AGRICULTURA BRASILEIRA EM FOCO: clima, solos, plantio, irrigação, tratos culturais, controle de pragas e doenças, colheita, comercialização e muito mais
A alfafa é considerada no mundo todo como a forrageira padrão na alimentação de equinos. No Brasil, a alfafa é fornecida aos cavalos na forma verde, ceifada diariamente, ou ainda na forma de feno, produzido no próprio criatório ou comprado. Conhecer as limitações do corte diário e as qualidades nutricionais do feno é condição básica para se elaborar um adequado plano nutricional dos equinos.
Corte e fornecimento verde
A esmagadora maioria dos haras que possuem alfafal manejam a área para corte e para fornecimento diário da forragem verde. Essa modalidade de fornecimento visa a simplificar operações de manejo do alfafal (por prescindir de conservação posterior) e garantir fornecimento de forragem verde, principalmente para animais estabulados, quer em preparo para exposição, provas ou leilão, quer para melhoria do desempenho reprodutivo de determinadas fêmeas. Nesse último caso, alia-se o uso da luminosidade artificial (em baias) com a presença de fitormônios na alfafa verde, fatores que adiantam o aparecimento do cio e promovem coberturas (fertilização) precoces e consequentemente ideais em função do “ano hípico”. No caso do turfe, animais nascidos em agosto e setembro competem com aqueles nascidos em novembro e dezembro. Assim sendo, animais paridos no início do ano hípico são considerados “bem nascidos”, pela vantagem que levam no desenvolvimento.
Para ser corretamente executado o corte diário de um talhão de alfafal, o operador deve estar consciente de que no momento da ceifa a altura de corte deve poupar a brotação basilar (7 ‒ 8 cm). Isso é mais fácil de conseguir com roçadoras manuais mecânicas (a gasolina) do que com o uso do alfanje, e com operadores sem prática anterior do uso do implemento manual.
Cada dia, ceifa-se determinada área consoante o consumo diário dos animais. Não é necessário efetuar corte para cada refeição, pois o material colhido verde pode ser depositado em lugar abrigado e fornecido ao longo do dia. Importante nesse tipo de manejo é assegurar que o material verde seja retirado do campo sem contaminação com terra. Para isso, a irrigação (quando existe) do talhão a ser ceifado deve ser suspensa no dia anterior, ou ser realizada de acordo com a capacidade de retenção de água do solo.
Retirada a massa ceifada, tratos culturais, por exemplo, limpeza e adubação, devem ser imediatos ou executados em menor prazo possível. Deve haver atenção especial para o uso de enxadas que potencialmente danificam a coroa da alfafa, contribuindo para a morte de plantas (perda de estande). Também o fator adubação (reposição de nutrientes exportados) é de fundamental importância, lembrando que o potássio é o elemento retirado em maior escala.
O alfafal para corte verde, a exemplo dessa cultura com outras modalidades de exploração, deve ser vistoriado duas vezes ao dia e ter uma pessoa responsável pelas decisões.
Utilização do feno
É a modalidade mais utilizada na criação de cavalos, que engloba animais estabulados (hípicas, hipódromos, haras) e animais livres, com fornecimento adicional à pastagem.
Atualmente, a esmagadora maioria dos animais alimentados com feno de alfafa tem acesso ao alimento comprado e não produzido nos estabelecimentos. Isso obriga os responsáveis pelo programa nutricional dos animais a saber reconhecer o feno de boa qualidade, armazená-lo corretamente e fornecê-lo em bases nutricionalmente adequadas.
O bom feno de alfafa deve ser seco, esverdeado, sem presença de bolor (fungos), de poeira (esporos) e de material estranho (invasoras que foram fenadas com a planta). Deve apresentar odor característico e maciez ao tato, o que equivale a um produto com alta relação folha:haste e pequena abcisão (queda) de folhas. A queda de folhas é um grande problema no processo de fenação de leguminosas (alfafa inclusa) e isso é minimizado pela secagem (cura) à sombra com ventilação forçada, ou uso de condicionadores pós-ceifa (NUSSIO e MANZANO, 1999).
No processo de armazenagem, o feno deve ser guardado em local seco, abrigado do sol e ventilado. O uso de paletes ou de isolantes da umidade do chão e a ausência de contato com as paredes do fenil são medidas importantes no processo de conservação. Adquirido (ou produzido) o feno, os primeiros dias são críticos na manutenção de seu valor nutritivo.
Mudanças nutricionais são relativamente pequenas no feno bem elaborado. Típicas modificações nos primeiros seis meses de armazenamento incluem decréscimo de 1% a 2% na digestibilidade da matéria seca, pequena variação no teor de proteína bruta e ligeiro acréscimo no teor de fibra. A maior variação ocorre em feno guardado com teor inadequado de água (BUCKMASTER et al., 1989).
Turner et al. (2002) constataram haver aumento na concentração de fibra (fibra em detergente neutro ‒ NDF, fibra em detergente ácido ‒ ADF e lignina) durante os primeiros doze dias de armazenagem, seguido de estabilização no patamar alcançado. Há relação positiva e linear entre concentração dos componentes da fibra (NDF, ADF, hemicelulose e lignina) e medidas de combustão espontânea do feno, tais como temperatura máxima e média de temperatura nos fardos de alfafa (COBLENTZ et al., 1996). Portanto, a “tomada de temperatura” dos fardos estocados é medida obrigatória após elaboração ou aquisição de feno.
Esquema de fornecimento
A alfafa é considerada o volumoso padrão para equinos, devido aos seus altos teores de proteína, de vitaminas A, D, E e K (se fornecida verde ou como feno curado ao sol) e de fibra de alta digestibilidade. Também é rica em lisina, considerada o aminoácido cuja deficiência é a mais limitante para o crescimento de potros. A relação Ca:P situa-se próximo de 6:1. O clássico binômio aveia:alfafa constitui-se em balanceamento quase completo de nutrientes, pois o grão de aveia agrega energia à dieta e sua fibra, também de alta digestibilidade, dificulta o surgimento de distúrbios nutricionais, notadamente cólicas (NRC, 1989).
Todavia, o fornecimento de volumosos para equinos nunca deve ser realizado misturado ao concentrado. Portanto, para animais estabulados, submetidos a três refeições diárias, o esquema de fornecimento dos componentes da refeição deve ser:
Manhã ‒ a metade da quantidade total de concentrado; Meio-dia ‒ a outra metade do concentrado e um terço da quantia total de volumoso; Noite ‒ dois terços do volumoso.
O cavalo tende a ingerir primordialmente o alimento concentrado, que deverá estar à disposição em cocho separado do volumoso. Deve-se observar o princípio da uma hora, ou seja, alimentar os animais uma hora antes do exercício ou executar o exercício uma hora após a alimentação (CARVALHO e HADDAD, 1987).
No caso de fornecimento da alfafa verde, assegurar limpeza do cocho após a ingestão, pois a umidade da massa favorece o aparecimento de fermentações indesejáveis. No caso do feno, fornecê-lo de forma integral, sem picar ou triturar, podendo-se umedecê-lo na hora do fornecimento, ressalvando as medidas de higiene descritas.
Em alguns estabelecimentos, é comum colocar o volumoso no chão da baia, de modo a simular o ato de pastejo pelo cavalo. Não há contra-indicação da medida, mas deve-se assegurar a não contaminação do produto fornecido. Entretanto, fornecer alfafa no chão do piquete (animais no pasto) aumenta o risco de cólica, devendo-se dar preferência a manjedouras ou cochos especiais (Figura 1).
Foto: Claudio Haddad
Figura 1. Modelos de manjedouras.
Ainda em relação à utilização da alfafa como feno, há a possibilidade de aquisição de pellets de alfafa, de cubos e de ração completa peletizada. A fabricação do pellet envolve fina moagem da forragem desidratada, que é então prensada na forma de macarrão e seccionada. A temperatura de peletização pode atuar como agente controlador de microrganismos patogênicos, mas implica sempre parcial ou total desnaturação vitamínica.
A forma de fina moagem impede a seleção entre folhas e talos do feno original, mas acelera a passagem da forragem pelo trato gastrintestinal do equino e diminui a digestibilidade. Esse problema é minimizado na utilização dos cubos, porque esses apresentam pedaços maiores de fibra (CARVALHO e HADDAD, 1987).
Tanto o pellet como a ração completa peletizada podem levar o equino estabulado a desenvolver vícios, tais como roedura de madeira, inspiração e deglutição de ar e nervosismo. A explicação básica para o desenvolvimento desse comportamento são a ausência de fibra longa, essencial para mastigação correta pelo herbívoro, e a manutenção durante longos períodos de reclusão (estabulação).
A alfafa é uma planta forraginosa, de origem asiática e da família das leguminosas, subfamília papilonácea. Ela é muito rica em proteínas, vitaminas e sais minerais. No Brasil, seu uso é, prioritariamente, restrito à forragem de cavalos de esporte, devido aos altos custos de produção, sendo raramente utilizada na alimentação de outros animais ou em rações industrializadas.
Na Argentina, ela é empregada para alimentação do gado de leite, porque melhora substancialmente a qualidade do leite fornecido, segundo o engenheiro agrônomo Ademir Honda, de Cambará (PR). De acordo com ele, essa forrageira aumenta a fertilidade das fêmeas e poder propiciar um corte de 50% no fornecimento de rações complementares. Ele defende que se o país dispusesse de uma produção de alfafa mais barata, o resultado seria a oferta de leite a preços também mais baratos e de melhor qualidade.
Geralmente, a alfafa é consumida na forma de feno, o que facilita o transporte e a estocagem. O processo de fenação retira 75% do líquido sem prejuízo do valor nutritivo original e das propriedades fibrosas.
Paulo Nania, engenheiro agrônomo, do Centro de Treinamento do Jockey Club de São Paulo, em Campinas (SP), recomenda que a alfafa não seja ingerida pura, pelos cavalos estabulados, e sugere uma associação com feno de gramíneas, como o coast cross. Segundo ele, a alfafa pura aumenta a necessidade de água pelo aumento da ingestão de proteína; faz com que os níveis de uréia aumentem no sangue, o que pode causar distúrbios intestinais como enterotoxemia; aumenta a amônia no sangue, o que pode causar problemas como irritação nervosa e distúrbios no metabolismo dos carboidratos. Sua recomendação é devido ao excesso de proteína bruta em quantidade acima da necessária para os cavalos de competição que essa forrageira apresenta quando consumida pura.
O veterinário Renato Pires de Oliveira Dias, formado pela USP, lembra que a alimentação tradicional dos cavalos sempre foi alfafa e aveia. Só que a aveia precisa ser achatada pouco antes do consumo para não perder valor nutritivo em função da oxidação dos componentes, o que demanda mais trabalho e encarece o produto, por isso nem sempre os criadores estão dispostos a investir.
Segundo ele, as gramíneas associadas à ração balanceada produzem cavalos leves de osso e com pouca musculatura, enquanto a associação alfafa - aveia induz a uma boa ossatura e musculatura. Para ele, o uso do feno de coast cross só deve ser administrado pelo cavalo de 24 a 48 horas antes da corrida, em substituição a alfafa, por facilitar a digestão.
Nos sistemas intensivos de produção de leite, os gastos com o uso de concentrados e com os fertilizantes nitrogenados representam porcentagem elevada do custo de produção, implicando, ainda, em custos agregados com transporte, armazenamento, fornecimento dos concentrados e aplicação dos fertilizantes, o que afeta a sustentabilidade econômica da atividade leiteira. As vacas com maior produção de leite requerem uma proporção maior de concentrado em sua dieta, mas a quantidade e o percentual dos ingredientes do concentrado a ser utilizado dependem da qualidade da forragem oferecida, ou seja, quanto melhor a qualidade da forragem, menor será a quantidade de concentrado necessária para determinado nível de produção. A alfafa é de digestibilidade elevada e possui alto teor de proteína de rápida degradação ruminal, o que permite sua utilização como substituto de parte do alimento concentrado, com redução do custo de produção de leite e manutenção da qualidade da dieta (RODRIGUES et al., 2008).
Além dos concentrados, fertilizantes nitrogenados, utilizados em doses elevadas para a produção intensiva de leite a pasto, também oneram o custo de produção. A alfafa, pelo fato de realizar a fixação biológica do nitrogênio atmosférico no sistema solo-planta, comporta-se como uma biofábrica de nitrogênio, eliminando a utilização de fertilizantes nitrogenados e reduzindo o custo de adubação e, consequentemente, o custo de produção de leite (MOREIRA et al., 2008).
Os custos dos alimentos e dos fertilizantes, em especial dos concentrados proteicos e dos fertilizantes nitrogenados, certamente aumentarão com a demanda crescente de alimento no mundo, limitando, em parte, as oportunidades de utilização crescente desses insumos nos sistemas intensivos da pecuária de leite. A alfafa pode contribuir para minimizar os reflexos diretos e indiretos desse cenário, em razão dos benefícios que o seu uso pode propiciar para a cadeia produtiva do leite (VINHOLIS et al., 2008).
Além desses benefícios, espera-se que a inserção da alfafa em um sistema sustentável e competitivo de produção de leite a pasto promova redução da sazonalidade da produção de leite, diminuição da estacionalidade da produção de forragens e aumento da produtividade do rebanho. Além desses aspectos, a utilização da alfafa como parte da dieta tem potencial para propiciar benefícios para o meio ambiente, diminuindo os riscos de contaminação do lençol freático com nitrato, o que pode ocorrer quando se utiliza níveis muito elevados de adubos nitrogenados (RODRIGUES et al., 2008).
Potencial forrageiro da alfafa
O objetivo de qualquer modelo intensivo de produção de leite a pasto consiste em obter elevada e sustentável produtividade por área, implicando no aumento da taxa de lotação das pastagens, sem descuidar, entretanto, da produtividade individual das vacas. Esse modelo, com a participação do pasto na dieta, consiste em utilizar forrageiras produtivas de boa qualidade nutricional e baixa estacionalidade de produção, bem como programar uma estratégia alimentar (dieta e manejo) que favoreça a eficiência da conversão e mantenha controlados os custos de alimentação. A alfafa é uma forrageira que reúne características especiais, como alta produtividade, elevado teor proteico, boa palatabilidade, alta digestibilidade, capacidade para fixar nitrogênio no solo e baixa sazonalidade da produção de forragem, sendo especialmente indicada para integrar dietas de vacas de alto potencial genético sob sistema intensivo de produção de leite a pasto (CASTILLO e GALLARDO, 1995; RODRIGUES et al., 2008).
Em condições tropicais, Vilela et al. (1994) avaliaram dois sistemas de alimentação de vacas holandesas com média de 6.000 litros por lactação: um fornecia pasto de alfafa como único alimento e no outro os animais foram mantidos em confinamento e alimentados com ração total, composta por silagem de milho e concentrado. Os autores observaram que a alfafa em pastejo suportou três unidades animais por hectare e proporcionou média de produção de 20 litros/vaca/dia, atingindo no terço inicial da lactação 23,6 litros/vaca/dia, sem comprometer o peso vivo e a eficiência reprodutiva dos animais. Não houve nenhum caso de timpanismo durante o experimento em que as vacas foram gradualmente acostumadas à pastagem de alfafa (a cada dia acrescentaram-se mais duas horas de pastejo, até totalizar 24 horas/dia). O sistema pastoril (alfafa) teve custo operacional aproximadamente 10% menor e margem bruta 16% superior em relação ao sistema confinado (silagem de milho e concentrado).
Comeron et al. (2001), sob condições de clima temperado, obtiveram em pastejo exclusivo de alfafa, sob taxa de lotação de 1,7 vaca hectare/ano, com uso ocasional de feno e de pré-secado produzidos na mesma área, produção de leite semelhante à informada por Vilela et al. (1994), mas a eficiência reprodutiva foi baixa, pois a perda da condição corporal pós-parto, provocada por balanço energético negativo, foi muito prolongada. A diferença na eficiência reprodutiva entre esses trabalhos talvez possa ser explicada pelo fato de as vacas no trabalho de Vilela et al. (1994) terem iniciado o experimento seis semanas após parto e a alimentação nesse período antes do início do experimento pode ter contribuído para que a reprodução não fosse afetada, enquanto no sistema avaliado na Argentina as vacas estavam em pastagens de alfafa desde o início da lactação.
Comeron et al. (2002), avaliando o uso da alfafa exclusivamente na forma de pastejo, com vacas de alta produção, mostrou que dificilmente a produção de leite é superior a 5.000 litros por lactação, havendo perda de condição corporal acima dessa produção. Quando o objetivo for incrementar a produtividade tanto por vaca quanto por área, além de intensificar-se o uso das pastagens por meio de aumento da taxa de lotação, deve-se melhorar a qualidade da dieta mediante o emprego de concentrados e/ou forragens conservadas de boa qualidade, para que o consumo e, consequentemente, a produção de leite não sejam prejudicados (CASTILLO e GALLARDO, 1995).
Comeron (comunicação pessoal e documentos internos) recomenda, para produção superior a 6.000 litros de leite/lactação, a utilização de dietas com uma relação pastagem (alfafa e aveia): silagem (milho ou sorgo): feno: concentrado (cereais e subprodutos) de 40:20:15:25, como média anual de matéria seca consumida, respectivamente. Esses valores podem ser modificados durante a lactação (maior quantidade de concentrado para as vacas com menos de 120 dias pós-parto) e a época do ano (maior proporção de alfafa e menor quantidade de silagem durante primavera-verão). Com dietas com maior participação de concentrado (máximo de 40%) e reduzindo-se o tempo de pastejo em alfafa (mínimo de 30%), pode-se chegar a 18.000 litros de leite/ha/ano.
Vilela (1998) recomenda, com base em revisão de literatura, que é necessário suplementar os animais em pastagem de alfafa de acordo com o nível de produção. Segundo esse autor, para vacas com potencial de produção de até 18 kg/dia de leite, seria suficiente a suplementação apenas com minerais; para produção de 18 a 24 kg/dia de leite, seria necessário suplementar com mistura mineral e concentrado energético; e quando a produção de leite for acima de 25 kg/dia, deveria-se fornecer minerais e concentrados energéticos enriquecidos com proteína, de preferência de baixa degradabilidade no rúmen.
Em vacas leiteiras sob pastejo exclusivo de alfafa, normalmente, ocorre desequilíbrio na relação energia-proteína da dieta consumida (VILELA, 1998).
Esse desequilíbrio pode afetar negativamente a produtividade dos animais, a fermentação ruminal, a composição química do leite (especialmente a fração nitrogenada), a eficiência reprodutiva e também causar problemas de contaminação ambiental (FERGUNSON e CHALUPA, 1989; TAMINGA, 1990).
A alfafa possui altos teores de proteína bruta e de frações proteicas rapidamente degradáveis no rúmen, de modo que há produção excessiva de amônia, que as bactérias fibrolíticas são incapazes de aproveitar, a qual atravessa a parede ruminal e entra na circulação sanguínea. Como altos níveis de amônia no sangue são tóxicos, o fígado transforma-a novamente em ureia, para ser eliminada na urina. Entretanto, esse processo requer energia e, em consequência, diminui a quantidade de energia disponível para a produção de leite (COMERON e ROMERO, 2007). Apesar do elevado teor de PB da alfafa, estima-se que 75% dessa proteína seja degradada no rúmem (FALDET e SATTER, 1991), o que pode limitar a produção de vacas com alto potencial genético quando a alfafa é usada de forma exclusiva.
Segundo Arias (1996), citado por Comeron et al. (2007), para cada excesso de 0,450 g de proteína bruta/dia na dieta de vacas leiteiras é necessário o adicional de 1 Mcal de energia líquida de lactação/dia para a excreção da amônia na forma de ureia. Esse mesmo autor afirma que para valores de nitrogênio ureico no leite (NUL) de 20 mg/dL haveria redução na produção de leite equivalente a 3,5 litros diários, devido à energia que seria desviada para a síntese da ureia.
Butler (2004) observou que as taxas de prenhez de vacas leiteiras caíram aproximadamente 20% quando a concentração NUL ultrapassou 19 mg/dL de leite. Assim, esses resultados indicam a necessidade de suplementos energéticos para equilibrar a relação energia-proteína e reduzir os excedentes de amônia ruminal de vacas leiteiras em pasto exclusivo de alfafa.
A utilização da alfafa em pastejo como parte da dieta de vacas leiteiras é uma alternativa promissora para a melhoria da qualidade das dietas baseadas em volumosos tropicais, pois permite melhor balanceamento da relação energia:proteína (RODRIGUES et al., 2008). Outro aspecto é que utilizando-se a alfafa somente como parte da dieta, diminui-se o risco de ocorrer timpanismo, que pode ser elevado em condições em que a alfafa é o único alimento (DAVIES e MÉNDEZ, 2007).
É importante lembrar que quando se utiliza a pastagem de alfafa por poucas horas por dia, a dieta dos animais precisa ser complementada com outro volumoso como, por exemplo, silagem de milho, pasto ou feno de gramíneas e, também, com concentrado. Entre as forrageiras conservadas, a silagem de milho é um recurso adequado para suplementar a dieta de vacas de alta produção em pastagens de alfafa, por fornecer a energia digestível ou metabolizável que está em déficit, equilibrar a proteína de alta degradabilidade presente em excesso nas pastagens de alfafa e reduzir o risco de timpanismo (COMERON e ROMERO, 2007).
Na Embrapa Pecuária Sudeste, ao adicionar pastejo de alfafa por 1, 2 e 4h ao sistema de produção, no período da seca, obteve margem de lucro sobre o sistema de produção tradicional de leite (silagem de milho + concentrado) da ordem de 2,77; 5,05 e 7,52%, respectivamente (Tabela 1). A redução do custo de produção de leite que se observou, quando se utilizou alfafa como parte da dieta, deveu-se a menor oferta de concentrado que se fez, principalmente, diminuindo-se a quantidade de farelo de soja na dieta, ingrediente mais caro da ração. A produção de leite, nos diversos tratamentos com alfafa, foi praticamente constante e não se observaram diferenças significativas no peso dos animais. Os animais ingeriram 2,75; 5,08 e 6,17 kg MS de alfafa com 1, 2 e 4h de pastejo, respectivamente (Tabela 1). As avaliações para a estimativa de consumo de alfafa foram feitas utilizando-se como indicador externo o dióxido de titânio (TITGEMEYER et al., 2001). O pastejo de 1h foi realizado à tarde, o de 2h foi realizado uma hora pela manhã e uma hora à tarde e o pastejo de 4h foi realizado duas horas pela manhã e duas horas à tarde. Todos os pastejos foram realizados após ordenha, feita às 5h e às 16h. O critério adotado foi manter a oferta teórica de FDN da forragem e o teor de PB da dieta nos diversos tratamentos. A utilização de 4h de pastejo em alfafa proporcionou maior margem de lucro, cerca de 7,52%, com alfafa participando com cerca de 34,82% da matéria seca consumida.
Tabela 1. Margem de lucro/controle nos diversos tratamentos de pastejo em alfafa na época da seca.
Variável
Controle
1 hora
2 horas
4 horas
Consumo de alfafa (kgMS)
-
2,75
5,08
6,17
Consumo de silagem (kgMS)
10,08
9,05
6,43
5,72
Consumo de concentrado (kgMS)
8,37
7,02
6,28
5,20
Consumo total (kgMS)
18,45
18,33
17,79
18,09
Produção de leite (L/vaca/dia)
26,28
26,18
25,69
26,09
Peso dos animais (kg)
561,75
573,69
548,23
571,19
Custo da dieta (R$/kg)
0,53
0,48
0,47
0,43
Custo do concentrado (R$/kg)
0,98
0,95
0,91
0,91
Custo/litro de leite (R$)
0,41
0,38
0,36
0,33
Custo da dieta/vaca/dia (R$)
10,81
9,99
9,17
8,62
Margem de lucro/controle (%)
-
2,77
5,05
7,52
Margem de lucro obtida em março de 2014.
O sistema preconizado de pastejo em alfafa na Embrapa Pecuária Sudeste é utilizar a alfafa como parte da dieta de vacas leiteiras, suplementando com silagem de milho e concentrado, no período da seca, e forrageira tropical (capim tanzânia ou tobiatã) e concentrado, no período das águas. Na época da seca, a silagem e o concentrado são fornecidos duas vezes ao dia, 40% pela manhã e 60% à tarde, sempre após o pastejo em alfafa, objetivando estimular o consumo dessa forrageira. Na época das águas, o concentrado é também fornecido duas vezes ao dia, 40% pela manhã e 60% à tarde, também após o pastejo em alfafa, para estimular o consumo dessa forrageira. À tarde, após o segundo pastejo em alfafa, os animais ficam livre para pastejar a forrageira tropical, o que ocorre, preponderantemente, à noite. As Figuras 1 e 2 mostram as vacas pastejando capim tobiatã e alfafa, respectivamente, na Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos, SP. Na época da seca, pode-se também optar por realizar o pastejo da alfafa à noite. Entretanto, na época das águas, o pastejo de alfafa à noite requer muita atenção, porque se chover em excesso e o solo ficar muito úmido, o pisoteio intenso pode prejudicar a coroa da alfafa, afetando a densidade de plantas e a persistência do alfafal.
Foto: Frank Akiyoshi Kuwahara
Figura 1. Pastejo rotacionado em tobiatã.
Foto: Reinaldo de Paula Ferreira
Figura 2. Pastejo rotacionado em alfafa.
Na Argentina, tem-se utilizado a alfafa cortada e enleirada para consumo. Normalmente, o pastejo ocorre quatro horas após o corte da forragem, reduzindo-se o potencial de timpanismo por consumir alfafa desidratada. Essa técnica é recomendada para áreas maiores, por exigir maquinário, trazendo, como benefícios, redução da perda da forragem durante o consumo e rebrote uniforme da área (Figura 3).
Foto: Eduardo Alberto Comeron
Figura 3. Pastejo de vacas leiteiras em área de alfafa cortada e enleirada para consumo.
Normalmente, cultiva-se alfafa por três a quatro anos, fazendo-se, posteriormente, rotação de cultura com o milho. Sheafer et al. (1991) concluíram que a alfafa, após três anos consecutivos na mesma área, contribuiu com 100 kg/ha de nitrogênio residual para a cultura subsequente.
A utilização da alfafa como parte da dieta de vacas leiteiras apresenta as seguintes vantagens:
• É uma alternativa estratégica para complemento, como forragem de boa qualidade, nos períodos em que há menor produção de outros volumosos utilizados na alimentação de vacas leiteiras.
• Colabora com o aumento da taxa de lotação na área de pastagem de alfafa, de modo que maior número de vacas tenha acesso a forragem de boa qualidade.
• Permite melhor equilíbrio na relação energia-proteína, aumenta a digestibilidade da dieta e consequentemente possibilita maior consumo de nutrientes digestíveis pelos animais que são alimentados com outros volumosos, tais como silagem de milho e forragem tropical, que apresentam coeficiente de digestibilidade e teor de proteína limitantes para vacas de alta produção.
• Reduz o potencial de risco de timpanismo, quando comparado com a dieta exclusiva de alfafa.
Alimentação de vacas em pastagem de alfafa suplementada com forragens conservadas
A utilização de forragens conservadas em sistemas de produção de leite baseados em pastagem de alfafa tem os seguintes objetivos:
a) equilibrar a relação energia-proteína da dieta;
b) prevenir o timpanismo ou meteorismo;
c) complementar a dieta na época de menor produção da pastagem de alfafa;
d) aumentar a taxa de lotação e, consequentemente, a produção por hectare.
Esse último aspecto, ou seja, o aumento da produção de leite por hectare, tem sido um dos principais objetivos nos sistemas intensivos de produção de leite com base em pastagens tropicais e também com base em pastagens de alfafa.
Quando se pretende aumentar a eficiência da utilização de pastagens de alfafa por meio de aumento na taxa de lotação, deve haver planejamento para assegurar que os requerimentos dos animais sejam satisfeitos durante todo o ano, o que significa complementar a dieta em períodos de menor produção de forragem com silagem de milho ou de sorgo, feno de boa qualidade ou com cana-de-açúcar in natura picada.
Embora a estacionalidade da alfafa nas condições tropicais seja bem menor do que em condições de clima temperado, em épocas determinadas nas quais a disponibilidade de pastagem de alfafa é um pouco menor, ou quando o consumo de alfafa é limitado pela utilização de altas taxas de lotação ou pelo acesso restrito, a suplementação com silagem ou com feno constitui uma alternativa estratégica para incrementar o consumo total e o desempenho animal.
A silagem de milho ou silagem de sorgo, de boa qualidade, é o recurso adequado para suplementar a dieta de vacas de alta produção em pastagens de alfafa. Resultados da Estación Experimental Agropecuária de Rafaela indicam que quando a silagem de milho participa na proporção aproximada de 40% a 50% da dieta total as vacas em pastejo de alfafa sem suplementação com concentrado conseguem manter produção de leite superior a 20-22 litros de leite por, vaca por dia (CASTILLO e GALLARDO, 1995).
Outra alternativa seria utilizar feno de alfafa, feita do excesso de produção de forragem que ocorre em determinados períodos, para complementar as épocas de menor produção de alfafa ou de menor produção do pasto tropical.
Os resultados de produção de leite com o fornecimento de feno de alfafa, com silagem de milho e com feno de Cynodon dactylon cv. Bermuda podem ser observados na Tabela 2.
Observa-se nessa tabela que a dieta com feno de alfafa proporcionou maior produção de leite. Esses resultados mostram a importância da qualidade da alfafa para a produção de leite. Isso decorreu do menor teor de FDN e da maior digestibilidade da fração fibrosa deste volumoso, possibilitando maior consumo de nutrientes digestíveis e maior produção de leite com a utilização de menor quantidade de concentrado.
Tabela 2. Produção de leite em função da qualidade do volumoso.
Variável
Feno de alfafa
Feno de
Cynodon
Silagem de milho
FDN do volumoso (%)
46
70
55
FDN da dieta (%)
36
36
36
Concentrado (% da MS da dieta)
30
60
45
Consumo diário de MS (kg/vaca)
24
19
20
Produção diária de leite (kg/vaca)
23
18
20
Fonte: Mertens (1993), citado por Vilela (1998).
Os resultados relativos ao efeito de diferentes estádios de maturação da alfafa utilizada na forma de feno sobre a qualidade da forragem, sobre o consumo de matéria seca e sobre a produção de leite são mostrados na Tabela 3. Observa-se que à medida que a planta entra em processo de maturação aumenta o % de FDN e reduz o de PB, diminuindo o consumo de matéria seca e afetando, consequentemente, a produção de leite.
Tabela 3. Efeito do estádio de maturação da alfafa sobre a qualidade da forragem, sobre o consumo de MS e sobre a produção de leite.
Estágio de maturação
PB (%)
FDN (%)
Consumo de MS
(kg/dia)
Produção de leite
(kg/dia)
Pré-florescimento
21
< 40
19,1
23,9
10% de florescimento
18
44
15,9
16,1
50% de florescimento
16
51
13,4
9,7
PB = proteína bruta; FDN = fibra em detergente neutro; MS = matéria seca.
Fonte: Kawas et al. (1993), citado por Vilela (1998).
Timpanismo espumoso
Embora a alfafa apresente características altamente desejáveis para os sistemas intensivos de produção de leite, como alta produção de forragem e alta qualidade nutricional, a alfafa em pastejo tem potencial para causar timpanismo espumoso. O aparecimento de timpanismo é difícil de ser previsto, dada a complexidade de fatores que contribuem para a sua ocorrência.
Após a mastigação e a ensalivação, a forragem consumida chega ao rúmen, onde ocorre o processo de fermentação a partir do qual se originam os gases (anidrido carbônico e metano), que normalmente se separam do conteúdo ruminal e são eructados.
As leguminosas meteorizantes, tais como a alfafa e os trevos, de alta qualidade forrageira, têm velocidade inicial de desaparecimento ruminal 25% a 30% mais rápida do que as leguminosas não meteorizantes, o que faz com que nas etapas iniciais da digestão produzam elevado volume de gases e grande acumulação de partículas vegetais no rúmen. Essas partículas, associadas a proteínas vegetais e polissacarídeos microbianos, dão origem a uma massa espumosa formada por pequenas borbulhas estáveis que retém os gases e inibe a eructação, provocando aumento progressivo da tensão no rúmen (DAVIES e MÉNDEZ, 2007). As consequências variam desde a diminuição do consumo, nos casos leves, até a morte por asfixia, nos quadros graves.
As leguminosas que não causam timpanismo oferecem maior resistência à desintegração mecânica do que as meteorizantes, tais como a alfafa. As proteínas vegetais solúveis são macromoléculas intracelulares que necessitam chegar ao meio ruminal para desenvolver sua ação espumógena. Dado que são incapazes de atravessar a membrana celular intacta, a lise celular é um evento central para a produção de seu efeito meteorizante. A ruptura das células foliares pode ocorrer na forma mecânica durante a mastigação ou por degradação microbiana da parede celular no rúmen. De acordo com a teoria da ruptura celular, nas leguminosas não meteorizantes os componentes celulares seriam liberados mais lentamente no meio ruminal, sem alcançar a concentração necessária para provocar o timpanismo (LATIMORI e KLOSTER, 2007).
O estádio fenológico ou de maturidade da planta de alfafa no momento do pastejo é a variável que melhor se associa com o aparecimento do timpanismo. No estádio de crescimento vegetativo, a forragem disponível apresenta alta relação folha-haste, elevado teor de proteína bruta (mais de 20%), baixo teor de parede celular (40%) e grande fragilidade das folhas, características que se relacionam com alto risco de ocorrência de timpanismo (RODRIGUES et al., 2008).
À medida que a alfafa atinge a maturidade, seu potencial meteorizante diminui, pelo fato de haver redução no teor de proteína bruta, aumento na proporção de fibra (FDN) e, principalmente, diminuição na relação folha-haste. Por um lado, embora a forragem tenha menos capacidade de produzir timpanismo no estádio avançado de maturidade, por outro lado diminui a qualidade e o valor nutritivo. Porém, nesse estádio, aumenta a biomassa dos rebrotes basais, que podem ser selecionados pelo animal e que também causam timpanismo (RODRIGUES et al., 2008).
A pré-secagem da alfafa é uma técnica que se usa para reduzir o risco de timpanismo. Entretanto, deve-se tomar cuidado com o tempo de secagem, para evitar perdas por respiração.
Existem vários produtos que apresentam níveis de eficácia distintos na prevenção e no controle do timpanismo. Esses produtos incluem os tensioativos sintéticos (poloxaleno e álcool etoxilado), antiespumantes (dimetilpolisiloxano) e antibióticos (ionóforos). Os produtos tensioativos e antiespumantes podem ser fornecidos de forma individual ou coletiva.
Qualquer que seja o método de fornecimento, os produtos tensioativos têm demonstrado mais eficácia e efeito mais persistente do que os antiespumantes (DAVIES e MÉNDEZ, 2007). Em função de seu efeito detergente, umidificam a forragem e emulsionam os lipídeos nela presentes; isso, por sua vez, exerce efeito antiespumante.
Podem ser utilizados também os ionóforos à base de monensina, um modificador da fauna ruminal cujo efeito com relação ao timpanismo é a redução da produção de gases, principalmente do metano, no rúmen (DAVIES e MÉNDEZ, 2007). A monensina está disponível na forma de pó, para ser misturada no concentrado, ou em cápsulas de liberação lenta, que se colocam no rúmen.
Quando se optar por utilizar a mistura no concentrado, há necessidade de que ela fique homogênea, para evitar-se intoxicação por sobredosagem e para obter consumo uniforme do produto, de modo que seja assegurada a eficácia da técnica de aplicação do ionóforo. Entretanto, a eficiência da monensina é menor quando comparada com o poloxaleno (JOHNS, 2007). Assim, em condições de alto risco, a monensina não impede totalmente a aparição de alguns casos de timpanismo (LATIMORI e KLOSTER, 2007).
Custo de produção da alfafa
O custo de produção de um hectare de alfafa foi de R$7.548,64 no ano (Tabela 04). Deste montante, o custo de formação do pasto (R$ 2.730,10/ha) foi depreciado em três anos de vida útil e o valor total de investimento (R$ 8.307,59/ha), que inclui o conjunto de irrigação, a cerca elétrica e o bebedouro, foi depreciado proporcionalmente à vida útil de cada componente: dez anos para os dois primeiros e cinco anos para o último. O custo de formação da alfafa envolveu preparo do solo, calagem e adubação de plantio, aplicação de herbicida e compra de sementes. Já o custo de manutenção do pasto de alfafa foi de R$ 5.757,85/ha, e é composto por despesas com insumos (calcário, adubo, herbicida e inseticida), reposição de peças, mão de obra e consumo de energia elétrica. Cloreto de potássio e mão de obra foram os itens que mais oneram o custo de manutenção de um alfafal. Considerando produção de 20 ton. MS de alfafa/ano e sua vida útil de três anos, produz alfafa a um custo de R$0,37 kg de MS (Tabela 4).
Tabela 4. Custo de produção de 1 ha de alfafa.
Especificação
Unidade
Quant./ha
Preço unitário (R$)
Total (R$/ha)
Formação
Sementes
kg
15,00
40,00
600,00
Calcário dolomítico
t
4,00
90,00
360,00
Superfosfato simples
t
0,80
1.100,00
880,00
Cloreto de potássio
t
0,10
1.800,00
180,00
FTE BR 12
t
0,05
1.700,00
85,00
Formicida Decis
kg
1,00
45,00
45,00
Herbicida Trifluralina
L
1,50
64,00
96,00
Espalhante adesivo Assist
L
1,00
7,60
7,60
Análise de solo
Ud
1,00
20,00
20,00
Subtotal
2.273,60
Operações
Subsolagem
Hm
2,00
55,00
110,00
Grade aradora
Hm
2,00
55,00
110,00
Grade niveladora
Hm
1,00
55,00
55,00
Calagem
Hm
0,50
55,00
27,50
Fosfatagem
Hm
0,50
55,00
27,50
Potassagem
Hm
0,50
55,00
27,50
Plantio
Hm
1,00
55,00
55,00
Compactação
Hm
0,50
55,00
27,50
Herbicida
Hm
0,30
55,00
16,50
Subtotal
456,50
CUSTO DE FORMAÇÃO
2.730,10
Manutenção
Cloreto de potássio
t
1,20
1.800,00
2.160,00
Superfosfato simples
t
0,50
1.100,00
550,00
Calcário dolomítico
t
2,00
100,00
200,00
FTE BR 12
t
0,03
1.700,00
51,00
Pulverização foliar Néctar
L
0,80
85,00
68,00
Herbicida Gramoxone
L
2,00
25,00
50,00
Herbicida Zethapyr e/ou Fusilade
L
4,00
65,00
260,00
Espalhante adesivo Assist
L
5,00
7,60
38,00
Inseticida Engeo Pleno
L
0,10
110,00
11,00
Análise do solo
Ud
1,00
20,00
20,00
Mão de obra
Dh
36,00
55,00
1.980,00
Energia para irrigação
Kwh
2.205,00
0,07
154,35
Reposição materiais de irrigação
Ud
205,50
CUSTO DE MANUTENÇÃO
5.757,85
Investimento
Conjunto de irrigação
Ud
1
6.107,59
Cercas internas
m
1700
1.700,00
Bebedouro
Ud
1
500,00
TOTAL DE INVESTIMENTO
8.307,59
Depreciação do conjunto de irrigação
610,76
Depreciação da cerca
170,00
Depreciação do bebedouro
100,00
TOTAL DA DEPRECIAÇÃO
880,76
CUSTO TOTAL (R$/ha/ano)
7.548,64
Produção de matéria seca (Kg MS alfafa/ha/ano)
20.000,00
Vida útil da pastagem de alfafa (anos)
3
Custo do Kg de MS
0,37
Custo de produção obtido em abril de 2015.
Hm: Hora-máquina; t: tonelada; Ud: unidade; Dh: dia-homem; m:metro; kg: quilogramas.
Considerações finais
As características da alfafa como elevada produção, alta qualidade e alta digestibilidade fazem com que ela tenha papel importante para melhoria da qualidade das dietas utilizadas nas regiões tropicais, pois os volumosos que são muito produtivos nestas regiões, são caracterizados por apresentar digestibilidade da fibra e teor de proteína muito baixos, o que afeta o consumo de nutrientes digestíveis e consequentemente o desempenho animal.
A utilização da alfafa como parte da dieta é uma alternativa promissora para a melhoria da qualidade das dietas baseadas em volumosos tropicais, pois proporciona melhoria da qualidade da dieta e permite melhor balanceamento da relação energia:proteína. Outro aspecto é que a utilização da alfafa como parte da dieta diminui o risco de ocorrência de timpanismo, que pode ser elevado em condições em que a alfafa é o único alimento.
Merece ainda ser ressaltado que o pastejo em alfafa durante poucas horas por dia permite que maior número de animais tenha acesso à alfafa, o que satisfaz um dos objetivos principais dos sistemas intensivos de produção de leite, que é a utilização de elevada taxa de lotação para que se possa obter elevada produção por hectare. Nesse sentido, além da utilização da alfafa em pastejo para complementar outros volumosos de boa qualidade produzidos em condições tropicais, a associação com quantidade moderada de concentrados contribuirá não somente para o aumento da produção individual mas também para a obtenção de elevado nível de produção de leite por hectare.
Na época da seca, o que se preconiza é que se utilize pastejo em alfafa, forragem conservada (silagem de milho) e concentrado. Já na época das águas, recomenda-se pastejo em alfafa, pastejo em forragem tropical (capim tanzânia ou tobiatã) e concentrado. Na época da seca, a silagem e o concentrado são fornecidos duas vezes ao dia, 40% pela manhã e 60% à tarde, sempre após o pastejo em alfafa, objetivando estimular o consumo dessa forrageira. Na época das águas, o concentrado é também fornecido duas vezes ao dia, 40% pela manhã e 60% à tarde, também após o pastejo em alfafa, para estimular o consumo dessa forrageira. À tarde, após o segundo pastejo em alfafa, os animais ficam livres para pastejar a forrageira tropical, o que ocorre, preponderantemente, à noite. Para animais com produção superior a 6.000 litros de leite/lactação, recomenda-se alfafa participando com 30 a 40% da matéria seca consumida.