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quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Doenças e Métodos de Controle No Feijão-Caupi



O feijão Caupi é uma cultura tradicionalmente explorada por pequenos agricultores, normalmente descapitalizados, por isso mesmo, na maioria das vezes, com emprego de pouca tecnologia. Tara-se de uma leguminosa de alto valor nutricional, e com boa aceitação no mercado. É uma cultura pouco exigente no que diz respeito à fertilidade do solo, pois tem a grande vantagem de ser uma planta fixadora de nitrogênio, um dos elementos essências à cultura. No entanto, variações climáticas podem afetar significativamente a produtividade da cultura. 


Morte das plântulas (Damping off)
Sintomas: Frequentemente, quando o ataque é provocado por Rhizoctonia, os sintomas são logo perceptíveis no caule, onde se observam lesões deprimidas, alongadas e marrons, circundando às vezes todo o colo. Quando o ataque é de Pythium a doença avança até acima da linha do solo e, nesse caso, a lesão assume tonalidade esverdeada de aspecto aquoso. Nessa situação, quando as condições climáticas externam muita umidade e temperaturas amenas, o desenvolvimento das lesões é muito rápido, determinando murcha e tombamento das plantas em um curto espaço de tempo. Assim, observa-se falha na germinação e consequentemente, redução no estande (Rios, 1988; Ponte, 1996).
Controle: Os métodos de controle se baseiam fundamentalmente no emprego de sementes sadias e certificadas e na proteção das sementes com emprego de fungicidas antes do plantio.

Podridão-das-raízes

Sintomas: O sintoma primário tem início na raiz principal que, a princípio, apresenta discreta coloração avermelhada, progredindo em intensidade e extensão. Posteriormente, a coloração avermelhada assume um tom marrom, época em que os tecidos se rompem em fendas longitudinais e são verificados apodrecimento do parênquima e desintegração dos feixes vasculares com a conseqüente interrupção da circulação de seiva, surgindo um amarelecimento geral, murcha, seca e morte das plantas (Ponte, 1996).
Controle: Na ausência de cultivares comprovadamente resistentes, devem ser adotadas a remoção e queima das plantas doentes, eliminação dos restos culturais e rotação de cultura com algodão e/ou gramíneas. A aplicação de calcário, na ordem de 1 t/ha tem sido destacada por Santos et al. (1996) como eficiente para o controle da enfermidade.

Podridão-do-colo

Sintomas: A doença se exprime inicialmente no colo das plantas, ao nível do solo, causando lesões necróticas deprimidas, de aspecto aquoso, que com a rápida evolução atinge todo o caule e também os primeiros ramos, dando lugar à extensa área necrosada e podre (Figura 1). Em condições favoráveis à doença, surge, muitas vezes, na superfície das lesões, discreto crescimento branco, correspondendo às estruturas reprodutivas do patógeno. Nessas condições, as plantas afetadas murcham e fenecem rapidamente.

Foto: Cândido Athayde Sobrinho
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Figura 1. Podridão-do-colo.
Controle: O controle deve visar ao estabelecimento de condições que sejam desfavoráveis à doença. Assim, deve-se evitar plantios adensados, solos excessivamente úmidos, e, em casos muito especiais, promover tratamento com fungicidas específicos, a exemplo de produtos à base de metalaxyl e tratamento de sementes com produtos à base de captan.

Podridão cinzenta do caule

Sintomas: A doença pode se manifestar em todos os estádios de desenvolvimento das plantas. Os sintomas iniciais aparecem freqüentemente no colo, atingindo, posteriormente, a raiz pivotante e as partes superiores do caule e ramos primários, onde são observadas lesões acinzentadas, difusas, de aspecto úmido, que evoluem para intensa podridão dos tecidos, definindo uma desagregação parcial ou total do parênquima e feixes vasculares. 
Ponte (1996) destaca que na superfície das lesões são muitas vezes observadas inúmeras pontuações negras - as estruturas reprodutivas do patógeno (picnídios). Atrelado à desestruturação dos tecidos, sobrevêm um amarelecimento generalizado, murcha, seca e morte das plantas.
Controle: Os métodos de controle recomendados se baseiam no emprego de sementes sadias, certificadas, plantio pouco adensado e, em áreas irrigadas, o manejo adequado da água visando a evitar encharcamento (Ponte, 1996). Recomenda-se um plano de rotação cultural com inclusão de gramíneas forrageiras. O tratamento de sementes com produtos à base de benzimidazóis também representa importante medida de controle.

Murcha-de-fusarium

Sintomas: Os sintomas se expressam primeiramente na redução do crescimento, Figura 2, clorose acompanhada de queda prematura de folhas que evolui para murcha e posterior morte das plantas (Rios, 1988). Seccionando-se longitudinalmente o caule percebe-se uma descoloração dos feixes vasculares, os quais assumem uma pigmentação castanha, demonstrando a colonização necrotóxica do patógeno nos tecidos condutores da hospedeira.
Foto: Cândido Athayde Sobrinho
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Figura 2. Murcha-de-fusarium.
Controle: Para o controle da doença deve-se considerar um conjunto de medidas: escolha da área isenta do patógeno; definição adequada da época do plantio para se evitar o plantio sob condição de encharcamento; estabelecimento de um plano de rotação cultural; emprego de sementes certificadas, produzidas em áreas indenes e realização de tratamento de sementes com fungicidas à base de benomyl (Oliveira, 1981). Para esse fim, pode-se adotar uma associação de produtos a base de benomil + thiran.

Murcha/podridão-de-esclerócio

Foto: Antônio Apoliano dos Santos 
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Figura 3. Murcha-de-esclerócio
Sintomas: O sintoma mais representativo da doença constitui-se em um emaranhado miceliano de coloração branca, com ou sem pequenos corpúsculos esféricos (esclerócios), inicialmente brancos, posteriormente, amarelados, situado no colo da planta (Ponte, 1996) (Figura 3). Sob essas estruturas é ordinariamente observada intensa desestruturação dos tecidos do que resulta em danos ao sistema vascular com conseqüente amarelecimento, murcha, seca e morte das plantas.
Controle: Na ausência de materiais que apresentem resistência à doença, algumas medidas são recomendadas, visando sobretudo o controle preventivo. Dentre elas destacam-se: durante o preparo do solo, promover aração profunda, enterrando, abaixo de 15 cm, os restos culturais; evitar acúmulo de matéria orgânica junto ao colo e caule das plantas; empregar espaçamentos abertos;promover plano de rotação de cultura, incluindo milho e algodão, plantas consideradas resistentes; efetuar tratamento do solo, no ato da semeadura, com fungicidas à base de PCNB, o que pode ser complementado pela aplicação quinzenal do mesmo produto, via pulverização dirigida para o colo/caule (Ponte, 1996). Tal recomendação pressupõe situação muito especial, tendo-se que considerar convenientemente a relação benefício/custo.

Carvão

Foto: Cândido Athayde Sobrinho
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Figura 4. Carvão. 
Sintomas: A doença caracteriza-se pela presença, nos folíolos, de manchas arredondadas, castanho-escuras, firmes e lisas, alcançando, em média, 4 a 8 mm (Figura 4). Referidas lesões aparecem circundadas por um notável halo clorótico. Tais manchas, quando numerosas, coalescem, induzindo, aos folíolos, um intenso amarelecimento e queda precoce, do que resulta em diminuição da produtividade (Ponte, 1996).
Controle: No caso de ataque severo, sobre cultivares suscetíveis, seria conveniente o uso de fungicida cúprico, mediante pulverizações semanais. Três a quatro aplicações preventivas, no geral, são suficientes (Ponte, 1996). De acordo com Rios (1988) o controle curativo pode ser obtido pelo emprego de fungicidas benzimidazóis.

Mancha-café

Sintomas: Apesar do fungo infectar folhas (nervuras, pecíolos), ramos, pedúnculo, almofada floral, os sintomas mais freqüentemente observados têm estado restritos à vagem e ao pedúnculo onde são encontradas manchas de coloração marrom-escura ou café, de tamanho e conformação variados. Na superfície das lesões, frequentemente despontam as frutificações negras do patógeno (acérvulos), destacando setas escuras, perceptíveis ao tato (Ponte, 1996).
Controle: Emprego de sementes sadias, produzidas em áreas comprovadamente indenes, destruição dos restos de cultura. De acordo com Ponte (1996) em casos muito especiais, pode-se efetuar pulverizações semanais, com produtos à base de mancozeb.

Cercosporiose (Mancha-vermelha)

Sintomas: De acordo com Rios (1988) a doença surge preferencialmente por ocasião do início da floração. Nos folíolos, observam-se manchas necróticas, secas, ligeiramente deprimidas de coloração avermelhada e contorno irregular, notadamente, nas lesões mais velhas (Ponte, 1996). Com a evolução da doença, a coloração do centro da lesão torna-se pardo-acinzentada, sendo o conjunto, circundado por um discreto halo clorótico. Em condições de elevada umidade, sobressai da superfície da mancha, uma massa compacta marrom, que corresponde as estruturas reprodutivas do patógeno.
Controle: Dada a pouca expressão que essa doença apresenta nas condições da região Nordeste do Brasil, não se justifica a adoção de medidas específicas de controle de caráter sistemático (Ponte, 1996).

Mela

Sintomas: De acordo com Ponte (1996) a doença incide mais frequentemente nas folhas, onde, no início dos sintomas, surgem pequenas lesões circulares que evoluem, crescem e, rapidamente coalescem, formando grandes manchas de aspecto aquoso, tomando grande parte da área do folíolo (Figura 5). Muitas vezes, o fungo produz uma trama de micélio (teia micélica) que, às vezes liga umas folhas às outras. Há ocasiões em que ocorre queda prematura de folhas e morte das plantas atacadas.
Foto: Cândido Athayde Sobrinho
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Figura 5. Mela.
Controle: Medidas isoladas para o controle da doença não têm sido satisfatórias. O correto seria a adoção de um conjunto de medidas visando minimizar a ação do patógeno (Rios, 1988). Assim, medidas como o emprego de sementes sadias, evitar cultivos em baixios ou em áreas sujeitas a elevada umidade, aração profunda do solo, incorporando os restosculturais a grandes profundidades.
Em situações muito especiais, pode-se eventualmente efetuar o controle químico por meio de fungicidas à base de quintozene (Ponte, 1996). Recomenda-se, também, para áreas onde já ocorreu ataque, o tratamento de sementes com fungicidas do mesmo grupo.

Mancha-zonada

Sintomas: O fungo ataca exclusivamente os folíolos, onde provoca manchas necróticas circulares de tamanho variado (2-20 mm) e em anéis concêntricos (zonas). Normalmente, tais manchas mostram-se avermelhadas com o centro escuro (Ponte, 1996).
Controle: Como se trata de uma doença de pouca expressão, não há, com frequência, necessidade de medidas de controle. Ponte (1996) recomenda que, se ocorrerem surtos epifitóticos em locais específicos, medidas gerais como a rotação cultural e controle químico com produtos à base de tiabendazóis (benomyl) e mancozeb devem ser implementadas.

Ferrugem

Sintomas: A doença se caracteriza, de acordo com Rios (1988), pela formação de pústulas em ambas as superfícies foliares. Tais pústulas, são reveladas por meio de pequenas manchas necróticas, amareladas e levemente salientes. Muitas vezes ao friccionarem-.se os folíolos contendo pústulas, sente-se, ao tato, a presença das estruturas reprodutivas do patógeno (uredósporos), liberadas das referidas pústulas. Ao final do ciclo, as manchas passam a apresentar cor escura, em função da liberação de outros tipos de esporos (teliósporos), os quais, individualmente, são marrons ou vermelhos e escuros quando em massa.
Controle: Como se trata de uma doença de pouca expressão para as condições da região Meio-Norte do Brasil, não há, com frequência, necessidade de medidas de controle.

Mancha-de-alternária

Sintomas: Presença de manchas necróticas, ligeiramente circulares, apresentando, quando novas, coloração avermelhada, depois pardo-clara. Quando bem desenvolvidas, essas manchas atingem um diâmetro de 15 mm. Uma característica marcante da doença é a presença de anéis concêntricos, que fazem lembrar um painel de tiro-ao-alvo (Ponte, 1996). A doença, quando surge, manfesta-se, via de regra, nos folíolos mais velhos.
Controle: Por se tratar de doença pouco frequente, manifestando-se de forma restrita e incidindo sobre os folíolos mais velhos, próximos à senescência, torna-se dispensável qualquer medida de controle.

Oídio ou cinza

Sintomas: A doença pode atingir todas as partes das plantas, salvo o sistema radicular. O principal sintoma da doença se constitui no crescimento de uma "massa" branco-acinzentada de aspecto pulverulento, formada pelas estruturas vegetativas do patógeno, a qual se manifesta, inicialmente, nos folíolos e depois se estende aos pecíolos, caules, órgãos florais e vagens, até recobrir toda a superfície da planta efetada.
Controle: Em condições normais de cultivo a doença dispensa medidas de controle específicas. Contudo, nas zonas semi-áridas podem ocorrer surtos da doença que em situações muito especiais, podem comprometer o desempenho da cultura. Nesses casos, pode-se empregar fungicidas a base de enxofre ou benomyl, em pulverização foliar (Ponte, 1996).

Sarna

Sintomas: Presença de lesões em qualquer parte da planta: folha, caule, ramos, pedúnculo, pecíolo e vagens (Figura 6). Nas folhas, no início da infecção, observam-se pequenas pontuações (manchas) amarelo-amarronzadas, tornando-se brancas ou marrons. Com a evolução da doença, as pontuações tornam-se necróticas e, em seguida, rompem-se definindo pequenas perfurações no limbo (Rios, 1988). Nas demais partes da planta, os sintomas aparecem na forma de lesões ovaladas a ligeiramente alongadas, profundas, de centro esbranquiçado e bordos marrons. O ataque às vagens deixam-nas encurvadas, atrofiadas e, muitas vezes secas, acarretando grande perda na produção.
Foto: Antônio Apoliano dos Santos
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Figura 6. Sarna.
Controle: O emprego de cultivares resistentes é o melhor método. Dessa forma, para o controle da sarna, tem-se o BR 14 - Mulato com alto padrão de resistência para as condições locais (Cardoso et al., 1991). Outras medidas complementares de controle podem ser adotadas, entre elas destacam-se o emprego de sementes sadias, livres do patógeno e destruição dos restos culturais (Torres Filho & Sá, 1994).

Mofo-cinzento-das-vagens

Sintomas: Os sintomas são expressos sobretudo nas vagens, onde, inicialmente, aparecem pequenas áreas encharcadas que depois escurecem, culminando com o apodrecimento dos tecidos lesados. Nesse estádio de desenvolviemento da doença, nota-se, à superfície das lesões, um crescimento acinzentado, evidenciando as estruturas reprodutivas do patógeno.
Controle: Como a enfermidade ocorre nas vagens, preferindo tempo úmido, constitui importante medida de controle efetuar o plantio de modo a não coincidir a fase de desevolvimento e maturação desses órgãos com as condições ambientais supracitadas. Caso essa prática seja impossível, recomenda-se emprego de fungicidas a base de benomyl em aplicações semanais.

Mancha-bacteriana

Sintomas: A doença se manifesta na forma de manchas foliares, com centro avermelhado, envolvidas frequentemente por um halo amarelado (anasarca) de tecido encharcado. Em certas condições, o patógeno pode invadir o caule de onde surgem cancros bem característicos (fissuras longitudinais). Nas vagens são observadas manchas irregulares de aspecto úmido de onde o patógeno invade as sementes. As manchas foliares ocorrem principalmente ao longo da estação chuvosa.
Controle: Plantio de sementes sadias livre do patógeno, além da utilização sempre que possível de variedades resistentes (Santos & Freire Filho, 1982).

Mosaico-severo-do-caupi

Sintomas: Os sintomas apresentados por plantas doentes, são, no geral, severos, expressos na forma de intenso encrespamento do limbo foliar, em função de numerosas bolhosidades associadas a presença de mosqueado, isto é, alternância, nos folíolos, de zonas de coloração verde-clara, com outras de cor verde-escura (Figura 7 e 8). Freqüentemente, são observados subdesenvolvimento das nervuras principais, resultando em franzimento e redução do limbo, distorção foliar e, quando as plantas são infectadas no início do ciclo, apresentam intenso nanismo, com severos prejuízos à produção. Estudos conduzidos em casa de vegetação revelaram que na dependência da idade da planta infectada com o virus a produção pode ser reduzida em até 81% (Gonçalves & Lima, 1982). As sementes produzidas de plantas atacadas, apresentam-se deformadas, "chochas" e manchadas, com acentuada redução no poder germinativo.
Controle: Considerando-se a ocorrência generalizada, severa e permanente desta virose em toda a região, a melhor forma de controle a ser adotada é o emprego de cultivares comerciais altamente resistentes. Neste particular, indicam-se a BR 10 - Piauí, BR 14 - Mulato (Cardoso et al., 1990; 1991) e BR 17 - Gurguéia (Freire Filho et al., 1994). Medidas auxiliares de controle devem ser conduzidas quando o produtor, por desconhecimento das cultivares aludidas, adotar em seus plantios materiais susceptíveis. Tais medidas devem ser embasadas no controle sistemático dos vetores, plantio em época de baixa população dos vetores, e, eliminação, sempre que possível, das hospedeiras silvestres.
Foto: Antônio Apoliano dos Santos
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Figura 7. Mosaico-severo 
Foto: Antônio Apoliano dos Santos
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Figura 8. Mosaico-severo.

Mosaico-rugoso

Sintomas: O sintoma mais evidente é o mosaico, isto é, presença marcante, nos folíolos, de áreas intensamente verde-escuras, entremeadas por zonas de cor verde esmaecido (Figura 9 e 10). Tais órgãos concomitantemente exprimem intensa bolhosidade e enrugamento. Com muita freqüência são também observados sintomas do tipo faixa verde das nervuras, que são faixas de verde normal acompanhando algumas ou todas as nervuras do folíolo, com as zonas próximas apresentando um verde amarelado. A redução do porte das plantas não tem sido verificado com frequência.
Controle: As medidas de controle devem ser fundamentalmente embasadas no emprego de cultivares resistentes. Ao longo dos anos têm sido recomendadas diversas cultivares com excepcional resistência a essa enfermidade (Freire Filho et al., 1985). Entre elas destacam-se: BR 1 - Poty, CE 315, Pitiúba, VITA - 7, e mais recentemente, dispõem-se de cultivares como BR 10 - Piauí, BR 12 - Canindé, BR 14 - Mulato e BR 17 - Gurguéia. Por outro lado, caso o produtor não disponha de nenhum desses materiais, medidas outras podem ser adotadas, entre elas destaca-se o controle eficiente dos vetores logo no início do ciclo cultural.
Foto: Antônio Apoliano dos Santos
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Figura 9. Mosaico-rugoso.
Foto: Antônio Apoliano dos Santos
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Figura 10. Mosaico-rugoso.

Mosqueado-severo

Sintomas: A doença exprime-se nos folíolos por meio de extensas áreas cloróticas em alternância com áreas de verde normal, sendo que as zonas cloróticas apresentam-se bem mais extensas (Figura 11). Freqüentemente é observada distorção foliar, sobretudo no ápice do folíolo. Plantas severamente afetadas apresentam porte reduzido.
Foto: Antônio Apoliano dos Santos
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Figura 11. Mosqueado-severo.
Controle: O controle também consiste no emprego de variedades resistentes, entre as quais destacam-se o BR 10 - Piauí, BR 14 - Mulato, BR 17 - Gurguéia. O controle sistemático dos afídeos vetores durante a fase de desenvolvimento vegetativo representa importante medida quando da impossibilidade do emprego de materiais comprovadamente resistentes indicados pela pesquisa.

Mosaico-do-pepino

Sintomas: Sempre que o virus se manifesta isoladamente, os sintomas são bastante discretos, quase imperceptíveis, sendo observado discreto mosaico nos folíolos, acompanhado de leve redução do porte das plantas. Todavia, quando em sinergismo com alguns potyvirus, podem surgir sintomas do tipo faixa verde das nervuras, intensa distorção foliar e até nanismo.
Controle: Em função do caráter de grande severidade dessa doença quando em associação com os potyvirus acima citados, as medidas de controle eficazes indicadas para o referido grupo mostram-se também importantes para este. Algumas medidas complementares como controle de afídeos vetores e emprego de sementes certificadas oriundas de campos comprovadamente sadios, são de grande valia para o controle efetivo da doença.

Mosaico-dourado

Sintomas: A doença, inicialmente, se expressa na forma de pequenas pontuações verde-amareladas (Figura 12). Proporcionalmente a sua evolução, tais pontuações crescem em formato e extensão, cobrindo toda a superfície do limbo foliar, finalizando por deixar os folíolos com a coloração amarelo-dourado (Figura 13). As vezes, tem-se observado redução no porte das plantas, sem contudo, apresentar distorção nem deformação foliar.
Controle: Recomenda-se o emprego de cultivares com alguma resistência ou tolerância. Neste particular, apresentam-se como resistentes as cultivares BR 10 - Piauí, BR 14 - Mulato e BR 17 - Gurguéia. Eventualmente essas cultivares podem apresentar, em condições de campo, infecções leves da doença, sem comprometer o rendimento da cultura.
Foto: Antônio Apoliano dos Santos
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Figura 12. Mosaico-dourado.
Foto: Cândido Athayde Sobrinho
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Figura 13. Mosaico-dourado.
Na Tabela 1 encontram-se produtos recomendados para controle de doenças.
Tabela 1. Produtos recomendados, doenças controladas, doses do produto comercial (PC) e intervalo de segurança (IS)
Produto
Doença controlada
PC (dose)
IS (dia)
Benomyl
Podridão da raiz, morte das plântulas, podridão cinza do caule, murcha-de- fusário
100g/100 kg sementes (T.S.)(1)
17
Captan
Mancha-café, murcha-de-esclerócio, podridão, murcha-de-fusario, podridão-de-raiz, podridão-do-colo, morte de seedling
200g/100 kg sementes (T.S.)
-
Carboxin
Mancha-café, morte seedling
200-400g/100 kg sementes (T.S.)
-
Daconil
Mancha-café
2-3 l/ha
7
Hidroxido de cobre
Ferrugem, mancha-café
300 ml/100 l
7
Mancozeb
Ferrugem, mancha-café
2 kg/ha
7
Oxycarboxin
Ferrugem
0,5-0,8 kg/ha
21
Tiofanato metilico
Mancha-café
100 ml/100 l
21
Quintozene
Morte seedling, murcha-de-esclerócio, Mancha-café, cercosporiose, podridão-das-raízes, podridão-do-colo
100-350 g/100 (T.S.)
100 g/100 l(2)
-
-




quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Tratos Culturais e Manejo de Plantas Daninhas no Feijão-Caupi



Plantas daninhas

Em uma lavoura de feijão-caupi podem aparecer inúmeras plantas estranhas à espécie explorada, as quais são chamadas de plantas daninhas, ervas daninhas ou mato. O período crítico de competição das plantas daninhas com o feijão-caupi, ou seja, o período durante o qual as perdas econômicas são maiores, ocorre aproximadamente, até aos 35 dias após a emergência (Araújo et al., 1984).

A estratégia adequada de manejo está associada à eficiência técnica e econômica do método considerado como o momento de maior suscetibilidade das plantas daninhas. Na definição do método deve-se levar em conta o tamanho e o relevo da área a ser controlada; as condições climáticas prevalecentes no período; a disponibilidade de equipamentos e mão-de-obra; a qualidade da água; os custos e as espécies daninhas predominantes. Na maioria dos casos, a fusão de métodos de controle proporciona melhores resultados.
Existem vários métodos de controle de plantas daninhas, destacando-se como principais:

Controle preventivo

O objetivo principal desse método é prevenir a introdução, o estabelecimento e/ou a disseminação de determinadas espécies de plantas daninhas em áreas não infestadas. Tem importância extrema quando o campo é destinado à produção de sementes. A legislação brasileira de sementes relaciona as espécies proibidas, sendo suficiente a presença de um único propágulo para condenar um lote de semente. Para tanto, foram estabelecidos limites de tolerância para as espécies daninhas toleradas e nocivas (Ferreira et al., 1998).
Para evitar a contaminação de uma área, certos cuidados são necessários. Entre eles destacam-se: utilizar sementes e adubos de natureza orgânica (estrume, restos de cultura ou composto) livres de propágulos de plantas daninhas proibidas; realizar limpeza completa de máquinas e implementos antes de iniciar as práticas agrícolas; e promover permanentemente o controle dessas plantas daninhas próximo a canais de irrigação e margens de carreadores.

Controle cultural

Consiste no aproveitamento das características agronômicas da cultura comercial como  objetivo de levar vantagem sobre as plantas daninhas (Ferreira et al., 1994).
O monocultivo de uma dada espécie por vários anos, como também a utilização contínua de um mesmo princípio ativo (herbicida), em uma mesma área, facilitam o estabelecimento de certas plantas daninhas tolerantes aos herbicidas, promovendo um efeito negativo adicional sobre a cultura.
Uma prática para amenizar os efeitos da monocultura é a rotação cultural, pois previne o surgimento de altas populações de espécies de plantas daninhas mais adaptáveis às culturas.
A variação do espaçamento entre linhas, ou da densidade de plantas na linha pode contribuir para a diminuição da competição das plantas daninhas sobre a cultura (Lorenzi,1994; Cardoso et al., 1997a; Cardoso et al., 1997b). A combinação espaçamento x variedade visa, principalmente, a proporcionar adequada cobertura do solo para diminuir a competição de plantas daninhas com a cultura.
Atrasar o plantio após o preparo do solo favorece o desenvolvimento das plantas daninhas. O ideal é que a última gradagem seja feita imediatamente antes do plantio, pois facilita o controle das plantas daninhas já germinadas, o que favorece o estabelecimento mais rápido da cultura.


Controle mecânico

Consiste na utilização de práticas de controle de plantas daninhas pelo efeito físico-mecânico, como a capina manual e o cultivo mecânico.
A utilização de enxadas e, principalmente, os cultivadores a tração animal são os métodos mais comuns de controle de plantas daninhas em feijão-caupi. Esses são, ainda, comuns em muitas lavouras, mormente no caso dos pequenos produtores que não possuem meios mais eficientes. Entretanto, ressalta-se que a tração animal não controla as plantas daninhas na linha do plantio comercial, e só pode ser utilizada, com eficiência, em sistemas de plantio em linha ou em covas bem alinhadas.


Controle químico

É recomendado para grandes áreas, quando justificado, ou em áreas com mão-de-obra escassa. De um modo geral, antes da aplicação, deve-se observar as recomendações do rótulo de cada produto seguindo a orientação técnica. Nesse método são utilizados os herbicidas que podem ser classificados em pré-plantio incorporado (PPI), pré-emergente (PE) e pós-emergente (POS). O produtor deve levar em conta que esse método de controle de plantas daninhas é um complemento de outras práticas de manejo e deve ser utilizado com o intuito maior de reduzir do que de eliminar as necessidades dos métodos de controle manual ou mecânico das plantas daninhas. O importante para uma boa produtividade de grãos de feijão-caupi é que o controle das plantas daninhas seja feito na época certa, pois quanto mais tempo a lavoura ficar infestada mais perdas poderão ocorrer por ocasião da colheita.
Na Tabela 5 estão as condições climáticas apropriadas para uma boa eficiência de herbicida.
Obs.: Não aplicar herbicida em pós-emergência em caso de chuva iminente (alguns dos herbicidas de contato ou sistêmico, aplicados em pós-emergência necessitam de até seis horas para serem absorvidos pelas folhas das plantas).


Pré-plantio incorporado (PPI)

É recomendado para solos infestados com plantas daninhas, principalmente das famílias das ciperáceas e gramíneas perenes. A profundidade de incorporação bem como o período deve seguir as orientações contidas no rótulo de cada produto.


Pré-emergente (PRÉ)

Inicia-se com o plantio do feijão-caupi e termina com o início da fase de emergência dos cotilédones.
Os produtos podem ser aplicados na área total ou na faixa de 30 a 50 cm sobre a linha de plantio.
O poder residual do herbicida deve ser suficiente para manter a lavoura no limpo até o início do florescimento, período considerado crítico, sendo que a aplicação em solo seco sem a garantia de uma chuva ou irrigação, logo após, afeta a eficiência do produto.


Pós-emergente (POS)

Para uma maior eficiência as plantas daninhas devem estar, preferencialmente, nos estádios iniciais de desenvolvimento, pois são mais suscetíveis nesta fase. No rótulo dos produtos as doses maiores são para dicotiledôneas nos estádio de duas a quatro folhas e gramíneas até a emissão do primeiro perfilho, e as doses menores, para as dicotiledôneas nos estádios de quatro a oito folhas e gramíneas até quatro perfilhos (Lorenzi, 1994). De um modo geral, deve-se observar as recomendações do rótulo. Os pós-emergentes devem ser utilizados quando as plantas de feijão-caupi apresentarem bom estado e vigor vegetativo evitando período de estiagem, hora de calor, excesso de chuvas ou com a cultura em condições vegetativas e fitossanitárias precárias por reduzir a tolerância da cultura ao produto (Rodrigues & Almeida, 1998). Na hora da aplicação, o ar deve estar com umidade relativa de preferência nas condições ideais conforme a Tabela 5.

Tabela 5. Condições climáticas apropriadas para aplicação de herbicidas.
Tipo de Aplicação
Temperatura °C
Umidade Relativa do AR % *


Mínima
Ideal
Máxima
Mínima
Ideal
Máxima
PPI
10
20-30
35
50
60-90
95
PRE
10
20-30
35
50
60-90
95
POS
10
20-30
35
50
70-90
95






segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Irrigação no Feijão-Caupi



A deficiência de água é um dos fatores mais limitantes para a obtenção de elevadas produtividades de grãos de feijão-caupi, sendo que a duração e a época de ocorrência do déficit hídrico afetam em maior ou menor intensidade o rendimento dessa cultura.

Com o uso da irrigação é possível suprir a quantidade de água para o adequado crescimento e desenvolvimento do feijão-caupi. Entretanto, ressalta-se que, para o sucesso técnico e econômico dessa atividade, é necessário que se identifique quando, quanto e como irrigar. O conhecimento, portanto, das fases mais críticas ao estresse hídrico, dos sistemas de irrigação mais apropriados e dos métodos de manejo de irrigação recomendados, pode auxiliar o produtor a colher bons frutos em seu cultivo irrigado.

Estresse hídrico

Apesar de ser considerada uma cultura tolerante à seca, pesquisas têm mostrado que a ocorrência de déficit hídrico no feijão-caupi, principalmente nas fases de florescimento e enchimento de grãos, pode provocar severas reduções na produtividade de grãos (Cordeiro et al., 1998; Santos et al., 1998).
O estresse hídrico reduz o peso de nódulos, o nitrogênio acumulado e a produção de matéria seca da parte aérea do feijão-caupi, principalmente quando a deficiência hídrica for imposta na segunda e quinta semanas após a semeadura. (Stamford et al., 1990)
Esaas reduções devem estar associadas ao fato de que o estresse hídrico afeta vários processos fisiológicos relacionados com a assimilação de nitrato e fixação simbiótica de nitrogênio nas leguminosas, reduzindo o peso da matéria fresca dos nódulos e da parte aérea das plantas (Costa et al.,1996). A alteração destes processos fisiológicos reflete no decréscimo da produtividade de grãos ou sementes.

Demanda hídrica

O consumo de água do feijão-caupi pode variar de 300 a 450 mm/ciclo, dependendo da cultivar, do solo e das condições climáticas locais. O consumo hídrico diário raramente excede 3,0 mm, quando a planta está na fase inicial de desenvolvimento. Para as condições edafoclimáticas de Teresina, Lima (1989) encontrou para a variedade BR 10-Piauí valores da ordem de 2,1 mm.dia-1.
Durante o período compreendido entre o pleno crescimento, florescimento e enchimento de vagens, seu consumo pode se elevar para 5,0 a 5,5 mm diários, conforme valores relatados por Bezerra & Freire Filho (1984). Na região de Tabuleiros Costeiros (Parnaíba, PI), Andrade et al. (1993) obtiveram uma evapotranspiração para a cultura de caupi de 5 mm.dia-1, no início do ciclo, até atingir um pico de 9 mm.dia-1, aos 32 dias após o plantio (DAP), quando a cultura alcançou pleno desenvolvimento vegetativo. O consumo de água em todo o ciclo foi de 380 mm, correspondendo a um consumo médio de 6,3 mm.dia-1. Cardoso et al. (1998), nas mesmas condições, com uma lâmina de 338,8 mm durante todo o ciclo da cultivar BR 17-Gurguéia, obtiveram um consumo médio de 6,8 mm.dia-1.
Para que o agricultor saiba diferenciar a quantidade de água a ser aplicada em cada fase de desenvolvimento da cultura, é necessário que ele conheça os coeficientes de cultivo (Kc), que é um fator indicativo do consumo de água pela planta e, portanto, utilizado no cálculo da lâmina de irrigação. Para as condições de solo e clima da Região Meio-Norte, Andrade Júnior et al. (2000) sugerem os seguintes valores de Kc para a cultura do caupi (Tabela 4). 
No tópico "Manejo de irrigação" será explicado como se utiliza o Kc para o estabelecimento da quantidade de água a ser aplicada para o feijão-caupi.

Sistemas de irrigação

Na agricultura irrigada, a escolha do sistema de irrigação é o ponto de partida para se estabelecer um planejamento e manejo adequado da irrigação, a fim de propiciar ao produtor, possibilidades de usar o recurso água com a máxima eficiência, aumentando a produtividade das culturas, reduzindo os custos de produção e maximizando a receita líquida dos investimentos.
Os principais fatores que influenciam na seleção do sistema de irrigação são: tipo de solo e cultura, topografia do terreno, forma e tamanho da área a irrigar, quantidade e qualidade de água disponível, qualificação da mão-de-obra local, retorno econômico da cultura e facilidade de assistência técnica. Portanto, não existe um sistema ideal e sim, um sistema mais adequado à uma determinada situação.
Para o feijão-caupi, nas condições de solo e clima da Região Meio-Norte o mais indicado é o sistema de aspersão convencional, que é adaptável para:


Superfícies planas e inclinadas.
Qualquer taxa de infiltração de água do solo.
Locais com ventos amenos (<2 m/s).
Em condições particulares, com solos que apresentem superfícies com declividade longitudinal entre 0 a 0,8%; velocidade de infiltração básica inferior a 25 mm/h e locais com boa disponibilidade hídrica, pode ser empregado o sistema de irrigação por sulcos (Bernardo, 1989).

Manejo da irrigação

Existem vários métodos para se efetuar o manejo da irrigação em uma cultura. Os mais comuns são os baseados no turno de irrigação calculado, no balanço de água no solo e na tensão de água no solo. Por ser mais completo e preciso, o método do balanço de água no solo é o mais recomendado.

Método do balanço de água no solo

Uma maneira simplificada de efetuar o balanço de água no solo em uma área cultivada é contabilizar como água que entra, a irrigação e/ou a chuva, e como água que sai da superfície do solo, a evapotranspiração.
Por este método, a irrigação deve ser proporcional à quantidade de água evapotranspirada e deve ser realizada a todo momento em que a disponibilidade de água no solo estiver reduzida a um valor mínimo que não prejudique o desempenho da cultura, obedecendo a seguinte relação (Marouelli et al., 1986; Andrade Júnior, 1992):

em que:
n: número de dias entre duas irrigações consecutivas
ETc: evapotranspiração da cultura (mm/dia)
Pe: precipitação efetiva (mm/dia)
LRD: lâmina de água real disponível no solo (mm)
A evapotranspiração da cultura (ETc) pode ser estimada usando-se o método do tanque Classe A, que possibilita a obtenção de resultados satisfatórios, pela seguinte expressão:
Etc = ECA x Kp x Kc

em que:
ETc: evapotranspiração da cultura (mm)
ECA: evaporação diária do Tanque Classe A (mm)
Kp: coeficiente do tanque (admensional) 
Kc: coeficiente de cultura (admensional) (Tabela 4)


Tabela 4. Valores de coeficiente de cultivo para o feijão-caupi, em diferentes fases do ciclo, utilizados nas áreas experimentais da Embrapa Meio-Norte, nos municípios de Teresina e Parnaíba (PI).
Fases do ciclo (dia)
Teresina*
Parnaíba*
0 – 15
0,5
0,7
16 – 44
0,8
0,75 - 1,12
45 – 57
1,05
1,12 - 0,80
58 – 65
0,75
0,7
Lâmina de irrigação (mm)
430,9
415,8
Produtividade (kg/ha)
2.220
2.130
* A cultura foi irrigada após as duas primeiras colheitas proporcionando uma 3ª colheita.
Fonte: Andrade Júnior et al. (2000)



O coeficiente do tanque Classe A (Kp) é utilizado para efetuar um ajuste das leituras da evaporação, por causa da absorção da radiação pelas paredes do tanque e à reflexão da radiação solar da superfície com água. Esse coeficiente depende da velocidade do vento, da umidade relativa do ar e das condições de exposição do tanque em relação ao meio circundante. É um valor tabelado e facilmente encontrado na literatura (Bernardo, 1989; Doorenbos & Pruitt, 1997). Em experimentos irrigados na Embrapa Meio-norte, tem-se utilizado valores de 0,70 e 0,75 para o Kp.
A lâmina de água real disponível no solo (LRD) é calculada utilizando-se a equação apresentada a seguir.


em que:
LRD: lâmina de água real disponível (mm);
CC: capacidade de campo (% de massa);
PMP: ponto de murcha permanente (% de massa);
Z: profundidade efetiva do sistema radicular (cm)
Ds: densidade do solo (g/cm3)
F: fator de esgotamento de água no solo
O termo capacidade de campo (CC) representa a quantidade de água retida pelo solo depois que o excesso é drenado livremente, enquanto o ponto de murcha permanente (PMP) representa o limite mínimo do conteúdo de água no solo, abaixo do qual a planta não se recupera mais. Esses parâmetros, bem como a densidade do solo (Ds) são determinados em laboratório. Aqui, cabe ressaltar o cuidado que todo irrigante deve ter em coletar amostras de solo e providenciar, em um laboratório especializado, as análises para fins de fertilidade e de irrigação.
A profundidade efetiva do sistema radicular (Z) refere-se à profundidade em que se concentram aproximadamente 80% das raízes. No manejo da irrigação em experimentos com feijão-caupi, em Teresina e Parnaíba, tem-se adotado uma Z de 20 cm, sem que a cultura tenha apresentado problemas de déficit hídrico.
Em relação ao fator de esgotamento de água no solo, Doorenbos & Kassam (1994) apresentam uma tabela com valores desse coeficiente, variando de acordo com a cultura e com a evapotranspiração máxima do local. Entretanto, para se estimar F com mais segurança, é necessário se considerar também a textura do solo e a fase de desenvolvimento da cultura. Para condições de solo e clima da Região Meio-Norte, estima-se que para o feijão-caupi o valor F deva ser no máximo 0,5.
A estimativa da precipitação efetiva (Pe), para períodos de um dia, é difícil e trabalhosa na prática. Para fins de manejo de irrigação, pode ser estimada, de maneira aproximada, em função da precipitação (Pp) e da lâmina de água realmente disponível para as plantas (LRD).
Assim, pode-se admitir que:
Se Pp < LRD, então Pe = Pp
Se Pp > LRD, então Pe = LRD
Uma planilha prática para manejo da irrigação na cultura do feijão-caupi, com base no balanço de água no solo, cálculos da lâmina e do tempo de irrigação, pode ser obtida na "home page" da Embrapa Meio-Norte (www.cpamn.embrapa.br/irrigacao).

Suspensão da irrigação

A suspensão da irrigação depende da cultivar de caupi. Aquelas que apresentam crescimento determinado (porte ereto ou semi-ereto), deve ter a irrigação suspensa quando 50% das vagens estejam amarelas. Em cultivares de crescimento indeterminado, com elevado potencial produtivo a irrigação pode ser estendida até uma terceira colheita. Para isso, as plantas devem estar em bom estado nutricional e fitossanitário, com muitas folhas verdes para garantir a fotossíntese. Esse manejo consiste na realização de irrigações adicionais, após terem sido efetuadas as duas primeiras colheitas (comum em feijão de crescimento indeterminado devido a emissão desuniforme das vagens), com o intuito de possibilitar uma terceira colheita. O referido manejo foi testado por Bastos et al. (1996) em Teresina, em solo Aluvial Eutrófico. Verificaram, com a terceira colheita, aumentos de 61,87% na produtividade de sementes, em relação ao total das duas primeiras colheitas. Os custos adicionais com energia elétrica, colheita e beneficiamento foram de R$ 146,00, o que proporcionou um incremento de R$ 1.144,00 na receita líquida para cada hectare, apresentando vantagem econômica para o produtor.

Viabilidade econômica da irrigação

Muito tem-se questionado quanto a viabilidade econômica do cultivo irrigado de feijão-caupi. Cardoso et al. (1995) realizaram estudo para avaliar técnica e economicamente a produção de sementes de feijão-caupi sob irrigação por aspersão convencional.
A produtividade média de sementes foi de 2.222 kg/ha com a aplicação de uma lâmina média de irrigação de 402,5 mm. Computando-se o custo dos insumos e serviços utilizados para a condução da cultura, segundo os preços vigentes no mercado de Teresina em novembro de 1995, verificou-se que o custo variável total foi de R$ 769,39, com uma receita líquida de R$ 3.674,61, resultando em uma relação benefício/custo de 4,78. Esses resultados indicam que é economicamente viável o cultivo irrigado de feijão-caupi, visando à produção de sementes fiscalizadas.
Porém, para produção de grãos de feijão-caupi, a irrigação só torna-se viável economicamente se o preço do produto estiver em um patamar satisfatório. Dessa forma, é salutar que o produtor realize, previamente, uma análise de mercado.
Andrade Júnior (2000) e Andrade Júnior et al. (2001a) realizaram estudo sobre a viabilidade econômica da irrigação de feijão-caupi sob cenário de risco climático e econômico, nas condições edafoclimáticas das microrregiões do Litoral Piauiense e de Teresina, Piauí. Nesses estudos, são apresentadas diversas combinações entre épocas de semeadura, nível de manejo de irrigação e nível de risco que proporcionam as melhores receitas liquidas e as relações benefício/custo para o produtor de feijão-caupi.




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