cultivo mínimo ou plantio direto, a fim de minimizar a erosão. O solo deve ser fértil e/ou devidamente corrigido, profundo e com boa drenagem. Em caso de cultivo em áreas declivosas, as operações de preparo do solo e semeadura devem ser realizadas seguindo o sentido das curvas de nível do terreno.

Semeadura

A mamoneira pode ser semeada tanto de forma manual como mecanizada, sendo mais comum entre os pequenos produtores a semeadura manual.

A semeadura manual pode ser feita em covas ou com o auxílio de uma matraca. Quando a semeadura é feita em covas, as mesmas devem ser abertas com profundidade de 5 a 10 cm, nas quais se pode colocar tanto a semente como o adubo. Para evitar a morte da semente, deve-se ter o cuidado de deixar a semente a pelo menos 5 cm do fertilizante.

Para semeadura mecânica, pode ser utilizada tanto a semeadora de discos horizontais como a de discos verticais ou pneumática (a vácuo). Para o plantio feito com semeadora de discos deve-se observar o tamanho das sementes e verificar sua compatibilidade com o tamanho dos orifícios do disco. As plantadeiras de disco vertical ou pneumáticas têm a vantagem de não ocasionar danos nas sementes, uma vez que a semente não atravessa o disco, além de não necessitar de uniformidade no tamanho da semente para o plantio. A adubação pode ser feita concomitantemente à semeadura, devendo o adubo ser colocado ao lado e abaixo da semente.

Época de semeadura

A ausência ou excesso de chuvas no período de floração e frutificação são prejudiciais à mamoneira, podendo reduzir a produtividade. Assim, deve-se planejar a semeadura de forma que a planta tenha água disponível durante grande parte do ciclo.

Em regiões com alta precipitação, o cultivo da mamoneira na época das chuvas pode se tornar inviável por causa da ocorrência do mofo cinzento, recomendando-se seu cultivo na época em que a floração não coincida com elevada precipitação. Entretanto quando as chuvas de uma região aproximam-se do mínimo exigido (500 mm), o ideal é efetuar a semeadura no inicio da estação chuvosa, para maximizar o aproveitamento hídrico.

Desbaste

Quando é feito o plantio manual ou com matraca, é necessário que se faça o desbaste, o qual consiste na eliminação do excesso de plantas nas covas e tem por finalidade obter uma população de plantas adequada. Recomenda-se deixar apenas uma planta por cova.

População de plantas: espaçamento e densidade de semeadura

A definição da população de plantas de uma lavoura depende de fatores ambientais, fatores ligados ao manejo cultural e ao porte da cultivar escolhida para semeadura. Na mamoneira, a população ótima é variável e depende do porte do material utilizado, da fertilidade do solo, da opção pelo uso de consórcio e da necessidade de animais ou máquinas utilizadas no controle de plantas daninhas.

Para cultivares de porte médio, recomenda-se um espaçamento entre 2m e 3 m na entre linha, e um metro entre plantas dentro da linha de plantio, sendo que o espaçamento mais estreito poderá proporcionar maior produtividade se houver boa disponibilidade de água. Esse espaçamento também possibilita o cultivo da entrelinha com cultivadores mecânicos ou o consórcio com culturas alimentares de baixo porte.

Nas cultivares de porte baixo e anão, a definição da população de plantas é mais complexa, envolvendo além da disponibilidade de água, a fertilidade do solo e a ocorrência de plantas daninhas, pragas e doenças. Esses genótipos apresentam grande variação no hábito de crescimento e na resposta às condições ambientais. Elevada densidade populacional induz o crescimento excessivo em altura e o acamamento das plantas. Densidades baixas facilitam a infestação de plantas daninhas, diminuem a precocidade, favorecem a formação de ramos longos e reduzem a produtividade da cultura. Lavouras com cultivares que apresentam baixo porte, que são mais adequadas às áreas mecanizadas, normalmente são feitas utilizando-se plantadeiras de milho com espaçamento entre linhas de 0,70 m a 1,0 m. O espaçamento entre plantas na linha varia de 0,30m a 1,0 m, dependendo da cultivar. Para o plantio mecanizado, cultivares que suportam altas populações de plantas são mais adequadas, pois facilitam o plantio.




domingo, 17 de maio de 2020

Cultivares de Mamona


Cultivares

As cultivares desenvolvidas pela Embrapa Algodão, em parceria com a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), BRS Paraguaçu e BRS Nordestina foram selecionadas para a região semiárida brasileira. No entanto têm mostrado adaptação a diferentes ecossistemas em que se utilize plantio e colheita manual e precipitações adequadas ao desenvolvimento da planta. Podem ser plantadas em sistema de monocultivo ou consórcio.

As cultivares BRS Energia e BRS Gabriela foram desenvolvidas pela Embrapa, com participação na validação dos genótipos da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn). A BRS Energia destaca-se pelo seu ciclo curto (110 a 140 dias), foi testada e validada para a região Nordeste e Roraima. A BRS Gabriela destaca-se pelo teor de óleo e foi validada para região Nordeste, Roraima, Goiás e Rio Grande do Sul. São  indicadas para monocultivo e possuem frutos indeiscentes.

BRS Paraguaçu

A cultivar BRS Paraguaçu  foi obtida por seleção massal da variedade local Sangue de Boi.

Ciclo:  Média de 250 dias entre o plantio e a maturação dos últimos cachos.

Produtividade: Produtividade média de 1500 kg/ha, em sequeiro.

Florescimento do primeiro cacho: O lançamento do primeiro cacho ocorre aproximadamente 45 dias após a germinação. Pode ser um período maior em condições de baixa luminosidade e/ou baixas temperaturas.

Maturação dos cachos: O cacho principal tem maturação em torno de 90 dias (quando normalmente se realiza a primeira colheita), o segundo e terceiro cachos, em torno de 120-180 dias (2ª colheita) e os demais, em torno de 220 dias (3ª colheita).

Tamanho do cacho: Em média, 20 cm. Pode mostrar grande variação, a depender da quantidade de chuvas, sendo que excesso e falta, causam redução no tamanho do cacho.

Inflorescência: As inflorescências apresentam flores femininas na parte superior e masculinas na parte inferior. Têm formato oval.

Foto: Máira Milani
Figura 1. Inflorescência de BRS Paraguaçu.

Cachos: Os cachos têm formato oval, frutos imaturos verdes com cera, densidade de acúleos média, densidade de frutos média, acúleos roxos com cera. Cachos sombreados ou próximos da maturação, tendem a ter coloração verde-escura e pouco ou nenhuma cera, com pouca coloração vermelha nos acúleos. Sob extremos de precipitação (alta ou baixa), a densidade dos frutos no racemo pode ser menor. Os frutos são semideiscentes.

Foto: Liv Soares Severino
Figura 2. Cacho de BRS Paraguaçu.

Altura de planta: Em média, tem apresentado 160 cm.

Número de cachos por planta: A planta pode produzir até 30 racemos. Esta característica é influenciada pelo manejo. Em cultivo, encontram-se plantas com 4 a 7 cachos/planta.

Número de frutos por cacho: Em média, 40 frutos/cacho.

Caule:  Apresenta caule roxo. Em áreas sombreadas da planta, apresenta coloração verde/avermelhada. Independentemente, da alteração da cor, sempre apresenta cera. Os ramos também têm cor roxa e possuem cera.

Folhas:  As folhas são verdes, com nervuras vermelhas, tamanho grande (55cm - 65cm).

Foto: Máira Milani
Figura 3. Face inferior da folha de BRS Paraguaçu, evidenciadoas nervuras com coloração avermelhada.

Peso de 100 sementes: Em torno de 65 g, podendo variar entre 62g e 70g.

Sementes:  As sementes têm cor única preta. Sob estresse hídrico, podem apresentar pequenas pontuações brancas, sem padrão definido. A presença de sementes de cor marrom ou avermelhada é indicativo de colheita antecipada ou deficiência nutricional.

Teor de óleo: Em média, 48%.

BRS Nordestina

A cultivar BRS Nordestina foi obtida a partir de seleção individual com teste de progênies na variedade local Baianita.

Ciclo:  Média de 250 dias entre o plantio e a maturação dos últimos racemos.

Produtividade:  Produtividade média de 1500 kg/ha em sequeiro.

Foto: Máira Milani
Figura 4. Área de produção de sementes de BRS Nordestina,sob irrigação, Sumé, PB.

Altura de planta: Em média, tem apresentado 190 cm.

Folhas: As folhas são verdes, com nervuras esverdeadas, tamanho grande (55cm - 65cm).

Foto: Máira Milani
Figura 5. Face inferior da folha de BRS Nordestina.

Caule: Apresenta caule verde e possui cera. Em determinadas condições climáticas de estresse (como acidez do solo e deficiência hídrica), o caule pode apresentar a cor vermelha, bem como no final do ciclo da planta. O caule também apresenta a cor vermelha sob sol intenso, mas neste caso somente o lado do caule que estiver voltado para o sol. Assim, um lado do caule é verde e outro vermelho. Em todos os casos, sempre a parte inferior do caule, que está próxima ao solo, apresenta a cor verde. Deve ser avaliada preferencialmente, durante a floração. Independentemente, da alteração da cor, sempre apresenta cera. Os ramos também tem cor verde e sob estresse pode se tornar alaranjados e até avermelhados. Possuem cera.

Florescimento do primeiro cacho: O lançamento do primeiro cacho ocorre aproximadamente 45 dias após a germinação. Pode ser um período maior em condições de baixas temperaturas e baixa luminosidade.

Maturação dos cachos: O cacho principal atinge a maturação aproximadamente em 100 dias (quando normalmente se realiza a primeira colheita), o segundo e terceiro cachos, em torno de 150-200 dias (2ª colheita) e os demais, em torno de 250 dias (3ª colheita).

Número de cachos por planta: A planta pode produzir até 30 racemos. Esta característica é influenciada pelo manejo. Em cultivo, encontram-se plantas com 4 a 7 cachos/planta.

Número de frutos por cacho: Em média, 60 frutos/cacho.

Inflorescência: As inflorescências apresentam flores femininas na parte superior e masculinas na parte inferior. Têm formato cônico.

Cachos:  Os cachos têm formato cônico, frutos imaturos verdes com cera, densidade de acúleos média, densidade de frutos média, acúleos verdes com cera. Cachos sombreados ou próximos da maturação, tendem a ter coloração verde-escura e pouco ou nenhuma cera. Em condições de estresse, os acúleos apresentam cor avermelhada. Sob extremos de precipitação (alta ou baixa), a densidade dos frutos no racemo pode ser rala. Os frutos são semideiscentes.

Tamanho do cacho: Em média, 30 cm. Pode mostrar grande variação, a depender da quantidade de chuvas, sendo que excesso e falta causam redução no tamanho do cacho.

Foto: Máira Milani
Figura 6. Cacho da cultivar BRS Nordestina.

Sementes: As sementes têm cor única preta. Sob estresse hídrico, pode apresentar pequenas pontuações brancas, sem padrão definido. A presença de sementes de cor marrom ou avermelhadas é indicativo de colheita antecipada ou deficiência nutricional.

Peso de 100 sementes: Em torno de 68 g. Pode variar entre 65g e 72g.

Teor de óleo: Em média, 48%.

BRS Energia

A BRS Energia é uma cultivar precoce, com ciclo médio de 120 dias que tem mostrado adaptação a diferentes ecossistemas em que ocorram precipitações pluviais adequadas ao desenvolvimento e crescimento da planta.

Ciclo: Média de 120 dias, variando entre 110 e 150 dias, entre a germinação  e a maturação dos últimos racemos.

Produtividade: Média de 1800 kg/ha em sequeiro.

Foto: Máira Milani
Figura 7. Área de produção da BRS Energia.

Altura de planta: Média 140 cm.

Folhas: As folhas são verdes, com nervuras esverdeadas, tamanho médio (45 cm-55cm).

Foto: Máira Milani
Figura 8. Folhas da cultivar BRS Energia.

Caule: Caule verde e possui cera.

Florescimento do primeiro cacho: O lançamento do primeiro cacho ocorre aproximadamente 30 dias após a germinação. Pode ser um período maior em condições de baixas temperaturas e baixa luminosidade.

Tamanho do cacho: Em média, 80 cm.

Número de cachos por planta: Nos menores espaçamentos recomendados produz entre 2 e 3 cachos, enquanto nos maiores chega a 8.

Número de frutos por cacho: Em média, 100 frutos/cacho. Quando há disponibilidade excessiva ou deficiência de água, os frutos são menos numerosos no cacho.

Cachos: Têm formato cônico, frutos imaturos verdes com cera, densidade de acúleos média, densidade de frutos média, acúleos verdes com cera. Os frutos são indeiscentes.

Foto: Máira Milani
Figura 9. Cacho da cultivar BRS Energia.

Sementes: Rajada com as cores bege e marrom..

Peso de 100 sementes: Pode variar entre 40g e 55g.

Teor de óleo: Em média, 48%.

BRS Gabriela

A cultivar BRS Gabriela tem origem na linhagem CNPAM 2001-42, selecionada em 2001, em Irecê, BA, a partir de linhagens segregantes oriundas de  cruzamentos entre as cultivares BRS Nordestina e BRS Paraguaçu, com altura inferior aos parentais.

A cultivar foi testada em todos os estados da região Nordeste, e ainda em Goiás, Roraima e Rio Grande do Sul, mostrando-se mais produtiva que a BRS Energia na maioria dos estados ou com diferenças não significativas .

Ciclo:  Média de 150 dias entre o plantio e a maturação dos últimos racemos.

Produtividade:  Produtividade média de 1900 kg/ha em sequeiro.

Altura de planta: Em média, tem apresentado 160 cm.

Folhas: As folhas são verdes, com nervuras avermelhadas, tamanho médio (45cm – 55 cm), e são pouco afuniladas.

Foto: Máira Milani
Figura 10. Inflorescência, folhas, caule e ramos da cultivar BRS Gabriela.

Caule: Apresenta caule vermelho e possui cera. Deve ser avaliada preferencialmente, durante a floração. Os ramos também têm cor vermelha e apresentam cerosidade.

Inflorescência: As inflorescências apresentam flores femininas na parte superior e masculinas na parte inferior. Têm formato globoso.

Florescimento do primeiro cacho: O lançamento do primeiro cacho ocorre entre 35 a 40 dias após a germinação. Pode ser um período maior em condições de baixas temperaturas e baixa luminosidade.

Cachos:  Os cachos têm formato globoso, frutos imaturos verdes com cera, densidade de acúleos média, densidade de frutos média, acúleos verde rosados. Sob extremos de precipitação (alta ou baixa), a densidade dos frutos no racemo pode ser rala. Os frutos são indeiscentes.

Tamanho do cacho: Em média, 20 cm. Pode mostrar grande variação, a depender da quantidade de chuvas, sendo que excesso e falta, causam redução no tamanho do cacho.

Número de cachos por planta: A planta pode produzir até 30 racemos. Esta característica é influenciada pelo manejo. Em cultivo, encontram-se plantas com 5 a 8 cachos/planta.

Número de frutos por cacho: Em média, 40 frutos/cacho.

Foto: Máira Milani
Figura 11. Área de produção de sementes da cultivar BRS Gabriela.

Peso de 100 sementes: Em torno de 53 g. Pode variar entre 50g e 55g.

Sementes: As sementes são rajadas, marrom avermelhada e bege.

Teor de óleo: Em média, 50%.

Foto: Máira Milani
Figura 12. Sementes da cultivar BRS Gabriela.





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