quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Plantas Daninhas na Erva-Mate



É normal pensar que a erva-mate, por ser uma espécie nativa, suporta bem a concorrência com as plantas espontâneas. Mas isto não é verdade, pois a erva-mate é uma das culturas mais suscetíveis à competição com essas plantas. 

As erveiras devem estar protegidas da concorrência com o mato, no período de outubro a abril. Para isso, recomenda-se o uso de cobertura morta na projeção da copa da erveira.

Métodos de controle mecânicos
O uso de roçadeiras com pequenos tratores é recomendável ao controle de plantas espontâneas desde que bem conduzidos. Caso contrário, eles podem provocar grandes perdas de solo. O uso indiscriminado de grades tracionadas por tratores pesados e em épocas inapropriadas, por exemplo, logo após as chuvas, tem sido um dos maiores fatores que causam a diminuição da produtividade dos ervais plantados.

Métodos de controle culturais
Deve-se utilizar a cobertura verde (no inverno: aveia, ervilhaca, nabo forrageiro; no verão: soja comum, feijão-de-porco), rotações de cultivo (trigo/soja – aveia- preta/soja; trigo/soja – aveia preta + ervilhaca/soja; aveia preta + ervilhaca/soja – aveia preta + ervilhaca/milho) nas entrelinhas e cobertura morta (restos de mato das entrelinhas; restos de palha de milho e de feijão; bagaços e palha de cana-de-açúcar; podas de ramos de timbó – Ateleia glazioveana; capim-elefante cortado e fenado).

Métodos de controle químicos
O uso de produtos químicos para o controle de plantas espontâneas não é permitido. Esta prática é proibida por lei, pois não há registros de produtos para utilização em plantas espontâneas nos ervais.





sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Recuperação de ervais degradados (Erva-Mate)



Recuperação de ervais degradados

A recuperação de um erval degradado tem que ser analisada de forma conjuntural. 

A idade não pode ser o fator único limitante, pois há ervais com 20 anos produzindo ainda muito bem, e há ervais com 14 anos em pleno declínio. Da mesma forma, densidade e rendimento são fatores que não podem ser analisados isoladamente. Há ervais apresentando bom estado fitossanitário, mas que não produzem quase nada. Pode-se encontrar ervais com 3% a 5% de matéria orgânica no solo e que não apresentam bom desempenho. Até mesmo o número de falhas não define, por si só, um erval degradado, pois há ervais com 10% de falhas e que não produzem bem, enquanto há outros com 50% de falhas e que produzem muito bem. 

Não se deve concluir que um erval com produção inferior a 2.200 kg por hectare ao ano deva ser eliminado só por esse fato, pois ele poderá ser recuperado vantajosamente, no aspecto econômico. Da mesma forma, não se pode concluir que um erval produzindo 20 mil kg por hectare ao ano não possa ser melhorado.

 Há produtores que não acham interessante recuperar ervais antigos, preferindo plantar outro, devido ao custo de recuperação ser maior que o de implantação. 

 Outro problema que faz com que os produtores relutem em recuperar ervais é a necessidade de adotar um manejo diferenciado entre as plantas adultas que estão se recuperando e as plantas que estão sendo implantadas. Neste caso, necessita-se de mais mão de obra. Muitas vezes, recuperar uma planta pode ter um custo quatro vezes maior que aquele de plantá-la novamente. Todavia, se não houver solos disponíveis na propriedade para plantar um erval novo, a única opção é renovar.

 O capim-elefante deve ser utilizado sempre que se estiver recuperando um erval sobre solo já bastante degradado, uma vez que o mesmo retira potássio das camadas inferiores, aumenta o teor de magnésio e de cálcio, aumenta a matéria orgânica para 4% a 5% e aumenta o N pela associação com fixadores livres de N.

Esta gramínea pode servir, também, como produtora de biomassa que, após cortada, pode servir como cobertura morta para as erveiras.

O capim elefante deve ser mantido sempre roçado, pois, se deixá-lo produzir e disseminar suas sementes, ele se tornará uma planta daninha potencial. Outro problema é o alto custo de sua implantação e manejo.

Outra atividade envolvida na recuperação de ervais é a poda de renovação que pode ser do tipo rebaixamento total ou gradual. 

Normalmente, a planta gasta muita energia para se recuperar do rebaixamento total e, por isso, no primeiro ano, reage bem, mas depois sofre uma queda na sua produção. É necessário, antes do rebaixamento, manter a erveira livre de plantas daninhas e adubada, de acordo com as recomendações da assistência técnica.

Cobertura do solo

O uso de cobertura de solo é de fundamental importância para o plantio de erva-mate. Ele exerce várias funções no sistema de plantio: proteção do solo, adubação verde e controle de plantas daninhas.

O solo pode receber coberturas vivas ou coberturas mortas. Ao longo do ano, utilizam-se coberturas vivas de inverno e coberturas vivas de verão. Para o inverno, recomenda-se a aveia-preta ou a ervilhaca-comum, dependendo da cultura a ser semeada no verão. Quando não se planeja produzir culturas comerciais para o verão, a semeadura de soja comum ou feijão-de-porco poderá ser uma opção como cobertura para essa estação.

Coberturas vivas do solo

As coberturas vivas podem ser de inverno ou de verão. Alguns técnicos têm indicado coberturas mistas de aveia-preta e ervilhaca para o inverno. De todos os benefícios trazidos pela cobertura viva, talvez o maior seja a produção de matéria orgânica para incorporação ao solo, melhorando as condições físicas e estimulando processos químicos e biológicos, além de melhorar a estrutura e a capacidade de retenção da umidade dos solos. A utilização racional de coberturas vivas, para recobrir e proteger o solo contra erosão, com suas raízes, deve sempre ser levada em conta no planejamento da produção de uma propriedade agrícola.

Uma boa cobertura verde deve ser constituída de espécies com as seguintes características:

vegetem bem nas condições locais de clima e solo;
tenham sistema radicular eficiente para a sua fixação ao solo;
tenham sistema foliar significativamente denso e de porte baixo;
não sejam competitivas com a erva-mate;
sejam aproveitáveis como adubo verde;
ressemeiem;
sejam fixadoras de nitrogênio;
tenham um custo de implantação acessível aos pequenos produtores.
É bom salientar, todavia, que a prática de cobertura vegetal viva pode ser contraindicada se o custo das sementes for muito elevado, requerendo também precauções contra a disseminação de pragas ou doenças. Em regiões secas, elas podem competir por água com a erva-mate. Portanto, às vezes, é melhor enfatizar o uso de coberturas espontâneas, que devem ser invernais, com semeadura natural e competitivas com as plantas daninhas. A gradagem realizada no mês de março favorece a germinação das espécies espontâneas.

Coberturas vivas de inverno
Recomenda-se, como as melhores coberturas de inverno a aveia (Avena sativa) e a ervilhaca comum (Vicia villosa). Coberturas mistas de inverno usando-se a aveia e a ervilhaca são bastante interessantes.

Coberturas mistas de inverno
No inverno, o ideal seria trabalhar com coberturas mistas, utilizando uma mistura de uma parte de aveia e uma parte de ervilhaca, semeadas na primeira quinzena de abril.

Deve-se atentar para o fato de que, se a cobertura estiver muito próxima da erva-mate e secar de repente, ela poderá fazer com que as plantas de erva-mate sejam prejudicadas pela ação intensa do sol.

Em algumas situações, pode-se adicionar o nabo forrageiro (Raphanus sativus L.) que possui um crescimento inicial rápido e elevada capacidade de reciclar nutrientes, principalmente nitrogênio e fósforo. Outra característica muito interessante é agir como subsolador natural.

Coberturas vivas de verão
O feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) pode ser plantado no espaçamento de 0,5 m x 0,5 m, ou em dois sulcos separados de 1,0 m, com 0,5 cm de espaçamento entre as plantas, nas linhas, isto em ervais plantados com espaçamento de 3,5 m x 1,5 m.

O uso do caupi, da mucuna-anã e da soja comum (Glycine max) também são recomendados. O caupi, por sua vez, deve ser de crescimento determinado e ereto e a mucuna-anã deverá possuir uma boa procedência da sementes, para garantir uma boa germinação e cobertura do solo.

Alguns produtores têm utilizado o amendoim-forrageiro (Arachis pintoi). Vale salientar que o plantio dessa espécie requer cuidados especiais quanto ao seu controle na linha de plantio da erva-mate, uma vez que ela, nas épocas de “veranico”, exerce uma forte concorrência com a erva-mate. Recomenda-se a roçagem do amendoim–forrageiro, periodicamente, usando-se a matéria verde proveniente da sua roçagem para a cobertura da linha da erva-mate. Assim, com o transcorrer do tempo, o erval terá a cobertura morta na linha e a cobertura viva de amendoim-forrageiro na entrelinha.

Coberturas mortas do solo
Moacir José Sales Medrado; Renato Antônio Dedecek; Gabriel Correa

A cobertura morta objetiva manter a umidade do solo, controlar o mato, evitar a erosão e aumentar a atividade microbiológica do solo.

O uso de sobras de palitos de indústrias ervateiras ou de palhada obtida com a roçada das entrelinhas tem apresentado excelentes resultados.

Palha de feijão e de soja têm mostrado bons resultados para esse objetivo. Outra forma muito interessante de se obter cobertura morta, para evitar a concorrência com plantas daninhas nos períodos críticos do verão, é com o plantio de aveia, durante o inverno, e sua rolagem com rolo-faca tracionado por animal (Figura 1).

Com as mudanças climáticas, a região produtora de erva-mate tem sido castigada com intensos períodos de estiagem e veranicos, o que ressalta uma maior importância da cobertura morta aos ervais.

Foto: Moacir J. S. Medrado
Figura 1. Cobertura morta com aveia-preta obtida pela rolagem com rolo-faca tracionado por animal, na propriedade do Sr. Lauro Popieviski, em Áurea, RS.

Controle de plantas espontâneas

É normal pensar que a erva-mate, por ser uma espécie nativa, suporta bem a concorrência com as plantas espontâneas. Mas isto não é verdade, pois a erva-mate é uma das culturas mais suscetíveis à competição com essas plantas. 

As erveiras devem estar protegidas da concorrência com o mato, no período de outubro a abril. Para isso, recomenda-se o uso de cobertura morta na projeção da copa da erveira.

Métodos de controle mecânicos
O uso de roçadeiras com pequenos tratores é recomendável ao controle de plantas espontâneas desde que bem conduzidos. Caso contrário, eles podem provocar grandes perdas de solo. O uso indiscriminado de grades tracionadas por tratores pesados e em épocas inapropriadas, por exemplo, logo após as chuvas, tem sido um dos maiores fatores que causam a diminuição da produtividade dos ervais plantados.

Métodos de controle culturais
Deve-se utilizar a cobertura verde (no inverno: aveia, ervilhaca, nabo forrageiro; no verão: soja comum, feijão-de-porco), rotações de cultivo (trigo/soja – aveia- preta/soja; trigo/soja – aveia preta + ervilhaca/soja; aveia preta + ervilhaca/soja – aveia preta + ervilhaca/milho) nas entrelinhas e cobertura morta (restos de mato das entrelinhas; restos de palha de milho e de feijão; bagaços e palha de cana-de-açúcar; podas de ramos de timbó – Ateleia glazioveana; capim-elefante cortado e fenado).

Métodos de controle químicos
O uso de produtos químicos para o controle de plantas espontâneas não é permitido. Esta prática é proibida por lei, pois não há registros de produtos para utilização em plantas espontâneas nos ervais.



domingo, 16 de setembro de 2018

Adubação na Cultura da Erva-Mate



Adubação
A maior disponibilidade de elementos nutritivos no solo se apresenta entre os meses de setembro e dezembro, coincidindo com o período de maior eficiência da planta. Nitrogênio e potássio participam com a maior porcentagem na composição nutricional da planta de erva-mate. 

Deve-se distinguir a adubação nas diferentes situações: adubação de sementeira, adubação de viveiro, adubação de pré-plantio e adubação de produção.

O uso de calagem não tem sido comumente adotado em função das diferentes e contrastantes respostas obtidas pelos produtores.

Adubação de plântulas nas sementeiras
Não é recomendável a adubação de plântulas nas sementeiras, pois os problemas referentes às sementeiras parecem depender mais da natureza e qualidade do substrato do que da adição de nutrientes aos mesmos.

Adubação de pré-plantio
Antes da instalação do erval, preferencialmente a lanço, aplicam-se fertilizantes fosfatados e potássicos, de acordo com os resultados da análise do solo. 

Se o produtor tiver interesse em plantar uma outra cultura entre as linhas da erva-mate, a aplicação dos adubos deve ser feita na área total e na formulação e dosagem indicadas para a cultura intercalar.

Caso não haja interesse em intercalar uma outra cultura, o produtor poderá adubar somente uma faixa de 1,5 m, ao longo da linha de plantio da erva-mate, com 50 kg a 100 kg por hectare do adubo com fórmula (NPK) 10-20-10. Esta prática tem obtido sucesso por alguns produtores. Nos anos posteriores, de acordo com o crescimento das plantas, pode-se ampliar o domínio dessa faixa. 

Para as adubações de cova, recomenda-se 2,5 g de superfosfato simples ou yoorin, 0,5 g de cloreto de potássio, 50 mg de bórax e 100 mg de sulfato de zinco por litro de terra retirada da cova. Como condicionador de solo, sempre que possível, deve-se usar adubos orgânicos curtidos, ao redor de um quinto do volume da cova.

Adubação de produção
Do terceiro ano em diante, quando as plantas entram em produção comercial, recomenda-se fazer a análise do solo e recorrer aos agrônomos ou engenheiros florestais do serviço de extensão rural. Para cada tipo de solo, há uma adubação específica e, em muitos casos, é necessária apenas uma adubação de reposição dos nutrientes que são levados com as folhas para as indústrias de processamento. 

As adubações devem ser feitas em duas aplicações, sendo uma em setembro e a outra em dezembro, preferencialmente. Deve-se avaliar a possibilidade de, pelo menos, a primeira aplicação de adubos fosfatados e potássicos ser feita no início da brotação. A primeira aplicação de nitrogênio deve ser feita, se possível, no inchamento das gemas.

Independente do teor na folha, não se recomenda aplicar potássio, se a sua quantidade no solo for maior que 100 ppm (partes por milhão), na camada de 0-20 cm e maior que 50 ppm, na camada de 20 cm a 40 cm do solo.
Os adubos devem ser distribuídos ao redor das plantas de erva-mate, na projeção da copa e distanciados 30 cm do tronco.

Sempre que houver possibilidade, deve-se usar o adubo orgânico. Para tanto, deve-se considerar o teor de nitrogênio e de potássio do adubo orgânico e a necessidade de aplicação desses nutrientes. 

Adubação de viveiro
Tal como na sementeira, a adubação de viveiro depende muito da fertilidade natural do substrato utilizado. Naqueles substratos de baixa fertilidade, podem ser adicionados os adubos na fórmula (NPK): 4-14-8; 4-30-10 e 10-20-10 à base de 2 kg a 3 kg por m³ de terra.

Calagem
Os trabalhos sobre o efeito da calagem do solo no comportamento do erval têm sido poucos até o momento e os resultados dessa pesquisa têm sido contrastantes, em termos de correlação positiva da calagem com o crescimento das plantas. Isso demonstra, portanto, a necessidade de aprofundar os estudos nessa área, de forma a averiguar melhor o efeito dessa prática. A erva-mate é uma cultura que absorve grandes quantidades de cálcio e magnésio, porém cresce com maior vigor em solos ácidos (baixo pH), tolerando altos teores de alumínio.

Solos
Consideram-se solos aptos para o plantio da erva-mate aqueles que apresentam boa profundidade, boa drenagem e fertilidade natural de média a alta. 

Solos com menos de um metro de profundidade ocasionam queda no desenvolvimento e rendimento da erva-mate, acentuados em períodos de deficiência hídrica, reduzindo a vida útil das plantas. A cultura não suporta solos compactados e/ou encharcados.



domingo, 9 de setembro de 2018

Implantação da Cultura da Erva-Mate



A implantação de um erval ideal exige dedicação do produtor até nos quatro primeiros anos, pois, caso contrário, não se obterá boa produtividade. 

É importante que se faça a correta escolha da área e, depois, o preparo adequado do solo, para o bom desenvolvimento das mudas. Uma vez preparado o solo, deve-se, dependendo do tipo de produtor (pequeno, médio ou grande) e do sistema de plantio, puro ou em sistemas agroflorestais, escolher o espaçamento.

O plantio do erval deve ser feito a partir do mês de abril, podendo estender-se até setembro. A partir de outubro, na maioria dos locais, as chuvas em excesso podem ocasionar problemas, limitando ou diminuindo, acentuadamente, o ritmo de crescimento das plantas. 

Deve-se destinar ao plantio apenas mudas de boa qualidade, que podem ter sido produzidas em viveiro convencional ou viveiro de tubetes, pois o mais importante é que o produtor de mudas tenha a fiscalização do Ministério da Agricultura e tenha assistência técnica apropriada.

Independentemente se as mudas forem adquiridas de terceiros ou se forem de produção própria, é necessário realizar antes do plantio uma verificação das condições radiculares. Isto poderá ser feito usando-se o “teste do balde”. As mudas para o plantio devem ter o tamanho equivalente ao recipiente e ter passado por um período de rustificação.

Imediatamente antes do plantio, deve-se realizar o preparo das mudas, que consiste do corte da parte basal do recipiente, com o propósito de podar possíveis raízes com cachimbamento e a retirada de eventuais raízes enroladas.

Escolha da área 
Quanto às condições físicas do solo, a erva-mate é uma cultura muito exigente. Em função disso, deve-se dar preferência às áreas de solos profundos e bem arejados e não sujeitos aos encharcamentos. Em caso de solo compactado, deve-se proceder à subsolagem.

Outra preocupação na instalação do erval é quanto à declividade do terreno. Se for acentuada, deve-se efetuar o plantio em nível e melhorar as práticas de conservação e controle da erosão. A erva-mate vegeta bem em solos ácidos, aqueles em que, para plantar as principais culturas agrícolas, precisa de aplicação de calcário, mesmo naqueles com pH muito baixo e próximos de quatro.

Preparo do solo para plantio
Deve-se proceder o preparo do solo por meio de aração e gradagem, para o plantio das mudas. A época do preparo do solo vai depender do período em que o produtor pretende fazer o plantio, que normalmente ocorre de abril a setembro, com exceção dos plantios de adensamento, ou seja, erva-mate plantada em sub-bosque de ervais nativos, cujo plantio pode ser feito durante o ano todo.

Quase sempre é necessário realizar a recuperação do solo antes do plantio, por meio de um controle de plantas invasoras e descompactação, com a utilização de um subsolador. Caso não seja possível preparar o terreno, as covas para o plantio das mudas devem ter 30 cm de largura, por 30 cm de profundidade, colocando-se terra solta no fundo das covas, para que a parte superior do recipiente fique no nível do terreno.

Definição de espaçamento
Inúmeros testes de espaçamentos demonstraram melhores resultados para linhas simples. Os espaçamentos em linhas duplas implicam em menores rendimentos por hectare, maior dificuldade no plantio e maiores custos com limpeza. Desta forma, orienta-se o uso dos seguintes espaçamentos:

Pequenos produtores familiares
Em sistemas de plantio solteiro
a)100% da área com 4,50 m x 1,50 m (1.480 plantas por ha).
b)100% da área com 3,50 m x 1,50 m (1.900 plantas por ha).
c)80% da área com 4,50 m x 1,50 m e 20% da área com 2,25 m x 1,5 m.
d)80% da área com 3,50 m x 1,50 m e 20% da área com 2,25 m x 1,5 m.

Em sistemas agroflorestais (erva-mate x culturas agrícolas de ciclo curto) 
100% da área com 4,50 m x 1,50 m (1.480 plantas por ha).

Em sistemas sombreados
100% da área com 2,25 m x 1,5 m.

Médios e grandes produtores
Em sistemas de plantio solteiro
a) 2,50 m x 1,50 m (2.660 plantas por ha).
b) 2,25 m x 1,50 m (2.960 plantas por ha).

Em sistemas agroflorestais (erva-mate x culturas agrícolas de ciclo curto) 
a) 1,50 m na linha e espaçamento da entrelinha a depender do maquinário para plantio da cultura agrícola.

Em sistemas sombreados
a) 100% da área com 2,25 m x 1,5 m.

Assistência técnica 
Sempre que ocorrer dúvidas sobre a condução do erval, deve-se procurar um extensionista rural da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de seu município, nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Para o Estado de Santa Catarina, deve-se recorrer à Epagri.

Endereços dos Escritórios Centrais das Empresas Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural:

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri)
Rodovia Admar Gonzaga, 1.347, Itacorubi, Caixa Postal 502
Florianópolis, SC, Brasil, CEP 88034-901
Fone: (48) 3239-5500, Fax: (48) 3239-5597 

Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater)
Rua da Bandeira, 570, Bairro Ahu, Curitiba, PR, CEP 800035-270
Fone: PABX (41) 3250-2100, SAC (41) 3250-2166

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio Grande do Sul (Ascar)
Rua Botafogo, 1051, 2º andar, Bairro Menino de Deus, Porto Alegre, RS, CEP: 90150-053
Fone: (51) 2125-3144

Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural do Mato Grosso do Sul (Agraer)
Av. Desembargador José Nunes da Cunha, Bloco 12
Parque dos Poderes, Campo Grande, MS, CEP 79031-310
Fone: PABX (67) 3318-5100

Plantio das mudas 
As mudas devem ser plantadas na época em que as temperaturas não sejam extremas e também haja disponibilidade de água suficiente para o seu desenvolvimento normal. O momento em que a muda está apta para ser levada ao campo é quando ela apresenta a parte aérea no mesmo comprimento da embalagem (Figura 1). 

Antes do plantio, as mudas devem ser preparadas para evitar o cachimbamento, cortando-se o fundo do recipiente de plástico (Figuras 2 e 3). Em seguida, a lateral do recipiente deve ser cortada (Figura 4) e o recipiente retirado e guardado para não poluir o ambiente. Imediatamente antes do plantio, as raízes laterais, quando estiverem enrolando o torrão, devem ser aparadas com canivete amolado. Feito isto, a muda estará pronta para ir à cova (Figura 5). Após a colocação da muda na cova, já adequadamente adubada, procede-se o fechamento da mesma (Figura 6).

Após o plantio, as mudas devem ser protegidas do sol.

Foto: Ivar Wendling
Figura 1. Muda no ponto ideal de ir a campo.

Foto: Ivar Wendling

Figura 2. Corte do fundo do recipiente.

Foto: Ivar Wendling
Figura 3. Fundo do recipiente destacado.

Foto: Ivar Wendling
Figura 4. Corte da lateral do recipiente.

Foto: Ivar Wendling
Figura 5. Colocação da muda na cova.

Foto: Ivar Wendling
Figura 6. Muda plantada.

Época de plantio 
O plantio de mudas produzidas em sacos plásticos deve ser feito no período de abril a setembro. Plantios que ultrapassam este período prejudicam o desenvolvimento do erval e, às vezes, chegam a sofrer graves perdas em função de ocorrência de veranicos. Isto tem ficado mais evidente com as mudanças climáticas ocorridas no Sul do Brasil.

Proteção das mudas 
As mudas, além de previamente adaptadas ao sol ainda nos viveiros, devem ser protegidas quando plantadas em épocas de muita insolação. A proteção, quando necessária, pode ser feita com o uso de tabuinhas ou restos de capim, para evitar que os raios solares atinjam diretamente o colo da planta (Figura 7).

Foto: Moacir J. S. Medrado
Figura 7. Sistema de proteção de mudas com restos de madeira.

Verificação das condições
As mudas para o plantio devem ser selecionadas quanto à sanidade e desenvolvimento, evitando-se aquelas com alturas superiores a 20 cm, quando em embalagens de 7,5 cm x 18 cm, para diminuir os riscos de cachimbamento das raízes. Na prática, deve-se escolher mudas com a parte aérea do tamanho próximo da altura da embalagem e realizar o “teste do balde”, preconizado pelo Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). Este teste consiste em separar dez mudas ao acaso, retirando-as da embalagem e deixando-as dentro d’água até destorroar, observando-se, em seguida, quantas mudas têm raiz com cachimbamento (Figura 8). No máximo, deve-se tolerar uma muda com raiz defeituosa em cada dez mudas analisadas.

Foto: Moacir J. S. Medrado
Figura 8. Muda com cachimbamento das raízes.

Teste do balde
Consiste em separar dez mudas ao acaso, retirar a embalagem e deixá-las dentro d’água até destorroar, observando em seguida quantas mudas têm raiz com cachimbamento. No máximo, deve-se tolerar uma muda com raiz defeituosa em cada dez mudas.

Foto: Moacir J. S. Medrado
Figura 9. Teste do balde feito no viveiro em Inácio Martins, PR.




sábado, 25 de agosto de 2018

Produção de Mudas de Erva Mate

Um dos principais pontos do sistema de produção da erva-mate é a produção de mudas de qualidade. A maioria dos viveiros é convencional, que ainda utilizam sacolas plásticas como recipientes. No entanto, cada vez mais a produção de mudas em tubetes tem sido adotada em viveiros comerciais.
A propagação vegetativa da erva-mate ainda é pouco utilizada, embora já se tenha protocolos para a produção de mudas por estaquia, miniestaquia e por enxertia em garfagem.
As mudas após produzidas devem passar por um período de rustificação.

Viveiros convencionais

Viveiros convencionais são aqueles nos quais as mudas ainda são produzidas por meio de sacolas plásticas, que são preeenchidas com substrato composto por mistura de terra, adubo orgânico, areia média e adubos químicos em diferentes proporções. Neles, ainda são utilizadas sementeiras para a germinação das sementes. Das sementeiras, as plântulas são repicadas para os recipientes contendo o substrato. 
Os viveiros convencionais são construídos das mais diferentes formas, desde aqueles em que se usa madeira roliça e palha até aqueles que utilizam madeira serrada e sombrite. O local adequado para a sua construção deve ser seco, bem ventilado e com boa insolação. 
As mudas repicadas para os recipientes ficam em canteiros até atingirem o estágio ideal para serem levadas ao campo.

Viveiros para produção de mudas em tubetes

O uso de tubetes tem apresentado ótimos resultados. Podem ser utilizados tubetes nso tamanhos 30 mm x 126 mm e 40 mm x 140 mm. O uso de tubetes exige a utilização de um suporte em bandeja de tela de arame, com malhas de 30 mm ou 40 mm, e altura mínima de 40 cm do chão ou bandejas de plástico. A composição do substrato deve ter no mínimo, 50% de matéria orgânica (húmus de minhoca, turfa, etc.), que vai possibilitar uma boa formação das raízes. A permanência no viveiro não deve ultrapassar o período de 12 meses. A seguir, viveiro comercial de grande porte (Figura 1) e viveiro para produção de mudas em pequena escala (Figura 2).
Foto: Moacir J. S. Medrado
Figura 1. Produção de mudas em tubete. Cooperativa Tritícola Erechim Ltda. (Cotrel).
Foto: Moacir J. S. Medrado
Figura 2. Tubetes em casa de plástico. Ervateira Barão, Barão de Cotegipe.

Estaquia e miniestaquia

A estaquia é um processo de reprodução vegetativa, realizada pela coleta de ramos verdes de plantas pré-selecionadas, que passam por um processo de desinfestação, aplicação de hormônio e nebulização, para o seu enraizamento e brotação. Para a miniestaquia, brotações de mudas mantidas no viveiro são coletadas e colocadas para enraizar. Estas técnicas de produção de mudas possibilitam a reprodução de plantas selecionadas com base nas características de interesse, como produtividade, resistência às pragas e doenças, sabor, entre outras, sendo as mudas formadas por este processo geneticamente idênticas entre si. A grande variação no sucesso do enraizamento entre estacas de plantas diferentes tem sido um dos grandes problemas deste tipo de propagação. 
No entanto, estudos iniciais demonstram o grande potencial desta técnica para o estabelecimento de plantios clonais de alta produtividade e uniformidade, além de pomares clonais para produção de sementes.

Rustificação

Quando as mudas estiverem bem enraizadas nos recipientes, deve-se iniciar o processo de rustificação, que consiste em colocá-la gradativamente a pleno sol, com a redução das regas, porém, evitando-se expô-las por tempo excessivo, no início, evitando o seu murchamento.


quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Solos e Produção de sementes de Erva-Mate

Solos

Apesar de a espécie ocorrer em solos de baixa fertilidade, com baixos teores de cátions trocáveis, altos teores de alumínio e pH baixo, consideram-se solos aptos para o plantio da erva-mate aqueles de textura argilosa, que apresentam profundidade adequada, boa drenagem e fertilidade natural de média a alta.
Solos com menos de um metro de profundidade ocasionam queda no desenvolvimento e rendimento da erva-mate, acentuados em períodos de deficiência hídrica, reduzindo a vida útil das plantas. A cultura não suporta solos compactados e/ou encharcados.

Produção de sementes

Aspectos gerais

A maior parte das sementes destinadas à produção de mudas de erva-mate (Ilex paraguariensis St. Hil.) quer de ervais nativos ou plantados, são oriundas de material sem nenhum critério de seleção. Como consequência, os povoamentos apresentam crescimento heterogêneo, com reflexos negativos no produto final. Assim, o melhoramento genético da erva-mate torna-se imprescindível para o aumento da produtividade de massa foliar e da qualidade dos produtos dela oriundos.
Os seguintes métodos são aplicáveis ao melhoramento genético dessa espécie: a) área de coleta de sementes; b) área de produção de sementes; c) pomar de sementes clonal; d) pomar de sementes biclonal; e) pomar de sementes por mudas, e f) jardim clonal e plantio clonal. Os dois primeiros são de fácil instalação; os demais exigem procedimentos mais elaborados.

Área de coleta de sementes (ACS)

Coletam-se sementes de árvores-mães selecionadas em extensas áreas. Normalmente, esta seleção envolve várias características, tais como produção de massa foliar, adaptação, tolerância a geadas, ocorrência de insetos e doenças, etc. O custo envolvido com a implantação destas áreas é baixo. Os ganhos obtidos por este método são relativamente baixos, sendo mais eficientes para caracteres de alta herdabilidade. Neste caso, não há limite quanto à intensidade de seleção. Geralmente, esse método é empregado nas populações genéticas de material selvagem.
Em um povoamento natural ou artificial de erva-mate, os seguintes passos devem ser adotados: avaliação da produtividade de cada planta, com base no peso de folhas e ramos finos; identificação das plantas femininas mais produtivas; colheita de sementes, somente das plantas femininas mais produtivas; produção de mudas a partir das sementes colhidas.
O número de plantas femininas a serem utilizadas na colheita depende da quantidade de sementes que se deseja obter. Em geral, quanto menor o número de plantas utilizadas na colheita de sementes, maior será o ganho genético em produtividade. Safras posteriores poderão ser medidas nas plantas originais, visando à confirmação da eficiência de seleção. Quanto maior o número de safras avaliadas, maior será o ganho em produtividade.

Área de produção de sementes (APS)

Método que se caracteriza pela produção de material superior no curto prazo e com baixo custo operacional.
Coletam-se sementes de árvores selecionadas, as quais recebem pólen proveniente de árvores também selecionadas. Os fenótipos inferiores são removidos por meio de desbastes. A área de uma APS varia em função da disponibilidade do material genético manipulado e da quantidade demandada de sementes para suprir as necessidades do programa de reflorestamento.
Para uma boa produção de sementes, recomenda-se uma área com, no mínimo, 1 hectare. Essa área deve ser subdividida em quatro estratos, selecionando-se, em cada estrato, cerca de 50 árvores, o que equivale a uma proporção de seleção de 1:10 ou 10%, totalizando 200 árvores selecionadas por hectare. Espera-se que metade delas seja do sexo feminino.
Em função do sistema reprodutivo da erva-mate e com o objetivo de impedir a entrada de pólen indesejável, é necessário isolar a APS de outros talhões da mesma espécie, nos quais não foi feita a seleção. Recomenda-se, então, uma distância mínima de 300 m separando a APS de outras áreas com erva-mate. O isolamento pode ser feito por meio de espécies que não se cruzam com a erva-mate e também por meio de poda das plantas de erva-mate que estão localizadas dentro dessa distância mínima da APS, antes de sua floração. No estabelecimento de uma APS, é importante considerar a pureza genética do talhão e o conhecimento da origem e base genética das sementes.
Para a instalação de uma APS, em um povoamento natural ou artificial, os seguintes procedimentos devem ser adotados:
  1. avaliação da produtividade de cada planta, com base no peso de folhas e ramos finos;
  2. identificação das plantas masculinas e femininas mais produtivas;
  3. desbaste com a eliminação das piores plantas femininas e masculinas;
  4. colheita de sementes das plantas remanescentes;
  5. produção de mudas a partir das sementes colhidas.
As demais considerações efetuadas para área de coleta de sementes (ACS) são válidas, exceto que as avaliações de safras adicionais só poderão ser realizadas nas plantas remanescentes quando, então, novos desbastes poderão ser aplicados.
A vantagem da APS, em relação à ACS, está no fato de as árvores destinadas à produção de sementes estarem concentradas em uma área, o que facilita o acompanhamento da frutificação, a coleta de sementes e os tratos culturais necessários para uma boa produção de frutos. Na ACS, as plantas produtoras de sementes ficam dispersas no povoamento.
Foto: José Alfredo Sturion
Figura 1. Área de produção de sementes de erva-mate em Colombo, PR.
Fotos: José Alfredo Sturion
Figura 2. Matrizes selecionadas para produção de biomassa foliar em uma área de produção de sementes de erva-mate instalada em Guarapuava, PR.

Pomar de sementes clonal (PSC)

Consiste em se propagar vegetativamente as árvores superiores. Da mesma forma considerada para a APS, o PSC deve ser isolado, para evitar a entrada de pólen de qualidade inferior. Dentre as principais vantagens dos pomares de sementes clonais, destaca-se a precocidade na produção de sementes, especialmente quando a enxertia é o método de propagação utilizado.
A partir de povoamentos naturais ou artificiais, as seguintes etapas devem ser implementadas:
  1. avaliação da produtividade de cada planta, com base no peso de folhas e ramos finos;
  2. identificação das plantas femininas e masculinas, com maiores produtividades;
  3. propagação vegetativa das plantas femininas e masculinas selecionadas, para um pomar de recombinação;
  4. colheita de sementes do pomar de sementes ou de recombinação;
  5. produção de mudas a partir das sementes colhidas. Neste procedimento, poderá ser utilizado um menor número de plantas femininas e masculinas do que aquele empregado para APS, pois a distribuição espacial das plantas selecionadas será melhor e os indivíduos poderão ser repetidos várias vezes, aumentando a disponibilidade de sementes. Dessa forma, o ganho genético em produtividade será maior do que aqueles obtidos em ACS e APS.
Para a instalação do PSC, deve-se selecionar em torno de 40 plantas, ou seja, quatro plantas por ha, subdividido em quatro estratos. Recomenda-se o espaçamento de 5 m x 10 m entre árvores, 200 árvores.ha-¹, para a produção de uma boa quantidade de sementes, sendo 20 clones femininos e 20 masculinos. As árvores de um mesmo clone não devem ser colocadas próximas entre si.

Pomar de sementes biclonal (PSB)

A formação destes pomares é similar ao método descrito para o pomar de sementes clonal, exceto que deverão ser propagadas apenas a melhor planta feminina e a melhor planta masculina, para o pomar de sementes. No pomar, cada indivíduo será representado por várias estacas ou rametes, para suprir adequadamente a necessidade de sementes.
Devido à alta intensidade de seleção empregada, recomenda-se a utilização deste método somente quando várias safras forem avaliadas, em cada indivíduo.

Pomar de sementes por mudas (PSM)

O pomar de sementes por mudas pode ser instalado a partir de um teste de progênie. Neste método, os seguintes procedimentos devem ser adotados:
  1. colheita de sementes de matrizes previamente selecionadas;
  2. produção de mudas, em separado, para cada matriz;
  3. plantio das mudas produzidas em local adequado, ou seja, limpo, plano e com tratos culturais adequados, identificando as mudas de acordo com as matrizes;
  4. avaliação da produtividade de todas as plantas, computando o total produzido por todas as plantas de uma matriz;
  5. identificação das matrizes mais produtivas, com base na produtividade de suas progênies;
  6. propagação das melhores matrizes para um pomar, conforme PSC, juntamente com algumas plantas masculinas já selecionadas;
  7. produção de mudas a partir das sementes colhidas no pomar.
Outra opção consiste em manejar o próprio teste de progênie para a produção de sementes geneticamente melhoradas. Nesse caso, o teste poderá ser implantado em delineamento de blocos ao acaso. Por meio de desbaste das piores progênies e das árvores inferiores de progênies selecionadas, o teste é transformado em PSM de polinização aberta. Se forem efetuados cruzamentos controlados, o pomar será denominado de Pomar de Sementes por Mudas de polinização controlada. Esperam-se ganhos da ordem daqueles obtidos para PSC de primeira geração.
Recomendações para o estabelecimento de testes combinados de procedência e progênie:
  1. Dentro da área de ocorrência da espécie, identificar, no mínimo, três regiões (procedências) representativas.
  2. Em cada região, amostrar, pelo menos 25 árvores, sendo recomendável manter uma distância mínima de 100 m entre as árvores amostradas.
  3. As sementes devem ser coletadas e mantidas individualizadas por árvore. A quantidade de sementes a ser coletada depende da quantidade de testes a serem instalados. Recomenda-se a instalação do teste de progênie nas regiões ecologicamente diferentes.
  4. O teste pode ser instalado em blocos ao acaso com dez repetições. As parcelas podem ser lineares com seis plantas. Portando, cada matriz será representada por 60 plantas, em cada teste.
  5. As progênies devem ser totalmente aleatorizadas (distribuídas ao acaso) dentro de cada bloco.
  6. Para se calcular o número de mudas, por progênie, deve-se considerar, por segurança, um replantio de 30%.
Foto: José Alfredo Sturion
Figura 3. Teste de progênie de erva-mate com aproximadamente cinco hectares de área, instalado na Ervateira Bitumirim, em Ivaí, PR.
Foto: José Alfredo Sturion
Figura 4. Diferença no desenvolvimento de progênies de erva-mate, antes da poda de formação. São necessárias avaliações de, pelo menos, duas safras, para selecionar indivíduos com alta produção de massa foliar, com boa precisão.
Foto: José Alfredo Sturion
Figura 5. Progênie de erva-mate com alta produção de biomassa foliar ao lado de progênie pouca produtiva.
Comparação entre os métodos de produção de propágulos melhorados
Dentre esses métodos, o mais eficiente para aumentar a produtividade é a seleção de parentais baseada nos testes de progênie, ou a identificação de indivíduos superiores dentro do próprio teste, embora seja o mais trabalhoso e demorado.
Entretanto, este método pode ser adotado conjuntamente com outros mais rápidos, como área de coleta e de produção de sementes, os quais irão gerar material melhorado no curto prazo. Dentre os demais métodos, os mais eficientes são, em ordem decrescente, pomar clonal, pomar de sementes biparental, pomar de sementes clonal, área de produção de sementes e área de coleta de sementes.
Áreas de produção e de coleta de sementes são métodos importantes no início de programas de melhoramento, ou quando há necessidade de produção de sementes melhoradas no curto prazo.
Comentários adicionais
Com o propósito de determinar a quantidade necessária de sementes para a instalação dos testes de progênie, considerar, em média:
  • período de coleta de sementes de janeiro a março;
  • 7 a 9 kg de frutos para 1 kg de sementes;
  • 10 kg de frutos por árvore adulta, quando a pleno sol;
  • 5 kg de frutos por árvore adulta, quando em sub-bosque;
  • 120 a 140 mil sementes por kg;
  • 12 a 20 mil mudas por kg de sementes.

Jardim clonal e plantio clonal

A propagação vegetativa é possível na erva-mate. Cada planta, individualmente produzida por propagação vegetativa, é, na maioria das vezes, idêntica à planta-mãe, constituindo, assim, motivo maior de sua aplicação. Portanto, a planta a ser propagada em um jardim clonal deve ser criteriosamente avaliada. Dentre os vários meios de propagação vegetativa, a multiplicação da erva-mate por estaquia e enxertia é atualmente o mais viável. Os clones devem ser testados em condições ambientais que representem a variação dos ambientes de plantio. Após a eleição dos clones, os mesmos passam por uma fase de multiplicação pré-comercial para aumentar o número de plantas a serem levadas aos jardins clonais. Esta multiplicação pode ser feita nos próprios jardins clonais ou em vasos. Se o objetivo for aumentar a produtividade de massa foliar aos plantios clonais, os seguintes procedimentos devem ser realizados:
  1. avaliação de várias safras, no mínimo três, em várias plantas;
  2. seleção das melhores plantas, com base na média das safras;
  3. propagação das plantas selecionadas para um jardim clonal, onde serão mantidas rebaixadas e servirão como fontes de estacas para os plantios clonais;
  4. produção e plantio de mudas clonais obtidas a partir do jardim clonal.



sábado, 14 de julho de 2018

Clima e Distribuição geográfica da erva-mate

A erva-mate (Ilex paraguariensis St. Hil.) ocorre naturalmente nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e, em menor proporção, nos estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
O cultivo da erva-mate é de grande importância, pois representa um relevante instrumento de inclusão social. A iniciativa de se estabelecer plantios da espécie aumentou a necessidade de desenvolvimento de técnicas silviculturais e da disponibilização de tecnologias ao setor ervateiro, incluindo as pequenas e médias propriedade rurais.
A parceria da Embrapa Florestas com Universidades, Organizações Estaduais de Pesquisa e Extensão Rural, produtores e empresas do setor ervateiro, vem permitindo o desenvolvimento de sistemas sustentáveis de produção e de materiais genéticos mais produtivos e com características de interesse.
A disponibilização do sistema de produção on line possibilita aos usuários interessados o acesso rápido às informações, ao mesmo tempo em que propicia um contato direto produtor/pesquisador/extensionista. Essa iniciativa da Embrapa Florestas pretende atender as expectativas dos usuários e incentivar novas parcerias que possam servir de estímulo ao desenvolvimento tecnológico e, com isto, promover um real crescimento do setor ervateiro nacional.

Clima

Na área de distribuição natural da erva-mate, ocorrem dois tipos climáticos, de acordo com a classificação de Köeppen: Cfb (clima temperado) e Cfa (clima subtropical), com chuvas regulares, distribuídas ao longo do ano, e com médias de precipitação pluviométrica variando de 1.500 mm a 2.000 mm.
As temperaturas médias anuais variam de 15 ºC a 18 ºC na região dos pinhais, e de 17 ºC a 21 ºC em Misiones, Argentina. As geadas são frequentes ou pouco frequentes, dependendo da altitude, que varia de 500 a 1.500 m sobre o nível do mar.

Distribuição geográfica da erva-mate

Distribuída naturalmente em uma área de aproximadamente 540.000 km² no Brasil, abrange os estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Na Argentina, ocorre na Província de Misiones, parte da Província de Corrientes e em pequena parte da Província de Tucumã. No Paraguai, ocorre na área situada entre os rios Paraná e Paraguai (Figura 1). Esta região localiza-se entre as latitudes de 22º S e 30º S e longitudes 48º 30´ W e 56º 10´ W, com altitudes que variam entre 500 m a 1.500 m sobre o nível do mar. No Brasil, corresponde a 450.000 km², representando cerca de 5% do território nacional. Na América do Sul, corresponde a 3% da área.
A espécie ocorre em associações com a araucária, desde Campos de Jordão, a leste de São Paulo, região sudeste de Minas Gerais e ao sul do Rio Grande do Sul. A erva-mate não ocorre em campos naturais, com exceção dos pontos de contato com as matas nativas anteriormente existentes.

Figura 1. Área natural de ocorrência da erva-mate.
Fonte: Adaptado de Oliveira; Rotta, 1985.


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