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terça-feira, 1 de setembro de 2015

Plantas Daninhas em Arroz Irrigado




O arroz, como qualquer cultura agrícola, está sujeito a uma série de fatores do ambiente que, direta ou indiretamente, influenciam o rendimento, qualidade e custo de produção. Dentre estes fatores, as plantas daninhas assumem lugar de destaque, face aos efeitos negativos observados no crescimento, desenvolvimento e produtividade. No arroz irrigado, quando se pensa em manejo de plantas daninhas, é preciso levar em consideração as diferentes formas de se implantar a lavoura. Pode-se considerar cinco condições distintas: sistema convencional com semeadura a lanço ou em fileiras, cultivo mínimo com plantio direto, plantio direto, sistema pré-germinado, mix de pré-germinado e transplante de mudas.



O sistema de cultivo de arroz irrigado propicia um habitat especial para a infestação de plantas daninhas. Durante alguns meses da estação quente do ano, além da temperatura e luminosidade adequadas ao crescimento vegetal, somam-se os efeitos da umidade do solo e da adição de nutrientes. Em níveis satisfatórios dos recursos do ambiente, o estabelecimento e o crescimento de plantas daninhas são muitos favorecidos (Fleck, 2000). Isto torna as plantas daninhas responsáveis pelos maiores problemas agronômicos da cultura, especialmente devido à interferência que provocam no arroz, reduzindo a produtividade de grãos, além de outros efeitos que causam ao sistema produtivo deste cereal.



Outro aspecto importante é que a infestação de plantas daninhas varia de uma região para outra e também nos diferentes sistemas de implantação da lavoura. Desta forma, é necessário que se faça um levantamento das plantas daninhas existentes antes de se planejar a lavoura e, conseqüentemente, o manejo de plantas daninhas a ser empregado.


SUGIRO A LEITURA DA PÁGINA 95 À 118 DESTE SLIDESHARE, UM TRABALHO MAIS ATUALIZADO, NÃO ESQUECENDO DE EXPANDIR O MESMO PARA TELA CHEIA



Principais espécies de plantas daninhas


Entre as espécies de plantas daninhas que ocorrem com mais freqüência na cultura do arroz no Estado do Tocantins, destacam-se Echinochloa crusgalli (Figura 1), E. colonum (Figura 2),Cyperus ferax (Figura 3), C. iria (Figura 4), C. difformis (Figura 5), popularmente denominadas por junquinho, e Fimbristylis miliacea (Figura 6), denominada culminho. Na fase inicial da cultura, são bastante competitivas; posteriormente, a competitividade diminui, em especial se a cultivar de arroz for de porte elevado, pois estas espécies não toleram o sombreamento. Ocorrem também Heteranthera reniformes (Figura 7), Sagitaria montevidensis(Figura 8), e semi-aquáticas, como Ludwigia longifolia (Figura 9) e L. octovalvis (Figura 10). 

Outras espécies, como as do gênero Commelina e Ipomoea, além de serem altamente competitivas, dificultam a colheita mecânica e conferem altos teores de umidade ao grão. Dentre as espécies do gênero Brachiaria, destacam-se a B. decumbens (Figura 11), capim-braquiária, e a B. plantaginea (Figura 12). O gênero Cenchrus é constituído por 23 espécies, sendo a C. echinatus (Figura 13), timbete, a mais importante. Das espécies do gênero Digitaria, destacam-se D. horinzontalis (Figura 14), D. insularis (Figura 15) e D. sanguinalis (Figura 16). 

A diferenciação das espécies a campo é bastante difícil, sendo popularmente chamadas de milhã ou capim-colchão. Vale lembrar que o arroz daninho, que pertence à mesma espécie do arroz cultivado, Oryza sativa, também está presente no Tocantins.


Métodos de controle



O controle de plantas daninhas consiste na adoção de certas práticas que resultam na redução da infestação, mas não necessariamente na sua completa eliminação. O controle tem como objetivos evitar perdas de produção devido à competição, beneficiar as condições de colheita e evitar o aumento da infestação das plantas daninhas. 

A associação de métodos de controle deve ser utilizada sempre que possível, porém é conveniente que a estratégia de controle (melhor método, no momento oportuno) esteja adaptada às condições locais de infra-estrutura, disponibilidade de mão-de-obra e implementos e análise de custos. 

O controle químico pelo emprego de herbicidas tem sido um dos métodos mais utilizados para o controle de plantas daninhas na cultura do arroz, devido à maior praticidade e à grande eficiência. Por tratar-se de um método que envolve o uso de produtos químicos, é importante ter o máximo de informação possível sobre o produto a ser aplicado, principalmente para atender a requisitos fundamentais como máxima eficiência com custos reduzidos e mínimo impacto ambiental. 

Aplicação de herbicidas

É oportuno esclarecer que, na prática, as plantas daninhas são comumente divididas em dois grandes grupos: as monocotiledôneas, conhecidas como plantas daninhas de "folhas estreitas" (gramíneas e ciperáceas), e as dicotiledôneas, conhecidas como "folhas largas". 
Para o controle das plantas daninhas, recomendam-se, entre outros, os herbicidas relacionados na Tabela 1. 
Antes de escolher o herbicida, devem-se considerar: as espécies infestantes na área; a época em que se pretende fazer as aplicações; as características físico-químicas do solo; o tipo de preparo de solo; a disponibilidade do produto no mercado; e o custo do produto.





Manejo de Plantas Daninhas

Por muito tempo não se deu importância ao controle de plantas daninhas em arroz de terras altas por ser esse cultivado quase sempre em áreas de abertura, ainda livres de invasoras, situação em que nenhuma medida de controle é necessária. Em conseqüência disso, há carência de produtos e tecnologias para o controle de plantas daninhas em arroz, em rotação com culturas comerciais – como, por exemplo, soja e milho- e de cobertura – por exemplo, milheto e braquiária -, problema que, somado à baixa capacidade de competição do arroz com plantas daninhas, constitui um dos principais obstáculos para a introdução dessa cultura em sistemas agrícolas já instalados há várias safras de grãos em solos corrigidos. 

O controle de plantas daninhas consiste na adoção de procedimentos que resultam na redução da infestação, mas não, necessariamente, na sua completa eliminação, e tem como objetivos evitar perdas de produção devido à competição por água e nutrientes, beneficiar as condições de colheita e evitar o aumento da infestação das plantas daninhas na área. 

A associação de métodos de controle deve ser utilizada sempre que possível, sendo conveniente que a estratégia de controle – o melhor método no momento oportuno - esteja adaptada às condições locais de infra-estrutura, à disponibilidade de mão-de-obra e implementos e à análise de custos. 

Dentre os métodos de controle de plantas daninhas destacam-se os controles cultural, preventivo, mecânico e químico. Recentemente, o controle químico, por meio de herbicidas, passou a ser a prática mais utilizada, por apresentar menor custo e maior eficiência, quando comparado a outros métodos de controle - razão pela qual decidiu-se por apresentar, neste capítulo, informações mais detalhadas sobre o mesmo.


Estratégias de controle químico de plantas daninhas


Com o advento das cultivares modernas para as condições de terras altas, o arroz passou a ser cultivado em rotação com a soja e em áreas com irrigação suplementar, sob pivô central. Tradicionalmente, essas áreas apresentam alta diversidade de infestação de plantas daninhas. 

Pelo fato de a maioria das cultivares modernas de arroz apresentar baixa taxa de crescimento inicial e porte menor que as cultivares tradicionais, uma boa cobertura do solo pelas plantas só ocorre aos 40 a 50 dias após a semeadura. Para diminuir ao máximo a interferência das plantas daninhas na produtividade do arroz, a cultura deve permanecer protegida da infestação de plantas daninhas entre 15 e 45 dias após a emergência.

Para alcançar uma boa eficiência de controle das plantas daninhas, recomenda-se a aplicação associada de dois ou mais herbicidas com características diferentes, visando controlar um grande número de espécies e manter a área limpa por um longo período. Dessa forma, a aplicação seqüencial de um herbicida em pré e outro em pós-emergência, ou aplicações associadas de dois pós-emergentes, com diferentes espectros de ação, resulta num controle final mais eficiente. 

Antes de proceder ao controle químico de plantas daninhas, deve-se estar atento à seletividade dos herbicidas, ao tipo de planta daninha – de folhas estreitas ou largas – e ao tipo de infestação.



Seletividade 

Para fazer o controle químico de plantas daninhas é importante conhecer, primeiramente, a seletividade dos herbicidas no arroz. A produtividade final do arroz é definida pelo balanço dos componentes da produtividade: número de perfilhos por m-2, número de panículas por m-2, grãos componentes da produtividade: número de perfilhos por m-2, número de panículas por m-2, grãos por panícula e massa, em gramas, de 100 grãos. Em geral, a aplicação do herbicida é realizada da semeadura até 30 dias após a germinação, época em que é determinado o número de perfilhos por m2 - componente chamado de “caixa de produção” do arroz porque é ele quem determina o potencial de produção da lavoura. Se houver danos no arroz devido à aplicação de herbicida, o número de perfilhos por m-2 pode ser diminuído, reduzindo o potencial de produção.

A seletividade dos herbicidas para a cultura do arroz é decorrente de alguns fatores. Nas aplicações em pré-emergência, a seletividade se deve à posição do herbicida com relação à semente de arroz no solo. Já nas aplicações em pós-emergência, a seletividade é principalmente de natureza fisiológica, através de mecanismos de degradação que evitam injúrias às plantas. Isso sugere que a sensibilidade do arroz aos herbicidas varia de acordo com as cultivares, as quais possuem mecanismos diferenciados de metabolização das moléculas dos herbicidas. 

Os herbicidas pendimethalin e o trifluralin são do grupo das dinitroanilinas, que não possuem seletividade metabólica para a cultura do arroz. Devido à baixa solubilidade em água e à alta capacidade de adsorção nos colóides do solo, os produtos permanecem até os 2 cm de profundidade, e a seletividade ocorre pela localização da semente. Esse é um dos motivos para se recomendar a semeadura de 3 cm a 5 cm de profundidade. Se, por algum motivo - tais como: semeadura rasa,precipitação pluvial acima de 75 mm ou doses altas de herbicidas em solos arenosos - as plântulas de arroz entrarem em contato com o herbicida, o desenvolvimento radicular será afetado e, com isso, aparecerão sintomas de amarelecimento das plantas e as raízes ficarão mais curtas e grossas. 

Para o clomazone, herbicida que inibe a síntese de clorofila em cultivares suscetíveis, o sintoma é o branqueamento das folhas. A variabilidade genética da tolerância ao herbicida é nítida, e a cultivar de arroz mais sensível ao produto é a BRS Primavera. Alguns safeners, ou protetores, ainda em estudo, têm promovido menor toxicidade às cultivares sensíveis. 

A seletividade do arroz ao metilsulfuron-metil depende da cultivar e do estádio da planta na época da aplicação. A pulverização aos dez dias após a emergência (DAE) diminuiu em 17% a produtividade de grãos da cultivar BRS Primavera, em relação à testemunha. 
O perfilhamento das gramíneas, em geral, está diretamente ligado à relação dos hormônios citocinina e auxina na planta. Quanto menor a relação, maior a dominância apical e menor o perfilhamento. O herbicida 2,4-D é uma auxina, e sua aplicação aumenta a concentração do hormônio na planta, incrementa a dominância apical e, conseqüentemente, diminui o perfilhamento, quando se faz aplicação no perfilhamento do arroz. Por essa razão, recomenda-se que a aplicação desse herbicida seja feita após o final do perfilhamento do arroz. Aplicações precoces, de 10 a 20 DAE, de graminicidas pós-emergentes também podem causar diminuição do perfilhamento do arroz, sendo, por isso, recomendável aplicar tais produtos após o perfilhamento do arroz.


Controle de plantas daninhas de folhas estreitas 

Seguem algumas opções de controle de plantas daninhas de folhas estreitas:

  • pré-emergência - fundamental em áreas que, pelo histórico de utilização em anos anteriores, sabe-se que são infestadas;
  • aplicação seqüencial em pré-emergência e, após 30 dias, aplicação de pós-emergência - recomendável para áreas que possuem infestação acentuada de braquiária e timbete. É necessário reduzir as doses em pré-emergência e pós-emergência;
  • aplicação somente em pós-emergência - indicada para áreas que não possuem histórico de infestações expressivas;
  • aplicação seqüencial em pós-emergência, sendo a primeira, aos 10 DAE, e a segunda, aos 30 DAE - necessária quando não se aplicam herbicidas em pré-emergência e, com isso, observa-se uma alta infestação inicial, que não pode ser controlada apenas com uma aplicação em pós-emergência. Na pulverização inicial devem ser utilizadas doses menores que as indicadas, ou com safeners, para evitar toxicidade à cultura, a qual também estará no seu estádio inicial. Essa modalidade de aplicação justifica-se, também, pelo fato de os herbicidas de pré-emergência, no caso do plantio direto, geralmente não conseguirem ultrapassar a cobertura morta e atingir o alvo;
  • aplicação precoce aos 10 DAE de produto de pré-emergência, adicionado a um outro, de pós-emergência - modalidade utilizada quando, por opção ou desconhecimento, deixou-se de aplicar os herbicidas de pré-emergência e, logo após a emergência da cultura, verifica-se a ocorrência de alta infestação de invasoras. Com a mistura dos dois herbicidas, o de pós-emergência controla as plantas daninhas existentes e o de pré-emergência possibilita um maior período de controle.
Cabe ressaltar que a escolha da melhor modalidade de controle irá depender do custo dos herbicidas, do preço do arroz, da população e tipo de plantas daninhas e do sistema de cultivo.


Controle de plantas daninhas de folhas largas 

As plantas daninhas mais prejudiciais à cultura do arroz de terras altas possuem folhas estreitas, entretanto, podem ocorrer situações que infestações de plantas com folhas largas necessitam ser controladas. Nesse caso, as aplicações são feitas em pós-emergência, apesar de alguns herbicidas aplicados em pré-emergência, visando ao controle de plantas daninhas de folhas estreitas, possuírem ação sobre algumas das de folhas largas. Para o controle de plantas daninhas de folhas largas, são utilizados os herbicidas metilsulfuron-metil (Ally) e 2,4-D, aplicados em épocas diferentes.

O metilsulfuron-metil apresenta melhor eficiência de controle quando aplicado no estádio inicial das plantas daninhas, ou seja, quando elas estão com duas a quatro folhas - como é o caso do amendoim-bravo, trapoeraba, corda-de-viola e, principalmente, erva-de-touro. Assim, esse herbicida pode ser pulverizado de 15 dias após a emergência do arroz até os estádios indicados das plantas daninhas, com adição de 0,2% v/v de óleo mineral. Apesar de o metilsulfuron-metil ser menos exigente que o 2,4-D, com relação aos estádios da cultura na época da aplicação, alguns cuidados devem ser tomados, dependendo da cultivar e do estádio da cultura. 

O 2,4-D, por suas características de seletividade com relação ao arroz de terras altas e por ter melhor eficiência em plantas daninhas mais desenvolvidas que o metilsulfuron-metil, é também indicado para aplicações mais tardias. Normalmente, é utilizado em infestações nas quais o metilsulfuron-metil somente controla as plantas daninhas nos estádios iniciais, como, por exemplo, a erva-de-touro. 

Do ponto de vista prático, a cultura do arroz deve ficar livre da interferência de plantas daninhas a partir de 15 dias após a emergência. Em áreas altamente infestadas, onde a emergência das plantas daninhas pode ocorrer junto com a do arroz, é imperativo que o controle seja feito antes dos 35 dias, o que inviabiliza a aplicação de 2,4-D

Controle de infestações mistas 

Há situações de infestação mista - plantas daninhas de folhas estreitas e de folhas largas - que necessita ser controlada em pós-emergência. As pulverizações, entretanto, devem ser separadas por um período de sete dias, já que o latifolicida, ou herbicida de folha larga, se misturado ao graminicida, prejudica sua ação. Nesse caso, o primeiro produto a ser aplicado é aquele que controla as plantas daninhas que apresentam infestação mais intensa, respeitando-se os princípios de seletividade.
Principais herbicidas registrados 


Na Tabela 1 são listados os principais herbicidas registrados para o manejo de áreas no sistema plantio direto ou cultivo mínimo, e na Tabela 2, os herbicidas seletivos para a cultura do arroz. Vale lembrar que, para a escolha do herbicida, devem-se considerar as espécies infestantes na área, a época em que se pretende fazer as aplicações, as características físico-químicas do solo - especialmente, a textura e o teor de carbono no solo -, o método de preparo do solo, o tipo de cultivo, irrigado ou terras altas, a disponibilidade do produto no mercado e o custo.



Período crítico de competição
Em arroz irrigado, o período crítico de competição inicia-se a partir do 10º dia e prolonga-se até o 45º dia após a emergência (DAE) do arroz, período em que o arroz deve ser mantido livre de competição com as plantas daninhas. 

Quanto mais tarde for realizado o controle, menor será a produtividade. 

Controle químico

A utilização de controle químico na orizicultura se deve a argumentos como praticidade, rapidez e eficiência dos produtos se comparados a métodos mecânicos de controle. A conjugação de práticas de manejo da cultura pode reduzir as doses de herbicidas em frações de 20 a 30%. Isso sem dúvida resulta em redução do custo de produção e representa menor intensidade no “input” de insumos externos no meio ambiente. A otimização no controle de plantas daninhas na cultura do arroz irrigado inicia na utilização de sementes de excelente qualidade, agregada à escolha de área com menores índices de infestações. Quando se opta por sistemas de implantação de cultura alternativos ao convencional, é possível otimizar o controle, seja na visão econômica ou ambiental. 

Os sistemas plantio direto e cultivo mínimo, empregados há décadas na agricultura, apresentam, entre os benefícios, um deslocamento no item dependência química, pois o consumo de energia é menor pelo menor uso de maquinário, e o uso de herbicidas é realizado antes da semeadura. O sistema de semeadura de arroz pré-germinado apresenta um modelo singular de controle de plantas daninhas, que pode ser realizado com aplicação de herbicidas após a semeadura, em solo drenado (pulverização) ou diretamente na água de irrigação (benzedura ou pulverização). Em “solo drenado” a água é retirada ao redor de 15 dias após a semeadura e pulveriza-se os herbicidas nas plantas daninhas em solo seco. Nesse caso, recomenda-se inundar o quadro respeitando o mecanismo de ação dos agroquímicos. É importante observar que esse método apresenta maior consumo de água e necessita agilidade na irrigação. Em “benzedura”, há a possibilidade de aplicação de herbicidas em qualquer condição de tempo, além de utilizar menor quantidade de água. Nesse caso, aplica-se o herbicida diretamente na água de irrigação quando as plantas daninhas estiverem com duas a três folhas, o que normalmente ocorre de 10 a 15 dias após a semeadura. Durante o período de ação dos herbicidas, a água de irrigação deve permanecer estagnada, proporcionando vantagens ao meio ambiente.
A suscetibilidade das principais espécies de plantas daninhas aos herbicidas encontram-se nas Tabelas 1 e 2 . A relação dos herbicidas recomendados, formulação, concentração, dose e época de aplicação constam na Tabela 3 em Herbicidas, em Insumos, na Pré-produção.

Resistência de plantas daninhas aos herbicidas


Na Região Sul do Brasil, a resistência de plantas daninhas aos herbicidas representa um problema a mais no manejo da lavoura arrozeira. O uso do controle químico de plantas daninhas é empregado em mais de 95% da área, associado ao sistema convencional de cultivo, predominante na região. O uso intensivo de um sistema predominante de implantação da cultura, aliado à continuidade de uso de herbicida de mesmo mecanismo de ação, tem proporcionado o desenvolvimento de plantas daninhas resistentes. 

Nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina há constatação de resistência das seguintes plantas daninhas a herbicidas comumente utilizados em arroz irrigado:

a. Capim-arroz: resistente a quinclorac.

b. Arroz-vermelho: resistente a inibidores de ALS, imazethapyr + imazapic

c. Sagitária: resistente a azimsulfuron, bispyribac, cyclosulfamuron,

    ethoxysulfuron, metsulfuron, pyrazosulfuron.

d. Cuminho e Cyperus difformis (tiririca): resistente a azimsulfuron, 
    bispyribac cyclosulfamuron, ethoxysulfuron, pyrazosulfuron.
Algumas medidas preventivas indicadas para atrasar o desenvolvimento de resistência de plantas daninhas aos herbicidas são:
  • Acompanhar as mudanças nas populações de plantas daninhas presentes na lavoura.
  • Praticar rotação de culturas, já que com essa prática há alternância de herbicidas e mecanismos de ação.
  • Rotacionar os herbicidas, evitando utilizar, por mais de duas ocasiões consecutivas, produtos que apresentem o mesmo mecanismo de ação.
  • Associar herbicidas com diferentes mecanismos de ação ou fazer aplicações sequenciais dos mesmos;
  • Utilizar intensivamente o manejo integrado de plantas daninhas, principalmente quando houver constatação de escapes no controle químico de determinada espécie.
Uma vez constatado algum problema de resistência, realizar a semeadura, os tratos culturais e a colheita da área-problema por último, praticando completa limpeza dos equipamentos utilizados na mesma para evitar a disseminação de sementes dessas plantas para outras áreas da propriedade.

Principais espécies

Dentre as plantas daninhas que ocorrem na lavoura arrozeira, o capim-arroz (Echinochloa spp.) (Figura 1) é uma das espécies mais estudadas. Trabalhos já realizados, verificaram que cada planta de capim-arroz reduz a produtividade do arroz em até 64 kg ha-1. O angiquinho (Aeschynomene rudis) é uma planta daninha bastante competitiva. A interferência negativa de angiquinho (Figura 2) pode reduzir em 26% a produtividade de arroz. 


  
Fig. 1. Inflorescência de capim-arroz.Fig. 2. Plântulas de A. denticulata (angiquinho). 
Foto: Altair Fernando BizziFoto: André Andres
Dentre as ciperáceas (Figura 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10 e 11), as espécies predominantes são: Cyperus feraxCyperus difformis e Cyperus esculentus. 

   
Fig. 3. Planta de A. denticulata.Fig. 4. Infestação de C.difformis eS.montevidensis. 
Foto: André AndresFoto:  André Andres

 
Fig. 5. Inflorescência de C. difformis. 
Foto: André Andres

 
Fig. 6. Infestação de Cyperus iria. 
Foto: André Andres

  
Fig. 7. Infestação de C. laetus.Fig. 8. Cyperus esculentus.
Foto: José Alberto NoldinFoto: André Andres

 
Fig. 9. Infestação de C. esculentus. Fig. 10. Infestação de C. ferax.
Foto: André AndresFoto: Altair Fernando Bizzi

Fig. 11. Inflorescência de C. ferax. 
Foto: André Andres
Outras plantas importantes: Sagittaria guyanensis (Figura 12); Sagittaria montevidensis (Figura 13, 14 e 15); Ipomoea triloba(Figura 16); Fimbristylis miliacea (Figura 17 e 18); Ludwigia spp. (Figura 19 e 20); Brachiaria plantaginea (Figura 21); Brachiaria plathyphylla (Figura 22); Digitaria ciliarisDigitaria horizontalisPanicum dichtomiflorumPaspalum distichum (Figura 23);Polygonum hidropiperoides (Figura 24); Eichornia crassipes (Figura 25); Heteranthera reniformis (Figura 26); Pontederia cordata(Figura 27).– O arroz-vermelho, Oryza sativa L., também conhecido por arroz-preto ou arroz-daninho, recebe essa denominação pela coloração vermelho-amarronzada do pericarpo do grão. Constituí-se na principal planta daninha da lavoura arrozeira irrigada e é responsável pela redução na produtividade e na qualidade do grão. Por pertencer à mesma espécie do arroz cultivado (Oryza sativa L.) possui características genéticas, morfológicas e bioquímicas semelhantes, se configurando numa planta daninha de difícil controle. Os diferentes ecótipos de arroz-vermelho encontrados nas lavouras apresentam variabilidade nas características morfológicas e fisiológicas. Possui os mesmos hábitos do arroz cultivado. Em geral, o ciclo biológico é menor, o porte é mais elevado, tende a acamar e debulha com facilidade.

   
Fig. 12.  Plantas de S. guyanensis.Fig. 13. Planta de S. montevidensis. 
Foto: Altair Fernando BIzziFoto: André Andres
 
Fig. 14. Plântula de S. montevidensis.Fig. 15. Inflorescência de S. montevidensis.
Foto: André AndresFoto: André Andres

Fig. 16. Plântula de Ipomoea sp.  

   
Fig. 18. Infestação de Fimbristylis miliaceaFig. 19. Parte aérea de Ludwigia sp.
Foto: José Alberto Noldin Foto: André Andres 

   
Fig. 20. Planta de Ludwigia major.Fig. 21. Infestação de Brachiaira plantaginea.
Foto: André AndresFoto: André Andres
  
Fig. 22. Plantas de Brachiaria plathyphylla.
Fig. 23. Planta de Paspalum distichum.
Foto: Altair Fernando BizziFoto: André Andres 
  
Fig. 24. Polygonum hidropiperoides.Fig. 25.  Infestação de Eichornia crassipesem lago. 
Foto: André AndresFoto: André Andres
 
Fig. 26. Plantas de H. reniformis.Fig. 27. Pontederia cordata.
Foto: André AndresFoto: André Andres


Fontes: EMBRAPA, EPAMIG E IRGA



segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Manejo da Água em Arroz Irrigado



O cultivo do arroz irrigado, por submersão do solo, necessita em torno de 2000 L (2 m3) de água para produzir 1 kg de grãos com casca, estando entre as culturas mais exigentes em termos de recursos hídricos. Embora esta alta exigência, a manutenção de uma lâmina de água sobre a superfície do solo traz uma série de vantagens para as plantas de arroz.


O manejo de água na cultura do arroz irrigado compreende um conjunto de procedimentos, todos considerados importantes, seja do ponto de vista econômico, ou do crescimento e desenvolvimento das plantas. A captação e distribuição, a necessidade de água para irrigação, o período de submersão do solo, a altura da lâmina de água e a drenagem do solo, são aspectos importantes a serem considerados




Elevação e condução da água em lavouras de arroz irrigado

A água necessária para a cultura do arroz irrigado deve ser captada das fontes (rios, lagoas, barragens, etc.) de suprimento e conduzida até as fontes consumidoras (lavouras). Estes procedimentos assumem um papel importante, tanto para a garantia da produtividade, por meio de um correto manejo da água, quanto para a composição dos custos de produção.


A diferença de nível entre as duas fontes, em algumas condições especiais, permite a distribuição da água por gravidade. Todavia, a situação mais comum caracteriza-se por ser o nível da água inferior à cota da localização da lavoura. Neste caso, a água a ser distribuída deve antes ser elevada por meio mecânico (bombeamento).


Rede de condução da água

O canal principal de irrigação deve ser localizado na parte mais alta do terreno, não havendo a obrigatoriedade de ser retilíneo, nem de seguir as cotas mais elevadas em sua totalidade. O traçado deve buscar sempre o menor volume de aterro e ter uma forma trapezoidal para que não haja queda das paredes laterais. 

Rede de condução da água

O canal principal de irrigação deve ser localizado na parte mais alta do terreno, não havendo a obrigatoriedade de ser retilíneo, nem de seguir as cotas mais elevadas em sua totalidade. O traçado deve buscar sempre o menor volume de aterro e ter uma forma trapezoidal para que não haja queda das paredes laterais. 

A velocidade média da água no interior do canal varia, em função da natureza das paredes, de < 0,25 m s-1 para solos soltos a <1 0="" 10.000="" 100="" a="" b="" canais="" com="" compactados.="" de="" declividade="" enquanto="" entre="" grandes="" l="" m-1.="" m-1="" m="" menor="" o="" para="" pequenos="" pode="" que="" s-1="" solos="" superior="" variar="" vaz="">

Os canais secundários de irrigação, para que ocorra um adequado manejo de água, devem ser demarcados, quando possível, a cada 400 ou 500 m de distância, com uma faixa de abrangência de 200 a 250 m para cada lado, intercalados por uma estrada, com seus respectivos drenos.

Controle da água nas lavouras de arroz

AA maior eficiência do controle da água, nas lavouras de arroz irrigado, está associada à forma de adequação da superfície do solo. No Sul do Brasil, o arroz irrigado vem sendo cultivado em condições de terreno sistematizado e aplainado. Na primeira condição, a área de cada quadro pode variar entre 1 a 2 ha, ou pode atingir até 40 ha, na condição de solo aplainado. Os quadros devem ser isoladas por taipas (marachas), na maioria das vezes paralelos entre si, com dimensões que variam na base de 1,0 a 1,5 m e na altura, de 0,3 a 0,6 m, apresentando condições de serem irrigados e drenados independente, com sistema próprio de acesso.


A construção das taipas (marachas), em curvas de nível, no sistema convencional de cultivo do arroz, ocorre, anualmente, logo após a semeadura. O desnível vertical, entre uma taipa e outra, pode variar de 0,05 a 0,15 m, dependendo do menor ou maior desnível do terreno. Intervalos menores podem ser utilizados em solos com superfícies mais planas, visando reduzir o tamanho dos quadros. Em casos especiais, os intervalos verticais podem ser maiores que 0,15 m, de forma que seja mantida condição necessária para que as máquinas e implementos sejam operacionalizadas.

A sistematização da superfície do solo, mais utilizada nos sistemas pré-germinado e transplante de mudas, possibilita um manejo mais eficiente de água na lavoura, dispensando a construção de taipas internas aos quadros, enquanto que no aplainamento, mais utilizado no sistema convencional, embora o controle não seja tão eficiente, verifica-se menor mobilização de solo, menor custo de implantação e, quando bem executado, pode proporcionar melhores condições de drenagem.

Quando a semeadura é realizada após a construção das taipas e sobre estas (plantio direto), elas devem apresentar um perfil mais suave, de forma a facilitar a passagem de máquinas, como a própria semeadora. Neste caso, a base da taipa deve ser um pouco mais larga, em torno de 2,80 m, e a altura em torno de 0, 3 m.



Necessidade de água para o arroz irrigado


OO volume de água requerido pelo arroz irrigado representa o somatório de água necessária para atender às demandas decorrentes da saturação do solo, formação da lâmina de água, evapotranspiração (ET) e repor as perdas por infiltração lateral e por percolação. No RS, tradicionalmente, a necessidade máxima estimada pelos orizicultores, corresponde a 2 L s-1 ha-1 (17,3 mm dia-1). Todavia, informações mais recentes indicam que esta necessidade pode ser inferior, variando em torno de 1 L s-1 ha-1, no sistema convencional, a 0, 72 L s-1 ha-1, no sistema pré-germinado.


As perdas de água por evapotranspiração que ocorrem nos canais de irrigação, consideradas significativas, principalmente em regiões onde os canais de irrigação apresentam grande extensão, como no sul do RS, podem ser minimizadas através da limpeza dos canais. 

A água perdida por infiltrações laterais é aquela que flui sobre a superfície do solo, ou através de canais e rios, enquanto que o fluxo de percolação move-se usualmente para o lençol freático. Em função de ocorrerem simultaneamente, tais perdas são consideradas de forma conjunta e podem atingir valores entre 2 a 6 mm dia-1, sendo que, em condições desfavoráveis, tais valores podem chegar a 20 mm dia-1.


Eficiência do uso da água

A eficiência do uso da água no sistema de irrigação por submersão do solo depende das características físicas e topográficas, de um adequado planejamento no que diz respeito à locação, construção de drenos e canais de irrigação e de cuidados operacionais. Pode atingir valores da ordem de 50 a 60%.


No RS, considerando que a ET média da lavoura de arroz irrigado anda em torno de 7,2 mm dia-1 e que o consumo de água, historicamente estimado, corresponde, em média, 2,0 L s-1 ha-1 (17,3 mm dia-1), a EI corresponderia a apenas 42%. Em SC, onde predomina o sistema pré-germinado, a EI tem sido comprovadamente maior.


Qualidade da água de irrigação

A importância da qualidade da água para irrigação do arroz está mais diretamente relacionada à salinidade e à toxicidade. A salinidade é avaliada pela condutividade elétrica (CE), em função do que, a água é classificada em: sem restrição ao uso - CE < 0,7 ds m-1 , com restrição ligeira ou moderada - CE variando de 0,7 - 3,0 ds m-1 e com restrição severa - CE >3,0 ds m-1.


A toxicidade decorre da absorção pela planta de certos íons, como o cloro (Cl), o boro (B) e carbonatos. A severidade dos danos depende da concentração, da sensibilidade e da fase de desenvolvimento da cultura. Águas com teores de Cl, e de carbonatos acima de 10 e 8,5 meq L-1, respectivamente, apresentam sérias restrições ao uso para irrigação do arroz. Enquanto para o B estes valores se situam a cima de 2 mg L-1. Águas com teores de NaCl igual ou superiores a 0,25% (2500 ppm), aplicadas a partir do início da fase reprodutiva, podem provocar reduções de produtividade superior a 50%.


Início e término da irrigação e altura da lâmina de água

O início da submersão do solo pode ocorrer até 30 dias após a emergência das plântulas. Este adiamento no início da inundação do solo deve estar associado a um controle eficiente das plantas daninhas, o que normalmente se verifica, por períodos mais longos, quando são utilizados, na lavoura, herbicidas com ação residual mais prolongada. 

A supressão do fornecimento de água pode ser realizada a partir de uma semana até 10 dias após a floração (50%), e a drenagem uma semana mais tarde (duas semanas após a floração). Este procedimento pode concorrer para reduzir problemas relacionados a retirada da produção da lavoura e à degradação do solo.

No sistema pré-germinado a submersão do solo, inicia-se antes da semeadura, em uma área previamente sistematizada e preparada, o que pode ser feito na presença de água ou em condições de solo seco. No renivelamento e alisamento final alaga-se o quadro utilizando-se a água como referência para as operações. Posteriormente, a lâmina de água é elevada até atingir, no máximo, 10 cm de altura, realizando-se, após 20 a 30 dias a semeadura com as sementes pré-germinadas. 

Após a semeadura, a lâmina de água deverá ser retirada em 01 a 03 dias, deixando-se o solo em estado de saturação permanente (solo encharcado) durante 03 a 06 dias. A drenagem mais intensa do solo favorece a germinação e o desenvolvimento de plantas daninhas e, ao mesmo tempo, ocasiona perdas de N por desnitrificação. A reposição da água ocorre em função do desenvolvimento das plantas de arroz.

A altura da lâmina de água deve variar entre 7,5 e 10 cm. Lâminas da água mais altas (>10 cm), aumentam o consumo de água, reduzem o número de perfilhos, as plantas de arroz se tornam mais altas, o que facilita o acamamento, aumentam as perdas de água por percolação e infiltração lateral e requerem maior consuma de água (> 10 mil m3 ha-1, para um período de 90 dias de irrigação).

Na fase reprodutiva das plantas de arroz, independentemente de sistema de cultivo, a altura da lâmina de água pode ser elevada até 15 cm, por um período de 15 a 20 dias, em regiões onde possam ocorrer temperaturas abaixo de 15°C, agindo a água como um termorregulador.


Drenagem da lavoura

A rede que viabiliza a retirada da água da lavoura é tão importante como a rede de distribuição. Deve ser estabelecida quando da realização da rede de irrigação, ou logo após. O canal principal de drenagem deve passar pela parte mais baixa do terreno e seguir as mesmas recomendações para o canal principal de irrigação, visando, entretanto, ao menor volume de escavação. 


Os canais secundários e terciários de drenagem devem ser localizados nos pontos médios, entre os canais secundários de irrigação, com semelhante espaçamento. Durante o inverno a rede de drenagem deve permanecer ativa, o que concorrerá para reduzir problemas de toxicidade por ferro no arroz, além de permitir a emergência de plantas daninhas e controlar pragas do solo. 



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