domingo, 18 de março de 2018

Controle de plantas daninhas na Cevada


Controle cultural

Consiste em usar características ecológicas da cultura e da planta daninha de tal forma que a primeira leve vantagem na competição. O emprego desse método, além de auxiliar qualquer outro tipo de controle, não aumenta os custos de produção.
A essência do controle cultural consiste em obter uma lavoura sadia, de crescimento vigoroso e que cubra rapidamente a superfície semeada. Para isso, é preciso levar em  conta alguns pontos fundamentais:
  • optar por cultivares mais adaptadas às condições de clima da região e de solo da propriedade;
  • usar semente fiscalizada ou certificada; semear na época indicada para a região, usando a quantidade de semente e o espaçamento indicado;
  • empregar as quantidades de adubo indicadas; 
  • observar o sistema de rotação de culturas.

Controle químico

Quando o grau de infestação não permitir o controle mecânico de plantas daninhas em tempo oportuno, recomenda-se o uso de controle químico através dos produtos listados nas tabelas 1, 2 e 3.
O volume de calda indicado, para aplicação dos herbicidas registrados para uso na cultura de cevada, é de 100 a 150 L/ha. As pontas devem ser adequadas às condições ambientais de cada região. 
O uso de luvas, de máscara e de roupas de proteção do corpo na manipulação e na aplicação dos herbicidas indicados é indispensável.
 
Tabela 1. Herbicidas registrados para controle de plantas daninhas em cevada.
Nome comum
Nome comercial

Formulação1
Classe toxicológica2
Empresa registrante
2,4-D (Amina)
Herbi D 480
SA
I
Milenia
U46 D-Fluid 2,4-D
SA
I
Basf
Metsulfuron-metílico
Ally
GD
III
Du Pont
Fonte: Comissão de Pesquisa de Cevada (2015).SA = solução aquosa; GD = grânulos dispersíveis em água.
2 I = Extremamente tóxico; III = Medianamente tóxico.

Tabela 2. Doses e épocas de aplicação dos herbicidas registrados para o controle de plantas daninhas em cevada.
Planta daninha
Nome comum
Concentração (g/L)
Produto comercial (L/ha)
Época de aplicação
Dicotiledôneas comuns
2,4-D (Amina)

720
1,0 a 1,5
No perfilhamento até a ocorrência do 1º nó
Cipó-de-veado-de-inverno (Polygonum convolvulus) e Dicotiledôneas comuns
Fonte: Comissão de Pesquisa de Cevada (2015).
Tabela 3. Eficiência dos herbicidas indicados no controle de plantas daninhas na cultura de cevada.
Fonte: Comissão de Pesquisa de Cevada (2015).

Planta daninha
Produto1
2,4-D (Amina)
Metsulfuron-metílico
Echium plantagineum L. (Flor roxa)
CM
SI
Polygonum convolvulus L. (Cipó-de-veado-de-inverno)
NC
NC
Bidens spp. (Picão preto)
C
C
Ipomoea spp. (Corriola)
CM
SI
Brassica napus L. (Colza)
C
C
Raphanus raphanistrum L. (Nabo ou nabiça)
C
C
Galinsoga parviflora Cav. (Picão branco)
CM
C
Richardia brasiliensis Gomes (Poaia branca)
C
SI
Sonchus oleraceus L. (Serralha)
C
SI
Silene gallica L. (Silene)
CM
C
Spergula arvensis L. (Gorga, espérgula)
CM
C
Stellaria media (L.) Cyrril (Espargata)
CM
C
Lolium multiflorum Lam. (Azevém)
NC
NC
Avena spp. (Aveia)
NC
NC
C = controle acima de 80%; CM = controle médio 60% a 80%; NC = não controla; SI = sem informação; e C* = controle acima de 90%.
1 Produtos – nomes comerciais: 2,4-D (Amina): Herbi D 480; Metsulfurom-metílico: Ally (aplicar nos estádios de crescimento de plântula até o final do perfilhamento).


sábado, 10 de março de 2018

Adubação e calagem na Cevada


A cevada é uma espécie que exige solos de boa fertilidade. Na escolha da área, deve ser levado em conta que esta cultura é muito suscetível à acidez do solo.

Amostragem de solo

A coleta de amostra de solo pode ser realizada com pá de corte ou trado calador. No sistema plantio direto, e no qual a última adubação foi feita na linha de semeadura, a coleta com pá de corte, de uma fatia contínua de 3 cm a 5 cm de espessura, de entrelinha a entrelinha, é ideal, mas pode ser substituída pela coleta com trado calador numa linha transversal às linhas de semeadura. Neste caso, a coleta deve ser realizada da seguinte forma: a) coletar 1 ponto no centro da linha e 1 ponto de cada lado, se for cereal de inverno; b) coletar 1 ponto no centro da linha e 3 pontos de cada lado, se for soja; e c) coletar 1 ponto no centro da linha e 6 pontos de cada lado, se for milho. 
Com relação ao número de subamostras por área uniforme, sugere-se amostrar o solo em 15 a 20 pontos, para formar uma amostra composta. Esse número depende diretamente do grau de variabilidade da fertilidade do solo.
No sistema plantio direto, a amostra pode ser coletada na camada de 0 a 10 cm de profundidade, particularmente em lavouras com teores de P e de K no solo abaixo do nível de suficiência. Para solos acima desse nível, a amostragem de 0 a 10 cm ou de 0 a 20 cm pode ser usada (Tabela 1), pois os resultados não afetarão a recomendação de adubação. Quando há evidência de acentuado gradiente de acidez, convém coletar amostras nas camadas de 0 a 10 cm e de 10 a 20 cm, permitindo, dessa forma, conhecimento mais amplo do solo, principalmente no tocante ao teor de alumínio, pois a cevada é muito sensível à esse elemento. 
 

Calagem

Calagem nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina
A prática de calagem do solo objetiva reduzir o índice de acidez por meio da aplicação de calcário, que é composto de CaCO3 e MgCO3. A quantidade de calcário a ser usada varia conforme o índice SMP determinado na análise do solo. De forma geral, o pH adequado para cevada situa-se entre 5,5 e 6,0.  A dose de calcário e o modo de aplicação variam em função do sistema de manejo do solo (Tabela 5).
a) Cálculo da quantidade de calcário
As quantidades de calcário indicadas na Tabela 2 referem-se a corretivos com PRNT (Poder Relativo de Neutralização Total) de 100%. Isso significa que a quantidade de produto a aplicar deve ser calculada em função do PRNT. Sugere-se que seja dada preferência a calcário dolomítico, por ser de menor custo, bem como por conter cálcio e magnésio.
Em alguns solos, principalmente nos de textura arenosa, o índice SMP pode indicar quantidades reduzidas de calcário, embora o pH em água esteja em nível inferior ao preconizado. Nesses casos, pode-se calcular a necessidade de calagem a partir dos teores de matéria orgânica (MO) e de alumínio trocável (Al) do solo empregando-se as seguintes equações para o solo atingir o pH em água desejado:
para pH 5,5, NC = -0,653 + 0,480 MO + 1,937 Al, 
para pH 6,0, NC = -0,516 + 0,805 MO + 2,435 Al,
onde, NC é expresso em t/ha, MO em % e Al em cmolc/dm3.
É importante considerar que o método SMP não detecta corretivo de acidez que ainda não reagiu. Em geral, são necessários três anos para que ocorra a dissolução completa do calcário. Observando-se esses aspectos, evita-se a supercalagem.
 
b) Calagem no sistema plantio direto
Precedendo a implantação do sistema plantio direto em solo manejado convencionalmente ou sob campo natural, recomenda-se corrigir a acidez do solo da camada arável (0-20 cm) mediante incorporação de calcário. A dose a ser usada é função de vários critérios, conforme consta nas tabelas 1 e 2. 
No caso de solos de campo natural, a eficiência da calagem superficial depende muito da acidez potencial do solo (maior em solos argilosos), da disponibilidade de nutrientes, em especial de P e de K, do tempo transcorrido entre a calagem e a semeadura de cevada e da quantidade de precipitação pluvial. Por essa razão, sugere-se que o calcário seja aplicado seis meses antes da semeadura de cevada.
 
c) Calagem em solo sob preparo convencional
Nos sistemas de preparo convencional (aração e gradagem) ou de preparo mínimo (escarificação e gradagem), o calcário deve ser incorporado uniformemente ao solo, até a profundidade de 20 cm, conforme critérios estabelecidos na Tabela 1.
Quando a quantidade de calcário indicada na Tabela 2 é aplicada integralmente, o efeito residual da calagem perdura por cerca de cinco anos, dependendo de fatores como manejo do solo, quantidade e fonte de N aplicada nas diversas culturas, erosão, etc. Após esse período, indica-se a realização de nova análise do solo para quantificar a dose de calcário. Na hipótese de serem aplicadas quantidades parceladas, o total não deve ultrapassar o indicado para cinco anos.
 
Calagem para o Estado do Paraná
No Estado do Paraná, a necessidade de corretivo de acidez é determinada em função da percentagem de saturação por bases (V). Recomenda-se aplicar corretivo de acidez quando esta for inferior a 50%, calculando-se a quantidade de calcário para o solo atingir 70% de saturação por bases, mediante a seguinte equação.
onde: NC = necessidade de calagem, t/ha (PRNT 100%);
CTC = capacidade de troca de cátions ou S + (H + Al), em cmolc/dm³;
V= porcentagem desejada de saturação por bases (70%);
V= porcentagem de saturação por bases fornecida pela análise (100 x S/CTC);
S = soma de bases trocáveis (Ca + Mg + K), em cmolc/dm³;
PRNT = Poder Relativo de Neutralização Total (%).
Reanalisar o solo após três anos.
Tabela 1. Critérios de amostragem de solo e indicação da necessidade de calagem e quantidade de corretivo da acidez para culturas de grãos no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
Sistema de manejo do solo
Condição da área
Amostragem
(cm)
Critério de decisão
Quantidade de corretivo de acidez1
Método de  aplicação
Convencional2
Qualquer condição
0 a 20
pH <6 sup="">2
1 SMP para pHágua 6,0
Incorporado
Plantio direto2
Implantação a partir de lavoura ou campo natural quando o índice SMP for < 5,0
0 a 20
pH <6 span="">
pHágua 6,0
1 SMP para
pHágua 6,0
Incorporado
Implantação a partir de campo natural quando o índice SMP for entre 5,1 e 5,5
0 a 20
pH <5 ou="" span="">
V<65 sup="">3
1 SMP para
pHágua 5,5
Incorporado4
ou Superficial5
Implantação a partir de campo natural quando o índice SMP for > 5,5
0 a 20
pH <5 ou="" span="">
V<65 sup="">3
1 SMP para
pHágua 5,5
Superficial5
Sistema consolidado (mais de cinco anos)
0 a 10
pH <5 ou="" span="">
V<65 sup="">3
½ SMP para
pHágua 5,5
Superficial5

Corresponde à quantidade de calcário estimada pelo índice SMP em que 1 SMP é equivalente à dose de corretivo para atingir o pH em água desejado.
Não aplicar corretivo de acidez quando a saturação por bases (V) for maior que 80%.
Quando somente um dos critérios for atendido, não aplicar corretivo de acidez se a saturação por Al for menor do que 10% e se o teor de P for “Muito alto” (Tabela 4).
A opção de incorporação ou aplicação superficial de corretivo de acidez em campo natural deve ser feita com base no grau de tolerância à acidez do solo das demais culturas do sistema de produção. Quando se optar pela incorporação, usar a dose 1 SMP para pHágua 6,0.
No máximo aplicar 5 t/ha (PRNT 100%).
Fonte:  Manual...(2004).

Tabela 2. Quantidade de corretivo de acidez (PRNT = 100%) necessária para elevar o pH do solo a 5,5 e 6,0 no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
Índice SMP
pHágua desejado
Índice SMP
pHágua desejado
5,5
6,0
5,5
6,0
----------- t/ha ----------
--------- t/ha-------
≤ 4,4
15,0
21,0
5,8
2,3
4,2
4,5
12,5
17,3
5,9
2,0
3,7
4,6
10,9
15,1
6,0
1,6
3,2
4,7
9,6
13,3
6,1
1,3
2,7
4,8
8,5
11,9
6,2
1,0
2,2
4,9
7,7
10,7
6,3
0,8
1,8
5,0
6,6
9,9
6,4
0,6
1,4
5,1
6,0
9,1
6,5
0,4
1,1
5,2
5,3
8,3
6,6
0,2
0,8
5,3
4,8
7,5
6,7
0,0
0,5
5,4
4,2
6,8
6,8
0,0
0,3
5,5
3,7
6,1
6,9
0,0
0,2
5,6
3,2
5,4
7,0
0,0
0,0
5,7
2,8
4,8
7,1
0,0
0,0
Fonte: Manual...(2004).

Adubação

Nitrogênio
As doses de nitrogênio indicadas para a produção de cevada são apresentadas na Tabela 3.
A quantidade de fertilizante nitrogenado a aplicar varia, basicamente, em função do teor de matéria orgânica do solo, da cultura precedente e da expectativa de rendimento, a qual é função da interação de vários fatores de produção e das condições climáticas. A quantidade de nitrogênio a ser aplicada na semeadura varia entre 15 e 20 kg/ha. O restante deve ser aplicado em cobertura, completando o total indicado na Tabela 3.
Tabela 3. Indicações de adubação nitrogenada (kg/ha) para a cultura de cevada, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

Nível matéria orgânica no solo (%)
Cultura precedente
Soja
Milho
< 2,5
40
60
2,6 – 5,0
30
40
> 5,0
≤ 20
≤ 20

Para expectativa de rendimento maior do que 2 t/ha, acrescentar aos valores da tabela 20 kg de N/ha após soja e 30 kg de N/ha após milho, por tonelada adicional de grãos a ser produzida.
Fonte: Manual...(2004).
Observação: A tabela acima pode servir de base para a adubação nitrogenada no estado do Paraná.

A aplicação de nitrogênio em cobertura deve ser realizada entre os estádios de afilhamento e de alongamento, correspondendo, em geral, ao estádio em que o colmo principal apresenta 4 a 6 folhas. No caso de resteva de milho, e especialmente quando há presença de muita palha, convém antecipar a aplicação em cobertura. Para cultivar muito suscetível ao acamamento, quantidade menor que a indicada na tabela deve ser empregada. Para as demais cultivares, a quantidade de N deve ser administrada de forma a evitar ou reduzir danos por acamamento. Em qualquer circunstância, a quantidade de N a aplicar deve ser módica, pois excesso de N pode produzir grão contendo mais de 12% de proteína, tornado-o impróprio para a fabricação de malte.
Além dos fatores usados na Tabela 3, é importante considerar que a disponibilidade de N no solo é dependente de vários fatores. Assim, o histórico de cultivo da área, as condições climáticas, a época de semeadura, a incidência de doenças e a estatura da cultivar podem afetar o grau de resposta da planta ao fertilizante nitrogenado aplicado.
No sistema plantio direto, o cultivo de cevada em área com resteva de soja geralmente proporciona rendimento maior do que em área com resteva de milho.
A época de semeadura pode interferir no grau de acamamento da cultivar. Em geral, quanto mais cedo for realizada a semeadura, maior será a estatura da planta e, consequentemente, maior a probabilidade de ocorrência de acamamento. 
Para quantidades acima de 40 kg N/ha, pode-se optar pelo fracionamento em duas aplicações: no início do afilhamento e o restante no início do alongamento. Além da observância do estádio da planta (afilhamento/alongamento), é importante considerar, no momento da aplicação do fertilizante em cobertura, a umidade do solo, pois ao aplicar o fertilizante na superfície do solo, há necessidade de que ele seja dissolvido e transportado pela água para o interior do solo. Dessa forma, a aplicação só deverá ser feita quando o solo apresentar umidade suficiente para que esses processos (dissolução e transporte no solo) possam ocorrer. O melhor momento de aplicação é antes de precipitação pluvial de média intensidade (10 a 20 mm), pois a dissolução e o transporte de N para as raízes serão rápidos, minimizando-se, assim, perdas por volatilização de amônia. Por outro lado, precipitações pluviais prolongadas, ou de alta intensidade, podem propiciar perdas de N por lixiviação ou por escoamento superficial.
Em razão das reações que ocorrem com o fertilizante nitrogenado ao ser dissolvido pela água e das possíveis perdas de N por volatilização, mormente de ureia, sugere-se aplicar o fertilizante nas horas menos quentes do dia. Para obter distribuição uniforme, períodos com vento devem ser evitados.
As principais fontes de nitrogênio são a ureia (45% N), o nitrato de amônio (32% N) e o sulfato de amônio (20% N). A eficiência agronômica desses fertilizantes para a cultura da cevada é idêntica. Por essa razão, indica-se o uso da fonte de menor custo por unidade de N.
O acamamento, definido como alteração permanente da posição vertical do colmo, é verificado com frequência em lavouras de cevada cervejeira, trazendo consequências indesejáveis tanto para o rendimento como para  a qualidade do grão. Mesmo com o uso de cultivares  que possuem genes de baixa estatura, que reduzem a incidência de acamamento quando comparados com cultivares mais altas, ainda pode ocorrer acamamento, principalmente em áreas de alta fertilidade do solo ou quando a dose de N é elevada e ventos fortes ocorrerem.
Além da adubação nitrogenada, a aplicação de redutor de crescimento pode influenciar o desenvolvimento e o crescimento das plantas e, dessa forma, servir como estratégia para reduzir o acamamento. Os redutores de crescimento atuam, em geral, no metabolismo de giberelinas, podendo reduzir o alongamento de entrenós das plantas, de acordo com o estádio de desenvolvimento no momento da aplicação do produto e da dose empregada. Desta forma, o uso de redutor de crescimento pode ser apontado como uma possível ferramenta para reduzir o acamamento em lavouras de cevada. 
O redutor de crescimento Moddus® (i.a. trinexapaque-etílico) está registrado no Brasil para uso em cevada, podendo ser aplicado como medida preventiva ao acamamento. A indicação é que o produto seja pulverizado quando se visualizar o primeiro nó no colmo principal da planta, na dose de até 0,4 L/ha. As cultivares, BRS Brau, BRS Cauê, BRS Elis e MN 6021, por terem genes de nanismo, são pouco ou não responsivas ao produto quanto à altura das plantas. Para estas cultivares, a dose não deve ultrapassar 0,3 L/ha.
 
Fósforo e potássio
A quantidade de fertilizante contendo P e K a aplicar varia em função dos teores desses nutrientes no solo (tabelas 4 a 6). O limite superior do teor “Médio” é considerado o nível crítico de P e de K no solo, cujo teor deve ser mantido pela aplicação de quantidade adequada de fertilizante. A partir do limite superior do teor “Alto”, a probabilidade de resposta à aplicação de fertilizante é muito pequena ou nula.
No Rio Grande do Sul, o sistema de recomendação de adubação para P e para K oferece duas alternativas para a produção de grãos: a) adubação corretiva gradual e b) adubação corretiva total. A primeira opção é indicada quando há menor disponibilidade de recursos financeiros, sendo a quantidade total de P ou K aplicada ao solo no decurso de duas safras. Já a adubação corretiva total é indicada quando há disponibilidade de recursos financeiros para investimento, sendo as quantidades de P e de K, necessárias para corrigir a deficiência do solo, aplicadas de uma só vez. Em ambos os casos, a meta é elevar os teores de P e de K no solo ao nível adequado para o desenvolvimento das plantas. No caso de solos arenosos (< 20% de argila) ou com CTC < 5 cmolc/dm³, não se recomenda a adubação corretiva total de K.
As quantidades de P2O5 e de K2O (Tabela 5) são indicadas em função de dois parâmetros básicos: a) a quantidade necessária para o solo atingir o limite superior do nível “Médio” em duas safras/culturas (adubação de correção), e b) a exportação desses nutrientes pelos grãos, acrescida de perdas naturais do sistema. Nas faixas de teores “Muito baixo”, “Baixo” e “Médio”, a diferença entre a quantidade indicada em cada cultivo e a manutenção é a adubação de correção, ou seja, é a quantidade necessária para elevar o teor do nutriente no solo ao nível crítico em duas safras. No caso em que será feita a correção total no 1º cultivo, a dose a aplicar deverá ser a soma das quantidades dos dois cultivos menos a manutenção do 2º cultivo. Assim, por exemplo, se o rendimento referência for 2 t/ha e se o teor de P for “Baixo”, a dose a aplicar na cultura da cevada, conforme indicado na Tabela 5, será 70 + 50 – 30 = 90 kg P2O5/ha, que corresponde, portanto, a 60 kg de adubação corretiva e 30 kg de manutenção. E, se o 2º cultivo for soja e o rendimento esperado dessa cultura for 2 t/ha, aplicar-se-á somente à manutenção para essa cultura (30 kg/ha), pois o solo já terá atingido o nível de P desejado. Com base nesses critérios, ter-se-á uma adubação que permitirá aumentar, e posteriormente manter, o teor no solo, obtendo-se, assim, produção elevada e retorno econômico. As quantidades da Tabela 5 presumem um rendimento aproximado de 2 t/ha. Para rendimentos superiores, deverão ser acrescentados aos valores da tabela, por tonelada de grãos, 15 kg de P2O5 e 10 kg de K2O. Na Tabela 4, os teores de P e de K interpretados como “Alto” e “Muito alto” representam situações nas quais é esperado desenvolvimento máximo da cultura e as doses de P2O5 e de K2O indicadas para essas faixas na Tabela 5 representam a adubação de manutenção (30 kg de P2O5e 20 kg de K2O).
 
Tabela 4. Interpretação dos teores de fósforo e de potássio no solo, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

Teor de P ou de K no solo
P Mehlich-1
K Mehlich-1
Classe textural do solo1
CTCpH7, cmolc/dm3
1
2
3
4
< 5
5 - 15
> 15
-------------------------- mg P/dm3 -----------------
-------- mg K/dm3 ---------
Muito baixo
≤ 2,0
≤ 3,0
≤ 4,0
≤ 7,0
≤ 15
≤ 20
≤ 30
Baixo
2,1 - 4,0
3,1 - 6,0
4,1 - 8,0
7,1 - 14,0
16 - 30
21 - 40
31 - 60
Médio
4,1 - 6,0
6,1 - 9,0
8,1 - 12,0
14,1 - 21,0
31 - 45
41 - 60
61 - 90
Alto
6,1 - 12,0
9,1 - 18,0
12,1 - 24,0
21,1 - 42,0
46 - 90
61 - 120
91 - 180
Muito alto
> 12,0
> 18,0
> 24,0
> 42,0
> 90
> 120
> 180

1
Variável auxiliar (teor de argila); classe 1: > 60%; classe 2: 41 a 60%; classe 3: 21 a 40%; classe 4: ≤ 20%.
Observação: % = g/100 cm3 de solo; mg/dm3 de solo = mg/L de solo = ppm (massa/volume).

Fonte: Manual...(2004).
Tabela 5. Quantidades de fósforo e de potássio a aplicar ao solo para a cultura de cevada no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

Teor de P ou de K no solo
Fósforo (kg P2O5/ha)
Potássio (kg k2O/ha)
1º cultivo
2º cultivo
1º cultivo
2º cultivo
Muito baixo
110
70
100
60
Baixo
70
50
60
40
Médio
60
30
50
20
Alto
30
30
20
20
Muito alto
0
≤ 30
0
≤ 20

Observações: Para rendimento superior a 2 t/ha, acrescentar 15 kg P2O5/ha e 10 kg K2O/ha, por tonelada adicional de grãos a serem produzidos.
Nos teores “Muito baixo” e “Baixo” a dose indicada inclui 2/3 da adubação de correção no 1º cultivo e 1/3 da adubação de correção no 2º cultivo. No teor “Médio” toda a adubação de correção está inclusa no 1º cultivo. As quantidades para o teor “Alto” são àquelas indicadas para a obtenção do rendimento referência de 2 t/ha de cevada.

Fonte: Manual...(2004).
Tabela 6. Teores de P e de K no solo e respectivas doses de P20e K20 para a cultura de cevada no Paraná.
Teor no solo
P, mg/dm3
kg P2O5/ha
K, cmolc/dm3
kg K2O/ha
Muito baixo/baixo
< 5
60 – 90
< 0,11
60 – 80
Médio
5 – 9
40 – 60
0,1 – 0,3
40 – 60
Alto/muito alto
> 9
20 – 40
> 0,3
30 – 40
Extrator de Mehlich-1 para P e K.
1cmolc K/dm3 x 391 = mg K/dm3.

Fonte: Comissão de Pesquisa de Cevada (2015).
Fontes de fósforo
Para os adubos fosfatados solúveis [superfosfato simples, superfosfato triplo, MAP (fosfato monoamônico) e DAP (fosfato diamônico)], a quantidade de P2O5 deve ser calculada levando-se em consideração a soma dos teores de P2O5 solúveis em água e em citrato neutro de amônio. No caso de termosfosfatos e de escórias, as quantidades devem ser calculadas levando-se em consideração o teor de P2O5 solúvel em ácido cítrico a 2%, na relação 1/100. 
Os fosfatos naturais reativos apresentam baixa solubilidade em água, mas são eficientes como fonte de P em solos com pH em água inferior a 5,5 ou pH em CaCl2 menor que 5,0. Com base no efeito desses fosfatos no rendimento de grãos de cevada, em rotação com outras culturas, verificou-se que eles tendem a ser equivalentes aos fertilizantes solúveis no segundo ou no terceiro cultivo após a aplicação, mas proporcionam menor rendimento de grãos no primeiro cultivo, quando comparados com fosfatos acidulados (superfosfato triplo, superfosfato simples). Em solos com teor elevado de P, não se observaram diferenças no rendimento de grãos entre os fosfatos naturais reativos e os fosfatos acidulados, tanto em aplicações a lanço como em linha de semeadura. Sua indicação, portanto, é mais adequada em solos com pH inferior a 5,5 e teor médio ou alto de P. A quantidade a aplicar deve ser estabelecida em função do teor total de P2O5.
As fontes usuais de fertilizantes potássicos são o cloreto de potássio (KCl) e o sulfato de potássio (K2SO4), ambos solúveis em água.
Na escolha de qualquer fonte de P ou de K deve ser considerado o custo da unidade de P2O5 e K2O posto na propriedade, levando-se em conta os critérios de solubilidade acima indicados. 
 

Fertilizantes orgânicos

As doses de N, P2O5 e de K2O, provenientes de fertilizantes orgânicos, devem ser as mesmas das tabelas 3, 5 e 6 e o cálculo deverá ser realizado levando-se em consideração o tipo de fertilizante orgânico e a reação desses produtos no solo. A liberação de N na primeira cultura após sua aplicação varia de 50% a 60%. Para P esse valor é de 70% a 80%. Já o K é liberado integralmente na primeira safra.
Fertilizantes organominerais
Este grupo de fertilizantes provém da mistura de fertilizantes orgânicos e minerais. Resultados obtidos por várias instituições de pesquisa do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina indicam o seguinte:
  • os produtos apresentam efeito fertilizante com base nos teores de N, de P2O5, de K2O e de outros nutrientes;
  • a fração orgânica desses fertilizantes não aumenta a eficiência de aproveitamento, pelas plantas, dos teores de N, de P e de K neles contidos, pois a quantidade de substâncias orgânicas aplicada é pequena;
  • a escolha desses produtos deve considerar o custo da unidade de N-P2O5-K2O do fertilizante entregue na propriedade.
 

Fertilizantes foliares

Os resultados de pesquisa com vários tipos de fertilizantes foliares indicam não haver vantagem econômica de seu emprego na cultura da cevada.

Micronutrientes

Os solos do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná são, em geral, bem supridos em micronutrientes (zinco, cobre, boro, manganês, cloro, ferro e molibdênio), sendo incomum a constatação de deficiências na cultura da cevada.
Em virtude da diversidade de fatores que influenciam a disponibilidade de micronutrientes para as plantas, seu uso deve ser criterioso, pois a demanda desses nutrientes pelas plantas é muito pequena. Os fertilizantes orgânicos, quando aplicados em doses que suprem a demanda das plantas em NPK, geralmente fornecem quantidades adequadas de micronutrientes para o desenvolvimento das culturas durante várias safras.
 

Enxofre e gesso agrícola

O gesso (CaSO4.2H2O) é uma fonte solúvel de enxofre (S) e de cálcio (Ca). Na forma comercial, contém 16% de Ca e 13% de S. Excetuando o MAP (fosfato monoamônico, 9% N e 48% P2O5) e o DAP (fosfato diamônico, 17% N e 45% P2O5), as demais fontes de P contém cálcio, variando de 10% no superfosfato triplo a 16% no superfosfato simples. Entre as alternativas de fontes de enxofre, o superfosfato simples apresenta 8% de S. Em adição, fórmulas N-P2O5-K2O contendo baixo teor de P2O5 geralmente são elaboradas com superfosfato simples e, portanto, contêm enxofre. No caso de comprovação de deficiência de enxofre, através da análise de solo (< 5 mg S/dm3), indica-se aplicar cerca de 20 Kg a 30 kg de enxofre por hectare. Solos arenosos e com baixo teor de matéria orgânica apresentam maior probabilidade de ocorrência de deficiência de enxofre. 
Com relação ao uso de gesso agrícola como condicionador químico de camadas subsuperficiais, os resultados de pesquisa obtidos indicam não haver resposta consistente da cultura da cevada ao produto na região Sul do Brasil. Por outro lado, a gessagem não prejudica as culturas em geral, sendo o gesso uma fonte solúvel de enxofre e de cálcio, permitindo, portanto, que o subsolo também tenha seu teor aumentado nesses elementos.

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