terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Coleta e Preparo de Ramas para Plantio da Mandioca

 

A planta de mandioca propaga-se por meio das ramas, e sua qualidade relaciona-se diretamente com a brotação, o enraizamento e a resistência a doenças, podendo acarretar, em uma lavoura, desuniformidade no desenvolvimento inicial das plantas e redução no número de plantas.

O sucesso de toda lavoura depende de boas sementes, e isso não é diferente para a mandioca.

As ramas representam em torno de 2% do custo variável de produção em anos normais e, no máximo, 6% em anos de maior demanda. Por exemplo, no caso do milho a semente poderá representar 27% do custo variável de produção.


ÉPOCA DE COLETA DAS RAMAS

As ramas mais indicadas para plantio são colhidas com 8 a 14 meses, no outono e inverno. Em anos de escassez, podem ser utilizadas ramas de plantas que foram podadas no primeiro ciclo e que cresceram no segundo ciclo. Ramas de plantas com dois ciclos de idade, de preferência, não devem ser utilizadas por serem mais lenhosas e apresentarem maior dificuldade de brotação.

Os cuidados para que sejam obtidas boas ramas se iniciam no verão, com vistorias prévias da lavoura, no intuito de detectar possíveis doenças que são mais facilmente percebidas quando as plantas estão com mais folhas. Talhões com doenças ou com muita mistura de variedades devem ser previamente evitados.

As ramas oriundas de solos mais férteis são melhores, pois originam plantas mais vigorosas durante o desenvolvimento inicial das lavouras. Portanto, é importante selecionar as ramas das melhores áreas.

A maturidade da planta para fornecimento das ramas ocorre a partir de maio, com redução da atividade da planta e queda natural das folhas. A maturação da rama pode ser verificada pelo aspecto cristalino da medula, que é a porção central da rama, e pela relação dos diâmetros da medula com o diâmetro da rama, que deve ser de um para a rama e meio para a medula (porção central).

O melhor segmento para mudas é o retirado do terço médio da rama para baixo.

As mudas do ponteiro são mais finas e imaturas, e as da base da planta são mais lenhosas e mais resistentes à seca.

As mudas imaturas ou retiradas do ponteiro das ramas são muito sensíveis à estiagem, embora em condições ideais de umidade possam brotar com mais rapidez.

Já as mudas mais velhas, da base das ramas, resistem mais à estiagem, porém são as que mais demoram a brotar.

A maturação das ramas também varia bastante entre as diferentes variedades e a época em que a lavoura foi plantada.

CORTE DAS RAMAS

O corte das ramas deve ser feito o mais reto possível e sem ferimentos, evitando o formato em bisel (corte enviesado), que acarreta muitas perdas na armazenagem e no plantio. No corte das ramas é importante mais uma seleção com relação às pragas e doenças e misturas de variedades.




TRANSPORTE DOS FEIXES DE RAMAS

O feixe das ramas deve ser firme e, quando necessário, deverá ser amarrado com duas cordas e transportado com o máximo cuidado. A integridade das gemas ou olhos é de extrema importância, pois é nesse ponto que ocorrerá a brotação. As ramas com muitos ferimentos aumentam consideravelmente o risco de doenças na fase inicial da lavoura.


ARMAZENAGEM DAS RAMAS

A armazenagem das ramas, quando necessária, deve ser feita em local arejado na lavoura ou no abrigo de árvores, mas evitando sombras excessivas. Em locais com maior incidência de geadas é conveniente guardá-las sob árvores ou dentro de bosques, pois a céu aberto há o risco de perdas, mesmo que a pilha de ramas esteja coberta com palha. Em locais de geadas menos intensas, é possível armazenar as ramas diretamente na lavoura. Em locais menos sombreados, a cobertura com palha ou capim seco é fundamental para garantir boa armazenagem.

A cobertura com palha deve ser feita por toda a pilha, pois quando feita somente na parte superior proporciona pouca proteção. As pilhas, quando bem cobertas com palha, mantêm a temperatura das ramas mais uniforme e garante melhor conservação.

A posição das ramas na armazenagem influencia a conservação e a manutenção da viabilidade. Quando armazenadas na posição vertical, as ramas devem ser emparelhadas para que todas tenham contato com o solo. As ramas também podem ser armazenadas na posição horizontal, mas sua durabilidade é menor.

A armazenagem das ramas devido à desidratação poderá ocasionar mais falhas na lavoura. Porém, as plantas originárias de ramas armazenadas normalmente soltam mais hastes que proporcionam plantas com mais folhas.

A durabilidade das ramas na armazenagem depende da variedade de mandioca.

Esse é um detalhe importante de ser observado.



AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE

A avaliação da viabilidade da rama, guardada ou não, poderá ser executada por meio do teste do canivete. Nela é feito um pequeno corte, e caso a seiva ou o leite flua rápida e abundantemente, a rama presta para plantio.


As ramas que passaram por geadas e estão intactas por fora podem internamente estar com as células rompidas, tornando a seiva mais rala, e podem comprometer a brotação e o vigor das mudas.



QUANTIDADE DE RAMAS PARA PLANTIO

A quantidade de ramas para plantio sofre influência da variedade (ramificada ou ereta), da duração da armazenagem das ramas, do espaçamento entre as plantas e do tamanho da muda.

As variedades mais ramificadas tendem a necessitar de mais ramas em função das perdas que ocorrem no momento da seleção. Os feixes das variedades ramificadas têm menos ramas que as variedades mais retas, devido aos espaços vazios quando emparelhadas e empilhadas.

Na armazenagem das ramas estimam-se perdas de 20% durante o processo. Com isso, é importante que a quantidade inicial de ramas na armazenagem seja superior à necessária para o plantio.

O número de plantas que será adotado na lavoura também alterará a quantidade de ramas utilizadas. Por exemplo, no espaçamento de 1,0 metro por 1,0 metro, o número de plantas por hectare será de 10.000 plantas, e se for de 1,0 metro por 0,7 metro, o número de plantas por hectare será de 14.285, diferença de 4.285 plantas.

Como média, pode-se adotar que a taxa mínima de multiplicação da mandioca é de um para quatro, ou seja, de um hectare de mandioca é possível plantar quatro hectares. Caso as ramas tenham bom padrão, essa taxa de multiplicação poderá ser de até um para dez.





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